quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Crítica: X-Men - A Batalha do Átomo

O primeiro grande ápice dos mutantes na Nova Marvel

Por Pedro Strazza

Desde que assumiu o controle criativo dos X-Men, Brian Michael Bendis resolveu pirar de vez na viagem do tempo. E isso não é ruim. Ao invés de seguir o péssimo caminho feito em A Era de Ultron, Bendis foi mais específico em seus objetivos com o recurso narrativo ao trazer para o presente a primeira formação dos mutantes de Charles Xavier. O conflito estabelecido pelo roteirista aqui, afinal, é bastante cabível ao momento vivido, e parte de um motivo puramente ideológico: os membros originais dos X-Men são deslocados no tempo pelo Fera para tentar convencer o Ciclope dos dias de hoje a desistir de sua empreitada revolucionária.
A maneira como Bendis conduziu a trama das duas séries principais dos mutantes, porém, é até o momento o grande diferencial de sua fase nestes títulos. Novíssimos X-Men e Fabulosos X-Men se tornaram nas mãos do escritor uma coisa só, abordando uma mesma história sob pontos de vista diferentes, e ele contorceu os eventos e fatos retratados de tal forma que quando começa A Batalha do Átomo, a primeira grande saga dos filhos do átomo sob comando de Bendis, é quase impossível iniciar sua leitura sem ter lido algumas das edições anteriores - algo que faria um certo Chris Claremont abrir um largo sorriso em seu rosto.
E para quem leu todo o início da passagem do roteirista de Dinastia M, o evento comemorativo dos 50 anos dos mutantes soa como o primeiro grande ápice da "era" Bendis. Isso porque todas as características do escritor nos X-Men são elevadas ao grau máximo por ele para contar a complicada, mas divertida trama. Com o auxílio de Jason Aaron (outro que recentemente soube se utilizar do conceito de viagem no tempo para escrever uma boa história) e Brian Wood, o roteiro de A Batalha do Átomo coloca nada menos que três gerações de homo sapiens superior em rota de choque: os do presente, divididos ainda em duas facções; os já mencionados do passado; e os do futuro, que chegam ao nosso tempo para mandar os do passado de volta à sua época.
Em mãos novatas essa salada temporal pode sem esforço algum cair na chatice modorrenta, mas Bendis e sua equipe criativa tornam-a muito divertida com o simples recurso do humor. Bem dosado à trama, a comédia é usada pelos próprios personagens para evidenciar várias vezes o ridículo absurdo mostrado nas páginas da saga, em frases como "É sério que no futuro eu virei esse monstro sem cérebro" ou "Nossa, é você que vira a Fênix?". E mesmo que às vezes ele pese um pouco na narrativa (os quatro Homens de Gelo parecem não exibir outra função que a de alívio cômico, por exemplo), a leitura da aventura com isso torna-se mais prazerosa e agradável, e funciona para estabelecer o seu tom.
Sim, são quatro Homens de Gelo que lutam ao centro!
Mas quando é pra partir pro soco o roteiro o faz com primor. Com uma identidade visual colorida e bem delineada pelos artistas envolvidos - que inclusive parecem alinhar seus estilos nesse processo -, Bendis, Aaron e Wood conduzem as ações dos heróis para brigas sempre justificadas e estabelecidas em terrenos amplos, e os desenhistas Frank Cho, Stuart Immonen, Chris Bachalo, David Lopez e Giuseppe Camuncoli, por sua vez, enchem as páginas com cores berrantes e ilustrações lindas, que não poluem a visão do leitor e traduzem o épico almejado pelo roteiro.
Em sua totalidade, A Batalha do Átomo é mais um trabalho bem sucedido na carreira de Bendis. Ainda que apele sem vergonha alguma a soluções rápidas e trapaças de roteiro calculadas, é uma saga que não tem medo de admitir o exagero tomado na linha temporal e consegue trazer à tona várias das características e histórias marcantes aos X-Men em seus primeiros 50 anos de existência. Traz mais Bendis, pois a gente quer!

Nota: 8/10

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