sexta-feira, 26 de julho de 2013

Crítica: Wolverine - Imortal

Novo longa solo do personagem agrada e apronta o personagem para o próximo filme dos X-Men

Por Pedro Strazza


Dentre as mais variadas falhas da Fox com os direitos de X-Men, a pior de todas chama-se Wolverine. Após uma trilogia de altos e baixos - por onde os super-herois recomeçaram sua trajetória cinematográfica - com a equipe de Charles Xavier, a produtora resolveu explorar a história de Logan, o mutante mais famoso e conhecido de todos. Essa expansão, porém, empacou com X-Men Origens: Wolverine, intensamente massacrado pela crítica apesar de ter sido um sucesso de público.


Agora, quatro anos depois, fica claro que Wolverine - Imortal tem como objetivo maior resgatar a honra perdida do Carcaju, deixando sua história em ordem e pronta para o vindouro X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, onde a Fox promete organizar o confuso cânone da franquia nos cinemas. Para cumprir essa meta, os roteiristas Mark Bomback e Scott Frank resolveram adaptar o célebre arco de Chris Claremont e Frank Miller, onde Logan viaja para o Japão em busca de sua amada Mariko.

Mudanças e adaptações, porém, tem de ser feitas, e a trama deixa de lado o equilíbrio tênue entre a besta e o homem dentro do heroi para abordar a imortalidade do personagem. Após os eventos de X-Men 3: O Confronto Final (aqui referencial necessário para entender alguns momentos-chave do longa), Logan (Hugh Jackman) perdeu um ideal para lutar, vivendo nas frias florestas canadenses e atormentado em seus sonhos pela falecida Jean Grey (Famke Jassen). Tudo muda, porém, quando Yukio (Rila Fukushima) convida-o para ir ao Japão se despedir de seu chefe, salvo pelo mutante durante a II Guerra Mundial e que lhe oferece tirar o peso da vida eterna de suas costas.

Novos cenários, novos caminhos

Principal elemento da trama, o dilema de Logan entre aceitar a morte ou seguir em frente com a vida personifica-se muito bem nas figuras, respectivamente, de Jean e Mariko (Tao Okamoto). A paixão desenvolvida com a última é, por sinal, muito bem feita, ficando à altura dos quadrinhos. Agora neta de um empresário todo poderoso, a japonesa humaniza o canadense, conseguindo fazer com que o espectador não precise lembrar de fatos há tanto tempo ocorridos num longínquo (e esquecível) X-Men 3.

Palco de todo o filme, o ambiente japonês também merece bastante destaque. Além de vermos aquele ambiente de equilíbrio entre avanço tecnológico e tradição dos quadrinhos de Claremont e Miller ser bem adaptado, a Fox preocupou-se em respeitar ao máximo o Japão e sua língua, e quase todos os diálogos travados entre os nativos da ilha a língua japonesa é utilizada, criando uma maior realidade para Wolverine - Imortal.

Snikt!

Inicialmente meio fraca, a abordagem de uma das principais características de Wolverine aos poucos ganha contornos mais interessantes quando esta é inabilitada, deixando o heroi mais vulnerável e fraco. Sem o seu fator de cura avançado, Logan protagoniza cenas de ação que realmente tiram o fôlego e deixam o personagem mais apreensivo e cuidadoso. A ação em cima do trem-bala é o ápice de tudo isso, onde a velocidade furiosa do transporte dá espaço a um belo show de pancadaria entre o Carcaju e capangas da Yakuza.

Seja no roteiro ou na ação, todo esse desenvolvimento interessante e harmônico, porém, é desperdiçado no terceiro ato do filme, onde a evolução dos personagens até ali é jogado no lixo (principalmente Yukio, que começava a criar um drama para si) em prol de um encerramento hollywoodiano e pouco convincente. Os vilões cartunescos (Samurai de Prata, o que fizeram com ti!) e seus planos são todos explicados e situados em seus devidos lugares para o Wolverine tirar suas garras do bolso e criar cenas de ação bobas e dispensáveis.

Apesar de conseguir atingir seu objetivo e devolver dignidade ao personagem, Wolverine - Imortal não conseguiu ser o filme ideal e tão esperado para o personagem tal qual X-Men: Primeira Classe foi para a equipe mutante, mesmo chegando tão perto disso. O canadense, porém, ganha com o público uma nova chance, e, se Dias de um Futuro Esquecido realmente descontinuar a estragada linha do tempo de Bryan Singer, é bem provável que seu próximo longa solo alcance essa meta e nos dê o Logan selvagem e humano dos quadrinhos.

Nota: 7/10

0 comentários :

Postar um comentário