terça-feira, 10 de maio de 2016

Crítica: Quadrinhos A2

Um escutar da conversa alheia recheado do melhor dos humores - e outras surpresas.

Por Marina Ammar.

“Tá bom, eu confesso! Também tenho uma ideia não autobiográfica”. É assim, com a confissão de Cristina Eiko, depois de uma sessão da mais relacionável das procrastinações por parte de Paulo Crumbim, que Quadrinhos – A2, quarto volume de tal título da dupla, começa a mostrar a troca de ideias entre Eiko e Crumbim – a escolha deles para a tal ideia principal, autobiográfica. 

Entre passeios com Pino, o cão do par, navegares por sites a respeito de visitas espaciais e divagações sobre a prosperidade e destino da raça humana – além do limãozinho espacial! – Crumbim e Eiko permitem que o leitor espie um pouco de suas rotinas e escute mais de suas conversas (e ideias), ilustradas com tanto dinamismo quanto proficiência, além do inegável e leve humor. 

Mas não se deve enganar com facilidade: apesar da brandura do humor e aparente conteúdo, Quadrinhos A2 traz consigo contemplações infinitas, tanto quanto estrelas, galáxias e a distância entre nós e a força de limõezinhos espaciais. As ideias trocadas por Crumbim e Eiko são maravilhosas, tanto no poder de gerar curiosidade, deixando para trás o gosto do querer que cada ideia também fosse um pequeno encadernado, quanto de estimular o pensamento alheio, convidando quem quer que leia, pois qualquer um pode se interessar – ou não – pelo conteúdo do volume a divagar no interior e no exterior de sua própria mente, atrás de ideias próprias para se trocar ou apenas da visão única de seres do espaço e a imensidão da capacidade dos seres terrestres. 

Claro, ambos concordam, pouco antes do fim, que limõezinhos espaciais ou a prosperidade da raça humana certamente não são autobiográficos, concordando, enfim, em produzir uma história sobre Pino (um passeio com o cão), que mostra em poucas páginas a divertida e multifacetada personalidade de cão e amigo, o que se pode ver em qualquer bichinho. 

Quadrinhos A2 é, portanto, nada mais e nada menos que um retrato relacionável de um dia, ou diversos dias na vida de uma dupla muito específica, ou de qualquer um. Um volume repleto de humor, contemplação que em sua apresentação não dá espaço para negativismo – mesmo diante das inúmeras tragédias que Crumbim prevê para a Terra – e traz consigo a companhia ilustrada ideal: um volume tão companheiro quanto o cão de sua capa.

Nota: 8/10

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