Juventude eterna e aborrecida.
Por Pedro Strazza.
No caso de A Incrível História de Adaline, a opção é pelo primeiro caminho. Dirigido por Lee Toland Krieger, o filme conta a história de Adaline (Blake Lively), uma típica mãe dona-de-casa do início da década de XX que certo noite acaba sofrendo um acidente de carro e é atirada com o veículo para uma lagoa próxima. O que era pra ser uma trágica morte, porém, acaba por dar à moça de 29 anos a inexplicável condição de não conseguir mais envelhecer fisicamente, mantendo-a com a mesma aparência para sempre.
Daí em diante, o longa escrito por J. Mills Goodloe e Salvador Paskowitz opta por caminhos fáceis e usa das estruturas narrativas mais simples para estabelecê-la, o que chega a ser uma pena se considerarmos a rara posição na qual a protagonista se localiza. Presa no visual ao passado e incapaz de acompanhar os amigos e familiares, Adaline tem em mãos um problema denso de adequação ao mundo, mas ao primeiro sinal de perigo (representado pelo agente de autoridade mais óbvio e ao mesmo tempo mais incoerente possível, o FBI) ela opta por fugir de sua realidade e ganhar uma nova identidade - que, claro, não difere em nada da outra e só serve para seus fins mais rasos. Várias repetições desse processo depois, surge sem rodeios o interesse amoroso para chocar escapismo com coração, originando o conhecido conflito emocional dos filmes românticos.
A grande verdade é que o filme parece desaperceber o potencial da história que conta ou de sua personagem central, e essa situação piora quando se introduz o personagem interpretado por Harrison Ford, cuja complexidade relacional com Adaline é subaproveitada para fins simples. E isso não seria tão problemático se não fosse tão claro: Do triângulo formado entre Adaline, seu namorado e o papel do ator veterano se aproveita apenas o lado romântico, que busca unir dois personagens depois de uma tensão criada por um terceiro, e deixa-se para trás toda uma teia complexa e até edipiana às avessas de relações.
De resto, A Incrível História de Adaline funciona aos trancos e barrancos. De poucas atuações interessantes - Lively, coitada, tem todo o potencial da transformação gradual da protagonista reduzido aos cortes de cabelo - e com um final desenvolvido com pressa, o filme faz bem aquilo que busca, mas se perde por ter objetivos tão pequenos. Não à toa, a sensação que se dá é que a história seria muito mais intrigante se contada pelo lado de um coadjuvante, e não de sua protagonista.
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