segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Dica da Semana: Os Infiltrados

A caça aos ratos mais tensa do cinema

Por Pedro Strazza

Em 2007, quando foi anunciado o vencedor do Oscar de Melhor Diretor e um velhinho sorridente de 64 anos subiu ao palco para receber o prêmio, o público sabia que havia, naquele momento, algo a mais no ar. Além de felicidade e vitória, a cerimônia transmitia também um clima de justiça, pois aquele homem estava a pelo menos 30 anos esperando para receber esse troféu, produzindo nesse tempo vários filmes que se tornariam clássicos do cinema, incluindo o longa pelo qual concorria naquela noite.
O nome do diretor era Martin Scorsese, e Os Infiltrados o do longa.
Refilmagem de uma produção de Hong Kong, o filme apresenta todas as características de seu diretor já nos primeiros minutos, quando somos apresentados a Frank Costello (Jack Nicholson), chefe irlandês da máfia de Boston que adota um jovem Colin Sullivan (Matt Damon, na versão adulta) como protegido. O tempo passa, e logo descobrimos o porquê dessa atitude: o menino se forma com méritos na Academia de Polícia e em pouco tempo entra nos setores mais altos de investigação, se tornando um informante perfeito para Costello saber quais serão as ações da corporação contra ele.
Nesse meio tempo, o espectador também conhece Billy Costigan (Leonardo DiCaprio), outro recém-formado policial cuja família é bastante envolvida com a máfia e a criminalidade. Apesar disso, Costigan é um homem honesto, tornando-se assim a escolha perfeita para se infiltrar nesse mundo e fornecer a seus chefes (Mark Whalberg e Martin Sheen) as informações necessárias para derrubar Costello.
Esse clima de tensão é perfeito para que Scorsese explore com sua câmera os personagens e suas reações aos eventos que se desenrolam a partir daí. Principalmente em seus dois protagonistas - comparados o tempo todo a ratos -, que, infiltrados em seus mundos, temem o tempo todo da revelação de suas verdadeiras identidades e confiam apenas em seus verdadeiros chefes, que desempenham uma estranha figura paterna para eles. E a cada segundo passado a situação só piora para ambos os lados.
Mas para que o filme funcionasse, é necessária a presença de um elenco bem direcionado, e isso Scorsese como sempre faz com imensa tranquilidade. Não há em nenhum momento uma queda de qualidade nas atuações dos personagens, trazendo o público assim para dentro do longa. Destaques para Damon e DiCaprio, por darem o tom perfeito para os dois "ratos", e Nicholson, brilhando em sua primeira colaboração com o diretor.
Assim como em Os Bons Companheiros, Gangues de Nova York e Casino, o diretor mostra com esplendor a máfia e suas atividades. O diferencial desse Os Infiltrados, porém, é que Scorsese dessa vez faz questão de o tempo todo mostrar e comparar o funcionamento da polícia e da máfia para mostrar, no final que seus métodos e sistemas são bastante semelhantes em certas características, mas são seus objetivos que os diferenciam no final das contas.

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