Matthew Vaughn acerta na sátira dos espiões.
Por Alexandre Dias.
Kingsman:
Serviço Secreto não é um filme inédito. Já vimos organizações
que operam no escuro com os Homens de Preto,
espiões elegantes na gigantesca franquia de 007, ação frenética com Jason
Bourne e sapatos que não são apenas calçados na série de televisão do Agente
86. Nem por isso a nova produção do diretor Matthew Vaughn deixa de ser uma
novidade, pois quando estes elementos são combinados de maneira competente, temos
um resultado positivíssimo.
Há duas tramas que correm em paralelo: o treinamento de
Eggsy (Taron Egerton) para se tornar um agente Kingsman- a propósito,
construído por meio de cenas bem empolgantes- e o combate contra o vilão Valentine
(Samuel L. Jackson, ótimo). Ambas formam uma história louca de espionagem, que
funciona tanto na seriedade quanto na sátira.
No primeiro caso, podemos identificar em Galahad (Colin
Firth, esbanjando elegância) que cometeu um erro no passado, na própria jornada
pessoal (envolvendo também o drama familiar) do personagem de Egerton e, como
não podiam faltar, nas reviravoltas. Já a satirização acontece, principalmente,
pela ação violenta (pessoas partidas ao meio e dentes voando em câmera lenta
são alguns exemplos) e pela comédia (boas piadas, mas também pelo cômico
politicamente incorreto).
O roteiro recheado de clichês não compromete. Pelo
contrário, ele é até necessário, porque se permite que a loucura encaixe na
fórmula dos espiões. É possível exemplificar isso por meio do peculiar
antagonista que quer dominar o mundo e de sua assistente Gazelle (Sofia
Boutella), esta com lâminas no lugar das canelas para baixo. Ou mesmo pelos
equipamentos sofisticados da agência, que são óbvios, mas longe de serem
desinteressantes.
Kingsman
é
nostálgico, pois existe há tempos, porém conseguiu-se criar uma identidade
própria nesta junção de fatores já presentes no cinema. Portanto, não há
dúvidas de que os alfaiates espiões serão lembrados no mundo dos agentes
secretos, afinal, não é sempre que vemos Colin Firth chutando alguns traseiros.
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