quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Crítica: Paul McCartney - Out There! (São Paulo)

Sir Paul McCartney entrega performance brilhante para fãs e perdidos presentes ao Allianz Parque

Por Guilherme Umeda

Óbvio que os ingressos estavam esgotados. Óbvio que os produtos dentro do (belíssimo, diga-se de passagem) novo estádio do Palmeiras eram caríssimos. Óbvio que o show em cima do palco foi sensacional.
Vamos pular as obviedades. Isso tudo você vai ler em todos os portais que noticiarem sobre o show por aí. Vamos falar, pelo menos agora no começo, do que chocou no show do dia 25 de novembro.
Este humilde (e belo, alto, forte, sensual) cidadão que vos escreve acompanhou o show do meio da pista comum, de entrada pelo portão C da arena – tenho, por experiência, a convicção de que o melhor lugar para se ver um show é da pista. Ali, a atmosfera de entusiasmo costuma ter seu ápice.
Daí a minha decepção. Os espectadores da pista comum (não tenho como avaliar como estava a situação nos outros setores) foram, pra dizer o mínimo, parados.
Entendo que a idade da maioria das pessoas que me cercavam ali (só dava tiozão) não permitia pulos incessantes. Mas, não acho que a idade era o maior empecilho para a animação.
Um show como o de Sir Paul McCartney empolga, obviamente, os fãs do artista, mas, também, empolga quem busca status. A impressão que me preenchia a cabeça era a de que mais da metade das pessoas ali não eram fãs do Paul, mas adoram ver os likes do Instagram bombando.
Pela primeira vez, segurei o grito em um show por vergonha, medo de ser taxado de louco.
Enfim, a plateia foi frustrante.
Mas, vamos falar de coisa boa. Vamos falar do que rolou em cima do palco. (viram? Resisti a fazer a piadinha da Tek Pix! Estou me policiando)
Paulinho realmente não decepciona.
A setlist não foi muito diferente do que se imaginava. A primeira música já foi um prelúdio do que seria o show: “Eight Days a Week”, Beatles! Beatles! Beatles!
Porém, não só de Beatles (Beatles! Beatles! Beatles!) foi feita a noite. Com a genialidade que lhe é costumeira, Paul soube mesclar os sons do lendário quarteto com os sucessos da carreira solo. “Band on The Run”, “Maybe I’m Amazed” e “Let Me Roll It” (lançamentos solo), por exemplo, figuram na lista de pontos altos do concerto.
Aí dizer que “All My Loving”, “Yesterday”, “Helter Skelter”, “Let It Be” e “Eleanor Rigby” também estão nessa lista é desnecessário, né?
Também não é preciso dizer que “Live And Let Die”, “Hey Jude” e “Ob-La-Di Ob-La-Da” entraram na relação de melhores momentos. Porém, essas três merecem menção honrosa.
“Live And Let Die” veio acompanhada de um show pirotécnico de encher os olhos e arrepiar os cabelinhos da nuca; “Ob-La-Di Ob-La-Da” foi a melhor da noite, graças ao entusiasmo de Paul ao cantá-la e aos vários balões que a galera da pista PREMIUM (notem que não elogio ninguém da pista comum) encheu e começou a jogar para o alto durante a música; e, quanto a “Hey Jude”, apenas digo: NA NA NA NA NA NA NA NA NA HEEEY JUUUUDE.
Ao todo, Macca tocou 39 músicas durante 2h40 de apresentação. Dito isso, para encerrar por aqui o texto, duas coisas TÊM que ser ditas.
Primeiro: mais do que um artista genial, sensacional, Paul (junto com sua equipe) mostrou que é um perfeito engenheiro: a construção da apresentação foi absolutamente brilhante. A alternância entre momentos agitados e lentos; as idas ao piano e o uso do violão acústico aconteceram várias vezes, dando o fôlego perfeito entre uma série de músicas mais agitadas e outra. Fez as emoções ondularem.
Segundo: em NENHUM dos 160 minutos de show Sir McCartney demonstrou cansaço, mau humor ou algo do tipo. Muito pelo contrário. O exato oposto dos indivíduos na pista comum, ele se mostrou feliz por estar ali. Dançou, conversou em português (mandou até um “É nóis!”), fez caras e bocas, rebolou, fez doce para tocar mais... Foi um fofo! O tiozão mais legal do mundo.

Tudo isso de um senhor de 71 anos. De fato, a idade não era desculpa para os energúmenos da pista comum. Espetáculo inesquecível.

Setlist

1. Eight Days a Week
2. Save Us
3. All My Loving
4. Listen to What the Man Said
5. Let Me Roll It
6. Paperback Writer
7. My Valentine
8. Nineteen Hundred and Eighty-Five
9. The Long and Winding Road
10. Maybe I’m Amazed
11. I’ve Just Seen a Face
12. We Can Work It Out
13. Another Day
14. And I Love Her
15. Blackbird
16. Here Today
17. New
18. Queenie Eye
19. Lady Madonna
20. All Together Now
21. Lovely Rita
22. Everybody Out There
23. Eleanor Rigby
24. Being for the Benefit of Mr. Kite!
25. Something
26. Ob-La-Di, Ob-La-Da
27. Band on the Run
28. Back in the U.S.S.R.
29. Let It Be
30. Live and Let Die
31. Hey Jude
  • Primeiro bis:

32. Day Tripper
33. Hi, Hi, Hi
34. I Saw Her Standing There
  • Segundo bis:

35. Yesterday
36. Helter Skelter
37. Golden Slumbers
38. Carry That Weight
39. The End

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