Por Pedro Strazza
É a época de mais um Oscar, e, como no ano passado, organizo agora a lista deste ano de indicados ao principal prêmio concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Bom lembrar, o site de novo contém críticas de TODOS os oito escolhidos pelos votantes ao troféu de Melhor Filme, e os links para esses textos estão incluídos em seus nomes no ranking.
Mas chega de papo furado e vamos conferir o que temos de bom (e mediano) dessa vez:
8) O Jogo da Imitação
Este de fato é o filme que não merece estar entre os indicados. Novelesco e raso do começo ao fim (OK, ali nos últimos minutos eles tentaram criar profundidade), a cinebiografia de Alan Turing feita pelo norueguês Morten Tyldum possui poucos momentos de destaque em sua narrativa convencional, e quando consegue é graças ao esforço de Benedict Cumberbatch em tornar seu papel mais interessante que o permitido pela produção. Havia coisa melhor no pacote, Academia.
7) A Teoria do Tudo
Outro cinebiografia de um acadêmico famoso, outro filme que também achei sem o necessário pra estar aqui. Embora aprecie a maneira como James Marsh evita tornar a história de vida de Stephen Hawking em um dramalhão inconveniente, acho A Teoria do Tudo um filme também raso justamente pela ausência total de qualquer drama na história, impedindo que as atuações de Felicity Jones e Eddie Redmayne cheguem ao seu potencial total. No final, o longa parece encantar menos por seu conteúdo e (muito) mais pelo que sabemos ao entrar na sessão.
6) Selma - Uma Luta Pela Igualdade
Quando a temporada de premiações começou (láááá em novembro de 2014), Selma - Uma Luta Pela Igualdade saiu explosivo, aplaudido pela crítica e tomado como dos principais concorrentes ao prêmio. E ao sair da sessão, também tive a mesma sensação. Mas assim como na disputa pelo Oscar, o filme dirigido por Ava DuVernay caiu com velocidade na minha opinião, mesmo com uma mensagem poderosa sobre o racismo. Ao contrário de 12 Anos de Escravidão, Selma não consegue manter por tanto tempo o impacto no espectador, que em questão de poucos dias já parece esquecer de ter visto o filme.
5) Sniper Americano
Apesar dos problemas sérios de ideologia (e sua repercussão nos EUA só prova isso), o novo trabalho de Clint Eastwood faz jus à reputação feita em torno de seu talento. O diretor aplica com sucesso sua metodologia do cavaleiro solitário à figura do polêmico e falecido atirador Chris Kyle, e dessa mistura resulta mais uma história de como a guerra afeta o ser humano. Nada inédito, mas quando a fórmula funciona não se pode negar sua eficiência.
4) Whiplash - Em Busca da Perfeição
É muito difícil de pensar que esta obra é apenas a segunda na carreira do diretor Damien Chazelle. De ritmo intenso e capaz de tirar o fôlego sem você perceber, Whiplash é daqueles filmes que te fazem sair do cinema energético, e de quebra nos faz refletir sobre o ensino e os perigos da obsessão. E por sinal, o que foram aquelas incríveis atuações de Milles Teller e J. K. Simmons?
3) O Grande Hotel Budapeste
Conheço e aprecio os trabalhos de Wes Anderson desde sua experiência com stop-motion em O Fantástico Senhor Raposo, e mesmo que ainda tenha como favorito o pouco conhecido Moonrise Kingdom é preciso admitir seu ápice atingido com O Grande Hotel Budapeste. Mais Wes Anderson do que nunca, o diretor empregou todo o seu talento para conceber esta homenagem ao cinema dos anos 30 e 40, e com a ajuda sublime de um elenco invejável. Os aplausos e o reconhecimento merecido enfim vieram.
Antes de continuarmos, quero esclarecer que os dois primeiros colocados desta lista para mim estão empatados tecnicamente. Cada um à sua maneira, eles fazem por merecer o prêmio máximo da 87° edição dos Academy Awards.
2) Boyhood - Da Infância à Juventude
Desde que foi indicado a Melhor Filme, venho ouvido em conversas com amigos que Boyhood - Da Infância à Juventude só ganhou destaque por causa dos seus famosos 12 anos para ser feito (e não de escravidão, como é sempre bom lembrar). E eles estão certos. Ousado por escolher realizar este projeto, Richard Linklater conseguiu fazer do seu aspecto técnico mais chamativo a medula óssea do filme, tornando Boyhood uma reflexão interessante sobre o tempo e seus efeitos no ser humano. Poderoso, sem dúvida alguma.
Mas o Melhor Filme de 2015 pra mim é:
1) Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Uma piração enlouquecida desde seu primeiro minuto, o filme dirigido por Alejandro González Iñarritu atira com precisão pra onde mira. Colocando o seu "falso plano-sequência eterno" na perspectiva dos atores, o mexicano (e um Michael Keaton embirutado) se aprofundam nos bastidores para falar dos egos enlouquecidos que dominam Hollywood, e de como estes afetam produções inteiras ao se chocarem. Foi um voo arriscado, mas muito bem sucedido
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