Vampiro vira super-herói na história que nunca deveria ter sido contada
Por Pedro Strazza
O sucesso da Marvel Studios em conceber um universo lucrativo nos cinemas levou a Universal, entretanto, a repensar o planejamento. Querendo uma mínima parcela do sucesso da empresa dona dos Vingadores, o estúdio resolveu tomar como base sua concorrente e transformar a sua franquia em um universo de monstros, de forma a potencializar o sucesso financeiro destes. E o primeiro capítulo desta nova fase das criaturas é Drácula - A História Nunca Contada, centrada justamente no famoso vampiro de Bram Stoker e sua origem.
O estúdio acreditou mesmo, porém, que o formato cinematográfico dos heróis da Marvel poderia ser aplicado passo a passo em qualquer tipo de gênero, e logo no início de seu universo cometeu um erro básico. Interpretado por um dedicado Luke Evans, o Drácula dessa história emana quase sempre os valores e características típicas de um herói dos quadrinhos, mas nunca o perfil do personagem original. Assim, sai de cena o vampiro sedutor e mortal, e entra o homem vítima dos acontecimentos à sua volta e que tenta ser bom da melhor maneira possível.
O roteiro de Matt Sazama e Burk Sharpless também sofre muito dessa interpretação superficial. A visão da guerra e das afetadas por ela, um dos temas centrais da trama, é rasa e prejudicada por metáforas óbvias - "Vocês marcharão sob meu comando com a visão obscurecida" diz em certo momento o vilão Mehmed (Dominic Cooper) -, e o arco trilhado pelo protagonista no longa carece de melhor formatação e execução. Em linhas gerais, o filme dá impressão de que Vlad Tepes (o futuro Drácula), mesmo insistindo no contrário, governe não por seu povo, mas por sua mulher (Sarah Gadon) e seu filho (Art Parkinson).
Ainda dirigido sem imaginação por Gary Shore nas cenas de ação e com um clímax perdido e sem nexo, este Drácula - A História Nunca Contada acrescenta nada novo e interessante ao vampiro mais famoso de todos e sua história. O potencial do universo iniciado, por outro lado, é visível no personagem de Charles Dance, que entre frases de efeito clichê e ações supostamente tenebrosas dá um caminho curioso para os monstros da Universal. Isso, pelo menos, se o estúdio der mesmo continuidade a seu projeto.
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