domingo, 16 de março de 2014

Primeiras Impressões: Constantine

Apesar de tropeços, série é um bom começo para mago na DC Comics

Por Pedro Strazza

John Constantine sempre foi e sempre será um personagem da Vertigo. Criado como personagem coadjuvante das histórias do Monstro do Pântano em 1985, o mago inglês rapidamente ganhou, três anos depois, o título próprio John Constantine: Hellblazer que, assumida pelo selo em 1993, se tornaria a série mais longeva da Vertigo, contando com 300 edições. Não bastasse essa quantidade absurda de histórias, a revista teve, entre seus roteiristas, autores de alta qualidade como Jamie Delano, Garth Ennis, Brian Azzarello e Warren Ellis, responsáveis por manter o título tão bem por tantos anos.
Hellblazer, entretanto, teve um triste fim em novembro de 2012, quando a DC Comics resolveu unir o mago de vez a seu universo recém-rebootado dos Novos 52 - onde ele já vinha aparecendo com a Liga da Justiça Dark - e cancelou a série para poder publicar as aventuras de John sob sua responsabilidade. Intitulada Constantine, essa nova revista do amado personagem místico mantém alguns dos atributos vistos antes na Vertigo, mas altera outros para poder encaixar o mago no mundo onde coexiste com Batman e Superman.
Dessas mudanças, a mais clara é o aspecto heroico (anti-heroico, para ser mais específico) criado em Constantine. Mesmo mantendo aqui bastante de seu lado egoísta e trambiqueiro, o mago ganha agora uma consciência de que precisa fazer o certo não importando o ganho, representado na primeira edição pela procura às peças da bússola de Croydon, artefato capaz de encontrar qualquer objeto místico existente e escondido e pelo qual ele não apresenta nenhum interesse em momento algum - algo estranho se considerarmos o poder da ferramenta para uma pessoa como ele.
Outro pequeno defeito passível de nota é a necessidade exacerbada do roteirista Jeff Lemire em explicar ao leitor o que está acontecendo. Apesar de útil para explicar algumas passagens, os pensamentos de Constantine são mal utilizados pelo escritor em vários momentos, denotando fatos e acontecimentos claramente já mostrados visualmente.
Felizmente, a trama elaborada pelo roteirista na estréia do título consegue suprimir essas duas pequenas peculiaridades. Utilizando-se de uma estrutura narrativa "gato-e-rato", Lemire torna a busca pela bússola mais interessante, colocando ainda vilões místicos clássicos como Mister Io e Sargon (este com um leve plot-twist) à mistura. O maior acerto do escritor, porém, é o de optar por não introduzir personagens clássicos do Universo DC logo no arco inaugural de Constantine, deixando o protagonista (e o leitor) fazer a transição Vertigo-DC Comics com calma. A arte de Renato Guedes, nesse ínterim, desempenha sua função bem, complementada com esmero pelas cores de Marcelo Maiolo.
Como série em quadrinhos, Constantine teve um início por enquanto satisfatório. Os pecados cometidos por Lemire não chegam a incomodar demais o andamento da história, bem conduzida e ilustrada com cuidado. Comparado à qualidade de Hellblazer, claro, a série ainda tem muito a melhorar, mas não deixa de ser um bom início para as aventuras solo do mago inglês em terras DC Comics - além de ser um excelente respiro para os fãs da atualmente desajustada Liga da Justiça Dark.

3 comentários :

Mas e Liga da Justiça Dark, como anda? Desajustada,rs?

O que é uma pena. Botava tanta fé nessa equipe. :/

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