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domingo, 30 de março de 2014

Crítica: Tudo por Justiça

Diretor comete mesmos erros e acertos de trabalho anterior


Por Pedro Strazza

Iniciando sua carreira como diretor em 2009, Scott Cooper demonstrou com Coração Louco, seu primeiro trabalho, um curioso olhar sobre a cultura interiorana dos Estados Unidos, mais especificamente no lado musical, através da figura problemática do cantor decadente Bad Blake, cujo papel rendeu ao ator Jeff Bridges seu primeiro Oscar. Pela lente da câmera, Cooper não só retratava ali o quão destruído a vida de seu protagonista estava como também assistia uma certa decadência dos valores da cultura redneck americana no qual o longa se inseria.
Essa visão um pouco pessimista do diretor sobre essa sociedade estadunidense é novamente utilizada por este em Tudo por Justiça, seu segundo filme autoral. Aqui, Scott abandona a música country para abordar os valores e normas de conduta do interior do país, mas usa da mesma estrutura de Coração Louco para filmar a história de Russell Baze (Christian Bale), seu novo protagonista, na trama de "vingança" do longa. Operário esforçado e marido fiel, Baze é um homem que tem uma vida bem estabelecida e responsável, procurando se manter fora de confusões e tentando ajudar o irmão problemático Rodney (Casey Affleck) e o pai extremamente doente. Quando, porém, causa um acidente de carro e é preso por ter matado inocentes neste desastre, sua vida muda por completo, e seus pilares de sustentação vão sendo, um a um, destruídos: A mulher (Zöe Saldana) pede o divórcio, o pai falece (e sem se despedir de Russell) e o irmão começa a participar de um esquema de aposta de lutas na cidade.

Essa quebra da vida de Russell e a constatação do próprio deste acontecimento é decerto o ponto mais interessante da produção. Através da atuação necessariamente bruta, mas ainda sim tocante de Bale - que aqui prova mais uma vez sua indubitável qualidade artística -, o espectador testemunha a derrocada do protagonista em momentos pontuais e amargurantes para este, como nos primeiros encontros com a ex-mulher após a prisão, nos diálogos que ele tem com Rodney ou no momento em que recebe a notícia da morte do pai. Nesta última, é perceptível a delicadeza do ator em construir uma performance gradativamente desesperadora para depois, quando visita o túmulo do pai, mudar esta postura para uma mais respeitosa e de aceitação do fato.
Mas mesmo que sem perspectivas ou objetivos, Russell mantém a mesma atitude responsável de antes de ser preso, procurando evitar o mesmo estilo de vida brutal e autodestrutivo de Rodney - Um personagem que claramente poderia ter sido melhor desenvolvido pelo roteiro de Cooper e Brad Ingelsby. Essa atitude se altera, entretanto, quando o irmão desaparece depois de lutar na comunidade caipira comandada por Harlan DeGroat (Woody Harrelson) e a polícia mostra que não conseguirá fazer nada sobre o assunto, ativando em Russell uma necessidade de justiça não somente por Rodney, mas também por toda a recente e desastrosa trajetória pessoal.
Esse conceito é deveras interessante, mas acaba não funcionando como deveria para o longa. Tudo por Justiça falha ao não criar no espectador um laço mais forte com seu protagonista e as pessoas que ele ama, tornando as situações e as consequências de certas ações menos pesadas que elas são ou deveriam ser. E se não fosse pelo elenco estrelado, mas mal utilizado (Só observar a irrelevância do policial vivido por Forest Whitaker, por exemplo), é bem provável que o roteiro não funcionaria.
Outro defeito claro (e similar aos vistos em Coração Louco) é a construção de personagens extremamente importantes à trama. Mesmo que atuando bem, a Lena de Zöe Saldana e o DeGroat de Harrelson soam superficiais e unidimensionais na maioria do tempo. Este problema se agrava ainda mais para o último, que, por ser o "grande vilão" da trama, perde ao ser esvaziado de uma maior importância e originalidade no roteiro - a cena inicial no drive-in por exemplo, é dispensável ao apenas apresentar sua violência e nada mais.
Sem esses elementos vitais, Tudo por Justiça acaba por perder grande força de sua intensidade emocional para com o público, o que por sua vez acaba com grande parte dos objetivos do longa. Ainda sim, o segundo trabalho de Cooper encontra redenção com o desenvolvimento de seu protagonista, que sozinho torna todo o clímax final da produção em algo a mais além de uma singela justiça.


Nota: 6/10

sábado, 22 de março de 2014

Primeiras Impressões: Ano Zero

Pisando em ovos de morcego, Scott Snyder faz costumeiro bom início

Por Pedro Strazza

Dentre os super-heróis com histórias de origem manjadas, o Batman é o que tem com certeza a mais consagrada. Ao contrário de vigilantes famosos como o Homem-Aranha e o Superman, o Cavaleiro das Trevas possui em seu início de carreira um arco de quadrinhos de sucesso e qualidade conhecido como Ano Um, produzido por Frank Miller, David Mazzucchelli e Richmond Lewis nos anos 80 e responsável por estabelecer de vez a maneira como se desempenhou os primeiros dias de combate ao crime do Homem-Morcego. Mexer em uma estrutura tão sólida e fundamental para a mitologia do personagem constitui-se portanto como aposta arriscadíssima para qualquer equipe criativa, já que um erro dos mais pequenos pode causar uma quebra no perfil do próprio herói.
O roteirista Scott Snyder, entretanto, parece pensar o contrário. Depois de ter falhado em escrever uma história clássica do Batman em A Noite das Corujas e A Morte da Família, Snyder - que é o principal escritor do Homem-Morcego desde 2011 e Os Novos 52 - resolveu abordar, em seu último arco de histórias com o personagem, a trajetória inicial de Bruce Wayne em se tornar o vigilante que todos nós conhecemos, mas explorando uma época pouco anterior aos acontecimentos do Ano Um de Miller para assim evitar a ira de possíveis fãs xiitas.
Esse início, intitulado pelo autor de Ano Zero, seria os primeiros movimentos de Bruce ao chegar a Gotham, ainda sem ter revelado a público, porém, seu retorno. Nesse momento, o jovem herdeiro da fortuna Wayne não possui a mínima ideia de como porá medo nos criminosos da cidade, e atua à base dos disfarces extravagantes e de uma atitude mais parecida do James Bond de Daniel Craig. Pelo menos é o que Snyder dá a entender nas páginas da primeira edição da nova saga, mostrando o final do confronto de Bruce com a gangue do Capuz Vermelho e exibindo o mesmo ar dos filmes atuais de 007, captados bem pela arte estranhamente mais suave de Greg Capullo (mais, pelo menos, que em Morte da Família - Seria por causa do trabalho de cores mais quentes de FCO Plascencia?).
O primeiro capítulo de Ano Zero, porém, encerra sua ação já nessa cena, e começa a construir bem o início da trama a partir daí. Ao contrário de Morte da Família e A Noite das Corujas, Snyder sabe que a ação e a tensão aqui não são elementos fundamentais, mas sim dispensáveis para o desenvolvimento, e ele dispensa-os, pelo menos no início, na estrutura. Ao invés disso, o autor apresenta ao leitor personagens e peças importantes para o arco, além de já estabelecer algumas pequenas pontes para a obra de Miller.
Essa estratégia, por enquanto, funcionou bem para a saga. Fora alguns pequenos possíveis erros (que se intensificam no desfecho), a primeira parte em nada desaponta àqueles que acompanham o trabalho da equipe atual do Batman ou os fãs mais velhos. O maior perigo a ser enfrentado agora, portanto, é a dificuldade de Snyder em concluir bem seus arcos, que se não enfrentada pode tirar de Ano Zero qualquer credibilidade na mitologia do Homem-Morcego - Além de acabar definitivamente com as chances do autor em querer se marcar na trajetória do herói.

Crítica: O Grande Herói

Filme abusa de clichês, mas acerta na ação e no envolvimento emocional

Por Pedro Strazza

Embora pareça a princípio um gênero dos mais simples, os filmes de guerra apresentam, na maioria dos casos, uma importante profundidade político-social em seu âmago, separando-os, portanto, em duas categorias perfeitamente plausíveis. De um lado, temos reunidos os longas que criticam, cada um à sua maneira, os conflitos armados, indo da visão política à humana, como um Nascido Para Matar ou um Guerra ao Terror; Do outro, estão localizadas as produções que de certa forma glorificam a guerra para celebrar a vitória de determinado grupo e, consequentemente, os esforços dos soldados em permanecer vivos durante situações extremamente delicadas - Clássico de filmes da II Guerra Mundial, por exemplo.

Essas duas abordagens sob a guerra e seus significados, mesmo que amplamente opostas, são estranhamente utilizadas pelo diretor e roteirista Peter Berg para contar a história de Marcus Luttrel (Mark Whalberg), que, assim como o título estadunidense e tão revelador quanto o início de O Grande Herói (Lone Survivor, no original), foi o único sobrevivente de uma operação real realizada em 2005 pelo exército americano em solo afegão. Enquanto critica levemente a presença do grupo de soldados protagonistas e seu trágico destino, Berg também vê no quarteto formado por Murphy (Taylor Kitsch), Axel (Ben Foster), Danny (Emile Hirsch) e Luttrel um forte desejo de sobreviver à cilada em que se meteram - e, se não conseguem isso, pelo menos sacrificam-se para salvar os amigos do próprio destino.

Por um lado, esta peculiar análise ambígua do diretor sobre a operação prejudica severamente o peso político do longa por justamente esvaziar O Grande Herói de uma crítica ou glorificação à guerra, questão essa que constitui qualquer produção do gênero a qual pertence. Essa aposta arriscada, entretanto, fornece ao roteiro e à estrutura do filme uma maior chance de desenvolver com propriedade os personagens principais, envolvendo emocionalmente o espectador à história dos soldados para prepará-lo ao segundo e traumatizante ato.

Essa conexão do público com o quarteto protagonista é realizado com boa performance na primeira parte de O Grande Herói. Habitual, essa introdução serve para o espectador enxergar no grupo a sua grande amizade e humanidade, vista seja pelos rituais do exército - como as cenas reais dos primeiros minutos ou a entrada de Shane Patton (Alexander Ludwig, fraco num papel óbvio) para aquela tropa - ou nas brincadeiras e apostas, além das mostras clichês de virilidade pela barba crescida ou o tórax definido. Além disso, o longa apresenta aqui os laços familiares de cada um dos quatro soldados, que reclamam de um presente mais caro para a esposa ou de uma reforma para esclarecer esse ponto.

Dotados de um certo sentimentalismo pelos protagonistas, é difícil não se sentir desconfortável na cadeira quando a operação se inicia e os quatro logo começam a se machucar. Pelo relevo ou pelo combate, o público sofre junto dos personagens graças à combinação de seu envolvimento prévio com a excelente direção de Berg para filmar a ação, que, aliado a excelentes departamentos de som e maquiagem, emprega um realismo angustiante às cenas, tornando cada queda ou tiro uma dor pessoal no já envolvido espectador. As mortes de Murphy, Axel e Danny são, cada um a seu jeito, extremamente fortes, tanto pelo lado emocional quanto pelo físico - Especialmente Axel, onde o close do olho ensanguentado, o rosto disforme e a respiração dificultada tornam seu fim ainda mais horrendo.

Mas se os dois primeiros atos desempenham-se bem em suas respectivas funções, o mesmo não pode ser dito da terceira e última parte. Sem contar mais com o grupo, o filme perde muito de sua força emocional, e, ainda que Whalberg trabalhe muito bem em seu papel e que a história precise ser encerrada devidamente, o longa se torna cansativo e artificial por justamente procurar nas ações da comunidade camponesa uma abordagem política desnecessária. Sem contar o conflito final, irreal e confuso em sua essência.

Essa quebra do desenvolvimento natural dos personagens não tira de O Grande Herói o mérito de seu início e meio, porém. Acompanhar a jornada final deste grupo é uma experiência poderosa e bem conduzida por Berg, que mesmo abusando de clichês irritantes como as imagens reais no final ou a "redenção" de Luttrel traz novas visões sobre a guerra e seu gênero.

Nota: 7/10

domingo, 16 de março de 2014

Primeiras Impressões: Constantine

Apesar de tropeços, série é um bom começo para mago na DC Comics

Por Pedro Strazza

John Constantine sempre foi e sempre será um personagem da Vertigo. Criado como personagem coadjuvante das histórias do Monstro do Pântano em 1985, o mago inglês rapidamente ganhou, três anos depois, o título próprio John Constantine: Hellblazer que, assumida pelo selo em 1993, se tornaria a série mais longeva da Vertigo, contando com 300 edições. Não bastasse essa quantidade absurda de histórias, a revista teve, entre seus roteiristas, autores de alta qualidade como Jamie Delano, Garth Ennis, Brian Azzarello e Warren Ellis, responsáveis por manter o título tão bem por tantos anos.
Hellblazer, entretanto, teve um triste fim em novembro de 2012, quando a DC Comics resolveu unir o mago de vez a seu universo recém-rebootado dos Novos 52 - onde ele já vinha aparecendo com a Liga da Justiça Dark - e cancelou a série para poder publicar as aventuras de John sob sua responsabilidade. Intitulada Constantine, essa nova revista do amado personagem místico mantém alguns dos atributos vistos antes na Vertigo, mas altera outros para poder encaixar o mago no mundo onde coexiste com Batman e Superman.
Dessas mudanças, a mais clara é o aspecto heroico (anti-heroico, para ser mais específico) criado em Constantine. Mesmo mantendo aqui bastante de seu lado egoísta e trambiqueiro, o mago ganha agora uma consciência de que precisa fazer o certo não importando o ganho, representado na primeira edição pela procura às peças da bússola de Croydon, artefato capaz de encontrar qualquer objeto místico existente e escondido e pelo qual ele não apresenta nenhum interesse em momento algum - algo estranho se considerarmos o poder da ferramenta para uma pessoa como ele.
Outro pequeno defeito passível de nota é a necessidade exacerbada do roteirista Jeff Lemire em explicar ao leitor o que está acontecendo. Apesar de útil para explicar algumas passagens, os pensamentos de Constantine são mal utilizados pelo escritor em vários momentos, denotando fatos e acontecimentos claramente já mostrados visualmente.
Felizmente, a trama elaborada pelo roteirista na estréia do título consegue suprimir essas duas pequenas peculiaridades. Utilizando-se de uma estrutura narrativa "gato-e-rato", Lemire torna a busca pela bússola mais interessante, colocando ainda vilões místicos clássicos como Mister Io e Sargon (este com um leve plot-twist) à mistura. O maior acerto do escritor, porém, é o de optar por não introduzir personagens clássicos do Universo DC logo no arco inaugural de Constantine, deixando o protagonista (e o leitor) fazer a transição Vertigo-DC Comics com calma. A arte de Renato Guedes, nesse ínterim, desempenha sua função bem, complementada com esmero pelas cores de Marcelo Maiolo.
Como série em quadrinhos, Constantine teve um início por enquanto satisfatório. Os pecados cometidos por Lemire não chegam a incomodar demais o andamento da história, bem conduzida e ilustrada com cuidado. Comparado à qualidade de Hellblazer, claro, a série ainda tem muito a melhorar, mas não deixa de ser um bom início para as aventuras solo do mago inglês em terras DC Comics - além de ser um excelente respiro para os fãs da atualmente desajustada Liga da Justiça Dark.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica: Até o Fim

Redford entrega atuação de destaque em filme sobre sobrevivência

Por Pedro Strazza

As histórias de náufragos sempre exerceram no público grande atração. De Robinson Crusoé ao Pi (de As Aventuras de Pi), esses sobreviventes do alto-mar passam pelos maiores problemas em um ambiente claramente hostil à sua presença - Seja este uma ilha ou o próprio oceano. Mas mesmo que possuindo os perfis mais diferentes possíveis e trilharem os caminhos mais diversos para sair dessa situação, dois sentimentos os unem em prol de cumprir o objetivo: A esperança e o empenho.
Até o Fim é um filme que também não escapa a essa condição inerente do gênero. Seu protagonista, assim como qualquer um que se encontre na situação apresentada, dedica-se ao máximo para salvar seu navio (e sua vida, consequentemente) do naufrágio - causado por um rombo aberto no casco quando a embarcação choca-se com um contêiner perdido no mar. Mas o que difere este segundo trabalho do diretor J. C. Chandor das outras produções é justamente o caráter alegórico que seu personagem principal (Robert Redford) ganha no decorrer da obra.
O perfil deste protagonista e suas motivações para estar isolado no meio do mar desconhecidas são, assim como sua identidade, desconhecidas. E não importam muito aqui, para dizer a verdade. Ainda que forneça pistas para seu passado, o roteiro de Chandor não se esforça em analisar a vida de seu personagem, mas sim em mostrar suas ações e determinação para sobreviver em meio ao caos que a natureza o proporciona, frustrando cada tentativa sua de consertar o barco ou de escapar da solidão.
Este isolamento do marinheiro causa outra característica bastante peculiar na produção: A ausência quase total de diálogos. Raríssimo no gênero - que procura sempre encontrar alguma espécie de entidade material (Richard Parker em As Aventuras de Pi) ou imaterial (Wilson em O Náufrago) para tirar um caráter mais monótono da obra -, esse aspecto serve com excelência ao filme tanto em seu aspecto técnico como artístico. Se por um lado o silêncio providencia ao espectador a sensação que o protagonista vive ali (auxiliado por uma captação e mixagem de som fantásticos), este também cria uma sensação de estranhamento quando o personagem procura se comunicar pelo rádio ou simplesmente gritar de ódio pela sucessão de azar.
Mas quem mais se beneficia desta característica é de fato o próprio ator, peça-chave para o longa. Sem possuir um dos principais atributos de seu ramo no filme (a voz), Robert Redford mais uma vez se prova como um ator versátil e competente, criando simpatia junto do espectador na jornada de seu personagem. Mais incrível, porém, é sua capacidade de transmitir emoções usando, na esmagadora maioria do tempo, apenas de seu corpo e (principalmente) rosto, que apresenta todas as marcas e rugas de seus 77 anos.
A força psicológica do protagonista em manter-se firme diante da possível inevitabilidade da morte (cada vez mais próxima a cada tempestade) e a maneira como o roteiro e a direção de Chandor guiam a história, além da atuação magnífica de Redford, fazem deste Até o Fim uma obra peculiar acerca de um tema talvez tão óbvio ou batido. E por mais simples que a proposta desse filme pareça, o longa possui uma profundidade tão grande quanto as águas que parecem querer puxar o homem mais e mais para baixo.

Nota: 10/10

domingo, 9 de março de 2014

Crítica: Walt nos Bastidores de Mary Poppins

Um retrato ingênuo e fantasioso de P. L. Travers e sua maior criação

Por Pedro Strazza

O caminho de Mary Poppins para o cinema não foi dos mais fáceis. Prometendo a seus filhos que traria a babá voadora para a telona, Walt Disney procurou chegar a um acordo com a autora do livro, P. L. Travers, e seus representantes sobre a adaptação, mas acabou sendo rechaçado pela escritora sob a justificativa de ser o "homem das animações infantis". Ele resolveu insistir, e depois de longos 20 anos de "nãos" ele finalmente ouviu de Travers o tão esperado "sim" para a realização do filme. Havia, entretanto, um porém: A autora queria ter controle criativo sobre a produção, aprovando e censurando o material que seria exibido posteriormente no cinema, antes de assinar de vez o contrato.
E é a partir deste ponto que se inicia Walt nos Bastidores de Mary Poppins, longa sobre o conflito entre Travers (Emma Thompson) e a equipe de Disney (Tom Hanks) nos primeiros passos do desenvolvimento do musical. Ao mesmo tempo, o roteiro escrito por Kelly Marcel e Sue Smith procura explorar as origens do livro, mostrando o relacionamento da escritora na infância (Annie Rose Buckley) com seu pai (Colin Farrell).
Essas duas linhas narrativas criadas pelo filme se intercalam sem imaginação nas mãos do diretor John Lee Hancock, que opta fazer deste Walt nos Bastidores de Mary Poppins mais um relato do momento difícil vivido pela escritora - aprovar a adaptação comercial de sua criação - do que uma análise de Travers (Bem trabalhada por Thompson), mesmo mantendo a aparência desta última no tom do longa. Um exemplo disso seria os próprios flashbacks para a infância de Travers, que a princípio podem parecer funcionar como uma desconstrução psicológica da autora, mas logo se tornam uma ferramenta ilustrativa e explicativa rasa para certos comportamentos da personagem - E não realizando, como alguns pensam, um desenvolvimento das suas motivações para escrever Mary Poppins.
As cenas do passado da protagonista também pecam ao abordar sua temática ligeiramente pesada com uma leveza extremamente exagerada. Desse defeito o pai dos Goff é quem sofre mais,  pois seu problema com o álcool ganha uma gravidade esquisita no encerramento devido justamente à abordagem irregular do longa em seus 125 minutos de duração: Se em alguns momentos a culpa é da vítima por estar nessa situação (o conflito no banco é claro nesse aspecto), em outros a organização social-econômica do mundo é a grande culpada (as cenas no circo e no lago). Falta ao filme uma sensibilidade da produção nesse ponto, coisa que Philomena recentemente soube muito bem trabalhar - e em questões muito piores.
O presente da história, nesse meio tempo, apresenta defeitos na mesma medida, mas pelo menos desempenha sua função um pouco melhor em relação à outra linha narrativa. Retratando seus personagens de forma unidimensional - com exceção da protagonista, apesar desta também sofrer um pouco dessa decisão -, o longa é bastante cômico ao retratar a rabugice e desaprovação de Travers com os trabalhos da equipe criativa de Disney (retratado pela produção de forma genérica e bonachona, culpa talvez da produtora e seus esforços em preservar uma imagem grandiosa de seu fundador), que se desenrola todo para atender as medidas da escritora enquanto tenta decifrar sua real personalidade. A planificação dos personagens, porém, logo paga seu preço quando o filme tenta no final ensaiar algum tipo de redenção à autora, que muda por completo seu perfil sem apresentar os motivos para tal - observe como seu figurino muda abruptamente, sem qualquer explicação, no salto cronológico de três anos. Isso sem contar que ela se transforma exatamente na figura superficial que tanto odiava no começo (Se Mary Poppins era um livro tão pessoal, porque ganhou continuações?).
Mas o mais curioso e problemático de Walt nos Bastidores de Mary Poppins é justamente a distorção dos fatos no encerramento. Até sua morte, em 1996, P. L. Travers odiou o resultado final do filme realizado por Disney, não aprovando a adaptação de eventuais sequências. Fica esquisito (e até divertido), então, acompanhar o esforço do diretor em tentar provar que tudo ali aconteceu mesmo (seja nas fotos amigáveis com Travers e Disney, seja na exibição dos áudios reais das conversas da autora com a equipe criativa) ou de provar que a escritora sentiu qualquer emoção na estréia de Mary Poppins - algo tão irreal e fantasioso quanto a própria obra que Hancock dirige.

Nota: 5/10

sábado, 8 de março de 2014

Crítica: 300 - A Ascensão do Império

Falta tudo na continuação de 300

Por Pedro Strazza

[Esta resenha talvez possua alguns leves spoilers sobre a trama do filme. Nada muito pesado, mas se quiser ver o filme como ele o é talvez seja melhor deixar este texto para depois da sessão.]
O choque visual que 300 trouxe às telas em 2007 foi sem dúvida interessante e marcante. Adaptando a HQ de Frank Miller (Os 300 de Esparta), o filme dirigido por um ainda iniciante Zack Snyder (na época, ele havia até então realizado apenas um filme, Madrugada dos Mortos) mostrava um "ideal" de virilidade masculina em meio ao banho de sangue proporcionado pela Batalha de Termópilas, confronto protagonizado pelo rei espartano Leônidas (Gerard Butler, em atuação exageradíssima, convincente e fundamental para o longa) e seus 300 soldados, que lutava pela liberdade de seu povo; e por Xerxes (Rodrigo Santoro, outro com performance necessariamente exagerada) e seu gigantesco exército persa, cujo objetivo era o de subjugar a nação grega. Esse conflito, bastante deturpado pela obra de Miller para seus próprios fins, ganhou nas mãos de Snyder uma estética belíssima de videoclipe, aliando a violência exagerada dos combates com elementos gráficos de quadrinhos estilizados, como o sangue notavelmente artístico ou a fotografia grandiosa.
A direção de Snyder, o texto de Miller, a brutalidade gráfica e as atuações explosivas do elenco principal formam as quatro bases mais importantes para 300, que com estas obteve naquele ano sucesso como obra e produto, angariando pouco tempo depois o status de filme cult para fãs e leitores de quadrinhos. Sua sequência, por outro lado, praticamente não terá nenhuma chance de alcançar esse posto, visto que seu conteúdo consegue não só falhar em quase todos os alicerces do primeiro longa como também chega a tirar parte da bravura de Leônidas na façanha de desafiar o deus-rei persa.
Passado em uma linha de tempo maior que a da produção de 2007 (Mas, curiosamente, com menor duração que o o original), 300 - A Ascensão do Império acompanha a jornada do general ateniense Themistokles (Sullivan Stapleton) no decorrer da guerra contra os persas, mostrando desde sua participação chave na batalha de Maratona - onde assassinou o rei Dario - até o confronto contra a marinha inteira de Xerxes em Salamis. O foco maior do filme, entretanto, é na batalha pelo controle do mar Egeu, que confronta a mente tática do ateniense com a do braço direito de Xerxes, Artemisia (Eva Green), e se desenrola ao mesmo tempo que Leônidas e seus espartanos guerreiam em Termópilas.
A premissa do roteiro (elaborado por Snyder e Kurt Johnstad) de explorar o contexto que ocorre em volta de 300 é inicialmente interessante, mas rapidamente naufraga em meio aos mais diversos fatores. A começar pelo próprio Themistokles, que deixa a desejar muito em liderança quando comparado ao rei espartano. Se Leônidas marcava o imaginário do público com o overacting de Gerard Butler e seus discursos - capazes de inflamar o mais desmotivado de seus soldados -, o ateniense é por sua vez burocrático e tedioso demais com pregações burocráticas e nada marcantes, propondo-se a explicar seus planos tim-tim por tim-tim, além de uma atuação oscilante de Stapleton.
Outros dois personagem que também sofrem desenvolvimentos péssimos na sequência são Xerxes e a rainha Gorgo (Lena Headey). Enquanto o deus-rei persa perde por completo o destaque inicial, ganho por sua origem apressada e mal detalhada, quando vai para Termópilas e recebe um estranho status de manipulado, a espartana sofre uma mudança de perfil radical e irreal, deixando de ser aquela mulher disposta a sacrificar tudo pela liberdade de sua cidade-estado do primeiro filme para ser aqui uma governante tão receosa quanto os políticos que combatia.
A necessidade de explicação também atrapalha o desenvolvimento natural de A Ascensão do Império. Em vários momentos, a narração em off de Gorgo e a retomada de certas cenas provam-se ser extremamente desnecessária para o andamento da história, a exemplo da derrota da armada de Themistokles - precisava mesmo falar que ele estava desolado em ver seus soldados mortos quando a câmera mostra isso claramente? - ou a flechada no rei Dario, repetida pelo MESMO ângulo da primeira visualização. Esses deslizes na montagem da produção, repetidos à exaustão, levam a crer que o diretor Noam Murro (em seu segundo trabalho como diretor) encara o seu público como incapaz de entender o peso dos acontecimentos mostrados - algo completamente inverossímil e recorrente na Hollywood de hoje.
Ainda sobre Murro, é infeliz sua decisão em convergir seus esforços na emulação do estilo visual de Snyder (e de sua violência, portanto) aqui. Mesmo que sendo uma tentativa louvável, a fotografia de sua produção não chega nada perto do resultado obtido em 2007, faltando claramente a Murro a fetichização característica e consagrada do diretor de Watchmen e O Homem de Aço. Se Zack tem um cuidado especial em banalizar a violência que filma - tirando assim muito do peso da maioria das cenas violentas de 300 -, Noam por sua vez procura desesperadamente copiar as técnicas de seu antecessor em todas os momentos possíveis, empregando o slow-motion e o sangue (agora muito mais digitalizado e irreal) sem nenhum tato artístico na ação, cuja brutalidade tem seu peso constatado o tempo todo.
Dentre todos esses problemas técnicos e criativos, entretanto, há um acerto personificado na figura de Artemisia, a grande antagonista do longa. De passado trágico e violento, a comandante da frota de Xerxes prova-se ser uma adversária perigosíssima e diabólica ao longo do filme, utilizando seu cérebro e sensualidade nos momentos adequados. E se Stapleton não sabe se exagera ou não o seu personagem, Eva Green abraça toda a loucura da vilã para entregar uma atuação das mais formidáveis - e de longe a melhor do longa.
Mas o filme se auto sabota novamente quando aborda o relacionamento entre Artemisia e Themistokles. É bastante claro que, com o passar do tempo, o espectador enxergue no confronto tático exercido ali a criação de uma paixão entre ambos os líderes, nascidos para lutar e casados com o suor e sangue da guerra. O longa, entretanto, rapidamente entrega essa subjetividade curiosa numa bandeja, em uma das cenas de sexo mais sem sentido - e ainda tem encaixado um alívio cômico dos mais fracos.
A grande verdade de 300 - A Ascensão do Império é que sua existência foi de fato desnecessária para agora. Mesmo Frank Miller estando em má fase, a produção poderia ter esperado que este concluísse Xerxes, a continuação de Os 300 de Esparta, para possuir uma base mais fortalecida que a elaborada por Snyder e Johnstad aqui - ou até esperado o próprio Snyder ter um espaço aberto em sua agenda, bastante abarrotada agora por causa de seus compromissos com a DC Comics. Se Leônidas tivesse sobrevivido aos acontecimentos do primeiro filme, é bem provável que este teria se suicidado com esta desprezível continuação.

Nota: 2/10

terça-feira, 4 de março de 2014

Crítica: Tudo por um Furo

Will Ferrell e sua patota partem para o non-sense sem exagerar demais

Por Pedro Strazza

Já fazem quase dez anos da estréia de O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy e só agora que sua continuação, Tudo por um Furo, chega às telas. De humor ácido e debochado, o longa de 2004 não foi um sucesso imediato de público, mas alcançou progressivamente o status de cult no panorama recente da comédia, motivando os responsáveis pelo projeto, Adam Mckay e Will Ferrell, a escrever assim essa sequência que, mesmo sendo ainda mais exagerada que o original, carrega todos os alicerces criados há uma década.

Dessas bases, a mais vital - e que separava O Âncora de outras comédias pastelão, portanto - é a sátira aos meios de comunicação, que ganha na continuação uma visão ainda mais alfinetante. Se Ferrell e Mckay exploram no original a inclusão da mulher em um mercado de trabalho machista, a dupla analisa em Tudo por um Furo os problemas da disponibilização de notícias a uma velocidade absurda, que acabam muito mais desinformando o público a informá-lo, e a "mídia do entretenimento", criada apenas para aumentar os índices de audiência com suas perseguições de carro e matérias extremamente superficiais, duas questões relevantes para o jornalismo atual.

A crítica à comunicação, entretanto, não é o grande foco do filme, mas sim suas situações cômicas, coisa que Ferrell e Mckay sabem fazer muito bem. E como no filme de 2004, Tudo por um Furo entrega esquetes hilariantes e exagerados, protagonizados em sua maioria pelo quarteto formado por Ferrell, Steve Carell (este especialmente inspiradíssimo e alucinado), Paul Rudd e David Koechner, bastante confortáveis em se divertir novamente com seus personagens. O maior acerto da continuação, por sinal, é saber realizar uma versão ainda maior do primeiro longa nesse quesito, mas sem cair no humor bobo e repetitivo - apesar de cometer algumas dessas equívocos em alguns momentos.

Mas os acertos na acidez e no humor não eximam o filme de cometer falhas, e elas são várias. Além de repetir piadas feitas em alguns momentos, o roteiro de Tudo por um Furo é muito mal trabalhado, servindo apenas para ligar os esquetes e os cenários, mesmo que fazendo nenhum sentido no processo. A transposição de Ron Burgundy (Ferrell) para o farol, por exemplo, é feito de maneira completamente porca e inverossímil.

A ligação do âncora com sua família é também bastante subaproveitada nesse sentido. Não é necessário, claro, nenhum arco dramático, pois o filme não tem esse propósito; Falta, porém, alguma conexão maior da mulher e filho de Ron no contexto geral da trama para que suas participações no final surtam maior efeito emocional no protagonista - e ao público, logo. O papel de Veronica (Christina Applegate), aliás, reduziu-se muito do primeiro para o segundo longa a ponto de se tornar dispensável para o roteiro, como pode ser visto claramente no artificial triângulo amoroso formado por ela, Burgundy e a empresária Meagan (Linda Jackson).

O roteiro defeituoso e a repetição indevida em alguns momentos não tiram da obra, porém, a sua capacidade de fazer o público rir e se divertir. O humor do filme e o sarro com a mídia são muito bem feitos, e o elenco está à vontade e disposto a fazer o que sabe de melhor. Não é à toa, portanto que existam mais duas versões de Tudo por um Furo com piadas completamente diferentes da lançada; O filme é nada mais que humor non-sense desenfreado, tanto para o espectador quanto para a produção - E não há cena que comprove melhor isso que o clímax, o mais absurdo e hilariante do cinema recente de comédia.

Nota: 8/10

segunda-feira, 3 de março de 2014

Oscar 2014: Indicados e Vencedores

Por Pedro Strazza


Para quem acompanhou os prêmios dos sindicatos de Hollywood, a 86° entrega do Oscar foi extremamente tediosa. Além de todos os 24 vencedores da estatueta terem sido bastante óbvios (e merecidos), a cerimônia comandada por Ellen DeGeneres não teve muitos momentos de destaque, depositando todas as esperanças no carisma da apresentadora.
Nesse quesito, a host dessa edição do Academy Awards deu um show. Repetindo sua abordagem de 2006 (quando apresentou a cerimônia pela primeira vez), Ellen interagiu bastante com os convidados e indicados, dando cupons para Bradley Cooper e pedindo pizzas para todos por exemplo. O ápice da noite, entretanto, foi sua selfie com uma porção de estrelas, que, publicada no Twitter, se tornou a foto mais retweetada da história da rede social. Um acerto para o merchandising da Samsung, que pagou um cachê para a apresentadora usar o seu aparelho na cerimônia.
Outro momento bastante importante da noite foi o habitual In Memoriam do Oscar, que esse ano teve infelizmente inúmeros representantes conhecidos do grande público como Ray Harryhausen, Harold Ramis (homenageado com classe por Bill Murray na hora em que este foi apresentar com Amy Adams o prêmio de melhor fotografia), Roger Ebert e Phillip Seymour Hoffman. O documentarista brasileiro Eduardo Coutinho também foi lembrado pela Academia.
As apresentações, por outro lado, foram bastante oscilantes. Se por um lado tivemos interessantes performances de U2 e Karen O para suas canções indicadas (respectivamente Ordinary Love e The Moon Song), Pharrell Williams e Idina Menzel tiveram apresentações sem graça para suas músicas - Idina inclusive desafinou em alguns momentos pelo nervosismo em, sozinha no palco, cantar sua Let It Go, canção vencedora da noite. Isso porque ainda houve uma bizarra homenagem aos 75 anos do clássico O Mágico de Oz, que teve sua Over the Rainbow cantada inexplicavelmente por Pink, e algumas montagens (ou seria colagem?) estranhas de filmes que mostravam os "heróis" do cinema.
Nos prêmios em si, Gravidade fez uma verdadeira "rapa" das categorias técnicas, angariando sete Oscars na noite e se sagrando como grande vencedor. Mas mesmo com o diretor Alfonso Cuarón levando a estatueta de diretor (e se tornando o primeiro representante latino-americano da história da categoria), foi 12 Anos de Escravidão que levou o prêmio máximo de Melhor Filme, juntando com outros dois Oscars - O de roteiro adaptado para John Ridley e de atriz coadjuvante para a estreante Lupita Nyong'o. Clube de Compras Dallas (3 Oscars), Frozen - Uma Aventura Congelante (2 Oscars) e O Grande Gatsby (2 Oscars) completaram o pódio. Dos nove indicados para Melhor Filme, cinco (Trapaça, Capitão Phillips, Nebraska, Philomena e O Lobo de Wall Street) saíram da premiação de mãos abanando.
Confira a lista completa de indicados e vencedores abaixo. Os vencedores estão em negrito:

Melhor filme
Melhor diretor
  • Alfonso Cuarón - Gravidade
  • David O. Russell - Trapaça
  • Steve McQueen - 12 Anos de Escravidão
  • Martin Scorsese - O Lobo de Wall Street
  • Alexander Payne - Nebraska
Melhor roteiro adaptado


  • 12 Anos de Escravidão
  • Antes da Meia-Noite
  • Capitão Phillips
  • Philomena
  • O Lobo de Wall Street
Melhor roteiro original
  • Ela
  • Trapaça
  • Blue Jasmine
  • Clube de Compras Dalla
  • Nebraska
Melhor ator
  • Matthew McConaughey - Clube de Compras Dallas
  • Christian Bale - Trapaça
  • Bruce Dern - Nebraska
  • Leonardo DiCaprio - O Lobo de Wall Street
  • Chiwetel Ejiofor - 12 Anos de Escravidão
Melhor atriz
  • Cate Blanchett - Blue Jasmine
  • Amy Adams - Trapaça
  • Sandra Bullock - Gravidade
  • Judi Dench - Philomena
  • Meryl Streep - Álbum de Família
Melhor atriz coadjuvante
  • Lupita Nyong'o - 12 Anos de Escravidão
  • Sally Hawkins - Blue Jasmine
  • Jennifer Lawrence - Trapaça
  • Julia Roberts - Álbum de Família
  • June Squibb - Nebraska
Melhor ator coadjuvante
  • Jared Leto - Clube de Compras Dallas
  • Barkhad Abdi - Capitão Phillips
  • Bradley Cooper - Trapaça
  • Michael Fassbender - 12 Anos de Escravidão
  • Jonah Hill - O Lobo de Wall Street
Melhor figurino
  • O Grande Gatsby
  • Trapaça
  • O Grande Mestre
  • The Invisible Woman
  • 12 Anos de Escravidão
Melhor maquiagem e cabelo
Melhor animação em curta-metragem
  • Mr. Hublot
  • Feral
  • Get a Horse!
  • Possessions
  • Room on the Broom
Melhor longa de animação
Melhores efeitos visuais
Melhor curta-metragem
  • Helium
  • Aquel No Era Yo (That Wasn't Me)
  • Avant Que De Tout Perdre (Just Before Losing Everything)
  • Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa? (Do I Have to Take Care of Everything?)
  • The Voorman Problem
Melhor documentário em curta-metragem
  • The Lady in Number 6: Music Saved My Life
  • CaveDigger
  • Facing Fear
  • Karama Has No Walls
  • Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall
Melhor documentário em longa-metragem
  • 20 Feet From Stardom
  • The Act of Killing
  • Cutie and the Boxer
  • Dirty Wars
  • The Square
Melhor longa estrangeiro
  • A Grande Beleza
  • The Broken Circle Breakdown
  • A Caça
  • The Missing Picture
  • Omar
Melhor mixagem de som
  • Gravidade
  • Capitão Phillips
  • O Hobbit - A Desolação de Smaug
  • Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum
  • O Grande Herói
Melhor edição de som
  • Gravidade
  • Até o Fim
  • Capitão Phillips
  • O Hobbit - A Desolação de Smaug
  • O Grande Herói
    Melhor fotografia
    • Gravidade
    • O Grande Mestre
    • Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum
    • Nebraska
    • Os Suspeitos
    Melhor montagem
    • Gravidade
    • Trapaça
    • Capitão Phillips
    • Clube de Compras Dalla
    • 12 Anos de Escravidão
    Melhor design de produção
    • O Grande Gatsby
    • Trapaça
    • Gravidade
    • Ela
    • 12 Anos de Escravidão
    Melhor trilha sonora
    • Gravidade
    • A Menina que Roubava Livros
    • Ela
    • Philomena
    • Walt nos Bastidores de Mary Poppins
    Melhor canção original
    • "Let it Go" - Frozen - Uma Aventura Congelante
    • "Happy" - Meu Malvado Favorito 2
    • "The Moon Song" - Ela
    • "Ordinary Love" - Mandela

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