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quinta-feira, 30 de abril de 2015

HEY, Eu Quero Uma Segunda Opinião!: Vingadores - A Era de Ultron

Um dos melhores filmes da Marvel Studios, se não for o melhor.

Por Alexandre Dias.

Os super-heróis não integram mais filmes de ação ou aventura. Eles consolidaram o seu próprio gênero cinematográfico. Dentre os estúdios que produzem tais blockbusters, a Marvel/Disney é de longe aquele que pensa mais à frente e tem conseguido trilhar um caminho certeiro. Vingadores: Era de Ultron é a prova cabal disso, aonde o divertimento e pistas para o futuro continuam a ser as principais características da Casa das Ideias no cinema.
No caso da equipe, há um desafio à parte, que é dar o tempo certo de cada personagem. O diretor Joss Whedon alcançou essa meta no longa anterior, mas obteve ainda mais sucesso neste novo lançamento: os vingadores "protagonistas" mantêm a importância - a própria trama gira em torno de uma criação de Tony Stark (Robert Downey Jr.) -, porém os coadjuvantes e os novos integrantes são muito bem desenvolvidos.
O Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) e a Viúva Negra (Scarlett Johansson) são explorados não apenas como reforços brutos para o time de heróis, mas como os humanos Clint Barton e Natasha Romanoff, respectivamente; os Aprimorados têm uma boa dinâmica, sendo que Pietro Maximoff (Aaron Taylor-Johnson), o Mercúrio, gera bons momentos de empolgação, enquanto Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate, além de participar dos mesmos (a cena em que ambos devem parar um trem é ótima), é interpretada por Elizabeth Olsen de forma esplêndida, com uma mistura de poder e sentimentalismo; por fim, resta falar de Visão (Paul Bettany), que está com um visual fantástico, e mesmo com a sua aparição acontecendo praticamente no terceiro ato, vale a espera.
O fator diversão, que é o objetivo que a Marvel Studios procura alcançar em todas as suas produções, é cumprido melhor do que nunca: as cenas de ação são espetaculares e grandiosas - a sequência inicial é incrível -, o que faz todo sentido devido à ameaça, que está à altura dos Heróis Mais Poderosos da Terra. Esta, aliás, é transmitida pela dublagem de James Spader ao vilão Ultron, juntamente com um certo sarcasmo, que provém do “pai” Homem de Ferro. Ainda vale citar que, agregado aos combates, o humor completa o divertimento do espectador: as piadas são muito boas e colocadas nos momentos determinados.
Sem dúvida, é impressionante o universo coeso que a Marvel/Disney desenvolveu e tende a desenvolver cada vez mais no cinema. O futuro parece promissor, com a grande saga dos quadrinhos Guerra Civil, que chega às telonas ano que vem, e as duas partes da Guerra Infinita, com Thanos agindo finalmente, que estreiam em 2018 e 2019, além dos filmes solo. Se a eficiência presente na maior parte de suas produções continuar a ocorrer, podemos ficar sossegados e ansiosos, pois esta é a justificativa que comédia, pancadaria, bem contra o mal e outros clichês de blockbusters podem funcionar muito bem se utilizados  de maneira precisa. Vingadores: Era de Ultron é um dos melhores filmes do estúdio, se não for o melhor.

Nota: 10/10

sábado, 25 de abril de 2015

Crítica: Vingadores - A Era de Ultron

Joss Whedon faz de sequência de Vingadores uma excelente preparação para o futuro da Marvel Studios.

Por Pedro Strazza.

Criar um universo cinematográfico não é tarefa fácil. Não bastasse conceber uma história que funcione tanto no superficial quanto em camadas mais profundas, os responsáveis precisam lidar também com inúmeras variáveis para manter coeso o mundo que seus personagens habitam, e isso inclui da maneira como os eventos principais afetam o lugar ao jeito como os acontecimentos secundários (ocorridas no periférico) influem no núcleo principal de personagens. É uma relação que requer muito equilíbrio e progressivamente fica mais e mais difícil de se alcançar conforme a história progride - e os filmes se acumulam.

E se fazer um universo em um filme é fácil, em dois a coisa se complica e em três fica complexo, imagina então a situação vivida pela Marvel Studios, que com Vingadores - A Era de Ultron chega à surpreendente marca de doze produções situadas em uma mesma cronologia. Além de envolto em tantas informações que de alguma forma não podem ser colidir, o estúdio liderado pelo produtor Kevin Feige tem a problemática de envolver núcleos bastante opostos entre si, englobando deuses nórdicos e espionagem realística em uma mesma folha de papel.


A sorte da franquia Marvel é que, ao contrário de outras produções, ela se divide em muitas séries de filmes, capazes de explorar o universo estabelecido e desenvolver seus múltiplos protagonistas com calma, abrindo espaço assim para que sua maior série, Os Vingadores, concentre esforços em questões tão importantes quanto. E no caso dos maiores heróis do mundo, a sorte é ter tido alguém como Joss Whedon, que compreende muito bem essa oportunidade, no comando de seus dois primeiros capítulos. É dele os muitos méritos do primeiro capítulo e os ainda maiores deste segundo, muito mais ambicioso, pesado e difícil de se manobrar com o acréscimo de tanto material vindo dos últimos quatro filmes da Marvel Studios, agrupados e conhecidos pelo nome de Fase 2.

É uma tarefa hercúlea que Whedon realiza em A Era de Ultron, pois tem de lidar simultaneamente com os acontecimentos anteriores para estabelecer sua história - que envolve a Batalha de Nova York do primeiro Vingadores e os eventos passados desde então pelos protagonistas em seus filmes solo - e também conceber as bases do futuro da mesma cronologia, que tem previsto para os próximos anos pelo menos onze capítulos. Sem contar as próprias adições feitas nesta continuação, que precisam ser muito bem trabalhadas pelo cineasta para a progressão do longa pelo conjunto, e a trama capaz de unir todos esses pontos sem atropelar-se em si mesmo.


A solução encontrada pelo roteirista e diretor, então, é simples e bastante similar à adotada no primeiro capítulo da série, mas envolve um manejo delicado de sua parte. Whedon torna seu trio de protagonistas em figuras unidimensionais e de pouco desenvolvimento, e prefere focar suas atenções nos vastos coadjuvantes da equipe para problematizar o tema proposto e aproximar esses personagens do espectador. Os perfis dos heróis "secundários" da equipe, afinal, foram bem menos explorados que os de Steve Rogers (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth) e Tony Stark (Robert Downey Jr.), cujos filmes dedicados a suas aventuras já os apresentaram bem. A eles, resta introduzir o futuro, a Guerra Civil entre o primeiro e o último e o Ragnarok para a divindade nórdica.
Thor, Steve Rogers e Tony Stark confraternizando com amigos; personagens rasos, mas importante para a trama
Isso não quer dizer, porém, que a trindade da equipe atue por fora na narrativa desenvolvida nesse segundo Vingadores, mas sim o contrário: É o Capitão América que comanda os movimentos do time de super-heróis em todo o filme; é o deus do trovão que faz a equipe ir à Sokóvia em busca do cetro do irmão Loki, missão que abre (com um plano-sequência fabuloso) o filme; e é o Homem de Ferro que com tal item em mãos idealiza e constrói, ao lado do doutor Bruce Banner (Mark Ruffalo) a inteligência artificial Ultron (James Spader), grande vilão da vez a ser combatido e cujo objetivo é acabar com os Vingadores - e, posteriormente, a humanidade.


São os principais que armam e disparam a história de A Era de Ultron, e seu desenrolar ocorre com outros personagens em dramas interessantes. A começar por Clint Barton (Jeremy Renner), cuja inferioridade de poderes em relação aos colegas e sua maior proximidade com a humanidade o torna num ponto de conexão interessante entre os sobre-humanos e a sociedade. A passagem da equipe na fazenda do arqueiro e sua apresentação à família Barton realça isso com precisão, e dá aos heróis um motivo para lutar pela sobrevivência.
Ultron em sua primeira (e frágil) forma; um vilão criado para socorrer os inocentes
Essa relação entre protetores e protegidos, central ao longa, também é abordada com sutileza no relacionamento amoroso entre Banner e Natasha Romanoff (Scarlett Johansson). Típica elaboração de monstro e mocinha que traz essa problemática clichê do perigo como principal obstáculo para o amor, ela funciona muito mais para entendermos melhor ambos os personagens no contexto ao qual estão inseridos - principalmente a agente russa, interpretada com especial cuidado por Johansson.
Enquanto os poderosos lutam pelo bem maior, os inocentes sofrem, e as novas peças apresentadas no tabuleiro querem externizar esse sentimento. Ultron e seu "filho", o "sintetizoide" Visão (Paul Bettany), crias de um mundo em caos, agem por um bem não muito bem definido, que possui tantas dúvidas sobre a humanidade e suas ações como esta tem com os Vingadores e seu rastro de destruição - E o diálogo final entre as duas inteligências, mesmo superficial, sintetiza muito bem o dilema deles com seu criador. No caso das vítimas, é curioso perceber que elas sejam representadas por dois seres aprimorados, com nível de habilidades sobrenaturais ao dos Vingadores. Vindos da população, os irmãos órfãos Wanda (Elizabeth Olsen) e Pietro (Aaron Taylor-Johnson) Maximoff simbolizam os danos infligidos na sociedade por aqueles que a protegem, e servem como lembrete futuro para o sofrimento causado pelos próprios heróis.
Pietro e Wanda Maximoff; lembretes da humanidade de um mundo de sofrimento aos heróis do amanhã
Esse mesmo futuro vai sendo armado por Whedon de forma magnânima. Das heranças deixadas pela passagem de Ultron - em especial o elemento portado por Visão e a Feiticeira Escarlate, cuja instabilidade emocional já é prenunciada - aos escombros deixados pelo combate entre o Hulk e o Homem de Ferro em Wakanda (uma cena digna de seu espetáculo destrutivo, vale dizer), Vingadores 2 é o filme que melhor constrói as bases para um amanhã de um universo cinematográfico, não se rendendo as pontinhas instigantes (menos, talvez, na cena durante os créditos) e sim tomando-a como elemento principal, o que ocasionalmente pode gerar uma sensação de meio do caminho no espectador mais ansioso com o todo.

Mas essa sensação, ao lado de todos os atalhos tomados pelo roteiro de Whedon na narrativa dinâmica (dói ouvir de uma "central" da internet em pleno 2015), são um pormenor. Além de trazer na estrutura uma complexidade funcional e bela, Vingadores - A Era de Ultron serve como entretenimento de primeira, capaz de fazer rir na estrada de universo que trilha com tanta seriedade, e prepara como ninguém um futuro brilhante para uma franquia poderosa.

Nota: 10/10

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Crítica: Chappie

Buscando estilo pessoal, Neill Blokamp se repete mais uma vez nos temas e se choca com a própria história.

Por Pedro Strazza.

Enquanto diretor, Neill Blomkamp é um cineasta que não sabe delinear com exatidão o limite entre estilo do realizador e repetição de ideias. Se em Distrito 9, seu debute nos cinemas, o sul-africano trouxe novas ideias e conceitos para o gênero da ficção-científica, em seus dois trabalhos posteriores ele força em histórias bastante distintas suas concepções visuais e narrativas, como se impusesse a um livro de horror e um conto-de-fadas os mesmos temas e análises sobre a sociedade contemporânea.
Mas se com Elysium a vontade de Blomkamp fez submergir os vícios de seus roteiros, em Chappie ela só prova o dano que ele inflige às suas próprias histórias. Ainda que se encaixe em algum grau ao plano crítico da sociedade, o conto infantil escrito por Neill e Terri Tatchell não consegue trazer qualquer novidade ao ensaio do diretor sobre a humanidade, e se basta a refazer o mesmo caminho traçado em suas obras anteriores.
A distopia da vez criada pelo diretor é similar à proposta por Robocop, mostrando uma Johanessburgo onde as forças policiais humanas vão sendo progressivamente substituídas por robôs criados em uma empresa privada, a Tetravaal. Inventor do modelo de maior sucesso da firma, o engenheiro Deon Wilson (Dev Patel) quer dar maior autonomia de julgamento às máquinas, e concebe a primeira inteligência artificial para atingir esses fins. Sua criação, porém, é tomada por um trio de criminosos (Jose Pablo Cantillo e os rappers Yo-Landi Visser e Ninja), que começam a introduzir a criatura - chamada por eles de Chappie (Sharlto Copley) - em seu estilo de vida desde seu nascimento.
Essa trama com quê de Pinóquio possui naturalmente características e trajetórias próprias, mas é forçada por Blomkamp a trilhar o mesmo caminho de seus outros trabalhos. Dos protagonistas marginalizados pela sociedade ao sacrifício final em prol da causa contra o sistema opressor, ele se repete estruturalmente e acrescenta nada à sua tese, orgulhoso de sua própria "genialidade" para considerar tal equívoco cometido. Quem sai perdendo é a jornada de maturidade do protagonista robótico, cuja centralidade dá espaço para o arco de transformação do sul-africano.
Por outro lado, o filme ainda consegue ser interessante quando tem esse seu viés conto-de-fadas explorado, mesmo que de forma superficial. O crescimento de Chappie pode não atingir seu potencial e afetar o mundo e as pessoas a seu redor em qualquer sentido, mas é suficiente para fazer o espectador acompanhar a história com um mínimo de interesse.
É essa visão infantil da história que, se fosse o foco da produção, poderia tornar Chappie naquilo que Blomkamp tanto almeja. As necessidades do cineasta, porém, em adaptar o filme em seus maneirismos e torná-lo parte de sua dissertação, além de querer entregar um clímax explosivo mesmo sem coerência, fazem a trajetória do robô ir em direção oposta, e contribuem para tornar cada vez mais evidente a queda vertiginosa do diretor.

Nota: 5/10

sábado, 18 de abril de 2015

Crítica: Frank

Comédia indie situa trajetória para o sucesso do mundo da música na era conectada.

Por Pedro Strazza.

Se houve um campo em que o advento da hiperconectividade realizado pela internet revolucionou de forma drástica a maneira de seu autopromover, esse é o musical. Embora ainda seja em essência a lógica do "hora certa, lugar certo", a repercussão das bandas e dos artistas encontram nos dias de hoje uma dificuldade muito maior no espaço democratizado das redes sociais que nos tempos dominados pelo jornalismo musical. O aumento significativo da concorrência torna difícil o acesso do público ao novo, e os músicos, presos a esse ponto essencial, tem que encontrar diferentes maneiras de atrair seu espectador ao seu trabalho.

Alcançar a fama na era conectada, porém, não envolve mais o fruto dos esforços dos músicos, mas sim a própria propaganda feita em cima deste. Em Frank, essa inversão de objeto com canal é retratada pela trajetória dos Soronprfbs, grupo experimental que chama a atenção pela desproporcional cabeça de papel-machê utilizado pelo vocalista Frank (Michael Fassbender). Até então despercebidos no mapa, a banda ganha notoriedade pelas mãos de Jon (Domhnall Gleeson), novo tecladista do conjunto que começa a postar nas redes sociais o dia-a-dia dos colegas e em particular de seu curioso integrante.

A partir daí, o caminho trilhado pelo filme não é exatamente inédito. O roteiro de Peter Straughan e Jon Ronson, baseado nas experiências vividas pelo último em um grupo similar, faz a curva tradicional de ascensão e queda no mundo da música, combinados ao desencanto típico de tais produções. A novidade aqui é o contexto ao qual essa fórmula é aplicada, um cenário dinamizado onde vale a regra dos conhecidos "15 minutos de fama" e todas as suas consequências.

O grande atrativo de Frank, a bem da verdade, reside no dilema secular vivido pelo artista - personificado no vocalista que dá nome ao longa - e seu próprio trabalho nesse ambiente novo. Se por um lado o homem da cabeça gigante busca a identidade musical própria, provindo de um experimentalismo extremo e transcendental, ele também almeja o calor das multidões e o reconhecimento superficial do público, criado por músicas fáceis e de gostos mais acessíveis. Essas duas metas, antagônicas e representadas na obra respectivamente pelas figuras do moderno Jon e da irritada Clara (Maggie Gyllenhaal), são danosas ao músico representante de sua profissão e fragmentam por completo sua identidade.

Mesmo que seja um conflito ideológico ultrapassado (a definição do caráter excêntrico como genuísmo do grupo cheira a conservadorismo incômodo em algumas passagens), essa problematização é feita com interesse por Frank, que enquanto não a promove entretém com seus personagens nada habituais e uma trama fácil, apesar de tão óbvia quanto os simbolismos concebidos pelo diretor Lenny Abrahamson. O trunfo maior do filme, de certa forma, é impedir que essa sua previsibilidade irrite pela auto-consciência doída em testemunhar a realidade dura à qual se situa.

Nota: 6/10

quinta-feira, 16 de abril de 2015

As revelações e os mistérios de O Despertar da Força na Star Wars Celebration

Filme ganha novidades e perguntas em celebração emocionante.

Por Pedro Strazza.

Felicidade é uma das poucas palavras existentes no dicionário que define com precisão o sentimento despertado por Star Wars VII nesta tarde de quinta-feira. Em painel realizado durante a Star Wars Celebration 2015 em Anaheim, a produtora Kathleen Kennedy e o diretor J.J. Abrams revelaram o segundo teaser do novo capítulo da franquia cinematográfica, que fizeram fãs ao redor do globo se emocionar em um misto de nostalgia e empolgação.
Antes, porém, várias informações sobre o episódio sete foram fornecidas pela dupla criativa no palco. Além de confirmar os personagens de John Boyega, Daisy Ridley e Oscar Isaac - que farão respectivamente um stormtrooper, uma coletora e um piloto da Aliança Rebelde - como trio principal do filme e entrevistar os atores sobre como foi entrar para a série, Kennedy e Abrams apresentaram ao público um novo planeta, intitulado Jakku (É, não bastou Capitão Panaka, Conde Dooku e Sifo-Dyas), como local dos cenários desérticos da primeira prévia e do primeiro encontro dos três principais. O diretor de O Despertar da Força também aproveitou a ocasião para reforçar a fisicalidade dos sets através de BB-8, o droide-bola que dominou as atenções dos presentes quando surgiu rolando adorável no palco - ele, R2-D2 e os outros robôs presentes na produção, por sinal, foram construídos por fãs alemães, contratados após realizarem uma exposição de R2 customizados em uma Star Wars Celebration anterior.
BB-8 e R2-D2, em parafusos e circuitos, no palco da Star Wars Celebration 2015
Logo em seguida à apresentação dos mais novos, os mais velhos apareceram em cena. Com a ausência de Harrison Ford - em recuperação após um acidente em seu avião particular -, Carrie Fisher, Anthony Daniels (o único ator a aparecer em toda a hexalogia, no papel de C-3PO), Peter Mayhew (portando uma estilosa bengala em formato de sabre de luz) e Mark Hamill subiram no tablado escoltado por stormtroopers para falar da emoção em retornar ao universo que os consagrou e dar boas vindas aos novatos. Muitas fotos foram tiradas no "encontro de gerações", e os antigos, entre outras coisas, fizeram brincadeiras sobre possíveis retornos nos novos filmes - intérprete da princesa Leia, Fisher garantiu com risos aos presentes, por exemplo, que o biquíni dourado não volta.
Da esquerda para a direita: Peter Mayhew, Mark Hamill, Carrie Fisher e Anthony Daniels
Para fechar com chave de ouro a apresentação, J.J. e Kathleen mostraram ao mundo uma nova prévia do sétimo episódio. Narrada por Luke Skywalker (Hamill), o teaser deu mais alguns detalhes sobre os acontecimentos do universo Star Wars nos 30 anos que separam O Retorno de Jedi de O Despertar da Força (a guerra entre os rebeldes e o Império continua, pelo que parece), mas manteve segredo sobre alguns personagens e o paradeiro de outros - o vilão Kyle Ren (Adam Driver) ainda tem suas intenções desconhecidas do público, e a questão do próprio Luke ir para o lado negro da Força está no escuro.
O ponto alto do painel, porém, foi o encerramento do trailer, que mostra Han Solo (Ford) e Chewbacca (Mayhew) pela primeira vez. A frase dita pelo contrabandista reformado a seu parceiro peludo, afinal, é a melhor representação da sensação deixada no auditório e do filme que estreia em dezembro e da sensação deixada no auditório ao final do evento. "Chewie, nós estamos em casa".

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Review: Demolidor - 1° Temporada

Uma origem profunda para um confronto maniqueísta. 

Por Pedro Strazza.


Das várias particularidades existentes em Demolidor em relação ao universo que pertence, a mais curiosa definitivamente é seu caráter urbano. Após anos desenvolvendo filmes e séries focados em personagens que representam instituições ou visem a salvação da humanidade, é estranho ver a Marvel Studios contar a história de um homem que não sai de casa para combater o mal do mundo ou de sua cidade, mas sim de seu próprio bairro.

E o tom local do seriado dedicado ao Homem Sem Medo não poderia ser mais apropriado. A ausência de um grande combate no pano de fundo e de poderes espalhafatosos permite à série criada por Drew Goddard uma aproximação inédita do universo cinematográfico da Marvel com a realidade da população que o habita e que foi obrigada a passar por eventos maiores à sua existência. A destruição ocorrida em Nova York pelo clímax do primeiro Vingadores e o ambiente de tensão advindo de tais acontecimentos, afinal, serve como ponto de partida ideal para o embate planejado nesta primeira temporada.

Os combatentes aqui, porém, não carregam em sua essência os conceitos de bem e mal definidos, mas tem eles misturados em um caldeirão de incerteza quanto ao efeito de seus atos. É justamente essa dúvida que conduz as trajetórias de Matt Murdock (Charlie Cox) e Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) no primeiro ano de Demolidor, em um típico arco de origem para suas futuras e famosas personas: A intenção inicial de seus planos com a Hell's Kitchen pode ser a melhor possível, mas o curso dos eventos e as ações de caráter dúbio os faz repensar sua própria posição no grande jogo das coisas - não à toa, a frase "Estou fazendo o melhor para minha cidade" é repetida exaustivamente por ambos em diversas situações.

Conhecer as duas figuras centrais torna-se portanto uma obrigação para evitar o maniqueísmo simples, e esta é a chave do sucesso da série. Ao longo de seus 13 episódios, Demolidor se aprofunda no perfil de Murdock e Fisk para entender ao mesmo tempo os motivos que o levaram a estar ali e como eles se transformarão nas figuras que conhecemos, e contrasta-os a todo instante para o espectador compreender a oposição entre eles. Seja no design de produção, que destaca o multicolorido berrante nos lugares ocupados por Matt e os brancos e pretos nos de Wilson - e aqui é divertido destacar nos figurinos vestidos por sua namorada Vanessa (Ayelet Zurer) o uso frequente da cor característica dos ternos do Rei do Crime nos quadrinhos -, ou na montagem, o programa realça a noção de antagonismo entre herói e vilão, mesmo estes tendo no fundo o mesmo objetivo.

Nesse quesito, o seriado conta com dois ótimos atores para protagonizar o conflito apresentado. Se Cox é decisivo para encarnar um Matt Murdock que sente o peso da responsabilidade de seus poderes e a perda do pai, mas procura fazer um futuro melhor longe das grandes empresas de advocacia e com o vigilantismo, D'Onofrio é brilhante em fazer um Wilson Fisk atormentado, que mesmo com boas intenções com a Cozinha do Inferno sente o caminho duro trilhado e as ações maléficas tomadas. Seu relacionamento com Vanessa é acima de tudo uma visita a seu psicológico estraçalhado pelo pai, e ajuda a compreender muito bem o perfil impulsivo e monstruoso do Rei do Crime.

Essa dualidade funciona muito bem para tema, mas não consegue esconder do espectador os problemas da série, a exemplo do uso dos coadjuvantes. Enquanto vemos o confronto entre Murdock e Fisk se desenrolar, é frustrante o uso de Foggy Nelson (Elden Henson) e Karen Page (Deborah Ann Woll) e seus respectivos bons intérpretes como simples alívio cômico enquanto não utilizados pela narrativa central. Ao mesmo tempo, a enfermeira Claire (Rosario Dawson) desaparece e reaparece sem maiores explicações, e interrompe um desenvolvimento interessante de seu relacionamento com o protagonista.

Mas o grande erro do seriado ocorre de fato na sua transposição de gêneros, ocorrida a partir da metade de sua temporada. Mesmo que se combinem muito bem em outros casos, a transformação da trama policial e de vigilantismo em uma super-heroica prejudica Demolidor visivelmente, dotando-o de uma afetação incômoda e incoerente em alguns eventos - cujo ápice com certeza é a maquinação final de Wesley (Toby Leonard Moore) para ajudar o seu poderoso chefe.

São erros bobos os cometidos pela série, mas que em nenhum momento estragam a graça de seus acertos. De seu embate de mocinho e bandido conturbados às cenas de ação muito bem orquestradas (como esquecer o maravilhoso encerramento do segundo episódio?), Demolidor funciona muito bem para história de origem de seus personagens e como parte integrante do universo ao qual pertence. Seu encanto maior, porém, é a habilidade com a qual faz um próprio mundo para si e povoa-o com dois personagens extremamente bem elaborados em seus desejos e medos - este último um elemento muito importante para a formação do herói do título.

Nota: 8/10

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Review: Better Call Saul - 1° Temporada

Em seu primeiro ano, derivado de Breaking Bad equilibra desenvolvimento original e dependente de sua série-mãe para estabelecer as próprias bases.

Por Pedro Strazza.

As séries de televisão já geraram muitos produtos de qualidade, mas foram raras as vezes em que conseguiram algo a mais depois do fim de suas histórias. Enquanto o cinema está cada vez mais interessado em criar produtos derivados de suas franquias mais poderosas, o universo televisivo ainda teme em criar seriados baseados em seus programas de maior sucesso, motivado talvez pelos maiores riscos financeiros e o passado de erros.
É na contramão do mercado, portanto, que Better Call Saul faz sua estreia na programação estadunidense. Derivado da consagrada por público e crítica Breaking Bad e que serve como prelúdio ao programa, a série criada por Vince Gilligan e Peter Gould abandona a saga de Walter White para focar em seu advogado e sua jornada de ascensão profissional. Assim, somos transportados ao começo dos anos 2000 e acompanhamos o jovem advogado Jimmy McGill (Bob Odenkirk) no processo de transformação na figura de Saul Goodman.
O grande trunfo criado para o sucesso do spin-off é a preservação e aprimoramento das características da história anterior na nova. Além da fotografia extremamente perfeccionista (a dupla criadora leva ao limite os ângulos inesperados e a simbologia das cenas), Better Call Saul traz no fundo os mesmos caminhos egocêntricos tomados por Walter em Breaking Bad, agora aplicados em um contexto de sucesso profissional mais legitimado e menos criminal, afora o conhecimento do público do fim que levará Jimmy na história. E embora sejam pessoas muito diferentes, Mcgill e White carregam consigo a mesma dor da inferioridade na sociedade integrante, que, catapultada pela inveja, motiva-os a recorrer a caminhos desonestos para alcançar a glória pessoal - e é a maneira como esse ciúme funciona para despertar esse processo que serve como mote dessa primeira temporada.
A repetição de valores, porém, não é o único atrativo do seriado. Gilligan e Gould foram inteligentes em tornar Albuquerque mais uma vez palco de um mundo novo e repleto de personagens interessantes (o irmão Chuck, desempenhado por Michael McKean, é uma adição divertida à galeria de birutas das duas séries), que em conjunto da própria personalidade inédita de seu protagonista - Jimmy prova em vários momentos dos dez episódios ser oposto a Saul em alguns aspectos - separa a cria de sua mãe o suficiente em conteúdo. As referências setentistas, feitas tanto na narrativa quanto nas falas de Mcgill, e o desenvolvimento paralelo e excelente de Mike (Jonathan Banks) - outro personagem provindo do produto original - completam muito bem o pacote de novidades.
Esperta em se distanciar de Breaking Bad para criar seus próprios valores, mas não o bastante para perder seus principais pontos acertados, Better Call Saul traçou em sua primeira passagem pela televisão uma base sólida para seu crescimento. E a julgar pelos diversos elementos apresentados e pouco utilizados (é de se esperar uma maior participação de Hamilton nos próximos anos) e pela própria condução dos eventos, a saga de Jimmy McGill tomará rumos próprios em um futuro próximo.

Nota: 8/10

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Crítica: O Último Ato

Novo filme de Barry Levinson repete mantras do cinema auto-consciente.

Por Pedro Strazza.

Em determinada altura de O Último Ato, chega a ser irresistível para o espectador comparar o protagonista Simon Axler (Al Pacino) com o Riggan Thomson de Birdman ou (A Inesperada Virtude a Ignorância). No fundo, ambos são o mesmo personagem: um ator que, em meio a uma crise existencial, busca com o auxílio de uma segunda voz em seu cérebro sair do marasmo mental que o atordoa para receber os aplausos que sempre desejou.
A bem da verdade, essa "coincidência" não é exclusiva destes trabalhos de Barry Levinson e Alejandro González Iñarritu, mas sim temática a um aglomerado de produções reflexivas do papel do artista na própria arte, cada vez maior e mais popular na indústria cinematográfica. Do Cisne Negro de Aronofsky ao Acima das Nuvens de Assayas, o cinema está cada vez mais interessado em entender os seus próprios mecanismos, questionando o porquê de seus indivíduos se levarem ao limite para entregar ao público grandiosas obras de arte.
O problema dessas produções é que falta a elas uma maior criatividade para trilhar essa auto-reflexão, além de manter demasiado egocêntrica sua própria linha de raciocínio, e o Último Ato chega para ressaltar as problemáticas do subgênero. Baseado no livro homônimo escrito por Philip Roth, o longa faz ao lado de Axler o mesmo caminho feito pelos outros filmes sem trazer qualquer tipo de novidade a ele.
O arco de loucura vivido pelo protagonista, a voz imaginária de interesses próprios, a musa delirante, o sacrifício pessoal e muitos outros elementos do tema batem ponto no roteiro de Buck Henry e Michal Zebede, que repercutem os mesmos questionamentos e ideias já vistos. Enquanto isso, Levinson centra a narrativa em Simon para destacar sua personalidade fragmentada e causar risadas por ela, mas no processo acaba por acentuar excessivamente o tom individualista da trama. Até mesmo o elenco coadjuvante (formado por bons nomes como Greta Gerwig e Dianne Wiest) passa batido, repetindo discussões e situações vistos e revistos em outras obras.
O único elemento que surge para salvar o longa do clichê repetitivo é Al Pacino. Grande trunfo do diretor, o ator de mais de setenta anos emprega todo seu talento para criar um protagonista reconhecível e compreensível ao público, evitando que sua crise torne-se apenas uma ferramenta cômica e sim uma plataforma para uma reflexão maior de sua própria existência... mesmo que esta não venha em sua totalidade.
Se lançado em uma época anterior, O Último Ato poderia ter ganho uma maior visibilidade e se estabelecido como um precursor de um movimento. O seu lançamento em um panorama bastante dominado pelos temas que aborda, porém, torna a contribuição do longa ínfima, reduzida por ser simultaneamente nada inédito e muito óbvio em sua análise.

Nota: 5/10

sábado, 4 de abril de 2015

Crítica: O Ano Mais Violento

Luta contra fim da dominância de sua classe é tema de terceiro longa-metragem de J.C. Chandor.

Por Pedro Strazza.

É de um contexto interessante e quase único na trajetória dos Estados Unidos que a história de O Ano Mais Violento parte. Começo do primeiro mandato do presidente Reagan - que com seu plano econômico iria acentuar a desigualdade social e trazer estabilidade econômica ao país - e do processo de declínio da Guerra Fria, o início dos anos 80 foi uma época de transição para a sociedade estadunidense, que teria suas noções extremas de bem e mau enevoadas após anos de tensão política.
Quem saiu perdendo em um período tão transformador foram justamente os mafiosos, antes dominantes no país por serem uma das poucas "classes" a conseguirem realizar esse jogo de sombras com a população para a manutenção de seu poder. Não mais os únicos a terem o monopólio de tal habilidade e com as autoridades em seu encalço em posse de maior poder de fogo, a tradicional máfia norte-americana entrou em colapso em si mesma. Muitas famílias caíram, e quem sobreviveu ao processo teve que buscar novas maneiras de exercer seu domínio.
Então como poderia ser possível prosperar e criar um império novo em um tempo tão turbulento? Buscar entender isso surge como prioridade no filme escrito e dirigido por J.C. Chandor, que tem em seu protagonista a representação de tal estranheza à época vivida. O empresário Abel Morales (Oscar Isaac), afinal, carrega em sua figura caricatural o peso do imigrante que chegou aos Estados Unidos buscando realizar o tão almejado sonho americano, e mesmo que o tenha alcançado por meios não convencionais - sua companhia de transporte de combustíveis foi um presente de seu sogro mafioso - ele procura crescer financeiramente da maneira mais correta possível.
Fazer isso nos instáveis anos 80, porém, não é tarefa fácil, ainda mais com toda a sociedade agindo contra sua pessoa e empresa. E as características que cercam Abel não cooperam: Além de sua herança latina e pobre, ele tem também a esposa Anna (Jessica Chastain, ótima em denotar no seu personagem a influência paterna) e a concorrência como lembretes de seu elo com o crime, e isso basta para o promotor de sua cidade (David Oyelowo) caçá-lo de jeito polido por seus pecados históricos.
Para piorar, ainda tem a questão da violência, apontada já no título da produção e que surge sempre de surpresa nas esquinas para atordoar os negócios de Abel. Nesse caso, a lei de talião ("olho por olho, dente por dente") é não uma lei como em outros longas do gênero, mas uma tentação para o protagonista, quase um chamado ancestral de imposição de seus domínios. Como Abel - muitas vezes perceptível em sua vontade de aceitar a oferta pela atuação contida de Isaac - se abstém deste é a real questão de O Ano Mais Violento, e sua resolução ao final do filme é só mais uma prova do advento de uma nova era de negócios criminosos.
Conduzido com excelência por J.C. Chandor, que para seu terceiro longa-metragem conta com a fotografia de Bradford Young para ilustrar a solidão de seu personagem principal por meio da palheta de cores de sépia e a denotação dos espaços vazios (dignos de um quadro do estadunidense Edward Hopper), O Ano Mais Violento escapa da ode ao gênero de máfia para conceber uma quase antítese aos clássicos. Abel tem consciência de que não é e provavelmente nunca será um Corleone da vida, e esse conhecimento é a chave para sua ascensão na contramão da queda de seus vários adversários.

Nota: 9/10

Gostou? Assista Também:
  • Até o Fim: Outro protagonista tentando sobreviver ao fim de outro processo.
  • Trilogia O Poderoso Chefão: A queda da máfia pelos olhos daqueles que caem.

Crítica: Velozes e Furiosos 7

Sétimo filme da franquia diverte pela ação frenética e insana.

Por Alexandre Dias.

Não é fácil estabelecer uma longa franquia cinematográfica. Quando isso ocorre, pode-se afirmar que, independente da qualidade do produto, a ideia a ser transmitida foi comprada pelo público espectador. No caso de Velozes e Furiosos, porém, a mudança de ares iniciada timidamente no quarto e por completo no quinto filme da série, permitiu um aumento significativo do sucesso da marca.
O que estamos falando é da passagem de corridas e mulheres para ação desenfreada e insana. Sem leis da gravidade e sem sentido. Algo que chega aos limites do bizarro e da loucura (em teoria, os longas são ambientados na Terra, aonde não há superpoderes nos seres humanos e carros voadores), mas que por esse motivo acaba divertindo.
A história deste sétimo capítulo, sem surpresas, é muito simples. Formado por um roteiro cheio de diálogos caricatos (frases de efeito são ditas do começo ao fim) e clichês (a subtrama sobre a amnésia de Letty, por exemplo), Velozes e Furiosos 7 se assume, então, como um blockbuster repleto de testosterona; não à toa, figuras como Jason Statham, um dos principais brucutus em atividade, e Kurt Russel, que também é um veterano da área, foram contratados. Além deles, algumas participações, como a do artista marcial Tony Jaa e da lutadora do UFC Ronda Rousey, também contribuem para a pancadaria.
A ação em questão envolve não só os combates corpo a corpo, mas muitos tiroteios e, obviamente, os carros. Créditos sejam dados ao diretor James Wan, que conseguiu colocá-la nas cenas muito bem; exemplos como o acompanhamento da câmera a cada golpe no encontro de Deckard Shaw (Statham) com Luke Hobbs (Dwayne Johnson), a câmera lenta em um carro atravessando prédios e toda a construção de quando os veículos “saltam” de paraquedas são prova disso.
A química da equipe de Dominic Toretto (Vin Diesel) também contribui para o andamento da trama. Com as características estabelecidas de cada personagem, há uma boa dinâmica entre os atores, como o humor presente nas interações de Tyrese Gibson e o rapper Ludacris e a própria amizade da dupla protagonista, Diesel e Paul Walker - diga-se de passagem, há uma bela homenagem ao ex-intérprete de Brian O’Conner, falecido em 2013 devido a um acidente de carro.
Se cada produção de cinema tem um objetivo, como o medo a ser causado no terror e as risadas na comédia, o de Velozes e Furiosos 7 é puro divertimento. Esta finalidade é alcançada, portanto, por meio do absurdo, aonde tanto os fãs fervorosos da franquia, como aqueles que apenas apreciam um bom entretenimento ficam satisfeitos.

Nota: 7/10

Gostou? Assista Também:

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Não Perda!: Março/2015

Amor, família e celebridades nos filmes esnobados do mês!

Por Pedro Strazza.

O mês acabou, e está na hora de ver aqueles lançamentos legais que ninguém viu (mas deveria ver) porque "Não deu tempo..." ou "Não quis arriscar minha grana suada com isso!". No Não Perda! de março de 2015 temos:

  • O Amor é Estranho

Em tempos contemporâneos, é comum que busque-se o amor antigo e shakespeariano como grande objetivo de vida, mesmo este não existindo mais. Qual seria então a verdadeira face deste na sociedade atual? O diretor Ira Sachs investiga essa questão em O Amor é Estranho pelos olhos de um apaixonado casal gay vivido por Alfred Molina e John Lithgow, que separados por questões financeiras são obrigados a testemunhar as mudanças sociais no universo dos relacionamentos através dos casais amigos.

Neste faroeste revisionista, o ator e diretor Tommy Lee Jones analisa o papel da mulher em uma sociedade machista e repressiva pela história de Mary Bee Cuddy (Hilary Swank), uma desbravadora na Expansão do Oeste que recebe a difícil missão de levar três mulheres loucas de volta para o Leste com a ajuda de um trambiqueiro em dívida com sua pessoa. Dessa travessia Jones encontra diversos pontos para questionar o estereótipo do gênero, em uma abordagem importante mesmo que não feminista.

  • Eden

Projeto que ficou conhecido pelo apoio do Daft Punk na produção - o duo liberou suas músicas para o filme a taxas baixas e deu dicas no roteiro -, Eden se dedica a expor e entender a história da house music, um subgênero da música eletrônica criado no começo dos anos 90. E mesmo que seja pessimista em sua segunda parte o longa dirigido por Mia Hansen-Løve é certeiro em sua reprodução da ascensão e declínio desta, sendo um dos poucos produtos sobre o tema a tratá-lo com o carinho merecido.

  • Força Maior

Candidato sueco ao Oscar que acabou ficando de fora da disputa, Força Maior parte de uma situação um tanto peculiar: de férias nas montanhas para esquiar, uma família entra em colisão com si mesma após um falso desabamento de neve revelar a real face do marido e pai. Surge então uma crise como nenhuma outra, que afetará não só a mulher e os filhos como também outros hóspedes e até trabalhadores no hotel, forçados a refletir sobre suas posições em seus relacionamentos.

Enquanto Birdman e Acima das Nuvens ganharam destaque por tratar do ofício do ator, este novo trabalho do diretor David Cronenberg levou em Cannes o prêmio de Melhor Atriz ao expor o nojento universo das celebridades hollywoodianas. Ainda que não possua uma grande reflexão sobre o tópico, Mapa Para as Estrelas é indiscutivelmente poderoso ao revelar o lado maléfico de seus personagens não através de seus visuais ou ações, mas sim por seus perfis mesquinhos e rasos, capazes de fazer de tudo para alcançar objetivos fúteis e de nada relevantes.

OUTROS Não Perda!: Janeiro/2015, Fevereiro/2015