terça-feira, 6 de outubro de 2015

Primeiras Impressões: Star Wars 1/Darth Vader 1

Primeiras HQs da saga na Marvel sofrem com pouca liberdade e se rendem ao fan service instantâneo.

Por Pedro Strazza.

Enquanto HQs que inauguram o reinício dos quadrinhos de Star Wars na Marvel, as revistas Star Wars e Darth Vader mostram em suas respectivas primeiras edições uma forte inclinação a repetir em suas páginas o que deu certo no cinema. É uma estratégia nada desonrosa e até eficaz dado seu objetivo, claro, mas é inegável o leve gosto amargo que permeiam as duas histórias, principalmente se considerarmos os nomes envolvidos no lado criativo.

Bastante conectadas entre si, ambas as séries se passam logo após aos eventos vistos em Uma Nova Esperança, cada uma se dedicando a um dos lados da guerra. Nas páginas de Star Wars, o roteiro escrito por Jason Aaron com arte de John Cassaday segue os heróis liderados por Luke Skywalker e suas ações para minar o poder do Império, aqui uma invasão em uma das bases imperiais; nas de Darth Vader, a história de Kieron Gillen ilustrada por Salvador Larroca acompanha o momento passado pelo grande vilão da saga após a destruição da Estrela da Morte, que faz com que seu relacionamento com o Imperador entre em crise. O ponto de união entre as duas são as negociações das forças imperiais com Jabba, interrompidas pelos Rebeldes na primeira e realizada de fato na segunda.

Essa intimidade entre as tramas, porém, não é o único ponto na qual as duas coincidem. Seja no roteiro ou no desenho, é visível em Darth Vader e Star Wars o uso de estruturas que prezem pelo fan service, muitas vezes forçado para agradar a qualquer tipo de fã da franquia: os diálogos recheados de referências, as locações conhecidas (o palácio de Jabba em Vader, os corredores vazios em Star Wars), a verossimilhança com a realidade... tudo parece preso a diretrizes, o que impede os roteiristas de tentar criar algo a mais em cima dos personagens - embora Gillen, talvez com "maior" liberdade que Aaron para trabalhar, consiga encaixar na história de Vader um arco tímido de provação - e os artistas de se arriscar na representação. Inclusive chega a ser curioso que Larroca e Cassaday, donos de traços e visuais relativamente distintos, se assemelhem aqui na escolha de muitos ângulos e na própria opção pela maior fidelidade com o rosto dos atores.

Muito provavelmente encurraladas pela própria proposta de sua existência e a aparente rigidez com a qual a Disney e a Lucasfilm estão lidando com o rebootado universo expandido da saga (algo que deve estar se repetindo em Princesa Leia, a estrear no Brasil dentro da segunda edição de Darth Vader), as duas séries encontram no início uma grande dificuldade em lidar com a falta de mobilidade no criativo. Se considerarmos o potencial das duplas criativas, é bem provável que esse cenário mude e ambas as revistas se façam nas pequenas brechas dadas dentro da mitologia, mas para isso acontecer será necessário coragem e, óbvio, uma meta mais interessante que o prazer imediato.

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