Piloto dá esperanças, mas possui problemas demais
Por Pedro Strazza
Para abrir essa "temporada de estréias super-heróicas" temos Gotham, série da Fox que promete mostrar a cidade do título antes da chegada de seu mais conhecido cidadão - o Batman - e os primeiros anos de Jim Gordon (Ben McKenzie) na polícia do local. E se a princípio o homem-morcego não irá aparecer em nenhum episódio, no piloto pelo menos temos como tema o momento-chave para sua formação: O assassinato dos pais de um ainda jovem Bruce Wayne (David Mazouz).
Do famoso crime - que inclusive abre o episódio - a trama muda seu foco de imediato para Gordon, que acaba de chegar à cidade e, junto de seu novo parceiro Harvey Bullock (Donal Logue), recebe como primeiro caso o homicídio. Detetive honesto e incorruptível, o futuro comissário faz uma promessa ao recém-órfão Bruce de que irá capturar o responsável de toda a desgraça cometida, mas para isso terá de enfrentar toda a sujeira presente no sistema de Gotham City.
Deste ponto em diante, a série torna evidente no piloto suas primeiras virtudes e defeitos, mas pesa a mão nestes últimos. Isto porque Gotham, pelo menos no primeiro capítulo, apresenta uma inconveniente necessidade em deixar claro que tudo está conectado, um recurso de roteiro pouco eficiente quando em mãos pouco criativas - caso este da produção. Dessa forma, intercalam-se no episódio aparições dos mais diversos vilões conhecidos dos quadrinhos em posições relacionadas de alguma forma ao evento principal - o Charada (Cory Michael Smith) como especialista forense, a Mulher-Gato (Camren Bicondova) como uma testemunha do assassinato de Thomas e Marta Wayne, Hera Venenosa (Clare Foley) como filha do suspeito do crime, etc. - com relacionamentos enterrados no passado entre personagens completamente distintos, revelando uma tendência que no futuro pode cobrar o seu preço se não planejada desde o início.
Outra problemática grave aqui é o próprio protagonista. Manejado com canastrice por McKenzie, Gordon é apresentado pela série de forma bastante planificada, e carrega isso para suas interações com outros personagens - principalmente com Bruce, cuja relação é o ponto mais fraco do piloto por sua artificialidade pungente.
Há, porém, muito potencial em Gotham quando se tratando da máfia. O núcleo formado por Fish Mooney (Jada Pinkett Smith) e Carmine Falcone (John Doman) mostra que o seriado pode se tornar uma excelente obra de gênero por causa da notável rivalidade exercida entre os dois reinos de crime e os efeitos desta na cidade e sua força policial. E pelo destino dado ao Pinguim (Robin Taylor) no piloto, é bem possível que a dupla vire um trio em pouco tempo.
Com defeitos complicados a serem resolvidos, Gotham é em seu início uma série que se vende muita mais por suas possibilidades que seus elementos presentes. Os consertos, porém, terão que acontecer rapidamente, pois a esperança dos fãs do Cavaleiro das Trevas podem se esgotar antes do fim da primeira temporada se não recompensada em algum nível.
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