Novo disco de Dave Grohl e seus bluecaps justifica todo o alvoroço do pré-lançamento
Por Guilherme Umeda
Dave Grohl (eu o chamo de Davinho), meu parça há muito
tempo concordou em me passar todas as músicas do Sonic Highways por mensagem de voz no whats (Se mordam de inveja
das minhas amizades, haters), contanto que eu escrevesse um texto sobre o álbum.
Portanto, como sou um homem de palavra, presenteio você, caro leitor, com essas
belas palavras.
Entretanto, antes de falar sobre o disco em si, acho
válido um pouco de contexto.
Sonic
Highways é o oitavo álbum de estúdio do Foo Fighters (FF) e chega
às mãos dos fãs após quatro anos de silêncio desde o lançamento de Wasting Light.
É óbvio que qualquer álbum dos FF já causaria ansiedade
no público fã de rock, mas a aproximação do lançamento deste causou uma
histeria a mais. E não por acaso.
A declaração dada por Grohl (Davinho) em entrevista à
revista New Music Express (NME), em que dizia que “Sonic Highways é o mais
perfeito que podemos ser”, foi um fator que esquentou ainda mais os fãs. Mas
não foi o único.
O incomum processo de composição das oito faixas que
compõem o álbum ganhou espaço na programação do canal HBO. A série, que leva o
mesmo nome do disco, acompanha a banda numa viagem pelos EUA, contando como
cada faixa do Sonic foi escrita.
Sonic
Highways, de fato, merecia uma série de TV. Para compor as oito
faixas que compõem o álbum, a banda viajou por oito cidades (Austin, Chicago,
Los Angeles, Nashville, New Orleans, Nova Iorque, Seattle e Washington) e, em
cada uma delas, escreveram uma das músicas. Não é a toa que o disco foi chamado
pela NME de “uma carta de amor à música americana”.
Além da série na HBO e das entrevistas de Grohl, o Foo
Fighters passou uma semana se apresentando todas as noites no Late Show With David Letterman (o
Programa do Jô original), como forma de promover o álbum. Abaixo você pode ver
o vídeo da entrevista de Dave Grohl no programa em uma dessas cinco noites,
onde ele conta um pouco mais sobre o processo de composição para o Sonic - e, de quebra, ainda tem o FF
tocando “War Pigs”, do Black Sabbath, com Zack Brown no fim do vídeo.
Pois bem, chega de contexto. Vamos ao disco.
Em todas as faixas o virtuosismo que Davinho sempre teve
para casar letra e música se faz presente.
Não há nenhuma faixa que destoe muito do padrão de
qualidade (alto, diga-se de passagem) estabelecido logo de início pela primeira
faixa, “Something From Nothing”. Pelo contrário, logo na faixa seguinte, o
padrão é superado com “The Feast and The
Famine”.
Essas duas faixas, além de já serem uma amostra da
satisfação que o ouvinte irá encontrar também nas outras seis músicas, também
são prelúdio da pegada firme que dá o tom ao álbum. Se trata, sim, de “fist bumping rock n’ roll” do início ao
fim.
Porém, é possível (se você, caro leitor, for uma pessoa
chata como quem vos fala) encontrar falhas em Sonic Highways. A principal delas talvez seja a penúltima música,
“Subterranean”. Ela é a que chega mais perto de quebrar a vibe do disco. Não
por ser uma música ruim – longe disso – mas é um pouco incerta, talvez errante:
parece não saber ao certo se é uma balada ou não.
Como dito antes, o álbum é bem marcado por músicas
rápidas e pesadas. Mas uma balada seria muito bem vinda, principalmente naquele
momento mais para o final do disco, justamente por ser aquela hora pra
descansar os ouvidos um pouco. Daí a crise com a indecisão de “Subterranean”.
Entretanto, a carência de uma balada seria sanada logo em
seguida com “I Am a River”, a última faixa do disco. Esta sim, mais decidida
quanto à sua personalidade, se apresenta de forma belíssima e encerra a
experiência que é Sonic Highways de
forma quase perfeita.
Dentre as oito músicas, há três que merecem menção
honrosa.
Primeiro, “The Feast
and The Famine”. É a música do álbum que vai garantir o
momento “lose your mind” nos shows do FF. O refrão é o mais explosivo do álbum
e o ritmo é feito para pular e gritar enquanto se ouve.
Depois, “Outside”. Nesta, o lado instrumental chama
atenção. As guitarras foram arranjadas de forma belíssima e o solo mais para o
final é aquele momento para fechar os olhos, encostar a cabeça no travesseiro e
curtir. Se tivesse um refrão um pouco mais forte seria a melhor música do
álbum.
Esse título, no entanto, ficou com “In The Clear” (na
modesta opinião deste mero mensageiro que vos fala). É o melhor encaixe
letra/melodia do álbum. Consegue estabelecer uma continuidade no que é cantado
(uma ótima letra) que não deixa o ouvinte escapar. Muito disso pelas marcações
que Taylor Hawkins (bateria) faz nos pratos logo antes de Dave cantar o nome da
canção. Brilhante.
Sonic
Highways é mais pesado que o anterior dos FF, o Wasting Light, e tem menos momentos para
cantar junto (afinal, Wasting tinha
“Walk”, “Arlandria” e “These Days”). Porém, o mais recente me pareceu melhor no
conjunto. Talvez até por ter apenas 8 faixas (o anterior tinha 11), Sonic tenha se mostrado mais capaz de
manter o ouvinte “flutuando” numa só vibe durante o disco todo. Wasting tinha mais craques, mas Sonic é mais time.
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