quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Cinema em 2014: As Bombas e Decepções

Os 15 filmes que só fizeram chorar

Por Pedro Strazza

Não é só de coisa boa que 2014 foi feito. Este ano, assim como em todos os outros, fomos em alguns momentos agraciados por cineastas e estúdios com obras imperfeitas e defeituosas, capazes de agregar em absolutamente nada com seu conteúdo pífio e de qualidade duvidosa, além de termos desperdiçado parte de nosso valioso tempo com produções que ficaram abaixo do esperado pelos nossos ardentes desejos. Fomos traídos em 2014 tanto pelo monstro da expectativa quanto pelos produtores, e isso doeu muito.
É pensando nisso que a segunda parte do especial de fim de ano do O Nerd Contra Ataca traz em união para você, caro leitor, tanto os dez piores filmes do ano quanto cinco de suas maiores decepções. O sentimento de tristeza não poderia ser maior, claro, mas é importante relembrar mesmo o lado ruim do cinema para que se possa aprender com seus erros, evitando assim que a história (e a nauseante sensação de desgosto) se repita no futuro cheio de esperanças à frente.
Como não há muito mistério na área B desta segunda parte - só elencar os filmes com piores notas no ano, duh -, vamos às regras das decepções: Além de lançado no Brasil em 2014, o longa precisa ter participado do preview que realizamos no começo do ano, ter sido avaliado em 7/10 ou menos por nossa equipe e não pode estar entre os 10 piores do ano (que vem logo a seguir).
Vamos às listas?

As grandes decepções

Não foi o bicho feio que todos nós imaginávamos ser (e a nota dada por aqui prova isso), mas ainda desapontou. E muito. Depois de um sofrível primeiro capítulo, o reboot mais rápido e desnecessário da história do cinema ganhou uma sequência de igual proporção, e mesmo esta tendo alguns pontos mais fortes - a química do casal protagonista, por exemplo -, é inegável a sensação de desgosto que veio ao acender das luzes. O Espetacular Homem-Aranha 2 provou acima de tudo que a Sony (principalmente o produtor Avi Arad) já não sabe o que fazer mais com uma de suas maiores franquias, e que chegou a hora de devolver o nosso querido Amigão da Vizinhança a seus donos originais.

  • Êxodo - Deuses e Reis

A vida não anda fácil para Ridley Scott já faz um bom tempo, porém nada - nem mesmo Prometheus - nos preparou para isso. Mesmo com a faca (a clássica história bíblica) e o queijo (o financiamento e o elenco) na mão, o cineasta outrora responsável por clássicos como Alien - O Oitavo Passageiro conseguiu fazer deste Êxodo um filme fraco, capaz de tornar aborrecido a vida de Moisés e sua atuação decisiva para libertar os hebreus do faraó Ramsés. A trajetória recente do diretor ganhou mais um ponto negativo, e agora temos pela frente uma sequência de Blade Runner. Ai...

Ok, a culpa aqui não foi somente do filme. Ainda que tenha diversos problemas, a interessante e ousada abordagem de Gareth Edwards com um dos montros mais conhecidos do cinema foi muito mais prejudicado por sua campanha de divulgação, que preferiu vender Godzilla como um novo Círculo de Fogo. O público foi ao cinema querendo ver porrada, mas recebeu uma análise diferente do gênero em troca. Uma péssima troca, diga-se de passagem.

É uma tarefa complicada essa de ser gênio em tudo, e vez ou outra se erra. Quem tropeçou feio em 2014 foi o endeusado Christopher Nolan, que depois de uma incrível sequência de excelentes filmes fez este Interestelar, uma ficção-científica boa com muitos problemas de roteiro e excessos de direção. Em Nolan nós ainda confiamos, mas depois de 2014 temos agora um pé no chão. 

Como superar o maior clássico de Paul Verhoeven? Como reinventar um dos grandes ícones cinematográficos dos anos 80? Foram duas tarefas de fato inalcançáveis que o brasileiro José Padilha aceitou tentar cumprir ao aceitar dirigir o remake de Robocop, e em alguns momentos do filme ele até conseguiu almejar tais feitos. O problema é que o trabalho era impossível, ainda mais com o estúdio em cima de seu cangote. Ainda assim, Robocop não fez feio, mesmo sendo uma obra a ser esquecida pelo tempo.

Os piores de 2014

10°) A Menina que Roubava Livros

De melodrama o cinema está cheio, é verdade, mas tem vezes que não dá pra conviver com ele, como é o caso deste A Menina Que Roubava Livros. Aborrecido do começo ao fim, a adaptação de um dos grandes best-sellers literários recentes peca pela falta de coragem em sua abordagem diferente de um tema batido na telona, e seu resultado é uma sequência sem fim de eventos que mais fazem chorar por sua falta de originalidade que pela própria tragédia apresentada em cena. Pra piorar, ainda inventaram de tentar seguir a tática Peter Jackson de múltiplos finais, e isso só resultou em risos involuntários.

9°) Ouija - O Jogo dos Espíritos

A Platinum Dunes e a Hasbro pelo jeito tomaram como missão acabar com a memória que temos de todos os clássicos brinquedos infantis através de toscas adaptações cinematográficas. A última vítima deste projeto maléfico foi o tabuleiro Ouija, que na mão do diretor estreante Stiles White ganhou vida e se transformou em um elo de ligação entre nosso mundo e o dos espíritos. E se na teoria essa ideia já cheira mal, na prática ela só piora. Previsível do começo ao fim, O Jogo dos Espíritos não aterroriza nem diverte, e resta aos seus 90 minutos apenas tédio, tédio e mais tédio...

8°) Malévola

Antes de mais nada, Angelina Jolie está sim de parabéns por sua performance como Malévola. Seu trabalho de transformação no mais icônico vilão das animações da Disney merece uma boa salva de palmas. Sua atuação, porém, está muito à frente do filme que protagoniza. As boas ideias de Malévola são desperdiçadas pelo roteiro fraco, que ainda sai prejudicado por sua falta de competência em conceber um universo minimamente original ou sequer belo para essa reinterpretação da história da Bela Adormecida.

7°) Transformers 4 - A Era da Extinção

Um é ok, dois já deu, três foi mais que demais... A cada novo capítulo, a franquia Transformers distancia-se cada vez mais da definição de "qualidade" ou de "bom filme", e em A Era da Extinção não é diferente. Michael Bay, que à princípio pensou em entregar a direção deste quarto longa para outra pessoa, faz neste reboot-só-que-não seu habitual e incompreensível show de pores do Sol, câmeras girando e, claro, explosões para filmar mais pancadaria entre robôs, agora com Mark Whalberg (o "cientista") gritando ao fundo para todo mundo correr... para bem longe do cinema.

6°) Drácula - A História Nunca Contada

A mais nova tentativa da Universal em trazer de volta sua franquia de monstros trouxe uma proposta interessante: Tentar conceber um universo onde todas as clássicas criaturas coexistam para no futuro reuni-los em um filme. A ideia "marvelesca" do estúdio, entretanto, naufraga de forma vergonhosa já em seu primeiro capítulo, que não só reformula Drácula como um herói de ação (ugh) como também entrega um dos piores filmes sobre o personagem. De bom só o misterioso monstro interpretado por Charles Dance, e ele aparece o que, umas duas vezes?

5°) November Man - Um Espião Nunca Morre

Não é qualquer um que pode ser Sean Connery na vida pós-James Bond, e Pierce Brosnan tem sofrido bastante com essa síndrome. Prova disso é esse seu retorno aos longas de espionagem, que erra não somente por querer ver seu protagonista longe de comparações com 007, mas por entregar uma história entediante e entupida de clichês. E ainda tem a Olga Kurylenko ali no canto, repetindo seu papel de Quantum of Solace numa cara de pau absurda. 

4°) As Tartarugas Ninja

O visual era bacana, as tartarugas pareciam estar sensacionais, Michael Bay não era o diretor... o que deu errado? Muita coisa, pra falar a verdade. Além de focar todas as atenções nas curvas da April O'Neil de Megan Fox e contar com cenas de ação mal feitas, o recomeço dos quelônios no cinema errou feio ao forçar conexões entre fatos e situações distantes entre si, ocasionando incoerências absurdas em seu roteiro estúpido. A pergunta agora é: Será que na continuação alguma coisa vai melhorar?

3°) 300 - A Ascensão do Império

Da série "sequências desnecessárias", a continuação do ótimo épico visual de 2007 é um desastre absoluto. Sem Zack Snyder e seus fetiches na direção, A Ascensão do Império vira uma colagem mal feita de cenas de zero plasticidade, coordenadas por um Noam Murro (no estômago...) que tenta desesperado encaixar o maior número de slow-motions possíveis sem cuidado para agradar à força os fãs do primeiro capítulo. A trama, por outro lado, não esconde de ninguém sua falta de sentido, e trabalha mal até mesmo a figura de Artemisia, o único ponto levemente positivo desta produção destinada de imediato ao esquecimento.

2°) À Procura

Há leves indícios de que a produção comandada por Atom Egoyan tentou reformular em À Procura o subgênero dos filmes de sequestro, mas elas logo desaparecem em meio ao festival de problemas apresentado. Ainda que possua um elenco esforçado (Ryan Reynolds, quem diria, tentou atuar bem) e uma trama interessante, o filme se desperdiça em generalizações e reviravoltas sem nexo, geradas por um roteiro sem foco ou atenção. Estamos procurando o motivo para esse longa ter sido feito, e por enquanto não o encontramos.
E o pior filme do ano é...

1°) Transcendence - A Revolução

Em um ano em que a relação entre tecnologia e relacionamentos foi bastante explorada em vários meios, é duro ver uma ideia tão promissora sobre o assunto ser jogada do precipício mais alto e sofrer uma morte tão horrível. Incapaz de funcionar como ficção-científica ou diversão superficial, Transcendence é um filme lento, bobo e muito problemático em todos os seus aspectos, técnicos ou criativos. O consagrado diretor de fotografia Wally Pfister fez uma péssima estréia no comando geral, e Johnny Depp acrescentou mais um longa à sua recente má fase.

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