Segundo trabalho de Jolie na direção é marcado por convencionalismo e frieza.
Por Pedro Strazza.
A execução de tal receita, porém, pode ser mal feita, e na maioria das vezes isso ocorre devido a um maior peso melodramático dado ao roteiro. Invencível, segundo trabalho de Angelina Jolie na direção, sofre em parte por causa dessa problemática para contar a história de Louis Zamperini (Jack O'Connell), atleta olímpico que durante a Segunda Guerra Mundial sobreviveu 47 dias no mar dentro de um bote e logo em seguida acabou prisioneiro de guerra dos japoneses. Em companhia de outros soldados capturados, ele é obrigado a passar pelas mais diferentes torturas no cativeiro, concebidas principalmente pelo cruel capitão Watanabe (Takamasa Ishihara).
Como bem se pode perceber pela sinopse acima, a vida de Zamperini oferece à produção uma grande variedade de clichês do gênero, sedutores a qualquer diretor iniciante e com bom orçamento. E é exatamente isso que ocorre aqui: Jolie segue sem pensar duas vezes o caminho mais óbvio na história, glorificando os esforços de Louis em se manter vivo, separando em bons e maus os personagens de acordo com o lado que estão na guerra e empregando altas doses de drama para fazer o espectador chorar com o sofrimento de seu protagonista.
Para obter essas lágrimas, a diretora conta com uma boa equipe técnica, mas não a sabe utilizar com propriedade. Enquanto a trilha sonora de Alexandre Desplat é incisiva demais e é levantada sem criatividade nos momentos mais dramáticos (algo bastante similar à trilha conduzida por John Williams em um certo Cavalo de Guerra), a fotografia de Roger Deakins soa genérica e fria ao tentar tirar dos esforços do personagem principal uma grandiosidade eloquente. O roteiro escrito por Richard LaGravanese, William Nicholson e os irmãos Coen, nesse ínterim, equivoca-se ao insistir no melodrama exagerado, empregado de forma infantil ao longo da narrativa.
Todos esses fatores em conjunto não levariam o filme muito longe, mas apenas relegariam o longa a se tornar uma produção mediana. O que de fato enfraquece a produção é a maneira fria com a qual Jolie e os roteiristas desenvolvem seu personagem principal, cuja persistência aparenta não possuir quaisquer objetivos. Invencível, claro, procura apresentar motivações (como a família ou o nacionalismo) para Zamperini continuar a sofrer em silêncio ao longo de sua projeção - e O'Connell decerto faz de tudo para imprimir estas em sua atuação -, mas falta a elas uma elaboração maior para que soem mais convincentes.
Salvo pelo bom trabalho da equipe de som e as cenas em alto-mar (que não chegam a ser geniais, mas pelo menos desempenham bem sua função), Invencível erra ao abordar sua história de maneira convencional e acreditar que pode criar emoção somente através da dor. Sem qualquer tipo de aprofundamento, os esforços de Louis Zamperini tornam-se enfadonhos para o público, que acaba assistindo as provações do protagonista mais por uma curiosidade mórbida e menos por se importar com o personagem.
Nota:4/10
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