Filme catástrofe encanta pelos tornados, mas erra no roteiro e na direção
Por Pedro Strazza
Para No Olho do Tornado, o equívoco se deu no último aspecto. Com tantas câmeras sendo utilizadas por vários personagens ao mesmo tempo e com um evento visualmente interessante a ser mostrado, o filme catástrofe preocupa-se demais em justificar os planos que mostra e o porquê daqueles indivíduos estarem ali que quase se esquece dos tornados, o seu principal atrativo para o público e verdadeiro protagonista de todos os acontecimentos mostrados.
Seja na discussão dentro de uma van, seja no meio da ação, o diretor Steven Quale aparenta uma urgência desnecessária em evidenciar a todo o momento e sob as mais diferentes maneiras que a imagem disposta está sendo captada pela câmera de algum dos personagens. Não basta apenas, por exemplo, apresentar verbalmente o carro-tanque de filmagens; para o diretor, é necessário fazer uma introdução visual do veículo, utilizando-se no processo de todas as máquinas de filmar embutidas neste - além das usadas pela equipe caça-tornado.
A justificativa em demasia, porém, não se limita ao aspecto cenográfico da produção. O roteiro de John Swetnam procura planificar seus personagens como os clássicos filmes catástrofe faziam, mas acaba os superficializando de maneira grotesca, e em consequência enfraquece o desenvolvimento destes em suas respectivas tramas pessoais. Assim, o espectador não consegue se conectar aos dramas vividos por pais e filhos - note como o professor Gary (Richard Armitage) e a analista Allison (Sarah Wayne Callies) tem problemas de conexão com suas crias -, e os esforços de todos em sobreviver aos eventos mostrados não são valorizados de fato pelo público.
Mas se essa falha de desenvolvimento de personagens é grave para a narrativa do filme, ela estranhamente contribui para a catástrofe em si. Com efeitos visuais afiados e abusando de planos aéreos, o longa se diverte sem medo na destruição proporcionada pela "chuva" de tornados que ocorre na pequena cidade de Silverton - e como o espectador não se importa com os indivíduos mostrados, vira uma diversão saber como os fenômenos metereológicos afetarão o caminho desses até seus objetivos ou se eles sequer sairão da situação com vida.
Esse quesito, porém, é o único que agrada na produção. Sem equilíbrio no roteiro e na direção, No Olho do Tornado entretém apenas aqueles que entram no cinema pelo espetáculo visual e de impacto imediato. E isso não chega a ser incoerente, visto o destaque dado no filme aos que fazem de tudo para aparecer na internet e ter seus 15 minutos de fama alimentados pelo mesmo tipo de público que se deslumbra com o poder de uma força da natureza.
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