terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Crítica: A Mulher de Preto 2 - Anjo da Morte

Sequência troca atmosfera por susto.

Por Pedro Strazza.

Quando lançado em 2012, A Mulher de Preto foi um interessante divisor de opiniões. O filme que colocava Daniel Radcliffe contra uma fantasma em uma mansão abandonada agradou uns pela maneira como brincou com atmosfera para criar o seu terror e incomodou outros pelos sustos nada criativos. Seja como for, o longa fez sucesso nas bilheterias (arrecadou mais de 120 milhões no mundo com orçamento de 15) e sacramentou o retorno da Hammer Films, tradicional estúdio de terror inglês, ao mercado cinematográfico.
E o resultado financeiro talvez tenha sido justamente o maior responsável para o longa ganhar uma sequência quase dois anos depois. Mesmo passado 40 anos depois dos eventos do original, A Mulher de Preto 2 - Anjo da Morte repete muito dos temas e características de seu antecessor, como o protagonista com uma dramática relação com o filho (aqui perdido após o nascimento), uma sociedade movida pela perda (antes das crianças mortas pela assombração, agora pela Segunda Guerra Mundial) e uma casa aterrorizada por corredores longos e sombrios.
A repetição não é de tanto ruim; o problema é que a continuação parece mais desbalanceada que o filme com o Harry Potter. Passando quase metade de sua projeção com quase nada além de drama e sombras na parede - algo que, ao contrário da atmosfera narrativa do original, vira com velocidade algo enfadonho e difícil de se acompanhar -, o filme em seu terceiro ato se rende aos sustos óbvios, previsíveis até em angulamentos e viradas. E a Mulher de Preto, tão bem ocultada por um véu do mistério e das rápidas aparições na mão de James Watkins no primeiro capítulo, torna-se no segundo quase um serial killer slasher sob a direção de Tom Harper, gritando para a tela apenas para assustar os mais medrosos.
Outra questão mal resolvida é a própria missão da assombração, que continua nebulosa. O roteiro escrito por Jon Croker é eficiente ao trazer a Mulher de Preto como símbolo do medo e das angústias vividas pelo povo durante a guerra, mas preocupa-se tanto em solidificar esta posição que esquece de dar motivos para a criatura perseguir crianças, principalmente se levarmos em conta que as vítimas da vez são órfãs - e em decorrência não há adultos para sofrer a "dor" que motiva a vingança da entidade.
Resta então à jovem professora Eve (Phoebe Fox) usar de seu drama pessoal para se atrelar a seus alunos e gritar por eles quando em perigo. Se Mulher de Preto compensava por algo pouco explorado no terror de hoje, Anjo da Morte se rende ao aspecto mais fácil e inocente do gênero.

Nota: 4/10

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