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domingo, 27 de abril de 2014

Primeiras Impressões: Dark Horse Apresenta

Peculiar e com formato estadunidense, título é uma iniciativa interessante da HQM com a Dark Horse no país

Por Pedro Strazza

Embora o Brasil esteja vivendo uma ótima fase na área de quadrinhos, ainda há muito a ser feito. Além do já tradicional atraso de publicação e de preços extremamente salgados, obras e revistas importantes e reconhecidas lá fora nunca conseguiram botar os pés em terras brasileiras devido justamente ao estágio primário em que o mercado tupiniquim se situa. Editoras estadunidenses e européias, assim, têm dificuldades absurdas para vender seus produtos por aqui, e o leitor brasileiro é obrigado a pagar mais caro para obter uma cópia original de tal história.
Mas há quem tente mudar esse panorama, e os maiores representantes desta tendência são a Mythos e a HQM. Trabalhando em um mercado amplamente dominado pela Panini (e seus direitos de publicação sobre Marvel e DC Comics), essas duas editoras estão aos poucos trazendo para o Brasil as editoras estrangeiras rivais das duas maiores potências dos quadrinhos estadunidenses, criando dessa forma opções para este público crescente que é o "país do futebol". Graças à essas duas, empresas como a Dynamite, a Valliant e a Image Comics, por exemplo, só agora começaram a sair por aqui - Esta última, inclusive, só teve de produto lançado a consagrada, reverenciada e premiada The Walking Dead, a série de Robert Kirkman que deu base para a série de TV homônima.
A essas editoras, se junta agora também a tradicional Dark Horse, responsável pela publicação do Hellboy de Mike Mignola e sumida no país já há algum tempo. Encarregada de tentar estabelecer novamente a empresa por aqui, a HQM resolveu lançar a cultuada Dark Horse Presents (por aqui traduzida como Dark Horse Apresenta), revista que voltou a ser publicada nos Estados Unidos recentemente. Coletânea de histórias feitas pelos mais diversos artistas, a publicação é uma escolha perfeita para iniciar esse processo, visto que serve como um verdadeiro porto para novos artistas serem conhecidos pelo grande público.
Ainda sim, existem problemas a serem solucionados pela HQM envolvendo a própria estrutura da revista. Concebida em um mercado bem estabelecido e de alto poder de consumo, a Dark Horse Apresenta nunca precisou organizar suas histórias em relação a um tema ou qualidade da história oferecida para fazer sucesso, algo que no Brasil é indispensável - só observar como a Panini, que criou essa tendência por aqui, organiza seus mixes em torno de temas ou personagens. Torna-se difícil para um leitor brasileiro, portanto, acompanhar o ritmo nada coerente elaborado pela sequência de obras inseridas, que variam da violência à fofura e do excelente ao fraco - Sem contar a entrevista com Frank Miller, que merecia uma revisão mais detalhada na edição brasileira.
Isso não prejudica, entretanto, que estas histórias sejam prejudicadas por esse "defeito de adaptação". De nomes importantes a completos desconhecidos, os roteiros e as artes de Dark Horse Apresenta agradam a todos os tipos de gostos, abrangendo um maior público no processo; para os conservadores existe o trabalho internacionalmente reconhecido de Neal Adams e Paul Chadwick, para os experimentalistas as histórias de Michael T. Gilbert e Carla Speed McNeil, e etc. Até para quem não gosta de quadrinhos a revista se faz interessante, a exemplo do conto peculiar Que Interessante: Um Homem Minúsculo, de Harlan Elison.
É neste ritmo "anárquico" que a Dark Horse Apresenta começa no Brasil. Diversificada e abrangente, a publicação da HQM torna-se mais uma série mensal fora da curva para os leitores brasileiros explorarem o universo dos quadrinhos, além de ser um reinício acertado para a Dark Horse no país. São necessários ajustes, claro, mas sua importância pode ser tão crescente como o mercado nacional é nos dias de hoje.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Crítica: O Grande Mestre

Tradição e honra no kung fu

Por Pedro Strazza

Passado na China e Hong Kong das décadas de 30, 40 e 50, O Grande Mestre é uma obra que aborda a tradição. O novo trabalho do diretor Kar Wai Wong usa da vida de Ip Man (Tony Leung) para discutir o porquê da existência e da necessidade de se perpetuar um legado por décadas, centrando a argumentação na comparação da trajetória do próprio mentor de Bruce Lee com a de Gong Er (Ziyi Zhang). Protagonistas da produção, os dois tem perfis e vidas completamente distintas, mas carregam em si um igual respeito ao passado e honra à família, e representam metaforicamente o norte e o sul da China, respectivamente.
Através de uma narrativa extremamente complexa (e confusa em diversos momentos), Wai Wong relaciona na história de seus dois personagens principais o tratamento que ambos dão aos seus estilos de luta e dos outros. Se Ip Man, por um lado, procura ensinar a seus alunos o Wing Chun e admirar em outros mestres suas artes de combate, Gong Er é uma mulher que está sempre atrás da preservação da honra de sua família e sua técnica, cuja existência já perdura por séculos. Para obter isso, ela chega até a ignorar as últimas palavras de seu pai - ''Não procure vingança" - para derrotar o ex-mestre-das-armas da família, Ma San (Jin Zhang), e reobter o domínio de um bem roubado.
Essa questão, por outro lado, cai em pontos delicados: Seria necessário mesmo reconquistar a honra em prol da satisfação histórica ao invés de perpetuar os valores ensinados? A tradição é um bem que independe da honra? Existe um meio de repassar os ensinamentos sem esta última? Procurando responder esses questionamentos, a direção torna uma biografia linear em um extenso panorama social das três décadas abordando, explorando linhas narrativas que nem sempre serão encerradas - O caso máximo disso é a trajetória de Razor (Chang Chen), cuja participação no roteiro é incompreensível se pensarmos no filme por uma visão biográfica.
Para captar esses acontecimentos e ideias, Wai Wong atinge a excelência técnica em O Grande Mestre. Com uma fotografia estilizada e uma trilha sonora bem trabalhada, o diretor traz na coreografia das lutas um peso consistente, criando em cada soco e chute todo o seu impacto - O combate inicial entre Ip Man e dezenas de lutadores constitui um começo poderoso à narrativa. Essa tendência também se repercute nos diálogos, conduzidos por uma câmera que procura focar o tempo todo na reação de seus personagens em relação ao que ouvem.
É pintando com exagero que O Grande Mestre portanto faz sua análise da importância da tradição no seu país de origem e como isso afeta os indivíduos que mais se esforçam para manter os valores originais de seu povo. Completamente antagônicos em essência, Ip Man e Gong Er são o reflexo da continuidade e do fim dos mais inúmeros valores que já existiram e coexistiram no planeta, numa espécie de vencedor e derrotado da História - que, como no kung fu (a grande metáfora da produção), são representados pelo vertical e horizontal, respectivamente.

Nota: 9/10

Crítica: Divergente

Franquia apresenta potencial, mas falha de resto

Por Pedro Strazza

Com Jogos Vorazes arrecadando milhões nas bilheterias e assumindo de vez o posto de "franquia teen do momento", até que não demorou muito para que os demais estúdios de Hollywood se mexessem para criar novas séries de filmes que possuam os mesmos temas da saga de Katniss Everdeen. Dessa maneira, quase seis meses depois do lançamento de Em Chamas, chega às telas Divergente, adaptação do primeiro livro de uma trilogia escrita por Veronica Roth. Aqui, repetem-se estruturas e ideias da franquia da Lionsgate para conceber um novo mundo distópico, visto (também) por uma jovem forte e questionadora dos princípios que regem esta sociedade.
Neste caso, a protagonista seria Beatrice Prior (Shailene Woodley), que vive numa Chicago pós-apocalíptica e dividida em cinco facções - Candor (os honestos), Abnegation (os altruístas), Dauntless (os corajosos), Amity (os pacíficos) e Erudite (os inteligentes) - para o melhor funcionamento da civilização. Como está completando 16 anos, Beatrice precisa, tal qual todo jovem nessa idade, escolher uma dessas classes para dedicar seu suor e sangue. Mas ela descobre ser um tipo raro (e caçado pelo governo) de pessoa, um perfil cujas habilidades se encaixam em qualquer um dos cinco pilares da sociedade: Os Divergentes.
A partir daí, o roteiro escrito por Evan Daugherty e Vanessa Taylor transforma toda a jornada de Beatrice em uma alegoria para o processo de "libertação" que todo jovem recebe na idade da protagonista. Algo bastante interessante, de fato, mas falho em explicar o motivo desta: Afora sair do conforto da casa dos pais, Tris (apelido pelo qual é conhecida nos Dauntless) não realiza nenhum tipo de quebra de sua condição, mantendo seus valores ensinados pela família até com seus novos companheiros. Dessa forma, a bastante insistida moral "facção acima do sangue", subjetivamente importante para os valores desta sociedade, não tem qualquer sensação ou demarcação de fim, visto que não é respeitada por nenhum dos personagens principais em nenhum momento. Sem essa sensação real de evolução, a construção da protagonista torna-se extremamente frágil e quebradiça, e o espectador vê nela mais uma menina (Beatrice) do que a mulher (Tris) que o filme insiste em firmar sobre nenhum argumento.
Focando nesta jornada pessoal esvaziada, Divergente acaba por esquecer de desenvolver com propriedade o universo criado - que, mesmo sendo por essência curioso e rico, ganha aqui várias perguntas sem resposta - e os coadjuvantes que o habitam. Momentos facilmente interessantíssimos para o andamento da história como a relação de Quatro (Theo James) com o pai ou o passado da mãe de Beatrice, Natalie (Ashley Judd), são abordados de maneira superficial e rápida pelo diretor Neil Burger em ordem de manter todo o foco na protagonista. Essa escolha constitui-se um erro brutal para a produção, pois, sem uma linha narrativa principal atrativa, as narrativas secundárias poderiam ser uma bela válvula de escape para o público.
Possuindo ainda um último ato repleto de todos os clichês possíveis e cenas de ação bastante oscilantes, Divergente obtém no geral um resultado mediano para baixo. Sem um conteúdo melhor trabalhado e provavelmente apostando na resposta dos fãs para seu sucesso financeiro, o filme traz à mesa ideias e questionamentos que podem vir a ser, numa eventual sequência, melhor trabalhados. Porém, essas mesmas aqui são, como a liberdade de Beatrice da sociedade impositora, apenas uma promessa não cumprida.

Nota: 5/10

domingo, 20 de abril de 2014

Crítica: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

Fraco e sem ambições, mas importante

Por Pedro Strazza

O caminho de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho aos cinemas é deveras peculiar. Nascido em 2010 como um curta chamado Eu Não Quero Voltar Sozinho, a história do diretor e roteirista Daniel Ribeiro sobre o jovem cego Leonardo (Ghilherme Lobo) arrecadou inúmeros prêmios em festivais nacionais e internacionais e conquistou a internet quando lançado no Youtube, onde já foi visualizado por mais de três milhões de usuários. Munido deste sucesso artístico e público, Ribeiro conseguiu o orçamento necessário para adaptar seu filme de parcos dezessete minutos em um longa-metragem de uma hora e meia, tempo necessário para que desenvolvesse com maior propriedade o conteúdo da produção.
O diretor, entretanto, realizou esse processo de expansão em apenas parte do roteiro, deixando de lado elementos fundamentais para uma maior solidez narrativa. Sejam novos ou velhos, essas pequenas características em conjunto são vitais para que a construção do trio protagonista seja feita de forma no mínimo satisfatória - E sem esses, grande parte dos acertos de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho são superficializados ou diminuídos de um maior impacto.
Dentre estes elementos, o desenvolvimento dos personagens coadjuvantes é o que mais faz falta aqui. Da família de Leonardo aos bullys do colégio, é extremamente perceptível a falta de um maior aprofundamento em seus perfis, reduzidos a estereótipos latentes e desinteressantes, prejudicando seriamente por sua vez a atuação destes. Para a criançada malvada da escola isso até pode ser passável, mas em uma personagem tão vital para o roteiro quanto a mãe de Leonardo - cujo excesso de segurança poderia ter ganho maior destaque que uma simples justificativa por parte de Maria (Selma Egrei) - esta falta de profundidade é prejudicial à própria jornada pessoal do protagonista em direção à liberdade.
Esta superficialidade dos coadjuvantes também é danosa (e ao mesmo tempo originada) às novas questões e eventos que Daniel Ribeiro inclue no filme. Interessantíssimos, questionamentos da juventude como o primeiro beijo e o desapego dos pais são tratadas inicialmente pelo roteiro como importantes, mas quando cumprem sua função narrativa logo são descartadas e esquecidas pelos personagens - Observe, por exemplo, que (e não se isso pode ser considerado como SPOILER, mas vale o aviso) depois que Gabriel (Fabio Audi) beija Leonardo pela primeira vez todas as importunações, ou por parte dos colegas ou pelo próprio Leo, desaparecem. Uma pena, visto que estas pequenas problemáticas poderiam ter conferido maior complexidade à trama de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho sem tirar deste a sua leveza.
Problemas estruturais complementares à parte, é válido o destaque ao trio protagonista da história, cujo desenvolvimento ganha 100% do foco na produção. Interpretados com excelência e fofura por Tess Amorim, Audi e Lobo - Todos mais confortáveis em seus papéis que no curta de 2010 -, Giovana, Gabriel e Leonardo vivem experiências cuja repercussão será importante para seus respectivos futuros e presentes, afetando cada um deles à sua maneira. E apesar de 3/4 do filme serem dedicados a Leo e sua cegueira, o destaque em seus melhores amigos no restante do tempo é dos mais interessantes - principalmente Giovana, capaz de uma maturidade importante no último ato do longa.
O grande diferencial de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, porém, é a capacidade surpreendente de tornar a questão da sexualidade em algo menos polêmico e mais natural na sociedade. Tratada em quase todos os filmes que tocam no assunto como algo revolucionário, a homossexualidade é vista aqui por Ribeiro como uma opção pessoal e independente da opinião pública - algo que eu particularmente apoio. E neste ponto a direção de Daniel é esperta com o bullying dos meninos do colégio (superficializados ao máximo, lembre-se), pois suas provocações para cima de Leonardo e Gabriel não passam de simples brincadeira, ao contrário de um bem mais provável ato homofóbico na atualidade.
Em sua essência um filme leve e fofo, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é uma produção que trata da independência pessoal adolescente com curiosidade, mas sem maiores interesses que este. Neste interím, a falta de ambição tira do filme uma mensagem mais duradoura, algo que sem dúvida poderia ter tornado o longa mais importante. Não que ele deixe de ser isto, claro; mas havia aqui algo a mais a ser desenvolvido.

Nota: 6/10

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Crítica: Capitão América 2 - O Soldado Invernal

Nova aventura de Steve Rogers é um excelente thriller, apesar dos problemas menores

Por Pedro Strazza

Como personagem, o Capitão América é um herói muito complicado de se escrever histórias. Criado no início dos anos 40 para ajudar a levantar a moral dos soldados estadunidenses na Segunda Guerra Mundial, Steve Rogers é em sua concepção uma figura patriótica, tranformando-o, por sua vez, em um personagem obsoleto e relegando-o ao esquecimento anos depois de sua estréia. Nos anos 60, porém, Stan Lee resolveu reviver o herói, congelado ao final da guerra, para que liderasse os Vingadores, tornando necessário assim que mais histórias sobre ele fossem feitas.
E isso foi feito. Ao longo dos últimos cinquenta anos, o bandeiroso foi tratado pela Marvel Comics como peça principal no seu complexo tabuleiro super-heroico, um líder para os good guys e um adversário poderoso para os inimigos. E como todo personagem de quadrinhos, o Capitão América teve altos e baixos nesse período.
Dos primeiros, é inegável a afirmação de que a recente fase escrita por Ed Brubaker foi uma das maiores na carreira de Steve Rogers. De 2004 à 2012, o roteirista soube trabalhar muito bem as características psicológicas do herói em eventos importantes e bombásticos de sua vida, incluindo aí sua própria morte após os eventos de Guerra Civil. O maior legado de Brubaker, entretanto, foi a sua polêmica decisão de ressuscitar Bucky Barnes, o antigo parceiro de Rogers na Segunda Guerra falecido no mesmo acidente que congelou o herói por mais de sessenta anos, na forma de um assassino sem alma e lendário da antiga União Soviética. Esse arco, chamado por muitos de O Soldado Invernal, é base, junto a "Nick Fury Contra a S.H.I.E.L.D.", de Capitão América 2 - O Soldado Invernal, o segundo filme do herói e o terceiro da Fase 2 da Marvel nos cinemas.
A escolha e junção destes dois arcos não poderiam ser melhores para o personagem aqui. Vindo de um primeiro longa bem executado como aventura, mas falho na concepção de seu roteiro, a franquia do "Primeiro Vingador" ganha em seu segundo capítulo uma caracterização interessante para Steve Rogers (Chris Evans), em seu choque com a nova realidade em que vive, e uma trama mais séria e, até onde é possível, politizada, além de trazer também importantes avanços técnicos para a Marvel Studios.
Nesse último, o progresso se dá principalmente na melhor construção das cenas de ação, extremamente bem executadas nas mãos dos diretores Anthony e Joe Russo, e do gênero cinematográfico utilizado pela produção, algo que aparentemente vinha se perdendo nos filmes da Marvel. Depois de produções que não sabiam se concentrar no tom adquirido - O épico em Thor 2 e a ação no péssimo Homem de Ferro 3, por exemplo - sem cair na comédia exagerada e nada cabível à situação proposta, torna-se um alívio ver que Capitão América 2 é muito bem desenvolvido pela direção como um thriller com eventuais pontas de humor. Assim, o maior acerto desta produção é o de saber focar no roteiro ao invés do lado mais comercial, mas sem esquecer os elementos que transformaram a Marvel cinematográfica conhecida - incluindo aí as famosas referências, que dessa vez vão de Doutor Estranho a Pulp Fiction.
A trama elaborada pelo filme também não deixa à desejar no geral. Mostrando-se claro nas críticas ao Ato Patriótico e à recente política do ex-presidente dos estadunidense George Bush, o roteiro escrito por Christopher Markus e Stephen McFeely explora com inteligência o "recém-ressuscitado" Steve Rogers conforme este se vê envolto em uma conspiração na S.H.I.E.L.D., ao mesmo tempo a maior agência de segurança do mundo e seu "porto seguro" no mundo novo. Ao mesmo tempo, essa relação do protagonista com a nova realidade estabelecida ganha toques tanto cômicos e dramáticos no longa, exemplificados respectivamente nos diálogos deste com a Viúva Negra (Scarlett Johansson) e na visita ao museu.
O uso dos coadjuvantes na estrutura de Capitão América 2, por sinal, também é excelente. Tanto personagens previamente estabelecidos como novos são amplamente utilizados pelo roteiro, tendo suas ações sendo justificadas com clareza na ampla maioria das vezes. Dessa forma, peças antes de decoração no universo Marvel como a Viúva Negra e Maria Hill (Cobie Smulders) finalmente demonstram sua importância - principalmente a primeira, que justifica a presença nos Vingadores -, enquanto que novidades como o Falcão são bem estabelecidos para o público.
O filme, porém, peca em dois pontos banais e ainda sim necessários: A verossimilhança de alguns momentos da ação e a conspiração em si. Enquanto as cenas de pancadaria envolvam em alguns momentos uma estupidamente alta suspensão de descrença do público para que transcorra sem problemas - apesar de ser um filme de super-herói, imaginar que uma pessoa pule de um prédio em queda para um helicóptero em um ângulo extremamente impossível de ser obtido ainda é pedir demais do espectador normal -, os problemas envolvendo a administração da S.H.I.E.L.D. parecem exagerados demais quando comparados à estrutura mais "realista" (como dito há pouco, ainda é um filme de super-herói) da produção. Juntos, esses dois fatores podem não fazer ruir todo o resultado final obtido, mas prejudicam um pouco do andamento do filme - principalmente por serem problemas de fácil correção.
Com um roteiro interessante e uma direção competente, Capitão América 2 - O Soldado Invernal é um importante passo para a trajetória de Steve Rogers no cinema. Além de abrir novos caminhos para interpretar seu complexo protagonista, o filme promove no universo Marvel diversas mudanças, tanto cronológicas como estruturais, que afetarão profundamente o fechamento da fase 2 da Marvel Studios no cinema. A questão agora é saber como o estúdio desenvolverá os acontecimentos deste longa em seus futuros filmes - o que inclui o próprio líder dos Vingadores.

Nota: 8/10

domingo, 6 de abril de 2014

Crítica: Noé

O dilúvio e seus ensinamentos segundo Darren Aronofsky

Por Pedro Strazza

Para se produzir um filme bíblico, existem dois caminhos bastante distintos. Os responsáveis podem ou fazer uma adaptação literal do conteúdo da Bíblia e, portanto, reverenciar os valores e dogmas divulgados por este; ou podem rever as histórias do principal livro da religião cristã. Nesta última, realiza-se pequenas modificações nos conteúdos bíblico para atribuir a estes novos significados e direções ou críticas - algo que, nestes dois casos, com certeza deixará a Igreja Católica e seus seguidores levemente irritada.

Sob esse olhar categorizado deste "gênero", Noé é um filme que obviamente se encaixa no lado mais interpretativo das escrituras, mas que estranhamente ainda assume as funções da outra categoria. Lançado em um ano curiosamente repleto de lançamentos bíblicos cheios de pompa (Além dele, temos também Exodus e O Filho de Deus), o sexto longa-metragem da carreira de Darren Aronofsky reconta a clássica história da arca de Noé por meio de uma visão mais épica e fantasiosa, assumindo para si a mesma atitude de produções cinematográficas sobre a mitologia grega. Em meio a isso, o roteiro escrito por Aronofsky e Ari Handel procura, ainda sim, transmitir ensinamentos ambientalistas e existenciais, por meio do confronto entre o próprio Noé (Russell Crowe) e Tubal-Cain (Ray Winstone).

Cada um destes dois homens representa, ao mesmo tempo, as suas respectivas ascendências e crenças de seus povos quanto à fé em Deus. O construtor da famosa arca e sua família descendem de Set e ainda acreditam, de certa forma, na bondade divina, fazendo de tudo para preservar as Suas criações; Tubal-Cain e seus súditos, por outro lado, são filhos de Caim e crentes de que Deus os abandonou no mundo, e, como  em nada O deve, destroem a natureza em seu próprio benefício. Essa divisão é, na maioria do tempo, sabiamente não abordada por Aronofsky como maniqueísta, mas sim opinativa, tornando um pouco menos tendenciosa as questões abordadas (exceto, claro, na posição ambiental) e reduzindo o tom dogmático do filme.

Essa personificação dos pensamentos sociais sobre os protagonistas esvazia o protagonista e seu inimigo, entretanto, suas respectivas individualidades, prejudicando a construção e o desenvolvimento de ambos no roteiro. Em grande parte do tempo, têm-se a impressão de que Noé não faz nada sem a permissão ou opinião divina - e às vezes dá a entender que interpretou erroneamente as intervenções de Deus, tal qual é o caso de seu excelente, mas mal introduzido, arco de "enlouquecimento" -, ao passo que as ações de Tubal-Cain parecem apenas maléficas por essência, sem possuir um objetivo. Para piorar, esses dois perfis acentuam-se demais na parte final do longa, tirando do conflito qualquer envolvimento emocional por parte do espectador.

Se os dois líderes são mal desenvolvidos pela significação social imposta, os personagens coadjuvantes em sua maioria sofrem tropeços pela ausência de um fechamento apropriado às suas jornadas pessoais ou de uma trama própria. Ham (Logan Lerman) e Ila (Emma Watson), por exemplo, não fazem sentido em suas ações finais com relação à família e seu patriarca, enquanto Shem (Douglas Booth) é quase que irrelevante ao roteiro ao ser atribuído de uma função paternalista que em nenhum momento se faz presente. Naameh (Jennifer Connelly) e Methuselah (Anthony Hopkins), por outro lado, desempenham bem suas funções, mesmo sendo menores em relação ao quadro geral.

Apesar de problemas sérios na concepção de seus personagens, Aronofsky é inteligente na construção do épico que procura fazer de Noé. Mesmo com efeitos visuais notavelmente datados, o longa tem bons momentos de ação e mostra-se claro em estabelecer-se como fantasioso através de pequenas inserções, representados na figura dos Vigilantes e dos milagres. Dessa forma, o filme retira de si mesmo qualquer atribuição realística - fator perigoso para uma produção que se dispôs a construir a arca para as filmagens - e torna-se, na eventual falta de entendimento de sua mensagem principal pelo público, um bom entretenimento.

Como reinterpretação (de uma história que originalmente tinha três páginas, lembrando), Noé possui defeitos ao caracterizar seus heróis e vilões como reles representantes de opiniões coletivas, prejudicando um pouco a condução da mensagem que o diretor procura passar. Ainda sim, os vieses ambientalistas e questionadores de fé da produção são bem estabelecidos e interessantes o suficiente para tornar o longa um bom épico. O maior acerto de Aronofsky, porém, é o de mostrar que nem toda produção baseada na Bíblia precise necessariamente criticar ou fundamentar seus preceitos - algo que pode vir a ser necessário para futuras produções do "gênero".

Nota: 7/10

terça-feira, 1 de abril de 2014

Review: How I Met Your Mother - A Nona Temporada, a Série e o Final

Problemas anteriores atrapalham última temporada, mas não o final da série

Por Pedro Strazza

[Esta resenha possui pesados SPOILERS sobre a nona temporada de How I Met Your Mother. Se ainda não viu, é melhor deixar este review para depois]
Dentre as mais variadas maneiras de se fazer humor na televisão, a sitcom é decididamente a mais difícil de se fazer. Originadas do rádio, as situation comedies (comédias de situação) necessitam de um pesado trabalho de equipe para darem certo e marcar de alguma maneira o público, o que inclui nesse processo um elenco bem escolhido, uma produção organizada e, principalmente, um bom roteiro. Sem qualquer um destes elementos, seriados desse tipo acabam por ser cancelados e logo esquecidos; mas se, por outro lado, possuírem todos estes quesitos, o sucesso está há poucos metros de ser alcançado. Dos últimos, os dois exemplos mais recentes e lembrados são, obviamente, Friends e Seinfeld, as grandes representantes dos tempos áureos das sitcoms nos Estados Unidos dos anos 90 e inspirações para inúmeras séries nos anos seguintes.
How I Met Your Mother é com certeza a "filha de Friends" mais pródiga. Lançada praticamente um ano depois do fim de sua ascendente, o seriado sobre como o arquiteto Ted (Josh Radnor) conheceu sua esposa angariou desde seu início uma legião de seguidores, graças a não só pela curiosidade em conhecer a tal "Mãe" do título, mas também por causa de seu humor peculiar e de saltos de qualidade cada vez maiores em seus episódios. Criando elementos marcantes a cada novo capítulo, não demorou muito para que o espectador começasse a ver ali a concepção de uma "mitologia", fosse nas ações banais do excêntrico Barney (Neil Patrick Harris) ou nos diálogos do próprio grupo.
O sucesso da série, porém, não foi para sempre alto. Talvez pela notável esticada na série (a emenda da aposta dos tapas e as excessivas idas e vindas de Ted e Robin são claros nesse ponto), talvez pela dificuldade em manter o nível qualitativo lá em cima, How I Met Your Mother foi sofrendo altos em baixos maiores à cada nova temporada, tornando difícil para os fãs conseguirem ver a trajetória dos cinco amigos. Adiar o inevitável final não foi nada saudável, seja em termos financeiros ou artísticos.
E o fim finalmente veio, mas de forma ligeiramente ambiciosa para os padrões da série. Para a nona e última temporada, os criadores Craig Thomas e Carter Bays resolveram narrar, durante 24 episódios, os preparativos e o casamento de Barney e Robin (Cobie Smulders), que acontecem em apenas um final de semana. Complicada, essa estratégia poderia ser um desastre completo sem o cuidado prévio dos roteiristas, já que o final de uma série tão longeva - são nove anos já! - estava em jogo.
Mas mesmo que se compondo inicialmente como uma aposta perigosa, a grande verdade é que a última temporada superou com tranquilidade o material apresentado na sétima e oitava temporadas. Apesar de lenta em seu início, o nono ano de How I Met Your Mother soube deixar de lado as tentativas de conquistar um maior público na reta final para privilegiar seu público remanescente, através das inúmeras referências a episódios marcantes do passado e amarrando eventuais pontas soltas de seu longo caminho até o casamento em Farmhampton. O melhor dessa abordagem, entretanto, não seu deu por causa das inserções, mas sim pela maneira sutil como elas foram colocadas, sem fazer nenhuma explicação a novos espectadores.
Ainda sim, o ano nove não se esqueceu de criar novos elementos à série em prol de uma experiência saudosista. Ao mesmo tempo em que via-se o retorno de certos personagens, momentos e regras estabelecidas anteriormente, o espectador também testemunhou aqui o surgimento de bordões como o "Thank you, Linus" de Lily (Alyson Hannigan) e situações cômicas como a disputa pelo cargo de padrinho, que duraram aqui mais tempo que o costumeiro um episódio pela estrutura do roteiro da temporada - afinal, não se pode se esquecer o que fez há menos de uma hora. Aliando criatividade e nostalgia, os 24 episódios se tornaram assim mais interessantes e divertidos que o que vinha sendo exibido até então, um alívio para o público.
How I Met Your Mother não possui, porém, apenas um lado cômico, e a história de Ted, Marshall (Jason Segel), Lily, Barney e Robin e seus respectivos arcos dramáticos precisavam ser encerrados de maneira no mínimo satisfatória. Além disso, a nona temporada tinha como agravante nesse quesito a adição da própria Mãe (Cristin Milioti), que precisava ser introduzida e desenvolvida no curso final da história.
Neste ponto, cabe dizer que a temporada foi prejudicada em vários momentos pelo próprio curso da série. A "crise" final no casamento de Marshall e Lily, envolvendo agora o conflito de projetos futuros dos dois, perdeu força aqui por causa da esticada precipitada e mal planejada da série, coisa que também afetou seriamente o amadurecimento pessoal final de Barney. A questão do medalhão de Robin e a partida de Ted para Chicago, por outro lado, são fracas se pensarmos que o casamento vai dar certo no final e que ele enfim conhecerá a mulher.
Mas se How I Met Your Mother tropeça com seus personagens originais pela extensão desnecessária de seus dramas, ela acerta no desenvolvimento da Mãe, a sua mais nova peça na engrenagem. Inicialmente fazendo apenas pequenas aparições, a Sra. Mosby foi aos poucos sendo apresentada aos outros protagonistas, participando de momentos decisivos da vida de cada um deles (no presente ou no passado), e ao público, onde sua apresentação era vital para a conclusão da série. Crescendo em suas participações - principalmente nos flash-forwards, onde o espectador pode ver as suas interações futuras com o marido antes e depois de casados -, a esposa de Ted ganhou todos os holofotes enfim com o episódio How Your Mother Met Me - 16° do nono ano e 200° da temporada(!) -, onde sua vida nos oito anos em que a série se passa foi divulgada e o espectador pode entrar em contato com a personagem, conhecendo seu passado doloroso. Nesse ínterim, a atuação de Milioti se prova sutil para compor esse quadro sentimental, o que contribui ainda mais na simpatia da audiência com seu papel.

O Último Capítulo e o Final de fato [SPOILERS]

Embora se passe na realidade, How I Met Your Mother sempre manteve um tom fantasioso para contar suas histórias - culpa, em parte, da linha narrativa em forma de memórias pelas mãos do comediante Bob Saget. Torna-se esquisito, portanto, a maneira realista com a qual o último capítulo foi feito, não dando exatamente aquilo que os fãs esperavam do encerramento de uma sitcom. E isso não é ruim; pelo contrário, merece palmas pela abordagem ousada e eficiente.
Além disso, este último episódio merece aplausos pelo foco total no destino de todos os seus personagens principais. É notável que todas as tramas estabelecidas na nona temporada foram encerrados no 22° episódio, The End of the Aisle, para que o series-finale ocorresse apenas entre os cinco amigos e a Mãe. Se reparar bem, até a própria cerimônia e seus preparativos são irrelevantes aqui, contribuindo ainda mais para a teoria de que as partes 1 e 2 de Last Forever já haviam sido escritas há muito tempo por Thomas e Bays.
E o primeiro grande acerto do episódio final decorre justamente do tom realista assumido, ao ser mostrado que o final "felizes para sempre" não aconteceu com o casal Barney e Robin. Desde o início da temporada (e da série, com algumas leves exceções), o público testemunhou que o casal, ao contrário de Lily e Marshall - e seus três bebês -, não conseguiria levar o casório para frente por muito tempo, seja pela incompatibilidade de perfis, seja pelos projetos pessoais de cada um. O mais eficiente, porém, foi mostrar que ambos se divorciaram sem qualquer um possuir ódio pelo outro, apesar dos eventuais ressentimentos - Robin não consegue ficar observando Barney dando em cima de mulheres mais novas, enquanto ele procura ignorar as saudades do grupo quanto ao afastamento dela da família.
A separação de Robin da turma é um ponto bastante interessante na composição do capítulo. Durante toda a nona temporada, o roteiro insistiu o tempo todo na partida de Ted para Chicago por causa dela e de seus sentimentos remanescente por ela. Mas quando a vida resolve sorrir de volta para Ted e ele inicia seu relacionamento duradouro com Tracy, a Mãe, torna-se insustentável para Robin conviver com o homem que uma vez a amou, fazendo com que ela se dedique inteiramente em seu trabalho - sua eterna rota de fuga da realidade e principal causa para o fim de seu casamento com Barney e da maioria de seus relacionamentos. E o mais curioso dessa passagem é que Robin retorna ao grupo justamente no casório de Ted, e não no nascimento da filha de Barney.
O encerramento do "Homem dos Ternos" foi, por sinal, extremamente bem trabalhado na composição do personagem. Depois que Barney encerra seu casório com Robin, ele retorna à rotina de Don Juan, e acaba cometendo a ação esperada há anos: Ele engravida uma mulher e tem uma filha. E, num gesto extremamente maravilhoso do roteiro, Barney declara à pequena Ellie seu amor incondicional que antes afirmara nunca mais possuir dentro de si. Saber se ele ficou ou não com a mãe de sua filha torna-se, assim, desnecessário, visto que sua paixão para sempre será pela criança.
Marshall e Lily são personagens que também não precisam ter seu futuro apresentado em Last Forever. Como a série inteira demonstrou, o casal foi feito um para o outro, e saber de sua felicidade conjunta já é o suficiente. Ainda sim, saber que Marshall virou juiz e do nascimento de um terceiro filho foram informações agradáveis aos fãs.
O maior objetivo da série, porém, era o de mostrar como Ted conheceu sua mulher, e isso foi feito com esplendor. Como comentei aqui, a nona temporada desempenhou bem sua função de apresentar Tracy ao público, e mostrar como eles se conheceram - e seu futuro feliz como casal - acabou por ser uma tarefa ligeiramente superficial.
Contar a história de como Ted e Tracy se conheceram, porém, poderia ter se tornado algo muito fraco com um "felizes para sempre", visto o caráter mais realista do episódio final em relação à série e que já havia um casal encaixado nesta categoria (formado, obviamente, por Marshall e Lily). A solução encontrada por Carter e Bays, então, foi a de matar a mulher de Ted, mas de preservar ainda o amor deste por ela - e criando uma belíssima comparação com a própria Tracy, que permaneceu fiel ao falecido noivo por anos graças à sua paixão por este -, tornando a narração da série em um livro de memórias dos mais interessantes.
Mas How I Met Your Mother não possuiria um encerramento digno com uma revelação tão drástica dos acontecimentos futuros de Ted. Faltava à série um arco a ser fechado. Desde o início da série aberto, o relacionamento confuso de Ted e Robin ditou praticamente todos os acontecimentos, e deixar ambos separados não faria sentido (apesar de merecido, graças à extensão totalmente errada da série). Como a filha de Ted, Penny, bem aponta quando seu pai termina a história, "Esta história não é sobre como você conheceu a mamãe, mas sim como você sempre teve tesão pela tia Robin!".
E tal como How I Met Your Mother bem nos ensinou, o amor não existe apenas uma vez. O ser humano se apaixona diversas vezes ao longo da vida, e nenhum desses amores que tem por uma pessoa desmerece a da outra. Quando Ted vai oferecer mais uma vez a Blue French Horn para Robin no final da série, portanto, ele encerra um ciclo longo de idas e voltas com ela, marcado por grandes desilusões e de grandes amores (Um bastante especial), mostrado pelos nove anos da série.
Mas principalmente de grandes - e apaixonantes - amores.

Nota: 8/10 (A Nona Temporada) - 9/10 (A Série) - 10/10 (O Final)