quinta-feira, 16 de maio de 2013

Review: Arrow - 1° Temporada

Série sobre Arqueiro Verde melhora a imagem do canal e prova como quadrinhos e cinema tem tudo a ver

Não é de hoje que o CW é conhecido pela baixíssima qualidade. Casa de séries como The O.C., Gossip Girl e Beauty and the Beast, o canal afiliado da Warner Bros. sempre teve como público-alvo o adolescente (principalmente feminino), e, na ânsia de privilegiar a procura de atores com um "rostinho bonito" ao invés de bons roteiristas, entregou séries com forte apelo juvenil de gosto duvidoso. Apesar disso, a própria Warner autorizou em 2001 a produção de uma série baseada em um de seus produtos mais valiosos, a DC Comics. Assim criou-se Smallville, que seguiu o modelo CW de fazer episódios e virou o esqueleto no armário do Superman.
Dois anos depois do fim da série focada em Clark Kent, o canal volta a apostar em super-heróis, mas troca-se as aventuras cheias de poderes do último filho de Krypton pelo humano Oliver Queen, o Arqueiro Verde.
Com fortes bases na história em quadrinhos Green Arrow: Year One e na trilogia do Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan, a premissa de Arrow é relativamente simples: Após o naufrágio de seu navio e passar cinco anos desaparecido, o milionário Oliver Queen (Stephen Amell) é resgatado em uma ilha no meio do Pacífico e volta à sua cidade natal, Starling City, onde passa a caçar corruptos e bandidos marcados em um livro entregue por seu pai antes de morrer, afirmando que essas pessoas desapontaram a cidade.
A partir dessa trama Arrow começa a explorar três frentes bem distintas. No momento atual Oliver deve se readaptar à sociedade, familiares e amigos, bastante mudados (cada um à sua maneira) desde sua partida, e combater o crime de Starling City, enquanto que em flashbacks o espectador vê como o heroi evoluiu na ilha em meio a tramoias políticas perigosas. Cada uma dessas histórias é bem desenvolvida durante os episódios, mantendo o drama na medida certa e criando questionamentos interessantes ao público. Principalmente nos flashbacks, bem colocados e intrigantes.

Personagens bem desenvolvidos

O núcleo familiar também não desaponta. O retorno de Queen à família causa emoções diversas em seus parentes, e a cada episódio muda-se aos poucos esse comportamento. Os pontos altos desse desenvolvimento são o arrependimento de Thea (Willa Holland) de ter se tornado cópia do irmão e o conflito interno da matriarca Moira (Susanna Thompson) frente a proteção da família não importando as consequências.
Mas enquanto o drama familiar acerta em cheio, o amor desaponta. Por mais que se tente ignorar, é difícil acreditar nas decisões tomadas pelo triângulo amoroso formado por Oliver, Laurel Lance (Katie Cassidy) e Tommy Merlin (Colin Donnel), lembrando bastante o arroz e feijão costumeiro do CW. Principalmente o último, aparentemente esquecendo da rixa antiga com o pai para ficar batendo boca com o arqueiro. Felizmente o elenco de apoio composto pelo pai de Laurel (Paul Blackthorne), Felicity Smoke (Emily Bett Rickards) e John Diggle (David Ramsey) consegue desviar a atenção do espectador para o principal da série.
Toda o núcleo de ação da série é espetacular. Enquanto o plano maléfico criado pelo grande vilão Malcom Merlyn (John Barrowman, espetacular) é revelado a cada episódio, os casos da semana chamam a atenção do público e apresentam questões mais adultas, além de serem o chamariz ideal para grandes vilões do Universo DC serem apresentados (com origens bem diferentes da original). Tudo isso é acompanhado de um ritmo alucinante com boas doses de tensão.
Para os fãs de quadrinhos, o grande trunfo do CW são os easter-eggs. De nomes de ruas aos próprios vilões, Arrow cria um universo próprio baseado na mitologia da DC Comics. Exemplo disso é a criação de uma família para Oliver, que apesar de ter sido mais uma decisão do canal para atrair público encaixa-se perfeitamente no clima da série.
Mas a grande realização de Arrow não é a ação ou o drama ou ainda suas referências, e sim as suas reviravoltas. Em meio a tantas influências a série facilmente poderia se tornar um novelão bem cozinhado, mas o CW faz questão de fazer esta seu ponto fora da curva. Prova disso é seu final de temporada, inusitado e surpreendente, criando novos rumos para o seriado e forçando uma revolução de formato para a segunda temporada e para o próprio canal, que parece ter finalmente mudado seus objetivos em relação à qualidade. Nada mais justo, afinal, reinvenção já é um costume das histórias em quadrinhos a tempo!
Nota:8/10

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