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sábado, 31 de janeiro de 2015

Crítica: A Teoria do Tudo

Inibição de melodrama tanto ajuda quanto prejudica resultado da produção.

Por Pedro Strazza

Aumentar o peso dramático de determinadas passagens é uma prática bastante comum das cinebiografias. Não porque obras da categoria almejem o melodrama para arrancar choros inconsoláveis de seu público, mas sim pela falta da dramaticidade necessária na vida real. A realidade, afinal, não é feita de atos e arcos de personagem ou é interpretada por grandes atores e atrizes; os fatos acontecem a seu tempo, como e aonde queiram.
A Teoria do Tudo, entretanto, sofre de início de um problema inverso à de sua classe, o do excesso de drama na vida de seu protagonista. Diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica quando jovem, o brilhante físico Stephen Hawking sofreu grande parte de sua vida com o agravamento de sua doença, que não só lhe tirou a capacidade de se mexer como também arrancou-lhe a voz e os movimentos faciais. Isso não o impediu de se tornar um dos gênios mais conhecidos do mundo e de marcar seu nome na história da ciência, claro, mas por consequência deu a qualquer produção que ousasse contar sua trajetória uma difícil tarefa - e isso inclui o filme dirigido por James Marsh.
E a solução encontrada por Marsh para contornar o melodrama pesado foi simples: minimizar ao máximo qualquer tipo de conflito e focar o filme no relacionamento de Hawking com sua primeira esposa, Jane. Assim, o ganhador do Oscar por O Equilibrista torna A Teoria do Tudo em um romance com toques de realidade, uma história repleta de situações trágicas que em pouquíssimos momentos apresenta o real peso de tais momentos.
Baseado no livro escrito pela própria Jane Hawking (Felicity Jones), o roteiro escrito por Anthony McCarten parte do momento em que o casal protagonista se conhece durante uma festa de Cambridge e acompanha todos os problemas aos quais Stephen (Eddie Redmayne) é submetido por causa de sua doença ao mesmo tempo em que mostra a ascensão profissional do autor de Uma Breve História do Tempo, tudo sob o ponto de vista do relacionamento vivido pelos dois.
O ponto forte da cinebiografia aqui é a atuação de Redmayne. Bastante similar ao perfil do físico, o ator esbanja um trabalho corporal impecável, imitando as dificuldades locomotoras providas pela doença mesmo antes dela ser diagnosticada - e nesse ponto é importante ressaltar a maneira como o inglês consegue trazer uma fragilidade cadavérica nas mãos e nos pés para construir seu personagem. Redmayne também é eficaz ao intensificar os efeitos da paralisia no rosto apenas na metade final do longa, ressaltando todas as perdas geradas pela esclerose.
Mas se o intérprete de Hawking é eficaz em sua performance, o resto da produção é prejudicado severamente pela má execução da decisão tomada pelo diretor no início. Marsh confunde manter o drama no mínimo com torná-lo sem qualquer dramaticidade maior, e logo o que era para ser um jogo de sutilezas bem composto vira uma história leve ao extremo e incapaz de manifestar um peso sequer. Dessa maneira, não só a trilha sonora composta por Jóhann Jóhannsson soa fora do tom da proposta como também a atuação de Felicity Jones é afetada, pois sua Jane carece de maior peso na narrativa simples.
Alternando-se ainda em bons (o plano angular das águas do mar, a cruz desenhada na garganta de Hawking antes da traqueostomia) e maus momentos (Jane subindo as escadas em espiral, a tentativa de juntar o fogo de uma lareira com os olhos do protagonista) na fotografia e com discussões superficiais sobre ciência e religião, A Teoria do Tudo talvez encante pela simplicidade da trama e a bem acertada ausência de um melodrama. A falta de qualquer peso inibe o filme, entretanto, de ser algo que faça jus ao brilhantismo do físico em foco além de ser lembrado pela atuação de um membro de seu elenco.

Nota: 7/10

Gostou? Assista Também:
  • Magia ao Luar: O tom leve da narrativa sendo usado a favor do filme.
  • Ela: Outro exemplo de como o amor pode funcionar muito bem como motor da narrativa.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Crítica: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Egos artísticos em choque.

Por Pedro Strazza.

O ego é uma parte muito curiosa e instável de nossa humanidade. Responsável por alimentar as ambições do indivíduo e de proteger a auto-confiança, ele fortifica as (falsas) convicções do indivíduo sobre sua importância e lugar no mundo, impulsionando-o a tentar ser aquele "algo a mais" em qualquer esfera social que se localize. Mas assim como todas as outras coisas, o ego precisa ser equilibrado para evitar que o ser humano tanto tenha sua pessoa subjugada à sociedade quanto seja tomado por seu orgulho e comece a acreditar na importância de certas características para guiar seu dia-a-dia - ou pior, tenha sua vida escravizada e ditada por estas.
Este último caminho, o da alta soberba, serve como motor para Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), filme de Alejandro González Iñarritu que analisa o tema sob o espectro do mundo artístico. E esta escolha não se dá somente por ser a esfera em que o cineasta mexicano trabalha, mas também por se tratar de um dos ambientes onde o ego encontra-se mais tomado pela vaidade, e é dessa maneira que Iñarritu em poucos instantes já estabelece o bairro central à história aqui como uma espécie de campo de batalha, no qual a soberba dos indivíduos envolvidos confrontam-se continuamente pelo domínio.
Toda esse conflito ocorre devido a uma peça de teatro organizada por Riggan Thomson (Michael Keaton), um decadente ator de Hollywood famoso apenas por fazer o papel de um super-herói intitulado Birdman nos anos 90 e que busca voltar a ser reconhecido por seu trabalho por meio da obra teatral. Para conseguir isso, porém, Thomson não só tem que arrumar os problemas ocorridos nos bastidores, como também precisa encarar sua própria trajetória de vida e todos os erros cometidos nesta, envolvendo desde o problemático relacionamento com a filha Sam (Emma Stone, ótima) até a segunda voz em sua consciência, o próprio personagem responsável por sua rápida ascensão cinematográfica, que o atormenta de forma constante.
De certa maneira, o grande mérito do filme acontece nessa relação de egos desenvolvida na preparação da peça. Do agente de Riggan (Zach Galifianakis),  interessado apenas no sucesso da produção e disposto a fazer de tudo para conseguir isso, à crítica do Times Tabitha (Lindsay Duncan), que defende suas bandeiras e opiniões sobre a arte por um orgulho mesquinho (e bastante caricato, se pensarmos bem), o roteiro escrito por Iñarritu, Nicolás Giacobone, Alexander Giacobone e Armando Bo cria uma rede de indivíduos que de diferentes formas se relacionam com o reconhecimento do público, concebido aqui como elemento essencial para o sucesso.
Essa definição de glória de imediato remete, claro, aos próprios objetivos estabelecidos nas carreiras de atores e atrizes, que são por sua vez o centro da elaboração temática de Birdman. Assim, temos (com o perdão do trocadilho) no palco uma variedade de intérpretes de perfis que remetem diretamente à questão do sucesso, como a novata inexperiente tomada pelo natural medo do fracasso e esquecimento (Naomi Watts), ou à do ego, como a atriz em crise pessoal devido a uma gravidez perdida (Andrea Riseborough) e o ator "problemático mas brilhante" Mike Shiner (Edward Norton, em um papel dos mais parecidos com sua própria pessoa) que fora da profissão não consegue ser algo mais além de inconveniente.
Mas se a relação dos atores com o mundo em que vivem e suas próprias pessoas é central ao longa, o ponto que marca o centro desta esfera é o Riggan de Michael Keaton. Além de ser ele que esclarece e protagoniza essas interações entre egos orgulhosos, o personagem traz em seu interior uma complexa conexão com a fama proporcionada pelo público, gerada graças ao papel que, apesar de tê-lo consagrado, grudou-se em sua personalidade para nunca mais se soltar. E mesmo que o papel tenha sido escrito para ele e possua todas as características referentes à sua carreira, é inacreditável perceber como Keaton incorpora o personagem para si, dando uma profundidade metalinguística e emocional ao protagonista difícil de ser alcançada.
Saindo um pouco da proposta temática, é interessante perceber como Iñarritu transmite ao público toda a tensão referente à peça. Com a contribuição da atmosférica trilha sonora composta pela bateria de Antonio Sanchez, o diretor escolhe se utilizar (e abusar) de um muito bem montado falso plano-sequência eterno para ao mesmo tempo criar a noção de estarmos vendo de fato uma peça de teatro - o que reforça com precisão o teor metalinguístico da obra - e também de nos dar a sensação de acompanhar a história pelos olhos de Birdman, que parece assombrar os corredores onde seu intérprete "mora" por três dias.
Do começo ao fim com um ritmo crescente e intenso para se encerrar com sua metalinguagem no máximo, Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) é um extremamente bem elaborado ensaio sobre o ego e o orgulho que mesmo gerais a toda a humanidade são individualizados e únicos, denotando nossa insignificância para o universo repetidas vezes ao longo do caminho. E isso não é à toa: Como bem diz o título, a maior qualidade que o ser humano deve ter para continuar a vida é a ignorância do conhecimento de sua própria insignificância.

Nota: 10/10

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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O novo, misterioso e problemático Quarteto Fantástico dos cinemas

Há um bom caminho pela frente para o reinício da família Richards no cinema, mas já dá pra ter alguma esperança.

Por Pedro Strazza.

Desde que anunciado, o novo filme do Quarteto Fantástico parece estar envolto em uma camada de mistério. Tirando os anúncios técnicos (quem dirige, roteiriza, estrela, produz, etc. e tal), o público nada sabe sobre a produção ou as intenções da Fox com o projeto além de se basear fortemente na versão Ultimate da equipe. Até recentemente, a mídia estava no escuro quando se tratava do Quarteto, sendo que até as filmagens passaram batido por ela - sério, dessa época só se teve uma selfie tirada pelo elenco principal quando elas acabaram.
Pois é, só isso...
Em teoria, jogar no mistério não é exatamente péssimo. Não saber nada sobre um longa até seu lançamento já provou render tanto bons frutos (Batman Begins) quanto fracos (Interestelar, se é pra se manter em Christopher Nolan). E pra falar a verdade, existem sim bons motivos para acreditar nesse reinício do super-grupo nos cinemas: A direção é assinada por Josh Trank - cara que estreou na posição com o ótimo Poder Sem Limites e que já está contratado para fazer um dos derivados de Star Wars - e o elenco é liderado pelos quase sempre eficientes Miles Teller (saca aquele baterista muito louco de Whiplash?), Kate Mara (a repórter da primeira temporada de House of Cards e irmã da Rooney na vida real, lembra?), Jamie Bell (o Billy Elliot, o Tintim, o masoquista de Ninfomaníaca, o amigo do Anakin em Jumper se você curte filmes ruins, poxa!) e Michael B. Jordan (trabalhou com Trank em Poder Sem Limites e no futuro será o filho de Apollo Creed no derivado de Rocky Balboa, precisa de mais?).
Mas se o reboot da família Richards parece tão bem encaminhado, por que diabos então a expectativa do público para o filme parece estar tão baixa?
A resposta para essa pergunta é bem simples, e envolve o principal problema de manter a produção de um filme muito esperado em segredo: Boatos, e aos montes. Conforme os meses foram passando, mais e mais informações sobre o longa foram vazadas ao público, e quase todas eram negativas e/ou polêmicas - o Doutor Destino hacker e seu visual durante as filmagens, as mudanças no cânone que SEMPRE irritam os fãs, as novas filmagens em cima da hora, e por aí vai. Para piorar a situação, o próprio diretor acabou envolvido na divulgação equivocada do projeto ao divulgar uma imagem de bastidores do Coisa "antes dos efeitos visuais" no Twitter e imediatamente deletar sua conta no site, sugerindo alguma tensão entre ele e os cabeças da Fox.
Nem tu pra ajudar, Trank?
Mas o tempo passa, e em algum momento a divulgação tem que começar a acontecer se o estúdio quiser ganhar alguma grana. Há pouco menos de seis meses da estreia, a Fox começou ontem (dia 27 de janeiro) a liberar material do Quarteto com uma foto das filmagens (lembra que elas não existiam até então), e já no dia seguinte liberou os primeiros trailer e pôster do filme.
Assim como o trailer, o pôster já exibe a pegada mais sci-fi do reboot
E a reação inicial para a prévia é relativamente boa. Mesmo que tenha mantido o clima de mistério com a trama e lembre demais Interestelar (já até fizeram mash-up dos dois) e outras ficções-científicas realistas, o primeiro trailer do Quarteto Fantástico de Trank em acalmar o público quanto a suposições feitas no passado - incluindo as racistas quando Jordan foi contratado para viver o Tocha Humana - e em dar alguma esperança sobre o filme, incluindo em sua temática (o pé na ciência é muito bem vindo). Isso sem contar, claro, o fato do teaser nem lembrar das duas primeiras (e fraquíssimas) incursões do grupo nas telas, aonde nem Jessica Alba salvava.
O caminho para Quarteto Fantástico até seu lançamento no dia 7 de agosto é complicado. Driblar o pré-julgamento negativo do público e fazer com que este vá ao cinema disposto a ver uma nova versão do grupo exigirá do marketing toda uma revolução na estratégia de divulgação do longa, e isso terá que incluir uma maior disponibilização do conteúdo da história.
Mas não tanto assim. Para variar um pouco a rotina dos fãs de quadrinhos e do subgênero, será bom ir ver um filme de super-herói sabendo quase nada de seu conteúdo.
Vai Reed Richards!

domingo, 25 de janeiro de 2015

SAG Awards 2015: Indicados e Vencedores

Junto com PGA, Sindicato de Atores complica a corrida pelo Oscar 2015.

Por Pedro Strazza.

Na noite do dia 26 de janeiro, o Sindicato de Atores de Hollywood realizou no Shrine Auditorium o SAG Awards, cerimônia que além de premiar os melhores atores e atrizes do cinema e da televisão é também um termômetro confiável para as categorias de atuação do Oscar.
E pelo menos na área de cinema, o resultado da premiação foi interessante. Mesmo tendo confirmado os favoritismos de Julianne Moore, Patricia Arquette e J.K. Simmons para as categorias de Melhor Atriz, Atriz Coadjuvante e Ator Coadjuvante respectivamente, o SAG embolou a corrida pelo Oscar de Melhor Ator ao conferir a Eddie Redmayne a estatueta ao invés de Michael Keaton, tornando o antes decidido prêmio aberto para todas as possibilidades. Enquanto isso, Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância desbancou Boyhood - Da Infância à Juventude e levou a honraria de Melhor Elenco no mesmo dia em que confirmou vitória no PGA Awards, o mais confiável termômetro para o Oscar de Melhor Filme, tornando-se assim o concorrente favorito para o principal prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Ademais, o SAG 2015 foi bastante equilibrado em suas escolhas. O "grande" vencedor da noite foi a série Orange Is The New Black, que levou incríveis DOIS prêmios com Melhor Elenco e Melhor Atriz em Série Cômica para Uzo Aduba.
Confira os indicados e os vencedores da premiação abaixo:

Prêmio pela carreira: Debbie Reynolds

CINEMA

Melhor elenco
Melhor atriz
  • Jennifer Aniston (Cake)
  • Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
  • Julianne Moore (Para Sempre Alice)
  • Rosamund Pike (Garota Exemplar)
  • Reese Witherspoon (Wild)
Melhor ator
  • Steve Carell (Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo)
  • Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
  • Jake Gyllenhaal (O Abutre)
  • Michael Keaton (Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância)
  • Eddie Redmayne (A Teoria do Tudo)
Melhor atriz coadjuvante
  • Patricia Arquette (Boyhood - Da Infância à Juventude)
  • Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
  • Emma Stone (Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância)
  • Meryl Streep (Caminhos da Floresta)
  • Naomi Watts (Um Santo Vizinho)
Melhor ator coadjuvante
  • Robert Duvall (O Juiz)
  • Ethan Hawke (Boyhood - Da Infância à Juventude)
  • Edward Norton (Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância)
  • Mark Ruffalo (Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo)
  • J.K. Simmons (Whiplash - Em Busca da Perfeição)
Melhor time de dublês
  • Corações de Ferro
  • James Brown: Get on Up
  • O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
  • Invencível
  • X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido

TV

Melhor elenco de série dramática
  • Boardwalk Empire
  • Downton Abbey
  • Game of Thrones
  • Homeland
  • House of Cards
Melhor atriz de série dramática
  • Claire Danes (Homeland)
  • Viola Davis (How to Get Away with Murder)
  • Julianna Margulies (The Good Wife)
  • Tatiana Maslany (Orphan Black)
  • Maggie Smith (Downton Abbey)
  • Robin Wright (House of Cards)
Melhor ator de série dramática
  • Steve Buscemi (Boardwalk Empire)
  • Peter Dinklage (Game of Thrones)
  • Woody Harrelson (True Detective)
  • Matthew McConaughey (True Detective)
  • Kevin Spacey (House of Cards)
Melhor elenco de série cômica
  • The Big Bang Theory
  • Brooklyn Nine-Nine
  • Modern Family
  • Orange is the New Black
  • Veep
Melhor atriz de série cômica
  • Uzo Aduba (Orange is the New Black)
  • Julie Bowen (Modern Family)
  • Edie Falco (Nurse Jackie)
  • Julia Louis-Dreyfus (Veep)
  • Amy Poehler (Parks and Recreation)
Melhor ator de série cômica
  • Ty Burrell (Modern Family)
  • Louis C.K. (Louie)
  • William H. Macy (Shameless)
  • Jim Parsons (The Big Bang Theory)
  • Eric Stonestreet (Modern Family)
Melhor atriz em minissérie ou filme feito para a TV
  • Ellen Burstyn (Flowers in the Attic)
  • Maggie Gyllenhaal (The Honorable Woman)
  • Frances McDormand (Olive Kitteridge)
  • Julia Roberts (The Normal Heart)
  • Cicely Tyson (The Trip to Bountiful)
Melhor ator em minissérie ou filme feito para a TV
  • Adrien Brody (Houdini)
  • Benedict Cumberbatch (Sherlock: His Last Vow)
  • Richard Jenkins (Olive Kitteridge)
  • Mark Ruffalo (The Normal Heart)
  • Billy Bob Thornton (Fargo)
Melhor time de dublês
  • 24: Live Another Day
  • Boardwalk Empire
  • Game of Thrones
  • Homeland
  • Sons of Anarchy
  • The Walking Dead

Crítica: Foo Fighters - Sonic Highways (SÃO PAULO)

Foto: Flickr/T4F

Banda faz show sensacional para mais de 70 mil no Morumbi.

Por Guilherme Umeda.

Devo lhes dizer, meus caríssimos amigos, que estou sem voz. Sim... imagino que, neste momento, aqueles que me conhecem estão chorando pensando em como o mundo está triste por não poder ouvir o som que normalmente sai de meus lábios e pensando em mil maneiras de se vingar de quem me fez exaurir as cordas vocais.
No entanto, vocês, meus amores, devem se acalmar. Pouco a pouco minha garganta está se recuperando. E, em segundo lugar, não devem ressentir os responsáveis por um simples motivo: os “culpados” são um quinteto dos EUA que, na noite do dia 23 de janeiro de 2015, me proporcionaram a melhor experiência musical ao vivo que já tive. Mas vamos por partes... Chego ao Foo Fighters daqui a pouco. Primeiro, vamos falar um pouco das outras duas bandas da noite.
Não, não era um festival propriamente dito. O dia, porém, teve 3 atrações musicais no Estádio do Morumbi. E quem abriu os trabalhos, por volta das 19h, foram os Raimundos.

Raimundos

Não foi um show completo. Longe disso. A setlist foi curtíssima, com algo em torno de 7 músicas (talvez nem isso).
Entretanto, a energia dos rapazes de Brasília e a sintonia deles com o público foi bem mais que o suficiente para esquentar os motores da plateia. Esta, deve-se dizer, ficou um tanto revoltada pela ausência de algumas músicas.
Na pista – aonde quem vos fala estava – os gritos pedindo “Puteiro em João Pessoa” foram constantes e só cessaram quando a atração principal da noite tomou o palco.
Não foi uma apresentação longa, mas foi intensa e, pelo menos, contou com “Mulher de Fases” e “Eu Quero Ver o Oco”.  De algumas formas, foi melhor do que a atração que viria em seguida, os Kaiser Chiefs.

Kaiser Chiefs

O quinteto britânico teve um show mais longo que os brasileiros dos Raimundos (tocaram por quase uma hora). Porém, o desconhecimento da enorme maioria das musicas pela plateia fez daquela uma hora o momento de descanso para se recuperar da agitação imediatamente anterior e se preparar para a que viria mais tarde com Foo Fighters. Um descanso debaixo de chuva, mas um descanso.
A “monotonia” (entre aspas porque o show foi apenas meio parado na plateia, mas muito bom em cima do palco) foi quebrada quando “Ruby”, o maior hit da banda, foi executada. Aí sim, todos acordaram, os gritos e pulos foram gerais e a apresentação se aproximou da anterior da noite.
Kaiser Chiefs fez um show bom musicalmente, tinha um vocalista muito bem disposto, mas não conseguiu se conectar com a plateia como os Raimundos fizeram. E nem de longe como os Foo Fighters (missão impossível).

(agora sim) FOO FIGHTEEEEEERS!

Foto: Flickr/T4F
Eram algo próximo de 21h20 da noite já quando as luzes do palco se apagaram e o telão de fundo se acendeu com um grafite escrito “Foo Fighters” em branco num fundo preto. Neste ponto a chuva já havia cessado. A gritaria foi geral e os gestos rápidos de Dave Grohl invocando o público ao entrar no palco condisseram com o entusiasmo da plateia.
A felicidade dos fãs era palpável e a conexão da banda com o público foi imediata. Os gritos eram constantes e só fizeram aumentar de intensidade quando Grohl começou a puxar as cordas da guitarra e tocar o início da primeira música da noite, “Something From Nothing”.
Se, em uma música nova, recém lançada, o entusiasmo do público foi tanto... você, caro leitor, pode imaginar como seria quando o primeiro clássico fosse executado. E isso não demorou a acontecer.
O final de “Something From Nothing” foi imediatamente emendado ao início de “The Pretender”, um hit pesado e enérgico da banda, que anunciava o início de um “bloco”, por assim dizer, de 5 músicas feito para acabar com as cordas vocais dos fãs logo de início – ao final desse bloco minha voz já começava a falhar.
Vieram de forma seguida “The Pretender”, “Learn to Fly”, ”Breakout”, “Arlandria” e “My Hero”. Um começo avassalador que já dava amostras de que o show havia sido pensado para (imagine um gráfico, querido leitor) ser um “U”. Ou seja, foi feito para começar e terminar em alta intensidade e ter um período mais tranquilo no meio. Porém, como eu viria a descobrir ao final do show, se tratou de um “U” com uma curva bem rasa. Não houve nenhum momento exatamente tranquilo ou de fascinação zero.
Passadas algumas músicas, um dos momentos mais lindos e espontâneos da noite chegaria.
“Monkey Wrench”, um dos hits do sensacional álbum The Colour And The Shape, de 1997, estava sendo executada. Como em quase todas as músicas da noite, a banda esticou um pouco e fazia um interlúdio apenas instrumental com as luzes apagadas antes do último refrão, quando luzes começaram a surgir na plateia.
Não se sabe exatamente onde a primeira luz surgiu: se foi na arquibancada, na pista, na pista premium... Mas a primeira pessoa que teve a ideia de acender sua lanterna ou erguer seu isqueiro naquele momento, seja lá quem for, merece os parabéns.
Pouco a pouco todo o estádio foi se acendendo. Pouco a pouco, as arquibancadas, cadeiras e a pista se tornaram um enorme mosaico de pequenas luzes.
O som que a banda fazia no palco era suave e constante e apenas teve mudança no momento em que Dave se aproximou do microfone e disse “...that’s fucking beautiful...”. Impressionante.
Mas este foi apenas um dos momentos marcantes da noite.
Passada “Monkey Wrench”, era chegada a hora da sessão acústica/covers do show.
A parte acústica foi toda tocada apenas por Dave no meio da pista, no final de uma extensão do palco. Enquanto que os covers de "Detroit Rock City", do Kiss; "Stay With Me", do Faces; "Tie Your Mother Down"  e "Under Pressure", ambas originais pela voz de Freddy Mercury, uma com o Queen e uma com David Bowie, foram feitas em um palco giratório em cima da extensão do palco principal.
Os covers foram ótimos, sem dúvidas... Mas o mais legal dessa parte de show veio antes dos covers, na “sessão” acústica.
Em um determinado momento, logo depois de “Skin And Bones”, Grohl chamou um dos fãs da pista para subir em cima do palco. Vinícius era seu nome. Ele abraçou o vocalista e logo depois chamou sua namorada, Mônica, ao palco também.
Se você, caro leitor, ainda não conseguiu deduzir o que veio a seguir, procure seu médico e faça alguns exames mentais.
Vinícius se aproximou do microfone e perguntou “Will you marry me?”. Obviamente, Mônica disse sim. Aí rolaram beijos, abraços, abraços de Grohl e a multidão foi à loucura. Fofo.
Infelizmente, depois disso o show não durou mais muito tempo. Mais 5 músicas e a noite chegaria ao fim.
Foto: Tenho Mais Discos Que Amigos
“All My Life" e "These Days" seguiram de forma sensacional a sessão de covers. Marcaram o início do fim do show; o fim do “U”. Entretanto (e como era de se esperar), o melhor viria com as duas últimas músicas.
“Best of You” foi a penúltima música. A explosão do público foi enorme assim que ouviu Grohl gritar “...I’ve got another confession to make...” e maior ainda quando chegava o refrão e os gritos de “...the best, the best, the best of you...”. Mas, felizmente, não foi só isso de emocionante que aconteceu nessa música.
A cena do mosaico de luz se repetiu e, dessa vez, teve como adendo um logo coro cantando “OOOOOOHH” em uníssono. Coro que se manteve mesmo depois da música acabar, enquanto a banda se preparava para tocar a saideira.
Nesse momento, Dave parou e disse (em inglês obviamente): “Isso que vocês estão fazendo... É muito legal mesmo... Faz a gente querer ficar mais. O Foo Fighters já tem 20 anos de estrada e, nesse tempo a gente tocou muitos shows. Alguns eu lembro perfeitamente e outros eu esqueço. O de hoje eu vou lembrar. Não vou esquecer do pedido de casamento no meio do show... Não vou esquecer de ter escorregado e quase caído logo que entrei no palco... E, com certeza, não vou esquecer disso. Vocês continuarem cantando depois da música já ter acabado... Isso não acontece toda hora... Eu odeio despedidas. Então, ao invés de ficar aqui dizendo adeus a vocês, vamos só...” e começou a tocar “Everlong”, a última da noite.
Inesquecível.
“...I wonder if everything could ever feel this real forever, if anything could ever be this good again...”.

Setlist

1. Something From Nothing
2. The Pretender
3. Learn to Fly
4. Breakout
5. Arlandria
6. My Hero
7. Congregation
8. Walk
9. Cold Day in the Sun
10. I'll Stick Around
11. Monkey Wrench
12. Skin and Bones
13. Wheels
14. Times Like These
15. Detroit Rock City (versão do Kiss)
16. Stay With Me (Versão do Faces)
17. Tie Your Mother Down (Versão do Queen)
18. Under Pressure
19. All My Life
20. These Days
21. Outside
22. Best of You

23. Everlong

Crítica: Busca Implacável 3

Mais uma missão para Bryan Mills.

Por Alexandre Dias

Quem diria que o despretensioso Busca Implacável de 2008 viria a se tornar uma franquia bem sucedida de ação? De fato, apesar da introdução de um ou outro elemento que o tornam superior a muitas outras produções brucutus, a maior parte do sucesso do longa se deve a Liam Neeson e ao seu personagem Bryan Mills. No segundo filme isso ocorre de uma maneira um pouco desgastada, por isso este terceiro capítulo é superior ao anterior: é a velha pancadaria protagonizada por um ator carismático.
A trama, além de simples, é um clichê por si só: Bryan encontra sua ex-esposa, Lenore (Famke Janssen), morta, e a cena foi montada para que ele fosse o incriminado. Assim ele precisa limpar o seu nome e ir atrás de quem a assassinou.
Como já se pode perceber, o roteiro é fraco e recheado de situações previsíveis. Entretanto, ele não compromete; assim com uma ou duas reviravoltas comuns, algumas questões familiares a serem resolvidas ( inclusive a trama) e frases de efeito, temos Neeson em ação no estilo “sou o melhor no que faço”.
Os personagens que o cercam são absolutamente indiferentes: Forest Whitaker interpreta o agente “inteligente”, que persegue Mills mesmo suspeitando da situação; Maggie Grace atua no automático novamente como a filha que sabe que o pai não foi o responsável pelo assassinato; Dougray Scott é Stuart, o estranho padrasto de Kim (Grace). Há ainda os criminosos comandados por Oleg Malankov (Sam Spruell) e os amigos de Bryan; em ambos os grupos não há surpresas quanto às características de cada sujeito.
Logo, o personagem de ator que já encarnou Ra’s al Ghul e Hannibal Smith é o único com quem realmente o espectador se importa. Vê-lo em ação, no combate corpo a corpo, nas perseguições de carro, nos tiroteios ou utilizando suas habilidades para descobrir o que está acontecendo continua divertido. E por mais simples e estereotipado que ele possa ser, é um coroa brucutu estabelecido: assim como sentíamos o peso do Coronel Trautman dizendo que John Rambo é o melhor soldado, sentimos o peso de Dotzler (Whitaker) saber que há algo errado quando Mills consegue ser “dominado”.
Com um ritmo não tão frenético quanto o do primeiro filme, contudo mais organizado que o segundo, Busca Implacável 3 é o entretenimento de pancadaria sem delongas. Por sorte, Liam Neeson como Bryan Mills ainda consegue se destacar um pouco mais neste meio. Então, leve apenas a sua boa vontade ao cinema, não haverá grandes raciocínios à serem desenvolvidos durante a sessão, apenas 109 minutos de diversão - e de explosões.

Nota: 6/10

Gostou? Assista Também:
  • Os Mercenários 3: Um filme que também entretém pela pancadaria.
  • Hércules: Quando uma aventura despretensiosa é salva pelo carisma de seu protagonista.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Crítica: Invencível

Segundo trabalho de Jolie na direção é marcado por convencionalismo e frieza.

Por Pedro Strazza.

Não é desconhecido para ninguém o fato de Hollywood gostar de uma filme de superação passado durante um conflito armado. Além de possuir um forte elemento emocional, grande parte dessas histórias traz um protagonista de fácil conexão com o público, graças às forças que precisa encontrar em seu corpo ou mente para superar as dificuldades às quais é submetido. É uma fórmula simples de ser realizada e que em geral apresenta um bom desempenho nas bilheterias de todo o mundo.
A execução de tal receita, porém, pode ser mal feita, e na maioria das vezes isso ocorre devido a um maior peso melodramático dado ao roteiro. Invencível, segundo trabalho de Angelina Jolie na direção, sofre em parte por causa dessa problemática para contar a história de Louis Zamperini (Jack O'Connell), atleta olímpico que durante a Segunda Guerra Mundial sobreviveu 47 dias no mar dentro de um bote e logo em seguida acabou prisioneiro de guerra dos japoneses. Em companhia de outros soldados capturados, ele é obrigado a passar pelas mais diferentes torturas no cativeiro, concebidas principalmente pelo cruel capitão Watanabe (Takamasa Ishihara).
Como bem se pode perceber pela sinopse acima, a vida de Zamperini oferece à produção uma grande variedade de clichês do gênero, sedutores a qualquer diretor iniciante e com bom orçamento. E é exatamente isso que ocorre aqui: Jolie segue sem pensar duas vezes o caminho mais óbvio na história, glorificando os esforços de Louis em se manter vivo, separando em bons e maus os personagens de acordo com o lado que estão na guerra e empregando altas doses de drama para fazer o espectador chorar com o sofrimento de seu protagonista.
Para obter essas lágrimas, a diretora conta com uma boa equipe técnica, mas não a sabe utilizar com propriedade. Enquanto a trilha sonora de Alexandre Desplat é incisiva demais e é levantada sem criatividade nos momentos mais dramáticos (algo bastante similar à trilha conduzida por John Williams em um certo Cavalo de Guerra), a fotografia de Roger Deakins soa genérica e fria ao tentar tirar dos esforços do personagem principal uma grandiosidade eloquente. O roteiro escrito por Richard LaGravanese, William Nicholson e os irmãos Coen, nesse ínterim, equivoca-se ao insistir no melodrama exagerado, empregado de forma infantil ao longo da narrativa.
Todos esses fatores em conjunto não levariam o filme muito longe, mas apenas relegariam o longa a se tornar uma produção mediana. O que de fato enfraquece a produção é a maneira fria com a qual Jolie e os roteiristas desenvolvem seu personagem principal, cuja persistência aparenta não possuir quaisquer objetivos. Invencível, claro, procura apresentar motivações (como a família ou o nacionalismo) para Zamperini continuar a sofrer em silêncio ao longo de sua projeção - e O'Connell decerto faz de tudo para imprimir estas em sua atuação -, mas falta a elas uma elaboração maior para que soem mais convincentes.
Salvo pelo bom trabalho da equipe de som e as cenas em alto-mar (que não chegam a ser geniais, mas pelo menos desempenham bem sua função), Invencível erra ao abordar sua história de maneira convencional e acreditar que pode criar emoção somente através da dor. Sem qualquer tipo de aprofundamento, os esforços de Louis Zamperini tornam-se enfadonhos para o público, que acaba assistindo as provações do protagonista mais por uma curiosidade mórbida e menos por se importar com o personagem.

Nota:4/10

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sábado, 17 de janeiro de 2015

Crítica: Os Pinguins de Madagascar

Melhor que a trilogia original, derivado acaba repetindo erros de Madagascar.

Por Pedro Strazza.

Ao contrário de quase todas as outras franquias de animações, Madagascar é uma série de filmes que desde seu início não mostrou qualquer potencial criativo. A história de quatro animais do zoológico de Nova York que vão parar na ilha africana regurgitou para a tela inúmeros clichês clássicos sem cuidado algum, e suas continuações não só fizeram questão de manter essa repetição como também acreditaram no aumento do ritmo como único diferencial para sua produção - E não há dúvidas de que esta tendência irá continuar quando o inevitável quarto capítulo for lançado em 2018.
O fato curioso do longa da Dreamworks, porém, é a sua capacidade de produzir personagens coadjuvantes mais interessantes que o quarteto protagonista, e o número de derivados originados da franquia prova isso. Pirados em suas concepções, o lêmure Rei Julien e os pinguins tiveram destaque suficiente para gerarem séries de sucesso próprias e, no caso dos últimos, um filme solo, que sozinho consegue ser muito mais eficiente que toda a trilogia de Alex, Marty, Melman e Gloria. E isso ocorre porque Os Pinguins de Madagascar possui em grande parte de sua trama a capacidade de rir tanto do convencionalismo de sua história quanto dos absurdos cometidos pelos personagens principais, uma característica pouquíssimo utilizada nas produções dos quais vieram.
Começando logo no final do terceiro Madagascar, o longa acompanha as aventuras de Capitão, Kowalski, Rico e Recruta em seu conflito contra Dave, um polvo decidido a acabar com a reputação dos pinguins com os humanos após ter sua vida arruinada por eles. Para ajudar no combate ao vilão, o quarteto conta com o auxílio do Vento do Norte, uma força-tarefa liderada por Secreto e com o melhor equipamento tecnológico possível, mas as duas equipes entram em rota de colisão devido ao choque de liderança.
Escrito a dez mãos e com bom ritmo narrativo, o roteiro encontra seus melhores momentos na maneira como ri do gênero da espionagem. Mesmo que não seja inédito (assim como a produção no geral), a comédia em cima do clichê dá à trama frescor suficiente para o público rir das situações e do caos realizado ao longo da história pelos pinguins, que também divertem por suas identidades desprovidas de bom senso. As sequências em Veneza e Tóquio são o ponto alto justamente por equilibrarem esse humor com a ação sem lógica, característica do universo estabelecido ali.
Mas o filme acaba traído por suas próprias concepções quando precisa inventar arcos dramáticos para os personagens, e no processo comete os mesmos erros de Madagascar. Enquanto a crise no relacionamento familiar entre Capitão e Recruta progressivamente ocupa a narrativa e priva o longa do humor (seu ponto mais forte), o roteiro se submete aos clichês que tirava sarro nos dois primeiros atos para no terceiro criar um clímax genérico e protocolar para resolver sem muitas complicações a trama principal.
Em comparação a toda a cronologia do produto do qual foi originado, Os Pinguins de Madagascar pode ser considerado um feito devido às suas qualidades cômicas e os protagonistas com maior potencial. Se for aplicado ao panorama atual vivido o gênero de animações ou a própria oferta recente de filmes da Dreamworks, entretanto, o derivado soa sem identidade, enfraquecido por aspectos originários da franquia de origem. Há como reparar os erros, mas a grande questão é: Haverá espaço no calendário para uma eventual sequência?

Nota: 5/10

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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O Show de Esnobadas do Oscar 2015


...e uma volta do limbo

Por Pedro Strazza

Se no ano passado a gente fez até força para conseguir destacar os filmes não lembrados pela Academia, em 2015 essa lógica inverteu-se. Com o anúncio dos indicados, o Oscar pegou todo mundo de surpresa com uma porrada de filmes esnobados, chutados sem nenhuma consideração pelos votantes para fora da festa. Restou pra gente a tarefa de lembrar dessas produções, nessa espécie de "In Memoriam" da "festa do cinema" estadunidense. Confira:
Até então considerado o filme com maiores chances de levar o Oscar de Melhor Animação no ano em que a Pixar não concorria, a divertida aventura comandada por Phil Lord e Chris Miller acabou caindo fora até da disputa do prêmio, que deve ficar agora com Como Treinar o Seu Dragão 2. Mas Uma Aventura LEGO pelo menos ficou com a indicação de consolação em Melhor Canção Original, com sua divertida música Everything Is Awesome, e um prêmio de plástico, se você considerar a piada feita por Lord em seu Twitter.
Esse foi definitivamente a morte horrível do ano. Cotado em inúmeras categorias, incluindo Melhor Filme, o mais recente trabalho de David Fincher acabou conquistando apenas uma vaga em Melhor Atriz para Rosamund Pike, e de forma inexplicável foi deixado de fora em todo o resto. Até Roteiro Adaptado, onde a própria escritora foi responsável pela transição do livro homônimo para a telona, foi derrotado no calor da disputa.
  • O Ano Mais Violento
E não foi dessa vez que o cineasta J.C. Chandor vê seu trabalho ser indicado para o Oscar - de novo. Com fortes chances na categoria de Atriz Coadjuvante com Jessica Chastain e amplamente elogiado pela crítica especializada, O Ano Mais Violento teve sua chance na premiação aniquilada pela inesperada indicação de Laura Dern na posição, e terminou zerado na lista.
  • Selma
Ainda que tenha conseguido entrar na acirrada lista de indicados para Melhor Filme, é inegável que Selma foi amplamente ignorado pela Academia. A cinebiografia de Martin Luther King, afinal, foi cortado de todas as categorias principais e só foi indicado para Melhor Canção nas técnicas, tornando-se o concorrente ao prêmio máximo de 2015 com menos indicações.
  • Life Itself
Os críticos mais velhos devem ter sofrido um ataque cardíaco quando a Academia anunciou os indicados a Melhor Documentário. Isso porque Life Itself, biografia sobre a vida do falecido crítico de cinema Roger Ebert que em teoria era o grande favorito na categoria, ficou de fora da lista final, deixando caminho aberto para a vitória de Citizenfour.
  • O Abutre
Nesse caso já era até esperado uma passagem em branco na premiação, mas houve muita surpresa quando o psicótico Lou Bloom de Jake Gyllenhaal não entrou para a lista de indicados a Melhor Ator. Restou a O Abutre, pelo menos, um singelo reconhecimento em Melhor Roteiro Original, e nada mais.
  • Era Uma Vez em Nova York
Outro que estava fora da disputa há um bom tempo, a obra de James Gray sobre as dificuldades da imigração depositava um fio de esperança na área de fotografia, onde o espetacular trabalho de Darius Khondji talvez fosse suficiente para conquistar a desejada nomeação. Mas a sorte de Era Uma Vez em Nova York nunca veio, e o filme passou zerado na Academia.
Aqui existe mais uma curiosidade que uma "derrota dolorosa". Graças a um certo Capitão América, a conclusão da saga de Bilbo nos cinemas é o primeiro filme da franquia O Senhor dos Anéis a NÃO ser indicada para a categoria de Efeitos Visuais, sendo nomeada apenas para Edição de Som. A comparação da adaptação da obra de J.R.R. Tolkien nos cinemas com Star Wars agora é mais próxima do que nunca.
  • Cake
Pois é, não deu para Jennifer Aniston este ano. A eterna Rachel da série Friends apresentava grandes chances de ter sua primeira indicação ao Oscar, mas foi ultrapassada de súbito por Marion Cottilard e seu excelente trabalho em Dois Dias, Uma Noite, dos Irmãos Dardenne. Agora a grande questão é: Será que Aniston vai continuar tentando alcançar um Oscar ou vai voltar a fazer suas comédias românticas de sempre?

E pra não dizer que só teve esnobada...

  • Vício Inerente
Parecia morto, decapitado e enterrado bem fundo no cemitério, mas o novo trabalho do diretor Paul Thomas Anderson conseguiu não só uma como DUAS indicações ao Oscar, em Roteiro Adaptado e Figurino. Ainda estamos esperando uma vitória do cineasta na premiação, mas no momento essas conquistas merecem comemorações.