Reese Whiterspoon tenta, mas não consegue salvar filme de seu diretor
Por Pedro Strazza
Depois de vermos atores como Tom Hanks, James Franco e Robert Redford se aventurarem sozinhos nessas histórias de superação própria em meio à iminente morte, é a hora de Reese Whiterspoon provar que também consegue fazer parte deste grupo de sobreviventes - ou morrer tentando, pelo menos. Em Livre, a atriz ganhadora do Oscar interpreta Cheryl Strayed, uma mulher que resolve percorrer a Pacific Crest Trail, uma das trilhas mais difíceis dos Estados Unidos, em homenagem à sua falecida mãe (Laura Dern), ao qual glorifica como modelo de vida. Solitária nesta jornada, ela terá de enfrentar perigos e obstáculos complicados, como comida fria, cobras, montanhas, botas pequenas e...
...uma produção de gosto duvidoso. Conduzido pelo diretor Jean-Marc Vallée, o filme - que é baseado em fatos reais - parece querer impedir o espectador de se conectar com sua protagonista em seu duro caminho trilhado, através dos inúmeros personagens secundários (e terciários, quartenários, etc.), que aparecem para socorrê-la nos momentos mais difíceis, ou da desequilibrada montagem de Martin Pensa e do próprio Vallée, que além de uma voz da consciência realiza cortes rápidos para flashbacks e sonhos muitas vezes desnecessários. Desta forma, a jornada empreendida por Cheryl torna-se rapidamente uma chatice previsível, já que seus maiores desafios quase sempre serão solucionados por outro.
Mas se a direção é equivocada, a atuação de Whiterspoon é eficiente. Quando não está sendo prejudicada por seu diretor ou pelo roteirista Nick Hornby, a atriz entrega à Strayed uma personalidade tocante, capaz de nos poucos momentos disponíveis realizar o movimento de aproximação com o espectador. E Reese faz isso com sutilezas interessantes, a exemplo de sua relação com a gigantesca mala que carrega em suas costas - um simbolismo convincente para os problemas em sua vida - ou de seu relacionamento com sua mãe, bem trabalhada na mão de Dern.
A relação maternal e o trabalho do elenco principal não escondem do filme suas fraquezas, porém. A mão de Vallée, tão boa em Clube de Compras Dallas, pesa muito mal para o longa, que aqui e ali encontra respiros e momentos mais dignos. E paara um filme intitulado Livre, é irônico que falte a solidão e a sobrevivência características deste perfil.
Nota: 4/10
Crítica parte da cobertura da 38° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2014)
0 comentários :
Postar um comentário