Um filme de Riggan Thomson, o Birdman... ou Michael Keaton, o Batman.
Por Alexandre Dias.
Quando falamos de Birdman,
certamente o que pode ser afirmado é que foi produzido na melhor época
possível, a que os blockbusters reinam
no cinema e os atores são substituídos por celebridades. É justamente esse
diálogo com a realidade que o diretor mexicano Alejandro González Iñarritu construiu de forma muito
eficiente, com o auxílio de um belo elenco e por meio da alternância entre o
drama e o humor.
A metalinguagem existente se inicia
com a própria escolha do protagonista: Michael Keaton, que atuou como Batman em
1989 e 1992, interpreta Riggan Thomson, que foi o super-herói Birdman nos anos 90 e agora procura
fazer sucesso com uma peça na Broadway.
E se longa é uma oportunidade única para Keaton “renascer”, ele não a
desperdiça. Sua atuação é excelente, tanto nos momentos em que ele se perde no
seu psicológico como nas suas relações sociais. O restante do elenco corresponde
à altura.
O resultado disso são ótimas
interações entre os personagens nas partes cômicas- em especial, as piadas
referentes a outros atores- e naquelas mais dramáticas, sendo estas últimas
exploradas de maneira interessante na exposição da identidade dos envolvidos;
as cenas entre Mike Shiner (Edward Norton) e Sam (Emma Stone), por exemplo,
apesar de serem leves por um lado, desvendam muito bem os traços de pensamento do
astro de cinema contratado e da filha de Riggan.
Porém, méritos devem ser
atribuídos a Iñarritu por aplicar o falso plano-sequência eterno, pois assim a ideia de
entender quem os intérpretes são dentro e fora da peça fica mais clara, como se
o espectador sempre estivesse nos bastidores e na plateia. Consequentemente, a
principal questão do filme vem à tona: quem são estes indivíduos? Atores ou
celebridades?
Birdman triunfa ao
estabelecer esta indagação afinal, estamos vivendo o tempo das celebridades no
entretenimento. Tempo em que uma trama qualquer, um galã, um vilão canastrão e
algumas explosões podem compor um projeto cinematográfico. Assim, o limite
entre o que é arte ou não estaria sendo questionado, porque apesar de Tabitha
(Lindsay Duncan), uma moça que trabalha escrevendo críticas de peças para certo
veículo de comunicação, por em dúvida a legitimidade de Thomson como ator, o
mesmo fez sucesso por interpretar um homem-pássaro.
A “situação” de Keaton pode ter
sido um grande impulso para a realização de Birdman
ou (A Inesperada Virtude da Ignorância). Contudo não há como negar que o
resultado foi muito positivo, não só por dialogar com a realidade do antigo
Bruce Wayne, mas também com a indústria cultural presente nos dias atuais.
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