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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Crítica: Até o Último Homem

Mel Gibson retoma moral cristã para reafirmar valores nacionalistas.

Por Pedro Strazza.

Além de ser o primeiro filme que Mel Gibson dirige em dez anos e o responsável por conduzir o polêmico cineasta de volta ao circuito de Hollywood, Até o Último Homem é também mais um filme de guerra contemporâneo que enfoca o nacionalismo militar estadunidense em tempos de crise. Mesmo que seja uma história ambientada na Segunda Guerra Mundial, a história do soldado Desmond Doss traz à tona a crise de valores que o gênero passa nos dias de hoje tal qual os recentes Sniper Americano, 13 Horas - Os Soldados Secretos de Benghazi, Corações de Ferro e tantos outros fizeram nos últimos três anos.

Mas enquanto seus contemporâneos tratam esta temática sob a ótica da desconstrução, de forma a enfraquecer a visão nacionalista do país mesmo em tramas que a princípio elevam este espírito (uma contradição das mais curiosas, vale sempre ressaltar), Gibson opta por cortar caminho e usar da problematização para reafirmar a força destes valores. O conto de Doss, afinal, carrega esta narrativa na veia: jovem cristão adventista que se recusava a pegar em armas, ele foi o primeiro objetor de consciência na História dos Estados Unidos a ser condecorado com a Medalha de Honra do Congresso.

O longa então se estabelece em três atos bastante discerníveis um do outro: se no primeiro o espectador é apresentado a Doss (Andrew Garfield) e às origens de sua crença pacifista pela figura do pai (Hugo Weaving), típico veterano de guerra traumatizado, o segundo se pauta todo no conflito passado no campo de treinamento entre o protagonista e o Exército, restando ao último a consagração do personagem na guerra. O verdadeiro martírio passado por Desmond para servir seu país - que envolve desde uma violência na infância e entre seus colegas da infantaria até a privação de seu casamento com a enfermeira Dorothy (Teresa Palmer) - é muito semelhante ao que Gibson realizou anos atrás com Jesus em A Paixão de Cristo, filme de resultados quase masoquistas frente ao sofrimento enquadrado, mas aqui a determinação do soldado em ajudar os companheiros e mesmo os inimigos ajuda a atenuar a sede por violência que é característica do cinema do diretor desde sempre.

Essa "contenção" do cineasta - que está mais para uma atenuação, pois o banho de sangue e tripas no clímax final impede o filme de chegar a esse status - também ocorre porque Até o Último Homem busca tirar da ideologia cristã e pacífica de seu protagonista um ideal que refresque as concepções de luta por um país em essência protestante. É justo esta confrontação religiosa que silenciosamente dá o tom das cenas no acampamento, onde Doss apanha muito de seus superiores para conseguir ir à guerra, e um pouco menos na batalha pela colina Hacksaw do título, cujo mapeamento visual da geografia do local revela quase um Olimpo de destruição, morte e horror a ser salvo pela crença. Gibson é esperto de manter este viés da narrativa minimizado para evitar a obra de conversão careta, mas só de estar presente ela dá às ações do protagonista e às dificuldades que ele passa uma carga dramática maior.

Mas a crença também ajuda a cegar o diretor no relato que realiza, ainda mais em uma obra cujo objetivo central é o de consagrar o indivíduo sob a imagem heroica clássica (algo confirmado sem surpresa no final documental do longa). Pois se Gibson busca retrabalhar o nacionalismo estadunidense sob uma ótica cristã, a ausência de um questionamento de valores entre seus personagens retoma os pontos negativos dos filmes de guerra dos anos 50 e 60 na mesma medida que promove seus positivos, algo que por consequência torna a produção um pouco presa demais ao passado. Isso é revelado nas concepções dos soldados ao redor do protagonista, que nunca passam por crises de consciência ou chegam ao trauma de fato - Hollywood (Luke Pegler) é o único a aspirar esta posição no meio das explosões do conflito, mas rapidamente se recupera e mostra a mesma fé pelo país. E isso inclui os japoneses, reduzidos a inimigos a serem combatidos pelas armas e, depois, pela tarefa cristã e conciliadora do médico. 

O que garante ao filme o seu funcionamento mesmo é o trabalho do elenco, principalmente na entrega de Garfield para viver Doss e seu arco de sofrimento. Se em outros trabalhos Gibson se provou eficaz no erguimento solitário de mártires bem estruturados (seja o seu William Wallace de Coração Valente ou o Jesus Cristo de A Paixão de Cristo), em Até o Último Homem ele mantém esta tendência ao dar bastante foco ao trabalho de seu ator central enquanto sinaliza mudanças em seu cinema ao oferecer maior espaço aos coadjuvantes de Vince Vaughn (cujo sargento Howell emula muito bem o Sargento Hartman de Nascido Para Matar quando precisa), Sam Worthington e Luke Bracey. São três atores no geral medianos, mas que aqui estão surpreendentemente muito bem no apoio ao trabalho de Garfield, que aproveita a oportunidade e o perfil do papel para legitimar na tela o esforço descomunal tomado por Doss para superar o inferno e salvar a todos.

Nota: 7/10

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Crítica: Resident Evil 6 - O Capítulo Final

"Último" capítulo alimenta narrativa de ação com drama e horror.

Por Pedro Strazza.

Franquia que já passou por todo tipo de transformação interna para paradoxalmente nunca perder a identidade, Resident Evil foi desde o primeiro capítulo fundamentado sob o conceito da simulação. A cruzada de Alice (Milla Jovovich) contra a corporação Umbrella e o apocalipse global mantém do princípio, afinal, a questão do enfrentamento entre o que é natural e fabricado, presos dentro dos verdadeiros labirintos de rato que o diretor e roteirista Paul W.S. Anderson construiu e aprimorou ao longo de quase quinze anos.

O cineasta, vale apontar, sem dúvida tornou a adaptação da série de games homônimos muito intrínseca ao seu nome ao longo do tempo, usando da premissa de infecção zumbi como mera formalidade para aprimorar e desenvolver seu cinema a cada novo capítulo, seja no comando (ele dirigiu quatro dos seis longas) ou somente na escrita (todos os filmes recebem sua assinatura no roteiro). E isto fica bastante claro no sexto e por enquanto derradeiro capítulo da franquia, que não apenas mantém o curso daquilo que Anderson vem apresentando nos últimos anos como também resgata temas, ambientações e até mesmo valores do primeiro filme.

Resident Evil 6 - O Capítulo Final é, afinal, um ápice dentro dos ambientes totalmente controlados onde o cineasta atua com regularidade. Um ápice muito diferente do que foi visto no antecessor, Retribuição (que por levar ao limite o jogo de simulação da série e de seu diretor continua sendo o melhor filme de Resident Evil), mas que preserva a ambição crescente da marca. Nos esforços derradeiros de Alice e seus aliados para evitar o apocalipse final, Anderson multiplica as cenas de corredor tradicionais e retoma o horror como um de seus elementos principais, partindo de cenários muito abertos para aos poucos afunilar seus personagens e o espectador em espaços cada vez mais claustrofóbicos.

Tudo isso envolto na narrativa guiada pela ação que há tempos já é característica dos filmes de seu diretor, que nunca se importou muito com o lado dramatúrgico de suas obras enquanto elaborava seus conflitos pelo confronto físico. Aqui, esta máxima prossegue combinada agora ao terror: por meio de uma montagem arrojada e acelerada, o longa mantém a adrenalina constante em seus sets de ação, traduzindo enfrentamentos entre protagonistas e antagonistas em tiros e pancadaria. Os inúmeros cortes na grande maioria das vezes dão conta de expor a cena e a localização de seus elementos sem fazer o espectador se embaralhar, ainda que uma ou outra vez essa insanidade na movimentação gere fadiga.

O curioso deste sexto capítulo, porém, é o maior interesse sobre o arco de sua protagonista dentro de toda a simulação ao qual ela se insere. Seja pela própria concepção do longa como "o último capítulo" (o título bem indica) ou porque o diretor parece enfim interessado em dar algum sentido à insana jornada da franquia, Resident Evil 6 carrega um flerte com o drama que potencializa sua temática como um todo. Além das respostas que se dão à eterna busca de Alice por sua identidade inverterem por completo as concepções de realidade e fabricação da série, a presença de símbolos e temas religiosos na narrativa - que em alguns momentos transforma o percurso do grupo de sobreviventes pelos corredores em uma espécie de Inferno de Dante horizontal, ainda que o palco final da história, a Colmeia, seja vertical - dá à trama um viés interiorizado inesperado, expressado nas inúmeras e previsíveis reviravoltas do terceiro ato. 

Anderson mantém isso ancorado na ação e no movimento, claro, mas só desta participação dos elementos dramatúrgicos existir - mesmo que seja um pouco inconstante, dado que o viés religioso do roteiro não é lá tão aproveitável como sugere - tornam seu campo virtual e povoado por duplos muito mais palpável e enlouquecedor. Quem denota isso são Alice e o vilanesco Dr. Isaacs (Iain Glen), cujas "imperfeições" corporais e respectivas procuras sangrentas pelo original do outro afim de destruí-lo resultam na inversão mais fascinante promovida por este Capítulo Final e a própria franquia no geral: a perfeição como mal contagioso e o defeituoso como meta a ser alcançada. E se há algo que Anderson faz de chamativo para mexer neste balanço é o de localizar o embate destas duas forças em uma simulação que está sempre repondo e destruindo ambas as partes.

Nota: 7/10

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

As esnobadas do Oscar 2017

O pessoal que ficou de fora da grande festa do cinema estadunidense.

Por Pedro Strazza.

Como qualquer outro prêmio disposto a consagrar nomes e obras que marcam o ano, o Oscar não é capaz de englobar todas as produções que pipocam na temporada. Para cada La La Land, Moonlight, A Chegada e suas inúmeras indicações, vários filmes acabam morrendo na praia durante a longa e já tradicional temporada de premiações. São os famosos esnobados do Oscar, aqueles que os votantes esqueceram de acrescentar ou simplesmente não acharam o espaço na cartela de votação para colocá-los entre seus melhores.

Em 2017, esse cenário se repete. As onze produções, atores e atrizes mencionadas abaixo em algum momento ganharam reputação suficiente para almejar um lugar na lista de indicados da 89° edição do Oscar, mas terminaram a corrida sem nada nas mãos além de vãs esperanças frustradas. O esquecimento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, porém, não se repete aqui.

No In Memoriam da temporada do Oscar 2017 temos:

Talvez a ausência mais sentida por todos este ano, a queda de Amy Adams na categoria de Melhor Atriz é um fenômeno dos mais bizarros. A atriz é sem dúvida a força maior de A Chegada, que conquistou nomeações em quase todas as outras categorias para ficar de fora da que lhe era mais fundamental. Pessoalmente acho o filme superestimado (ainda mais para oito nomeações), mas Adams de fato merecia seu lugar na premiação.

Foi um ano bastante cheio para a categoria de Melhor Documentário, o que por consequência resultou numa categoria forte e muito política - três das obras indicadas envolvem a questão racial e um (Fogo no Mar) trata da imigração, bom lembrar. Ainda assim, fica a tristeza de ver um documentário tão curioso e inusitado como o Cameraperson de Kirsten Johnson de fora da disputa, pois ele traz problematizações bacanas sobre o gênero e o ato de registrar a realidade.

Aquarius já tinha morrido na temporada há muito tempo, mas até ontem alguns ainda carregavam a esperança de ver o sul-coreano A Criada em algumas das categorias técnicas do Oscar. O que muito provavelmente frustrou as chances do longa de Park Chan-wook foi que ele não foi escolhido como representante do país na disputa de Melhor Filme Estrangeiro (a Coréia do Sul decidiu submeter The Age of Shadows), ao passo que a campanha de seus admiradores não foi suficiente para carregar o longa até onde precisava.

Convenhamos, por um momento ali o filme do anti-herói nada convencional teve chances de chegar no prêmio mais importante da indústria hollywoodiana. As inesperadas lembranças ao filme de Tim Miller nos importantes sindicatos dos produtores, roteiristas e diretores catapultaram Deadpool ao impensável status de possível finalista no Oscar de Melhor Filme. Tudo não passou de sonho e no fim das contas os filmes de super-herói que chegaram no Oscar foram Esquadrão Suicida (RISOS!) e Doutor Estranho, mas... quem diria.

  • Hugh Grant (Florence - Quem é Essa Mulher?)

Além de A Chegada, outro filme que passou (em menor grau) pelo processo "indicado para tudo menos no que importa" foi a cinebiografia da cantora Florence Foster Jenkins. O filme dirigido por Stephen Frears conquistou nomeações em Melhor Atriz para Meryl Streep (em sua 20° participação na premiação) e Figurino, mas ficou de fora em Ator Coadjuvante com Hugh Grant. A culpa talvez seja porque o ator não é mais tão querido dos votantes, talvez porque a categoria esteja um pouco lotada esse ano - o que não explica Michael Shannon lembrado por Animais Noturnos, porém.

Se há um filme que melhor representa a categoria dos esnobados este ano é com certeza O Nascimento de uma Nação. Ovacionado no Festival de Sundance do ano passado, comprado por um valor altíssimo pela Fox Searchlight e no início da corrida o favorito absoluto ao prêmio de Melhor Filme, o filme sobre a revolução violenta de escravos nos Estados Unidos escravocrata aos poucos foi perdendo força conforme ressurgia na mídia um antigo caso de estupro por parte de seu diretor, Nate Parker. Uma morte horrível para um candidato mediano e que em sua queda mais pareceu um gigantesco Ícaro na temporada, mas pelo menos ele não obstruiu a forte presença negra na premiação este ano.

Paterson nunca chegou a ser um nome na disputa de Melhor Ator, mas os fãs do diretor Jim Jarmusch sempre estão aí fazendo campanha para que seus filmes entrem no Oscar e ele seja devidamente reconhecido pela indústria. Azar de Adam Driver, que apesar da ótima atuação como motorista de ônibus não conseguiu entrar na disputa.

Se no ano passado a Pixar tinha Divertida Mente para ocultar o fracasso de O Bom Dinossauro nas premiações, em 2017 restou à dupla indicação em Melhor Animação em Curta-Metragem (com o simpático Piper - Descobrindo o Mundo e o fraco Borrowed Time) para fazer o público esquecer da ausência de Procurando Dory na categoria principal. Ultrapassado por trabalhos estrangeiros e animações da sua vizinha e dona Disney, a continuação das aventuras de Marlin, Nemo e Dory no fim ficou só com os bons resultados de bilheteria.

  • Sing Street - Música e Sonho

A grande ausência em Melhor Canção este ano é sem dúvida o mais recente trabalho do diretor John Carney, que pela primeira vez na carreira não chega à categoria. A simpática história de uma banda colegial irlandesa acabou de fora graças à surpreendente nomeação de Trolls e a dupla entrada de La La Land.

Não está fácil a vida de Tom Hanks no Oscar. Depois de ter levado dois Oscar nos anos 90, o sexagenário ator não conseguiu emplacar mais uma indicação no prêmio, estando desde 2001 (quando foi lembrado por seu trabalho em O Náufrago) a ver navios nas temporadas de premiação. Paul Greengrass não conseguiu trazê-lo de volta em 2014, Steven Spielberg fracassou em levá-lo em 2016 e nem mesmo Clint Eastwood foi capaz de torná-lo um ator indicado ao Oscar este ano. Uma pena para Sully, ótimo filme que ficou no fim como uma nomeação singela em Melhor Edição de Som.

Oscar 2017: Indicados

Academia repara erros e traz surpresas em sua 89° edição.

Por Pedro Strazza.

Na manhã desta terça-feira (24), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou a lista de indicados à 89° edição do Oscar. A divulgação dos filmes nomeados, feita por meio de uma transmissão nas redes sociais, confirmou a presença de obras favoritas ao prêmio como La La Land - Cantando Estações e Moonlight - Sob a Luz do Luar nas principais categorias e trouxe grandes surpresas, além de atender os pedidos de muitos na questão de diversidade racial.

Grande exemplo disso está nas categorias de atuação, que depois de dois anos com somente indicados brancos trouxeram em 2017 forte presença negra. Denzel Washington, Ruth Negga e Mahershala Ali foram lembrados respectivamente em Melhor Ator, Atriz e Ator Coadjuvante, ao passo que a trinca formada por Viola Davis, Octavia Spencer e Naomie Harris dominou as nomeações de Atriz Coadjuvante - que conta ainda com Michelle Williams e Nicole Kidman no páreo. Em Melhor Filme, uma grata surpresa: Dos nove indicados, três produções são protagonizadas por negros, o que por si só já evidencia a maior heterogeneidade das obras escolhidas como melhores do ano.

Nos números, quem dominou as atenções foi La La Land. Graças à lembrança dupla na categoria de Melhor Canção, o musical de Damien Chazelle chegou ao recorde de nomeações para um mesmo filme, empatando no histórico da premiação com A Malvada e Titanic com 14 indicações. Atrás dele ficaram Moonlight e A Chegada (que teve a nomeação para Amy Adams em Melhor Atriz esnobada), com 8 indicações, e Manchester à Beira-Mar, Lion - Uma Jornada Para Casa e Até o Último Homem, com 6.

Falando em Até o Último Homem, o filme foi protagonista de uma das grandes surpresas da manhã com sua indicação inesperada para Melhor Diretor - Mel Gibson, afinal, não é lá tão querido assim na indústria graças às suas inúmeras polêmicas nos últimos anos. Outras entradas de última hora foram Isabelle Huppert em Melhor Atriz - cuja vitória no Globo de Ouro impulsionou sua nomeação, apesar da interminável polêmica com relação ao filme que protagoniza, Elle -, Michael Shannon por Animais Noturnos em Melhor Ator Coadjuvante, a dupla indicação de Passageiros (para Trilha Sonora e Design de Produção!) e Esquadrão Suicida (?!) em Melhor Maquiagem e Penteados.

Os 62 filmes nomeados saberão se levaram a estatueta mais cobiçada de Hollywood na noite do dia 26 de fevereiro. Confira abaixo a lista final de indicados do Oscar 2017:

Melhor Filme

Melhor Direção

  • Mel Gibson (Até o Último Homem)
  • Dennis Villeneuve (A Chegada)
  • Damien Chazelle (La La Land - Cantando Estações)
  • Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
  • Barry Jenkins (Moonlight - Sob a Luz do Luar)

Melhor Roteiro Adaptado

  • A Chegada
  • Estrelas Além do Tempo
  • Lion - Uma Jornada Para Casa
  • Moonlight - Sob a Luz do Luar
  • Um Limite Entre Nós

Melhor Roteiro Original

  • Mulheres do Século 20
  • La La Land - Cantando Estações
  • O Lagosta
  • Manchester à Beira-Mar
  • A Qualquer Custo

Melhor Ator

  • Andrew Garfield (Até o Último Homem)
  • Viggo Mortensen (Capitão Fantástico)
  • Ryan Gosling (La La Land - Cantando Estações)
  • Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)
  • Denzel Washington (Um Limite Entre Nós)

Melhor Atriz

  • Isabelle Huppert (Elle)
  • Meryl Streep (Florence - Quem é Essa Mulher?)
  • Natalie Portman (Jackie)
  • Emma Stone (La La Land - Cantando Estações)
  • Ruth Negga (Loving)

Melhor Ator Coadjuvante

  • Michael Shannon (Animais Noturnos)
  • Dev Patel (Lion - Uma Jornada Para Casa)
  • Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar)
  • Mahershala Ali (Moonlight - Sob a Luz do Luar)
  • Jeff Bridges (A Qualquer Custo)

Melhor Atriz Coadjuvante

  • Octavia Spencer (Estrelas Além do Tempo)
  • Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar)
  • Naomie Harris (Moonlight - Sob a Luz do Luar)
  • Nicole Kidman (Lion - Uma Jornada Para Casa)
  • Viola Davis (Um Limite Entre Nós)

Melhor Animação

Melhor Animação em Curta-Metragem

Melhor Documentário

  • A 13° Emenda
  • Eu Não Sou Seu Negro
  • Fogo no Mar
  • Life, Animated
  • O.J.: Made in America

Melhor Documentário em Curta-Metragem

  • 4.1 Miles
  • Extremis
  • Joe's Violin
  • Watani: My Homeland
  • The White Helmets

Melhor Filme Estrangeiro

Melhor Fotografia

  • A Chegada
  • La La Land - Cantando Estações
  • Lion - Uma Jornada Para Casa
  • Moonlight - Sob a Luz do Luar
  • Silêncio

Melhor Montagem

  • Até o Último Homem
  • A Chegada
  • La La Land - Cantando Estações
  • Moonlight - Sob a Luz do Luar
  • A Qualquer Custo

Melhor Trilha Sonora

  • Jackie
  • La La Land - Cantando Estações
  • Lion - Uma Jornada Para Casa
  • Moonlight - Sob a Luz do Luar
  • Passageiros

Melhor Canção

  • "The Empty Chair" (Jim: The James Foley Story)
  • "Audition (The Fools Who Dream)" (La La Land - Cantando Estações)
  • "City of Stars" (La La Land - Cantando Estações)
  • "How Far I'll Go" (Moana - Um Mar de Aventuras)
  • "Can't Stop The Feeling" (Trolls)

Melhor Design de Produção

Melhor Figurino

  • Aliados
  • Animais Fantásticos e Onde Habitam
  • Florence - Quem é Essa Mulher?
  • Jackie
  • La La Land - Cantando Estações

Melhor Maquiagem e Penteados

Melhores Efeitos Visuais

Melhor Edição de Som

Melhor Mixagem de Som

Melhor Curta-Metragem

  • Ennemis Intérieurs
  • La Femme et le TGV
  • Silent Nights
  • Sing
  • Timecode

domingo, 22 de janeiro de 2017

Crítica: Manchester à Beira-Mar

Kenneth Lonergan aproveita muito bem seu elenco para perpetuar filme pautado pela dor.

Por Pedro Strazza.

Embora a história só vá esclarecer o porquê do filme ser tão concentrado neste sentimento na altura da primeira hora, a fotografia de Manchester à Beira-Mar desde seu primeiro momento anuncia ao espectador que a dor funcionará como principal linha de condução aos eventos mostrados. Os planos fechados de Jody Lee Lipes, que filmam a rotina do zelador Lee Chandler (Casey Affleck) em mais um dia de trabalho entre corredores, quartos e banheiros muito estreitos, antecipam o clima quase claustrofóbico do longa de Kenneth Lonergan, cuja proposta aqui é de adentrar neste cenário de extrema solidão ao qual seu protagonista parece ter erguido para si.

Para isso, o longa se divide em dois momentos de tempo distintos. Enquanto no presente acompanha-se os movimentos de Lee na volta a sua cidade natal, Manchester-by-the-Sea, para cuidar dos preparativos do funeral de seu recém-falecido irmão Joe (Kyle Chandler) e do destino do sobrinho Patrick (Lucas Hedges), no passado o roteiro aos poucos revela os motivos que levaram o faz-tudo para longe do local, mostrando as origens das crises de relacionamento que ele teve com sua família e a ex-esposa Randi (Michelle Williams). O filme alterna entre estes dois períodos não no esforço de contrapô-los ou de evidenciar o mistério que naturalmente se faz em torno da figura de Lee, mas como forma de trabalhar a relação fraternal que é central à trama.

Pois embora Lonergan a princípio se concentre na questão do porquê do protagonista se isolar de forma tão abrupta dos amigos e familiares, seu foco está na verdade nas relações de sangue que impedem Lee de se lançar ao ostracismo ao qual se auto-impõe. Não à toa, os relacionamentos do personagem com o irmão e o sobrinho são fundamentais ao roteiro: se Joe aos poucos desaparece na narrativa pela doença e depois a morte, o destino de Patrick é o grande MacGuffin da trama e de seu "eremita", que não apenas é forçado a se reconectar com a comunidade ao qual estava inserido como também é obrigado pelo falecido a ter que dar uma base sólida ao garoto para que este possa crescer sem danos maiores.

Se Lee será capaz de superar o trauma - posteriormente revelado como o da falência familiar, gerada de maneira acidental e sinistra por suas próprias mãos - e aceitar o retorno oferecido por Joe em sua morte é a dúvida a ser carregada até o fim do longa, que ademais é bem direto na sua proposta. Lonergan é sagaz de alternar o drama de seus personagens com um humor negro de situação, aproveitando a aparente dificuldade do protagonista de se comunicar tanto para gerar risos e dar peso à história na mesma medida. A cumplicidade que sem pressa se forma entre tio e sobrinho é o elemento que dá sustentação a tudo isso, com o diretor usando a seu favor a proximidade dos processos de perda aos quais ambos se submetem sem nunca chegar a compará-los propriamente - um erro natural mas óbvio, dado que o único ponto de encontro da dor dos dois é o luto.

O que potencializa o drama de Manchester à Beira-Mar, porém, é a percepção do diretor sobre as capacidades de seu elenco e nas maneiras que ele é capaz de direcionar seus atores e atrizes a seus fins. Conforme a trama avança, o filme aos poucos dissemina a dor sentida pelo protagonista ao resto de seu mundo, perpetuando a mesma sensação de confinamento em lugares muito fechados a pessoas que passam pelo mesmo processo no intuito de evidenciar suas reações. Nesse ponto, Lonergan mostra ter em mãos um filme de atuação dos mais férteis, dando espaço para trabalhos muito contidos - Gretchen Mol e Kyle Chandler - quanto expansivos - Hedges e Williams, cuja participação final na história põe pra fora de forma explosiva todo o sofrimento levado em silêncio pelos outros - em tempos muito curtos.

E se em todo o filme de atuação há alguém que se destaque, em Manchester esta posição é obviamente ocupada por Affleck, cujo silêncio e postura mórbida não somente revelam um homem em constante lamento por seus arrependimentos como também um indivíduo condenado a carregar a imagem da tragédia em seu semblante. Quando Patrick vai de encontro ao tio para descobrir que seu pai morreu, aquele que está na entrada do ringue de hóquei não é Lee Chandler, mas o anjo da morte em carne, osso e eterno calvário.

Nota: 8/10

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Crítica: La La Land - Cantando Estações

O sonho americano em tempos de individualidade extrema.

Por Pedro Strazza.

Único número musical a envolver de fato um grande número de pessoas na coreografia, a canção "Another day of Sun" abre La La Land - Cantando Estações com um prenúncio daquilo que será tratado no filme. Em mais um típico congestionamento nas estradas dos arredores de Los Angeles, motoristas e passageiros saem de seus carros para cantar e dançar os sacrifícios que fizeram em suas vidas para tentar conquistar os sonhos que tanto almejam. Com a Cidade dos Anjos ao fundo servindo como espécie de Meca a suas respectivas buscas por fama e sucesso, a câmera passeia por dançarinos e dançarinas enquanto estes pulam em carros, descobrem bandas no interior de caminhões e saúdam o cenário ao qual se inserem para no fim voltarem a entrarem em seus carros e baterem as portas, retornando ao status original de buzinas e xingamentos por causa da lentidão.

É uma abertura bastante simples - o visual lembra muito os clipes criativos e cada vez mais batidos da banda OK Go - e que evidencia a questão do sonho americano, uma utopia que se no passado foi fundamental a Hollywood e o cinema estadunidense hoje está em declínio absoluto, ainda que tenda a permanecer no imaginário popular. Mas será que ainda é possível perseguir o estrelato, a riqueza e a vida perfeita prometida nos filmes antigos no mundo contemporâneo? 

No fundo, esta é a grande questão a ser respondida pelo musical dirigido e escrito por Damien Chazelle, que começa retomando valores desse grandioso passado afim de levantar tais perguntas. Seus dois protagonistas, afinal, vivem dessa nostalgia frustrada pelo tempo: Enquanto a jovem Mia (Emma Stone) busca a carreira de atriz e se decepciona com cada "não" tomado, o pianista Sebastian (Ryan Gosling) persegue o sonho de ter o próprio clube de jazz em um cenário onde o gênero musical encontra-se em extinção, vendo seus grandiosos templos serem substituído por bares de samba e tapas. Após se esbarrarem repetidas vezes no curso de poucos dias, os dois se apaixonam e passam a apoiar um ao outro em suas metas aparentemente impossíveis.

Se La La Land a princípio se faz como um musical feito das memórias do que veio antes, uma grande homenagem a um gênero que no passado dominou atenções, ele aos poucos dissolve esta suspeita no rumo do relacionamento dos protagonistas e nas dificuldades que eles passam para alcançar seus objetivos. Se no primeiro ato o longa é dominado pela invasão de elementos tradicionais deste tipo de cinema na atualidade - algo muito evidente nos números musicais, mas também presente nas referências visuais a pontos turísticos de Los Angeles - o filme gradativamente incorpora essa mistura do nostálgico com o contemporâneo a um tom mais visual, dando lugar (pelo menos até o balé final) a (muito melhor resolvidas) danças silenciosas e canções quase em formato de serenata que guiam o romance de Mia e Sebastian com poucas palavras.

Isso porque Chazelle está menos interessado no musical como fim e mais como meio para o desenvolvimento de seus personagens e suas respectivas jornadas. O diretor repete de seu longa anterior (Whiplash) aqui o alienamento obsessivo dos protagonistas e o uso da música como uma ferramenta de trama, imprimindo ao casal uma sede individualizante e uma nostalgia anacrônica que são condizentes ao mundo que os permeiam afim de torná-los em avatares universais de uma busca por um sonho ultrapassado e em pleno desfalecimento. O "Eles adoram tudo e valorizam nada" que Sebastian diz para Mia em tom de desabafo durante um passeio pelas instalações vazias de um dos grandes estúdios, seguido posteriormente pela cena onde ela vê o cinema que serviu de local para o primeiro encontro com ele ser fechado, serve de lembrete a esta transformação natural em curso, uma mudança nas formas e caminhos aos quais eles terão de se submeter para alcançar seus objetivos.

Que o individualismo, para bem ou para mal, sempre esteve ligado ao sonho americano está claro desde sempre, mas é no atestamento do crescimento de sua necessidade que torna o musical tão atraente. Mesmo que o relacionamento de Mia com Sebastian seja marcado por poucos conflitos, La La Land torna evidente a fragilidade da relação dos dois devido a suas próprias ambições, aos poucos desfazendo as possibilidades de sucesso de seu namoro por movimentos simples enquanto ambos parecem encontrar apenas becos sem saída em suas jornadas. No processo, Emma Stone é quem melhor incorpora as dores e as perdas sentidas a cada passo dado, envolvendo o espectador a cada derrota e conquista por todos os métodos possíveis, seja na dança, no choro ou no olhar.

Assim, quando o filme chega a sua parte final e o público reencontra os dois personagens cinco anos depois com seus objetivos alcançados, a fama e o sucesso atingidos e o sonho americano de certa forma realizado (uma licença poética que para muitos deve soar um tanto quanto ofensiva) graças a suas ambições individuais - Mia só consegue o primeiro papel graças a seu monólogo, enquanto dá-se a entender que Sebastian abandonou a banda do amigo Keith (John Legend) para fundar o seu bar - a grande pergunta que permanece sem ser respondida é se o sacrifício do relacionamento por esse sonho valeu a pena. O belíssimo balé final orquestrado por Chazelle, seguido pelo olhar cúmplice entre os dois, vem então não apenas para responder esta questão como também para reafirmar a força da busca pelo sonho americano em um mundo - e também uma Los Angeles - onde tal esperança parecia ter se desvanecido por completo.

Nota: 9/10

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Segunda Opinião: A Criada

Park Chan-wook traz novo olhar sobre relacionamentos lésbicos no cinema.

Por Isabela Faggiani.

Um desafio do cinema lésbico mundial é de fazer um filme que não explore a saída do armário, a auto-descoberta, a puberdade e a morte. Esses são os maiores clichês de qualquer filme que explore o relacionamento entre duas mulheres. E Park Chan-wook conseguiu se livrar de todos eles. Só por isso, A Criada já deveria ser um filme essencial no cinema lésbico.

A história se passa na Coreia do Sul dos anos 30 e o filme dura quase três horas. São dois fatores que podem assustar o público geral para longe das telas, mas Chan-wook conseguiu fazer um longa que te prende do primeiro ao último segundo. O filme é dividido em três atos e cada um deles está recheado de novos mistérios e descobertas que deixam o espectador querendo saber cada vez mais das vidas da rica japonesa Hideko e sua criada coreana, Sookee.

Nenhum filme é perfeito, é claro, e, enquanto A Criada foge dos maiores clichês lésbicos, cai em um outro: a fetichização do corpo feminino e do sexo lésbico. Mas, diferentemente de dezenas de outros filmes, a erotização em A Criada tem um propósito e é essencial para a história.

O trailer mostra apenas uma ínfima parte da aventura que é assistir a esse filme e a trama te surpreende a cada reviravolta (e são muitas. Eu parei de contar depois da terceira). Durante os 145 minutos de filme, é possível sentir toda sorte de emoções: da ternura à raiva ao medo.

Para começar, Sookee (Kim Tae-ri) vai à casa de Hideko  (Kim Min-hee) para ser sua criada, mas na verdade ela esconde o segredo de que é uma ladra disfarçada que está armando um plano para roubar toda a fortuna da nipônica junto do igualmente mentiroso Conde Fujiwara (Jung-woo Ha). Os planos da garota ficam abalados quando ela se apaixona por sua patroa, mas o espectador nunca sabe se ela decide abandoná-los e confessar seu amor ou ignorar seus sentimentos.

O conde, inclusive, é retratado como sendo um homem mentiroso, arrogante e vaidoso. Em nenhum momento do filme o vemos fazendo algo de positivo. Todas as suas ações são calculadas para o próprio bem. As dele e as do tio de Hideko, Kouzuki (Jo Jin Woong). É de acalentar o coração de qualquer mulher lésbica ver todos os homens do filme serem retratados como pessoas ruins e não como seres bacanas que roubam a cena e que mereciam que as garotas fossem heterossexuais (ou bissexuais) para ficarem com eles, como visto por exemplo no filme de 2010 Minhas Mães e Meu Pai.

Os homens definitivamente não têm vez nessa história, cujas duas personagens principais dividem toda a glória da atenção do público. (Inclusive, Academia, dois papéis principais podem, sim, ser de duas mulheres. Não cometam mais o erro que cometeram com Carol, de colocar uma das atrizes como coadjuvante. Não há como ter parte coadjuvante em uma história centrada no casal).

Esses quatro personagens fecham a trinca principal do filme e todos eles são muito bem construídos, complexos e misteriosos até o último minuto do filme. É quase impossível adivinhar o que acontecerá durante a história. E o que prende no filme é isso: saber qual será a sucessão dos fatos e não descobrir o final por si só. Há toda uma teia de mentiras, segredos e seduções que se fazem necessárias serem descobertas pelo espectador antes de chegar no final.

Não há, por exemplo, como ignorar a obsessão de Kouzuki por seus livros e não querer saber o conteúdo deles, ou os detalhes do plano sórdido de Fujiwara e Sookee. Negligenciar a aparente inocência de Hideko e seu desejo de se matar seria quase como matar o longa em si. Inclusive, uma das cenas mais memoráveis de todo o filme é quando a nipônica tenta se enforcar na mesma árvore em que sua tia se suicidou, mas falha quando Sookee aparece para salvá-la.

A Coreia de antes da guerra é o cenário perfeito para um filme misterioso, envolto em luxúria, paixão, ódio e artimanhas. E se deliciar com cada reviravolta e revelação é uma experiência única que traz à tona a pergunta: “por que esse filme não recebeu nenhuma indicação ao Oscar?”. O roteiro, a fotografia e as atuações estão páreo a páreo com alguns dos melhores do ano.

O longa respira arte e entrega mistério envolto em eroticidade. O romance entre duas mulheres na Ásia dos anos 30 é uma história que não deveria ter sido negligenciada pela Academia ou pelo grande circuito de cinema, que parece só ter olhos para os blockbusters estadunidenses.

Como uma mulher bissexual que procura assistir a todo e qualquer filme de temática lésbica que consigo, digo que A Criada é um dos filmes mais importantes, não apenas desse gênero, mas do ano de 2016. Uma revolução para o cinema lésbico e para o cinema mundial, que deveria abrir mais as portas para filmes como esse.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Crítica: Assassin's Creed

Adaptação do jogo busca dar peso dramático desproporcional a história guiada pela ação.

Por Pedro Strazza.

Enquanto série de jogos, a franquia Assassin's Creed provou ao longo do tempo que seu maior atrativo era antes de tudo a inserção histórica. Se nos primeiros capítulos a Ubisoft buscava se apoiar sobre uma história linear que justificasse a existência e o uso do Animus, o dispositivo que permite ao jogador voltar ao passado para reviver o conflito entre as seitas dos Assassinos e Templários em diversas épocas, a desenvolvedora aos poucos chegou à conclusão que o elemento central da marca era o uso da História em si, passando a apostar mais e mais na recriação hiper-detalhada de períodos particulares da humanidade e permitindo a seu jogador usufruir destes como verdadeiros playgrounds de matança e navegação.

De certa forma, a adaptação para os cinemas da série consegue ao mesmo tempo entender e não entender o seu funcionamento na hora de traduzi-la para as telas. Entende porque, pelo menos na ação, o filme comandado por Justin Kurzel percebe o potencial lúdico da marca e esboça um estilo que passa longe da burocracia, trabalhando os enfrentamentos passados na Espanha da Inquisição visando a fisicalidade do movimento como elemento central de seu funcionamento. Mas a produção também não entende a franquia porque, no resto, o seu excesso de dedicação em dar peso à trama torna a experiência cinematográfica um tanto quanto enfadonha a qualquer um.

É um peso manifestado de forma clara na narrativa desenvolvida por Kurzel, que depois de demonstrar com sua versão cinematográfica de Macbeth ter dificuldade visíveis para trabalhar o conteúdo das obras de Shakespeare força aqui relações familiares trágicas clássicas do autor inglês em uma história que visivelmente não é capaz de comportá-la. Alternando-se entre o clima de conspiração de organizações secretas - no caso a Abstergo, empresa de pesquisa de fachada para as operações dos Templários - e os conflitos de pais e filhos nutridos pelos dois protagonistas, o roteiro escrito por Michael Lesslie, Adam Cooper e Bill Collage busca uma história de trauma que se alimente das crises de fé de Callum Lynch (Michael Fassbender) e a doutora Sophia Rikkin (Marion Cotillard) com seus respectivos grupos, seja no caso do primeiro com o fato dele presenciar a morte da mãe (Essie Davis) pelas mãos de seu pai (Brendan Gleeson) quando criança ou da segunda com a aparente falta de confiança que seu pai (Jeremy Irons), diretor da Abstergo, tem por ela.

Estas relações até que dariam dramas interessantes de se acompanhar, mas acabam não funcionando por não possuírem o conteúdo necessário para evidenciar sua complexidade. Assassin's Creed gira em torno de situações presas ao momento: Callum surge na tela pela primeira vez preso em sua cela à espera da execução, entretanto o espectador nunca fica sabendo direito o porquê dele ter sido condenado (apenas se sabe que ele está lá por matar um cafetão); o conflito de Sophia com a figura paterna é apenas sugerido nos conflitos dos dois sobre o uso do Animus e outras questões burocráticas com a ordem; mesmo os assassinos presentes na Abstergo planejam uma revolta de inspiração imediata. Tudo no longa é feito nas aparências e no campo do subjetivo, mas Kurzel insiste em conferir uma alta dramaturgia a tudo - que, sem surpresa, logo se prova um grande aborrecimento.

A sorte do espectador é que se o diretor é péssimo nas maneiras como lida com o drama, na ação o cineasta australiano é capaz de levantar uma temática sobre realidade e projeção com bastante potencial. Ainda que reduzida a três momentos bastante pontuais da narrativa, as incursões ao passado com o ascendente de Callum, o espanhol Aguilar (também Fassbender), dispensam o diálogo e adotam as perseguições e confrontos físicos entre Assassinos e Templários como linha fundamental de cena, aos quais Kurzel filma combinando a irrealidade dos cenários digitais com a materialidade de seus atores e dublês (que realizam todas as cenas de parkour). As acelerações de cena e os combates fluídos trazem um charme inexplicável dentro de toda a estética poeirenta dessas sequências, que também não fazem lá muita questão de explorar o relacionamento de Aguilar com a colega assassina Maria (Ariane Labed).

A mistura realmente dá certo também porque Assassin's Creed nesses poucos momentos de sanidade sabe deslocar isso a Lynch, que como personagem preso a visitas fantasmagóricas de Aguilar depois de ser submetido ao Animus e avatar de um antepassado funciona melhor que arquétipo shakespeariano trágico. Uma pena então que o filme não perceba esta tendência que ele mesmo elabora, preferindo investir tempo em relações desgastadas e com erros de concepção básicos ao invés de efetivamente se deixar guiar por essa questão de corpo, alma e ação para situar um drama de fé no fim tão básico.

Nota: 4/10

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Crítica: Moana - Um Mar de Aventuras

Animação sabe aproveitar e se posicionar dentro da fórmula Disney.

Por Pedro Strazza.

Desde que as animações da Disney passaram a ser supervisionadas pelo chefe criativo da Pixar John Lasseter, as produções animadas do estúdio passam por um processo de recombinação de elementos dos mais intrigantes. Ainda que filmes como A Princesa e o Sapo, Operação Big Hero, Frozen e Zootopia repliquem a fórmula consagrada em clássicos da produtora, eles também reciclam essa metodologia pela incorporação de temas e cenários contemporâneos.

Até aí, a fase atual em nada se diferencia do chamado "renascimento Disney", que nos anos 90 também retrabalhou arcos clássicos das histórias infantis sob um novo e revigorado prisma. O que a torna única dentro do histórico do estúdio é a tendência de suas produções de uma forma ou de outra terem consciência das histórias tradicionais e, a partir disso, visarem uma efetiva desconstrução de valores do legado que as cercam.

Moana - Um Mar de Aventuras, mais nova animação da Disney, parte justamente deste ato de auto-consciência, algo já inserido desde o início com a introdução da mitológica figura heroica de Maui (Dwayne Johnson). Semideus da cultura polinésia, ele é responsável no passado pelo roubo de uma pequena pedra que serve de coração à deusa Te Fiti, um ato que a fez adormecer para sempre e permitiu que forças malignas dominassem os mares do Pacífico. Cerca de um milênio depois, a jovem Moana (Auli'i Cravalho), futura rainha de uma das tribos da região e em crise com as restrições geográficas impostas por seu pai (ela não pode ir além dos recifes), precisa encontrar o objeto depois de perceber que seus conterrâneos já não acham peixe ou frutos para se alimentar. Sabendo que Maui foi o último a ter posse do item, ela então desbrava o oceano pela primeira vez e vai atrás de seu paradeiro.

Não demora muito para que os dois se encontrem, e depois de Maui e Moana trocarem insultos e resolverem se unir para atingir suas próprias metas fica um pouco mais claro na narrativa que o objetivo dos diretores Ron Clements e John Musker - dupla conhecida pelas animações do estúdio que melhor mexem com o conceito do mito (A Pequena Sereia, Aladdin, Hércules) - é de contrapor as figuras heroicas de dois tempos. Pelo arco trágico clássico bastante amenizado do semideus polinésio (o abandono da mãe, quase uma constante nas mitologias antigas, é algo subentendido pela trama) e o da procura por um lugar no mundo da garota, típico dos heróis modernos, o longa mantém a dinâmica da dupla acesa durante a jornada por esses choques quase geracionais, pendendo sem muita surpresa para o lado da protagonista e a desconstrução do tipo durão que a acompanha.

Chega a ser natural, então, que a aventura fique um pouco de lado no filme, em ordem de abrir espaço ao estranho relacionamento amigável que se forma entre os dois. O roteiro de Jared Bush nunca deixa de manter a jornada em pauta, mas é evidente o teor capitular das situações, ligadas com elegância pelas canções de Opetaia Foa'i, Mark Mancina e Lin-Manuel Miranda. Até mesmo o divertido encontro com o gigantesco Tamatoa (Jemaine Clement), momento mais psicodélico da trama, soa um pouco fora do contexto da história, que preza por uma fantasia menos explosiva e pontual - como o espírito da avó de Moana (Rachel House), os gigantescos deuses do final e até mesmo os cocos dotados de vida que são os Kakamora.

Mas no fundo a grande força do filme está nas maneiras como ele lida com a fórmula do estúdio, o que não deixa de ser uma repetição do que foi visto em seus antecessores com melhor desenvoltura. Temas e situações batidas como a morte do ente querido, a valorização da tradição e a mensagem de desbravar o mundo são usados mais uma vez por Clements e Musker sem hesitação, sendo capazes de reintroduzir esses conceitos ao público de forma revigorada e com sensação de inédito. Moana tem uma percepção muito clara daquilo que busca aspirar dentro do histórico da Disney e sabe se portar como tal, dispondo da referência ao passado apenas para potencializar o próprio discurso.

Nota: 7/10

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Preview 2017

Alguns dos lançamentos mais esperados do ano que se anuncia.

Por Pedro Strazza.

Pelo menos do ponto de vista do calendário de estreias dos cinemas brasileiros, 2017 se inicia com grandes chances de ser superior à 2016. E isso não ocorre apenas pelo fato do ano passado ter sido relativamente fraco, com a temporada de blockbusters hollywoodianos decepcionando e muita coisa boa ter ficado de fora das telonas daqui: os próximos 365 dias prometem trazer um combo fascinante de obras, com tanto os longas de 2016 que chegarão atrasados ao país quanto a produção original do ano soando igualmente atrativas.

Dos atrasados do ano passado, temos bastante filmes da temporada do Oscar deste ano que foram bastante elogiados lá fora, incluindo aí a trinca La La Land - Cantando Estações, Manchester à Beira-Mar e Moonlight, que aparentemente chegam forte na disputa pelo prêmio de Melhor Filme. Mas há também outros da corrida pela estatueta que merecem a visita, como novos trabalhos de diretores de renome - Mel Gibson (Até o Último Homem), Pablo Larraín (Jackie), Robert Zemeckis (Aliados) - e obras que chamaram bastante à atenção da crítica e do público no exterior, como A Qualquer Custo, Estrelas Além do Tempo e Lion - Uma Jornada para Casa.

Fora do circuito de premiações, há sobras de 2016 que parecem valer a pena de serem conferidas na telona, seja blockbusters como o divisivo Assassin's Creed ou produções menores como Quase 18. Do que já conferi e que estreia no circuito nas próximas semanas, deixo recomendado o A Criada de Park Chan-wook, o Paterson de Jim Jarmusch e a nova animação da Disney, Moana - Um Mar de Aventuras.

E isso são só os primeiros dois meses de 2017. Depois disso há uma verdadeira enxurrada de filmes com potencial, desde o circuito independente até as caríssimas produções de Hollywood, ao qual agora busco pinçar uma pequena parcela para compor o Preview que tradicionalmente inaugura as atividades do site no ano. Organizei as dezessete obras aqui listadas segundo o calendário, desprendendo-se da obrigatoriedade (e, de certa forma, banalidade) de ranquear produções ainda não vistas.

Em comum, todos os filmes citados a seguir me despertaram o interesse e são aguardados por mim por diversos motivos, em conjunto gerando o otimismo maior sobre o ano que demonstrei acima. Vamos a eles:

  • Silêncio

Única sobra de 2016 presente na lista, o novo filme de Martin Scorsese é a adaptação do livro O Silêncio do japonês Shusaku Endo, que trata da jornada de dois padres missionários para encontrar um outro famoso padre no interior do Japão hostil à presença católica. Até hoje uma obra divisiva, o livro traz questionamentos difíceis e ao mesmo tempo fascinantes sobre a maneira de enxergar a fé cristã, um terreno fértil para o diretor de O Rei da Comédia e O Lobo de Wall Street.

Data de estreia: 2 de fevereiro

  • LEGO Batman - O Filme 

Da extensa leva de filmes de super-herói que mais uma vez se anuncia como destaque maior na temporada de blockbusters, o derivado de Uma Aventura LEGO é talvez o que possui maior potencial. Além de estar livre de amarras de cronologia e das vontades dos fãs, LEGO Batman tem apresentado na campanha de marketing um tom de paródia e despretensão dos mais agradáveis com o personagem, que já na "adaptação" da marca de blocos de montar era um dos elementos mais divertidos.

Data de estreia: 9 de fevereiro

  • A Cura

Cineasta que mudou os caminhos do horror nos Estados Unidos no começo do século com O Chamado (que curiosamente ganha uma nova continuação em 2017, Chamados), Gore Verbinski volta ao gênero este ano com A Cura. Estrelado por Dane DeHaan, o filme já exprimiu nos trailers uma vontade bem clara de mais uma vez combinar terror psicológico com de hospital, por meio de uma trama que tem no mistério sobre uma instituição de recuperação seu maior chamariz.

Data de estreia: 16 de fevereiro

  • John Wick - Um Novo Dia para Matar 

Uma das grandes e boas surpresas de 2014, John Wick ganha uma continuação este ano que promete ser ensandecida e despirocada. Comandado por Chad Stahelski (um dos diretores do primeiro), Um Novo Dia Para Matar parece ter aproveitado o aumento considerável no orçamento para expandir o número de cores e a complexidade dos sets de ação que exibirá, trazendo de volta o matador de aluguel vivido por Keanu Reeves para matar ainda mais membros da máfia. 

Data de estreia: 16 de fevereiro

  • Logan 

Depois de tantos anos afirmando que tal filme seria seu último como Wolverine, agora Hugh Jackman parece mesmo estar decidido a encerrar seu trabalho com o Carcaju nos cinemas. Terceiro filme solo do personagem, Logan traz o herói para o futuro, onde, envelhecido, terá de cuidar de uma nova mutante em um mundo onde a raça está em extinção. É claro que os últimos dois capítulos da série não foram lá grande coisa, mas dessa vez os elementos podem enfim encaixar e entregar a obra que Wolverine tanto merece.

Data de estreia: 2 de março

  • A Bela e a Fera

Esperada por muitos, a versão em live-action da famosa animação da Disney tem em mãos - além da enorme responsabilidade de fazer jus ao original - o grande desafio de tornar verossímil ao público que objetos inanimados falem e se movam, algo que os dois trailers até aqui pouco mostraram. A produção comandada por Bill Condon, porém, também aposta no grande elenco (Emma Watson, Ian McKellen, Emma Thompson, Ewan McGregor, etc) e no visual "festa temática adolescente emo fã de Evanescence" para encantar. Se tudo isso der certo, as possibilidades para o estúdio no campo dos contos infantis serão infinitas.

Data de estreia: 16 de março

  • Fragmentado

Depois de voltar a brilhar com A Visita em 2015, M. Night Shyamalan surge em 2017 com outro terror de proposta chamativa, com James McAvoy interpretando um sujeito com mais de 20 personalidades que rapta e prende três adolescentes em sua casa.

Data de estreia: 23 de março

  • Z - A Cidade Perdida

Quem também está com trabalho novo em 2017 é James Gray, que em 2014 entregou o maravilhoso Era uma Vez em Nova York. Este ano, o diretor adapta para as telas o romance Z - A Cidade Perdida, de David Grann, que reconta os percalços de um explorador britânico que nos anos 20 desapareceu procurando uma cidade no interior da Amazônia.

Data de estreia: 20 de abril

  • Guardiões da Galáxia Volume 2, Homem-Aranha - De Volta ao Lar e Thor - Ragnarok

A Marvel Studios está disposta a se entregar à comédia pura e simples em 2017. Suas três produções do ano, afinal, parecem carregar o humor como principal elemento de suas aventuras super-heroicas, seja a space opera tresloucada da tão antecipada pelo público sequência de Guardiões da Galáxia, a comédia colegial adolescente do novo Homem-Aranha ou mesmo o fim do mundo do novo épico do Thor - que pelo visto de sério terá nada, já que conta com o diretor Taika Watiti no comando. Considerando que o ponto mais forte das outras produções do estúdio até o momento foi a piada, esta dedicação maior ao humor pode render bons frutos.

Datas de estreia: 27 de abril (Guardiões), 6 de julho (Homem-Aranha) e 2 de novembro (Thor)

  • Alien - Covenant

Se Prometheus revelou-se ser uma bela de uma bobagem e o capítulo dirigido por Neill Blokamp foi (para melhor) aparentemente engavetado, a continuação do prelúdio da série Alien dirigida por Ridley Scott pode render alguma coisa em 2017. Alien - Covenant parece retomar o horror claustrofóbico do original, incorporando-o à lógica de exploração espacial do antecessor para conceber um terror menos complexo nos questionamentos e mais de gênero, como bem indica o final do primeiro trailer e toda a situação "xenomorfo slasher" da cena da transa no banheiro.

Data de estreia: 11 de maio

  • Mulher-Maravilha

Depois de um 2016 com um filme divisivo e outro bem ruim, as produções da DC na Warner tem em 2017 suas últimas esperanças de emplacar. Mas se Liga da Justiça soa problemático por essência com o esvaziamento do comando de Zack Snyder e com chefs demais na cozinha, Mulher-Maravilha nutre expectativas por ser justamente o tão aguardado debute da principal super-heroína da editora nos cinemas. É grande a responsabilidade da diretora Patty Jenkins e de Gal Gadot com o longa, que volta para o período da Primeira Guerra Mundial para recontar o primeiro encontro da amazona com a humanidade.

Data de estreia: 1 de junho

  • Annabelle 2

Talvez a franquia de horror mais divertida dos últimos anos, Invocação do Mal volta em 2017 com a sequência do derivado de Annabelle, que dirigida por David F. Sandberg (do fraco Quando as Luzes se Apagam) volta a colocar a boneca possuída para atormentar uma nova família.

Data de estreia: 17 de agosto

  • Baby Driver 

Desde 2013 sem lançar um filme novo, o cineasta Edgar Wright surge este ano com Baby Driver, projeto que com elenco respeitável (Ansel Egort, Jon Hamm, Jamie Foxx, Kevin Spacey, Lily James...) trata de um piloto de fugas que é encarregado pela máfia de trabalhar em um assalto destinado ao fracasso.

Data de estreia: 17 de agosto

  • Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

Diretor de O Quinto Elemento, o francês Luc Besson volta à space opera com Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, adaptação dos quadrinhos franceses de Pierre Christin e Jean-Claude Mézières estrelada por Dane DeHaan (ele de novo!) e Cara Delevingne. Besson promete mais uma vez visuais coloridos e exagerados para ilustrar o épico, que acompanha as aventuras de dois viajantes espaço-temporais pelo universo.

Data de estreia: 17 de agosto

  • Blade Runner 2049

Pode parecer inacreditável, mas mesmo não gostando de A Chegada e Sicario eu ainda gosto de Denis Villeneuve e tenho expectativas com seu novo filme. Se tudo der errado, a continuação de Blade Runner pode ser o filme hollywoodiano que finalmente mistura blockbuster e arthouse sem errar a mão em nenhum dos dois - e o trailer já provou que esta possibilidade está aberta.

Data de estreia: 5 de outubro

  • Assassinato no Expresso do Oriente

A nova adaptação do famoso livro de Agatha Christie é comandada por Kenneth Branagh, diretor que promete levar suas influências teatrais para dentro da trama de mistério e intrigas passadas no interior de um trem. Isso, pelo menos, é o que o verdadeiro time de estrelas escolhido para trabalhar no filme indica, com nomes como Daisy Ridley, Penélope Cruz, Johnny Depp, Josh Gad, Michelle Pfeiffer, Michael Peña e o próprio Branagh vivendo os passageiros do expresso do título.

Data de estreia: 23 de novembro

  • Star Wars VIII

O segundo episódio da nova trilogia da franquia será o primeiro a partir do exato ponto de encerramento do antecessor, o ótimo O Despertar da Força. Além disso, a presença de Rian Johnson na direção indica um filme de pretensões bastante diferentes ao do capítulo dirigido por J.J. Abrams, algo que pode gerar ramificações inesperadas à história de Rey, Finn e Poe.

Data de estreia: 14 de dezembro