sábado, 17 de janeiro de 2015

Crítica: Os Pinguins de Madagascar

Melhor que a trilogia original, derivado acaba repetindo erros de Madagascar.

Por Pedro Strazza.

Ao contrário de quase todas as outras franquias de animações, Madagascar é uma série de filmes que desde seu início não mostrou qualquer potencial criativo. A história de quatro animais do zoológico de Nova York que vão parar na ilha africana regurgitou para a tela inúmeros clichês clássicos sem cuidado algum, e suas continuações não só fizeram questão de manter essa repetição como também acreditaram no aumento do ritmo como único diferencial para sua produção - E não há dúvidas de que esta tendência irá continuar quando o inevitável quarto capítulo for lançado em 2018.
O fato curioso do longa da Dreamworks, porém, é a sua capacidade de produzir personagens coadjuvantes mais interessantes que o quarteto protagonista, e o número de derivados originados da franquia prova isso. Pirados em suas concepções, o lêmure Rei Julien e os pinguins tiveram destaque suficiente para gerarem séries de sucesso próprias e, no caso dos últimos, um filme solo, que sozinho consegue ser muito mais eficiente que toda a trilogia de Alex, Marty, Melman e Gloria. E isso ocorre porque Os Pinguins de Madagascar possui em grande parte de sua trama a capacidade de rir tanto do convencionalismo de sua história quanto dos absurdos cometidos pelos personagens principais, uma característica pouquíssimo utilizada nas produções dos quais vieram.
Começando logo no final do terceiro Madagascar, o longa acompanha as aventuras de Capitão, Kowalski, Rico e Recruta em seu conflito contra Dave, um polvo decidido a acabar com a reputação dos pinguins com os humanos após ter sua vida arruinada por eles. Para ajudar no combate ao vilão, o quarteto conta com o auxílio do Vento do Norte, uma força-tarefa liderada por Secreto e com o melhor equipamento tecnológico possível, mas as duas equipes entram em rota de colisão devido ao choque de liderança.
Escrito a dez mãos e com bom ritmo narrativo, o roteiro encontra seus melhores momentos na maneira como ri do gênero da espionagem. Mesmo que não seja inédito (assim como a produção no geral), a comédia em cima do clichê dá à trama frescor suficiente para o público rir das situações e do caos realizado ao longo da história pelos pinguins, que também divertem por suas identidades desprovidas de bom senso. As sequências em Veneza e Tóquio são o ponto alto justamente por equilibrarem esse humor com a ação sem lógica, característica do universo estabelecido ali.
Mas o filme acaba traído por suas próprias concepções quando precisa inventar arcos dramáticos para os personagens, e no processo comete os mesmos erros de Madagascar. Enquanto a crise no relacionamento familiar entre Capitão e Recruta progressivamente ocupa a narrativa e priva o longa do humor (seu ponto mais forte), o roteiro se submete aos clichês que tirava sarro nos dois primeiros atos para no terceiro criar um clímax genérico e protocolar para resolver sem muitas complicações a trama principal.
Em comparação a toda a cronologia do produto do qual foi originado, Os Pinguins de Madagascar pode ser considerado um feito devido às suas qualidades cômicas e os protagonistas com maior potencial. Se for aplicado ao panorama atual vivido o gênero de animações ou a própria oferta recente de filmes da Dreamworks, entretanto, o derivado soa sem identidade, enfraquecido por aspectos originários da franquia de origem. Há como reparar os erros, mas a grande questão é: Haverá espaço no calendário para uma eventual sequência?

Nota: 5/10

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