segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Crítica: Batman - Arkham Origins

Jogo replica a fórmula de antecessores e acaba perdendo ótimas chances de tornar a série ainda melhor

Por Pedro Strazza

É inegável a afirmação de que, das franquias existentes no mercado atualmente, a que teve um dos melhores inícios em termos de qualidade e mercado foi a série Batman: Arkham. Quando em 2009 o primeiro jogo, Arkham Asylum, chegou às prateleiras, a crítica e o público se derramaram em elogios em cima de seu criativo roteiro e de uma extremamente bem-feita adaptação do Homem-Morcego para o mundo dos videogames. Dois anos depois, a sequência, Batman: Arkham City, conseguiu manter o pique do original e trouxe novas ideias tanto para a jogabilidade quanto para a trama principal, que tomava um rumo ousado ao seu final.
Mas quando em 2013 a WB Montreal Studios, responsável pela transposição de Arkham City para o Wii U, anunciou que estava assumindo o controle da franquia originalmente da Rocksteady Studios, a primeira sensação causada nos fãs foi provavelmente a do medo. Afinal, a série de jogos do herói era conhecida exatamente pela qualidade e atenção aos detalhes, e quando o estúdio criador de um produto de excelente primazia acaba caindo fora da equação, geralmente o resultado tende a ser péssimo para a marca.
Nessa tensão de não estragar a história estabelecida pela Rocksteady e seu legado, a WB Montreal preferiu explorar as origens do Homem-Morcego em sua primeira incursão pelo universo Arkham do herói. Com poucas novidades em relação a Arkham City e procurando apostar no seguro, Batman: Arkham Origins consegue trazer a mesma sensação de satisfação proporcionada pela Rocksteady nos anos anteriores, mas sem o mesmo quê de graça ou frescor.

Evitando experimentos, perdendo boas oportunidades

Essa tendência a se manter na mesmice já pode ser notada na jogabilidade de Origins. Possuindo o excelente esqueleto de controles concebido pela Rocksteady, a WB Montreal preferiu não mudar muito a maneira como se joga, fazendo aqui e ali pequenas alterações em certos equipamento do vigilante que, no final, tem a mesma função. Há pequenas falhas em alguns momentos, claro - o impulsionador de voo no gancho, por exemplo, não deveria existir nesse momento da narrativa, já que em City, mais recente da cronologia, a ferramenta era experimental -, mas nesse ponto o estúdio canadense fez um bom trabalho.
Os problemas começam, porém, no roteiro. Pela primeira vez sem Paul Dini no comando da história, o game se ambienta no segundo ano de atuação do Homem-Morcego (dessa vez com uma armadura mais rústica), mostrando o vigilante em confrontos mortais contra oito assassinos (Exterminador, Cascavel, Pistoleiro, Lady Shiva, Bane, Vagalume, Crocodilo e Choque), contratados pelo Máscara Negra para assassiná-lo. Esse interessante ponto de partida acaba se desdobrando para mais um - e dessa vez, primeiro - confronto entre o Coringa e o Batman em um plot twist dos mais forçados. Mesmo que este clássico embate entre os dois não deixe de ser interessante, é notável como Arkham Origins perdeu uma chance clara de dar um foco maior a outro vilão da extensa galeria de antagonistas do Homem-Morcego ao concentrar esforços para não decepcionar os fãs da franquia.

Mantendo-se às origens da franquia

Mas essa decepção acaba não atrapalhando o caminho para que o jogo seja extremamente divertido. As batalhas contra os assassinos, por exemplo, são extremamente desafiadoras, seja na história principal ou nas missões paralelas, testando ao limite as habilidades do jogador. Ao contrário de City e Asylum, as boss fights aqui não são nada parecidas, exigindo uma característica específica de Batman. Destaque para os confrontos contra o Exterminador, necessitando de atenção máxima na hora de apertar os botões, e o Vagalume, apoteótico e repleto de uso do equipamento.
A exploração do mapa também não deixa muito a desejar, apesar de não trazer muitas novidades. Entupida de arquivos do Charada (que decepciona fortemente aqui ao deixar o posto de Jigsaw em Arkham City para virar um hacker dos mais bobos no prelúdio), armazéns de drogas do Máscara Negra, lotes de armas do Pinguim e crimes e duas vezes maior que Arkham City, não faltam opções para se explorar as ruas de uma silenciosa Gotham City - que aparentemente é habitada apenas por criminosos e policiais - deixando mais próxima do que nunca a sensação de ser o Batman e atuar como protetor da cidade.
Mesmo que não se arriscando muito em alterar a fórmula do sucesso da franquia e perdendo assim boas oportunidades, Arkham Origins pelo menos mantém o nível de qualidade e diversão dos outros games. Focando-se principalmente em corrigir os escarsos defeitos deixados pela Rocksteady, a WB Montreal conseguiu dar aos fãs aquilo que mais se desejava, abrindo ao mesmo tempo um caminho para a entrada de novos seguidores. Mas agora que já brincou o suficiente, está na hora de devolver o controle criativo de Arkham ao dono original e permitir que este encerre com brilho a trilogia iniciada em 2009.
Nota: 7/10

0 comentários :

Postar um comentário