Falta conteúdo na aventura solo dos ajudantes de Gru.
Por Pedro Strazza.
O caminho da Illumination Entertainment nestes seus primeiros anos tem sido instável. Fundada em 2007, o estúdio de animação parceiro da Universal mostrou-se promissor com Meu Malvado Favorito, seu adorável filme de estreia, mas não conseguiu repetir o mesmo feito com seus trabalhos seguintes. A bem da verdade, a empresa sugere a cada nova produção estar mais interessada no lucro comercial - tarefa esta bem executada, a exemplo dos resultados de bilheteria de Meu Malvado Favorito 2 - que entregar produtos mais significativos, como bem indica a dominância de protagonistas exageradamente fofos em seus longa-metragens.
Nenhum deles alcançou, porém, o sucesso de público dos Minions, que encheram os cofres do estúdio como coadjuvantes nas aventuras protagonizadas pelo vilão Gru e agora ganham um filme de origem próprio. Dirigido por Kyle Balda e Pierre Coffin, a trama segue a trajetória dos pequenos seres amarelos antes de conhecer seu atual mestre, indo de seu estado embrionário até os anos sessenta, e foca em sua missão de servir a criatura mais diabólica possível. Seus esforços em cumprir tal tarefa, entretanto, acabam por os levar ao exílio e sem ninguém para lhes dar ordens, e os minions Kevin, Stuart e Bob se voluntariam para encontrar um novo líder.
O que se busca nessa separação dos três de seu bando é simples, mas difícil de ser executado. Além de criar protagonistas de fácil identificação para sua jornada (é muito mais fácil usar apenas alguns minions ao invés de todos), o roteirista Brian Lynch procura diminuir dos personagens o seu caráter único de alívio cômico, presente desde o primeiro Meu Malvado Favorito e mantida intacta na sequência. A uniformidade das criaturas, até então uma vantagem para os realizadores, torna-se um obstáculo no derivado, que quer justamente diferenciar um dos outros para conseguir contar uma história.
A medida chega a servir seus propósitos em alguns momentos, mas não se faz plena pela própria necessidade da trama em entregar comédia (aqui com poucos altos e muitos baixos) com regularidade. Enquanto os três principais se divertem com os costumes e hábitos da Inglaterra dos anos sessenta, os outros minions continuam a funcionar como muleta de humor em suas aventuras próprias, e a trama acaba esvaziada. É perceptível em Minions a falta de um real protagonista que seja capaz de guiar a história e todo o seu humor em um arco pessoal, coisa que Kevin, Stuart e Bob não conseguem por ainda estarem ligados à sua origem criativa.
Por outro lado, o filme também perde por não possuir um antagonista minimamente interessante. Como Victor Perkins e El Macho, Scarlett Overkill (Sandra Bullock no original, Adriana Esteves na versão dublada) e seu namorado Herb (Jon Hamn/Vladimir Brichta) são vilões pouco convincentes, que falham tanto para criar oposição aos mocinhos como para entregar boas cenas de humor. E no caso de Overkill as coisas desandam ainda mais pelo seu contexto de formação, apoiado em valores moralistas demais para uma franquia que prega a inocência.
Dessa forma, Minions se firma em uma posição não muito favorável. Apesar de ser mais honesto que seu antecessor na questão do humor (os minions pelo menos desta vez assumem terem se tornado figuras centrais), o derivado está longe de encantar na mesma proporção que o primeiro Meu Malvado Favorito, se rendendo demais ao propósito financeiro de sua produção. E embora as situações vividas pelos seres amarelos crie alguns sorriso aqui e ali, a sensação de "faltar algo" expressada pelo próprios personagens ao longo da narrativa se reflete de maneira inequívoca no público ao assistir suas aventuras. Uma pena.
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