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domingo, 9 de março de 2014

Crítica: Walt nos Bastidores de Mary Poppins

Um retrato ingênuo e fantasioso de P. L. Travers e sua maior criação

Por Pedro Strazza

O caminho de Mary Poppins para o cinema não foi dos mais fáceis. Prometendo a seus filhos que traria a babá voadora para a telona, Walt Disney procurou chegar a um acordo com a autora do livro, P. L. Travers, e seus representantes sobre a adaptação, mas acabou sendo rechaçado pela escritora sob a justificativa de ser o "homem das animações infantis". Ele resolveu insistir, e depois de longos 20 anos de "nãos" ele finalmente ouviu de Travers o tão esperado "sim" para a realização do filme. Havia, entretanto, um porém: A autora queria ter controle criativo sobre a produção, aprovando e censurando o material que seria exibido posteriormente no cinema, antes de assinar de vez o contrato.
E é a partir deste ponto que se inicia Walt nos Bastidores de Mary Poppins, longa sobre o conflito entre Travers (Emma Thompson) e a equipe de Disney (Tom Hanks) nos primeiros passos do desenvolvimento do musical. Ao mesmo tempo, o roteiro escrito por Kelly Marcel e Sue Smith procura explorar as origens do livro, mostrando o relacionamento da escritora na infância (Annie Rose Buckley) com seu pai (Colin Farrell).
Essas duas linhas narrativas criadas pelo filme se intercalam sem imaginação nas mãos do diretor John Lee Hancock, que opta fazer deste Walt nos Bastidores de Mary Poppins mais um relato do momento difícil vivido pela escritora - aprovar a adaptação comercial de sua criação - do que uma análise de Travers (Bem trabalhada por Thompson), mesmo mantendo a aparência desta última no tom do longa. Um exemplo disso seria os próprios flashbacks para a infância de Travers, que a princípio podem parecer funcionar como uma desconstrução psicológica da autora, mas logo se tornam uma ferramenta ilustrativa e explicativa rasa para certos comportamentos da personagem - E não realizando, como alguns pensam, um desenvolvimento das suas motivações para escrever Mary Poppins.
As cenas do passado da protagonista também pecam ao abordar sua temática ligeiramente pesada com uma leveza extremamente exagerada. Desse defeito o pai dos Goff é quem sofre mais,  pois seu problema com o álcool ganha uma gravidade esquisita no encerramento devido justamente à abordagem irregular do longa em seus 125 minutos de duração: Se em alguns momentos a culpa é da vítima por estar nessa situação (o conflito no banco é claro nesse aspecto), em outros a organização social-econômica do mundo é a grande culpada (as cenas no circo e no lago). Falta ao filme uma sensibilidade da produção nesse ponto, coisa que Philomena recentemente soube muito bem trabalhar - e em questões muito piores.
O presente da história, nesse meio tempo, apresenta defeitos na mesma medida, mas pelo menos desempenha sua função um pouco melhor em relação à outra linha narrativa. Retratando seus personagens de forma unidimensional - com exceção da protagonista, apesar desta também sofrer um pouco dessa decisão -, o longa é bastante cômico ao retratar a rabugice e desaprovação de Travers com os trabalhos da equipe criativa de Disney (retratado pela produção de forma genérica e bonachona, culpa talvez da produtora e seus esforços em preservar uma imagem grandiosa de seu fundador), que se desenrola todo para atender as medidas da escritora enquanto tenta decifrar sua real personalidade. A planificação dos personagens, porém, logo paga seu preço quando o filme tenta no final ensaiar algum tipo de redenção à autora, que muda por completo seu perfil sem apresentar os motivos para tal - observe como seu figurino muda abruptamente, sem qualquer explicação, no salto cronológico de três anos. Isso sem contar que ela se transforma exatamente na figura superficial que tanto odiava no começo (Se Mary Poppins era um livro tão pessoal, porque ganhou continuações?).
Mas o mais curioso e problemático de Walt nos Bastidores de Mary Poppins é justamente a distorção dos fatos no encerramento. Até sua morte, em 1996, P. L. Travers odiou o resultado final do filme realizado por Disney, não aprovando a adaptação de eventuais sequências. Fica esquisito (e até divertido), então, acompanhar o esforço do diretor em tentar provar que tudo ali aconteceu mesmo (seja nas fotos amigáveis com Travers e Disney, seja na exibição dos áudios reais das conversas da autora com a equipe criativa) ou de provar que a escritora sentiu qualquer emoção na estréia de Mary Poppins - algo tão irreal e fantasioso quanto a própria obra que Hancock dirige.

Nota: 5/10

sábado, 8 de março de 2014

Crítica: 300 - A Ascensão do Império

Falta tudo na continuação de 300

Por Pedro Strazza

[Esta resenha talvez possua alguns leves spoilers sobre a trama do filme. Nada muito pesado, mas se quiser ver o filme como ele o é talvez seja melhor deixar este texto para depois da sessão.]
O choque visual que 300 trouxe às telas em 2007 foi sem dúvida interessante e marcante. Adaptando a HQ de Frank Miller (Os 300 de Esparta), o filme dirigido por um ainda iniciante Zack Snyder (na época, ele havia até então realizado apenas um filme, Madrugada dos Mortos) mostrava um "ideal" de virilidade masculina em meio ao banho de sangue proporcionado pela Batalha de Termópilas, confronto protagonizado pelo rei espartano Leônidas (Gerard Butler, em atuação exageradíssima, convincente e fundamental para o longa) e seus 300 soldados, que lutava pela liberdade de seu povo; e por Xerxes (Rodrigo Santoro, outro com performance necessariamente exagerada) e seu gigantesco exército persa, cujo objetivo era o de subjugar a nação grega. Esse conflito, bastante deturpado pela obra de Miller para seus próprios fins, ganhou nas mãos de Snyder uma estética belíssima de videoclipe, aliando a violência exagerada dos combates com elementos gráficos de quadrinhos estilizados, como o sangue notavelmente artístico ou a fotografia grandiosa.
A direção de Snyder, o texto de Miller, a brutalidade gráfica e as atuações explosivas do elenco principal formam as quatro bases mais importantes para 300, que com estas obteve naquele ano sucesso como obra e produto, angariando pouco tempo depois o status de filme cult para fãs e leitores de quadrinhos. Sua sequência, por outro lado, praticamente não terá nenhuma chance de alcançar esse posto, visto que seu conteúdo consegue não só falhar em quase todos os alicerces do primeiro longa como também chega a tirar parte da bravura de Leônidas na façanha de desafiar o deus-rei persa.
Passado em uma linha de tempo maior que a da produção de 2007 (Mas, curiosamente, com menor duração que o o original), 300 - A Ascensão do Império acompanha a jornada do general ateniense Themistokles (Sullivan Stapleton) no decorrer da guerra contra os persas, mostrando desde sua participação chave na batalha de Maratona - onde assassinou o rei Dario - até o confronto contra a marinha inteira de Xerxes em Salamis. O foco maior do filme, entretanto, é na batalha pelo controle do mar Egeu, que confronta a mente tática do ateniense com a do braço direito de Xerxes, Artemisia (Eva Green), e se desenrola ao mesmo tempo que Leônidas e seus espartanos guerreiam em Termópilas.
A premissa do roteiro (elaborado por Snyder e Kurt Johnstad) de explorar o contexto que ocorre em volta de 300 é inicialmente interessante, mas rapidamente naufraga em meio aos mais diversos fatores. A começar pelo próprio Themistokles, que deixa a desejar muito em liderança quando comparado ao rei espartano. Se Leônidas marcava o imaginário do público com o overacting de Gerard Butler e seus discursos - capazes de inflamar o mais desmotivado de seus soldados -, o ateniense é por sua vez burocrático e tedioso demais com pregações burocráticas e nada marcantes, propondo-se a explicar seus planos tim-tim por tim-tim, além de uma atuação oscilante de Stapleton.
Outros dois personagem que também sofrem desenvolvimentos péssimos na sequência são Xerxes e a rainha Gorgo (Lena Headey). Enquanto o deus-rei persa perde por completo o destaque inicial, ganho por sua origem apressada e mal detalhada, quando vai para Termópilas e recebe um estranho status de manipulado, a espartana sofre uma mudança de perfil radical e irreal, deixando de ser aquela mulher disposta a sacrificar tudo pela liberdade de sua cidade-estado do primeiro filme para ser aqui uma governante tão receosa quanto os políticos que combatia.
A necessidade de explicação também atrapalha o desenvolvimento natural de A Ascensão do Império. Em vários momentos, a narração em off de Gorgo e a retomada de certas cenas provam-se ser extremamente desnecessária para o andamento da história, a exemplo da derrota da armada de Themistokles - precisava mesmo falar que ele estava desolado em ver seus soldados mortos quando a câmera mostra isso claramente? - ou a flechada no rei Dario, repetida pelo MESMO ângulo da primeira visualização. Esses deslizes na montagem da produção, repetidos à exaustão, levam a crer que o diretor Noam Murro (em seu segundo trabalho como diretor) encara o seu público como incapaz de entender o peso dos acontecimentos mostrados - algo completamente inverossímil e recorrente na Hollywood de hoje.
Ainda sobre Murro, é infeliz sua decisão em convergir seus esforços na emulação do estilo visual de Snyder (e de sua violência, portanto) aqui. Mesmo que sendo uma tentativa louvável, a fotografia de sua produção não chega nada perto do resultado obtido em 2007, faltando claramente a Murro a fetichização característica e consagrada do diretor de Watchmen e O Homem de Aço. Se Zack tem um cuidado especial em banalizar a violência que filma - tirando assim muito do peso da maioria das cenas violentas de 300 -, Noam por sua vez procura desesperadamente copiar as técnicas de seu antecessor em todas os momentos possíveis, empregando o slow-motion e o sangue (agora muito mais digitalizado e irreal) sem nenhum tato artístico na ação, cuja brutalidade tem seu peso constatado o tempo todo.
Dentre todos esses problemas técnicos e criativos, entretanto, há um acerto personificado na figura de Artemisia, a grande antagonista do longa. De passado trágico e violento, a comandante da frota de Xerxes prova-se ser uma adversária perigosíssima e diabólica ao longo do filme, utilizando seu cérebro e sensualidade nos momentos adequados. E se Stapleton não sabe se exagera ou não o seu personagem, Eva Green abraça toda a loucura da vilã para entregar uma atuação das mais formidáveis - e de longe a melhor do longa.
Mas o filme se auto sabota novamente quando aborda o relacionamento entre Artemisia e Themistokles. É bastante claro que, com o passar do tempo, o espectador enxergue no confronto tático exercido ali a criação de uma paixão entre ambos os líderes, nascidos para lutar e casados com o suor e sangue da guerra. O longa, entretanto, rapidamente entrega essa subjetividade curiosa numa bandeja, em uma das cenas de sexo mais sem sentido - e ainda tem encaixado um alívio cômico dos mais fracos.
A grande verdade de 300 - A Ascensão do Império é que sua existência foi de fato desnecessária para agora. Mesmo Frank Miller estando em má fase, a produção poderia ter esperado que este concluísse Xerxes, a continuação de Os 300 de Esparta, para possuir uma base mais fortalecida que a elaborada por Snyder e Johnstad aqui - ou até esperado o próprio Snyder ter um espaço aberto em sua agenda, bastante abarrotada agora por causa de seus compromissos com a DC Comics. Se Leônidas tivesse sobrevivido aos acontecimentos do primeiro filme, é bem provável que este teria se suicidado com esta desprezível continuação.

Nota: 2/10

terça-feira, 4 de março de 2014

Crítica: Tudo por um Furo

Will Ferrell e sua patota partem para o non-sense sem exagerar demais

Por Pedro Strazza

Já fazem quase dez anos da estréia de O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy e só agora que sua continuação, Tudo por um Furo, chega às telas. De humor ácido e debochado, o longa de 2004 não foi um sucesso imediato de público, mas alcançou progressivamente o status de cult no panorama recente da comédia, motivando os responsáveis pelo projeto, Adam Mckay e Will Ferrell, a escrever assim essa sequência que, mesmo sendo ainda mais exagerada que o original, carrega todos os alicerces criados há uma década.

Dessas bases, a mais vital - e que separava O Âncora de outras comédias pastelão, portanto - é a sátira aos meios de comunicação, que ganha na continuação uma visão ainda mais alfinetante. Se Ferrell e Mckay exploram no original a inclusão da mulher em um mercado de trabalho machista, a dupla analisa em Tudo por um Furo os problemas da disponibilização de notícias a uma velocidade absurda, que acabam muito mais desinformando o público a informá-lo, e a "mídia do entretenimento", criada apenas para aumentar os índices de audiência com suas perseguições de carro e matérias extremamente superficiais, duas questões relevantes para o jornalismo atual.

A crítica à comunicação, entretanto, não é o grande foco do filme, mas sim suas situações cômicas, coisa que Ferrell e Mckay sabem fazer muito bem. E como no filme de 2004, Tudo por um Furo entrega esquetes hilariantes e exagerados, protagonizados em sua maioria pelo quarteto formado por Ferrell, Steve Carell (este especialmente inspiradíssimo e alucinado), Paul Rudd e David Koechner, bastante confortáveis em se divertir novamente com seus personagens. O maior acerto da continuação, por sinal, é saber realizar uma versão ainda maior do primeiro longa nesse quesito, mas sem cair no humor bobo e repetitivo - apesar de cometer algumas dessas equívocos em alguns momentos.

Mas os acertos na acidez e no humor não eximam o filme de cometer falhas, e elas são várias. Além de repetir piadas feitas em alguns momentos, o roteiro de Tudo por um Furo é muito mal trabalhado, servindo apenas para ligar os esquetes e os cenários, mesmo que fazendo nenhum sentido no processo. A transposição de Ron Burgundy (Ferrell) para o farol, por exemplo, é feito de maneira completamente porca e inverossímil.

A ligação do âncora com sua família é também bastante subaproveitada nesse sentido. Não é necessário, claro, nenhum arco dramático, pois o filme não tem esse propósito; Falta, porém, alguma conexão maior da mulher e filho de Ron no contexto geral da trama para que suas participações no final surtam maior efeito emocional no protagonista - e ao público, logo. O papel de Veronica (Christina Applegate), aliás, reduziu-se muito do primeiro para o segundo longa a ponto de se tornar dispensável para o roteiro, como pode ser visto claramente no artificial triângulo amoroso formado por ela, Burgundy e a empresária Meagan (Linda Jackson).

O roteiro defeituoso e a repetição indevida em alguns momentos não tiram da obra, porém, a sua capacidade de fazer o público rir e se divertir. O humor do filme e o sarro com a mídia são muito bem feitos, e o elenco está à vontade e disposto a fazer o que sabe de melhor. Não é à toa, portanto que existam mais duas versões de Tudo por um Furo com piadas completamente diferentes da lançada; O filme é nada mais que humor non-sense desenfreado, tanto para o espectador quanto para a produção - E não há cena que comprove melhor isso que o clímax, o mais absurdo e hilariante do cinema recente de comédia.

Nota: 8/10

segunda-feira, 3 de março de 2014

Oscar 2014: Indicados e Vencedores

Por Pedro Strazza


Para quem acompanhou os prêmios dos sindicatos de Hollywood, a 86° entrega do Oscar foi extremamente tediosa. Além de todos os 24 vencedores da estatueta terem sido bastante óbvios (e merecidos), a cerimônia comandada por Ellen DeGeneres não teve muitos momentos de destaque, depositando todas as esperanças no carisma da apresentadora.
Nesse quesito, a host dessa edição do Academy Awards deu um show. Repetindo sua abordagem de 2006 (quando apresentou a cerimônia pela primeira vez), Ellen interagiu bastante com os convidados e indicados, dando cupons para Bradley Cooper e pedindo pizzas para todos por exemplo. O ápice da noite, entretanto, foi sua selfie com uma porção de estrelas, que, publicada no Twitter, se tornou a foto mais retweetada da história da rede social. Um acerto para o merchandising da Samsung, que pagou um cachê para a apresentadora usar o seu aparelho na cerimônia.
Outro momento bastante importante da noite foi o habitual In Memoriam do Oscar, que esse ano teve infelizmente inúmeros representantes conhecidos do grande público como Ray Harryhausen, Harold Ramis (homenageado com classe por Bill Murray na hora em que este foi apresentar com Amy Adams o prêmio de melhor fotografia), Roger Ebert e Phillip Seymour Hoffman. O documentarista brasileiro Eduardo Coutinho também foi lembrado pela Academia.
As apresentações, por outro lado, foram bastante oscilantes. Se por um lado tivemos interessantes performances de U2 e Karen O para suas canções indicadas (respectivamente Ordinary Love e The Moon Song), Pharrell Williams e Idina Menzel tiveram apresentações sem graça para suas músicas - Idina inclusive desafinou em alguns momentos pelo nervosismo em, sozinha no palco, cantar sua Let It Go, canção vencedora da noite. Isso porque ainda houve uma bizarra homenagem aos 75 anos do clássico O Mágico de Oz, que teve sua Over the Rainbow cantada inexplicavelmente por Pink, e algumas montagens (ou seria colagem?) estranhas de filmes que mostravam os "heróis" do cinema.
Nos prêmios em si, Gravidade fez uma verdadeira "rapa" das categorias técnicas, angariando sete Oscars na noite e se sagrando como grande vencedor. Mas mesmo com o diretor Alfonso Cuarón levando a estatueta de diretor (e se tornando o primeiro representante latino-americano da história da categoria), foi 12 Anos de Escravidão que levou o prêmio máximo de Melhor Filme, juntando com outros dois Oscars - O de roteiro adaptado para John Ridley e de atriz coadjuvante para a estreante Lupita Nyong'o. Clube de Compras Dallas (3 Oscars), Frozen - Uma Aventura Congelante (2 Oscars) e O Grande Gatsby (2 Oscars) completaram o pódio. Dos nove indicados para Melhor Filme, cinco (Trapaça, Capitão Phillips, Nebraska, Philomena e O Lobo de Wall Street) saíram da premiação de mãos abanando.
Confira a lista completa de indicados e vencedores abaixo. Os vencedores estão em negrito:

Melhor filme
Melhor diretor
  • Alfonso Cuarón - Gravidade
  • David O. Russell - Trapaça
  • Steve McQueen - 12 Anos de Escravidão
  • Martin Scorsese - O Lobo de Wall Street
  • Alexander Payne - Nebraska
Melhor roteiro adaptado


  • 12 Anos de Escravidão
  • Antes da Meia-Noite
  • Capitão Phillips
  • Philomena
  • O Lobo de Wall Street
Melhor roteiro original
  • Ela
  • Trapaça
  • Blue Jasmine
  • Clube de Compras Dalla
  • Nebraska
Melhor ator
  • Matthew McConaughey - Clube de Compras Dallas
  • Christian Bale - Trapaça
  • Bruce Dern - Nebraska
  • Leonardo DiCaprio - O Lobo de Wall Street
  • Chiwetel Ejiofor - 12 Anos de Escravidão
Melhor atriz
  • Cate Blanchett - Blue Jasmine
  • Amy Adams - Trapaça
  • Sandra Bullock - Gravidade
  • Judi Dench - Philomena
  • Meryl Streep - Álbum de Família
Melhor atriz coadjuvante
  • Lupita Nyong'o - 12 Anos de Escravidão
  • Sally Hawkins - Blue Jasmine
  • Jennifer Lawrence - Trapaça
  • Julia Roberts - Álbum de Família
  • June Squibb - Nebraska
Melhor ator coadjuvante
  • Jared Leto - Clube de Compras Dallas
  • Barkhad Abdi - Capitão Phillips
  • Bradley Cooper - Trapaça
  • Michael Fassbender - 12 Anos de Escravidão
  • Jonah Hill - O Lobo de Wall Street
Melhor figurino
  • O Grande Gatsby
  • Trapaça
  • O Grande Mestre
  • The Invisible Woman
  • 12 Anos de Escravidão
Melhor maquiagem e cabelo
Melhor animação em curta-metragem
  • Mr. Hublot
  • Feral
  • Get a Horse!
  • Possessions
  • Room on the Broom
Melhor longa de animação
Melhores efeitos visuais
Melhor curta-metragem
  • Helium
  • Aquel No Era Yo (That Wasn't Me)
  • Avant Que De Tout Perdre (Just Before Losing Everything)
  • Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa? (Do I Have to Take Care of Everything?)
  • The Voorman Problem
Melhor documentário em curta-metragem
  • The Lady in Number 6: Music Saved My Life
  • CaveDigger
  • Facing Fear
  • Karama Has No Walls
  • Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall
Melhor documentário em longa-metragem
  • 20 Feet From Stardom
  • The Act of Killing
  • Cutie and the Boxer
  • Dirty Wars
  • The Square
Melhor longa estrangeiro
  • A Grande Beleza
  • The Broken Circle Breakdown
  • A Caça
  • The Missing Picture
  • Omar
Melhor mixagem de som
  • Gravidade
  • Capitão Phillips
  • O Hobbit - A Desolação de Smaug
  • Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum
  • O Grande Herói
Melhor edição de som
  • Gravidade
  • Até o Fim
  • Capitão Phillips
  • O Hobbit - A Desolação de Smaug
  • O Grande Herói
    Melhor fotografia
    • Gravidade
    • O Grande Mestre
    • Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum
    • Nebraska
    • Os Suspeitos
    Melhor montagem
    • Gravidade
    • Trapaça
    • Capitão Phillips
    • Clube de Compras Dalla
    • 12 Anos de Escravidão
    Melhor design de produção
    • O Grande Gatsby
    • Trapaça
    • Gravidade
    • Ela
    • 12 Anos de Escravidão
    Melhor trilha sonora
    • Gravidade
    • A Menina que Roubava Livros
    • Ela
    • Philomena
    • Walt nos Bastidores de Mary Poppins
    Melhor canção original
    • "Let it Go" - Frozen - Uma Aventura Congelante
    • "Happy" - Meu Malvado Favorito 2
    • "The Moon Song" - Ela
    • "Ordinary Love" - Mandela

    Outras edições do Oscar

    domingo, 2 de março de 2014

    Top 9: Oscar de Melhor Filme 2014

    Por Pedro Strazza

    Agora que todos os nove indicados para a categoria de Melhor Filme do Oscar 2014 foram vistos e, principalmente, avaliados em críticas pelo blog (Fato inédito na história do O Nerd Contra Ataca), resolvi realizar este ranking com os filmes concorrentes ao prêmio máximo da noite do dia 2 de março de 2014, realizando algumas pequenas observações no processo. Confira (Os links das críticas estão nos títulos dos filmes):

    9°: Trapaça

    Acertando o tom nos últimos dois filmes com o simpático O Lado Bom da Vida e o dramático O Vencedor, David O. Russell perdeu a mão nesse Trapaça. Mesmo que com um design de produção e figurinos bem trabalhados e um elenco de bom desempenho no geral, o longa tem um roteiro extremamente confuso e fraco, não possuindo ritmo regular em nenhum momento. Não chega a ser um filme ruim, mas é com certeza o pior da lista.

    8°: Philomena

    É um filme que sabe driblar o clichê para entregar uma história convincente. Mas os diferenciais do filme são mesmo a atuação de Judi Dench e a estranha leveza que o diretor Stephen Frears usa para lidar com temas difíceis envolvendo a religião. Fico triste em colocá-lo em uma posição tão baixa, Philomena é um longa que merece ser visto.

    7°: Clube de Compras Dallas

    Clube de Compras Dallas poderia facilmente ter sido um filme de atuação, pois todos os elementos da produção são utilizados para destacar os papéis de Matthew McConaughey e Jared Leto (que são, a princípio, os grandes favoritos dessa edição do Oscar em suas categorias). O que salva o longa dessa linha é justamente o tema da AIDS, mostrado com sensibilidade e sem burocracia ou panfletagem.

    6°: Capitão Phillips

    Com tensão muito bem trabalhada, o novo filme de Paul Greengrass emprega vários elementos dos filmes de assalto para contar sua história, mas sem polarizar as forças armadas e os piratas em bem ou mal. E o lado mais interessante de Capitão Phillips reside justamente na humanização de seus protagonistas, os capitães Muse e Phillips - que contam com atuações soberbas de seus intérpretes.  

    5°: Nebraska

    Pela primeira vez dirigindo um filme sem roteiro de sua autoria, Alexander Payne mostra uma história bastante melancólica sobre o fim da vida e acertos de contas a partir de uma premissa um tanto boba. O elenco trabalha muito bem e há momentos cômicos impagáveis, protagonizados principalmente pela personagem de June Squibb.

    Antes de continuarmos: Gostaria de esclarecer que, a partir deste ponto, todos os quatro filmes estão empatados tecnicamente, em minha opinião. Cada um à sua maneira, estes indicados fazem por merecer, ao meu ver, o prêmio máximo da 86° edição.

    4°: Gravidade

    Eleito na minha lista como o melhor filme de 2013, esse novo trabalho de Cuarón carrega tanto uma história alegórica fantástica quanto um lado técnico fantástico. A jornada nada convencional da doutora Ryan Stone no espaço é repleta de tensão e dificuldades, e a câmera do diretor sabe estar no lugar e hora certas para captar o momento em que a personagem finalmente atinge seu momento de redenção.

    3°: 12 Anos de Escravidão

    A maneira como Steve McQueen aborda o tema da escravidão nesse filme é impecável. Acompanhando a história de Solomon Northup, somos submetidos à dolorosa experiência de assistir as torturas que ele sofre tanto fisicamente como mentalmente - a exemplo do brilhante plano-sequência envolvendo as personagens interpretadas por Chiwetel Ejiofor, Lupita Nyong'o e Michael Fassbender - para compreendermos finalmente as dores de se perder tudo.

    2°: O Lobo de Wall Street

    Com 71 anos e com (apenas) um Oscar na mão, seria bastante compreensível que Martin Scorsese se acomodasse e começasse a realizar apenas filmes fáceis. Eis então que o diretor de sobrancelhas grossas entrega este alucinado retrato da vida dos corretores corruptos e poderosos de Wall Street, que conta com ritmo e timing acelerados para contar a vida de Jordan Belfort. Brilhante para dizer o mínimo.

    1°: Ela

    Este novo trabalho de Spike Jonze é criativo e sensível no ponto certo para contar a história de amor entre uma máquina e um homem. A genialidade ainda aparece no momento em que Jonze estabelece três linhas de raciocínio que se complementam ao invés de se anular, possibilitando ao filme uma profundidade das mais brilhantes. É um filme que recomendo para ser assistido e pensado.

    Crítica: Philomena

    Um curioso longa sobre o amor entre mãe e filho

    Por Pedro Strazza

    O pecado é um assunto dos mais importantes e interessantes em qualquer religião. A noção de desrespeito a um preceito religioso e, portanto, à lei de seu Deus pode variar bastante entre culturas como a cristã, a muçulmana ou a hebraica (e, ainda, em suas respectivas ramificações), devido à diversidade de religiões existentes no mundo - Principalmente no panorama atual de um mundo cada vez mais globalizado. Uma afirmação, entretanto, é comum à todas: Se a pessoa quebrou uma das leis divinas estabelecidas, ela deve ser punida. E essa sentença envolve uma gama bem maior de opções.
    No caso de Philomena (Judi Dench), a penitência foi das maiores e piores. Engravidada aos 18 anos por um desconhecido que conheceu (e se apaixonou) em um parque de diversões, ela foi abandonada pouco tempo depois na abadia de San Ross pelo próprio pai, sob a justificativa de ter envergonhado a família. Vivendo uma vida difícil e trabalhosa no local, a garota acabou perdendo o filho meses depois para a adoção, pois Philomena assinou, contra a sua vontade, um contrato que tirava a criança de seu poder. De posse apenas de uma foto de seu Anthony, Philomena começou, em meio à sua vida e rotina, uma busca pelo filhote perdido no momento em que saiu do convento sofrendo silenciosamente a cada dia que passava.
    Cinquenta anos depois do início dessa procura, em 2004, o jornalista Martin Sixsmith (Steve Coogan), em crise devido a uma problemática saída de seu último emprego, encontrou Philomena e sua história, e se dispôs a ajudar a mulher, agora idosa, nessa jornada. Agora, o diretor Stephen Frears adapta para as telas a busca dessa dupla por Anthony, retratando com sensibilidade e leveza temas polêmicos ao mesmo tempo.
    O que separa este Philomena de outras várias "dramédias" do gênero é justamente o foco de Frears no relacionamento desenvolvido pelo jornalista e a aposentada e na revelação, através de pequenas ações, da real e densa figura da última, sem cair porém nos clichês hollywoodianos de sempre - que estão sempre à espreita de aparecer aqui. O contraste de personalidades entre Martin, um homem ateu, desesperançoso e irônico, e Philomena, uma mulher religiosa, bem-humorada e viva, é extremamente alto, o que gera no longa diversos momentos de conflito ideológico entre os dois, como a ótima e rápida discussão sobre a definição de sexo como pecado.
    A figura de Philomena é, entretanto, o grande destaque da produção. Mostrando-se ser por fora uma velhinha simpática e ingênua, ela apresenta, ao longo da jornada, características bastante profundas de sua personalidade, como a tolerância com o homossexualismo ou a capacidade de perdoar. Essa desconstrução da protagonista ganha ainda mais força com a atuação de Judi Dench, que encarna a determinação e religiosidade de sua personagem com esmero e cuidado.
    Essas duas bases sólidas e honestas, além da já mencionada leveza da produção, dão ao filme um aspecto que pode ser inicialmente considerado como bobo e fraco por aqueles que o veem. Os temas de Philomena e a atuação de Dench, porém, criam uma profundidade interessante à história e aos temas abordados, e tornam o longa ainda mais curioso e delicado.

    Nota: 7/10

    sábado, 1 de março de 2014

    Crítica: Capitão Phillips

    Tensão e choque em alto-mar

    Por Pedro Strazza

    Como demonstrado em seus últimos trabalhos (Voo United 93, Zona Verde e a trilogia Bourne), Paul Greengrass é um diretor que sabe como criar tensão. Procurando sempre histórias de cunho político, o inglês geralmente transmite ao espectador em seus filmes a mesma sensação de desconforto latente que seus protagonistas tem por estarem sob situações de risco, utilizando de artifícios como a ação bem coreografada, a câmera na mão ou até o uso de uma trilha sonora poderosa.
    Desses três elementos, Capitão Phillips utiliza-se bastante dos dois últimos.E o thriller, baseado na história verídica do capitão Richard Phillips, diferencia-se imensamente das outras obras de Greengrass por não apresentar, em suas duas horas de duração, nenhum lado maniqueísta da situação ali apresentada e trazer, portanto, um lado humano a seus "vilões", os piratas somalianos que tomam o cargueiro Maersk Alabama como refém.
    Nesse ponto, o longa se assemelha bastante aos filmes de assaltos falhos com negociações duradouras, tal qual Um Dia de Cão, e o diretor analisa os três lados da situação - As forças armadas, os piratas e as vítimas - com visões semelhantes ao do gênero. Enquanto a marinha estadunidense aparece, a partir da metade do longa, para realizar uma rápida intervenção para o problema, os somalis liderados por Muse (Barkhad Abdi) procuram apenas sair dali com vida e lucro, ao passo que as vítimas querem sobreviver ao processo. O foco de Greengrass, porém, é dedicado majoritariamente à relação entre "ladrões e reféns", ao invés do costumeiro "ladrões e policiais" (apesar deste também marcar presença), e eis aí que surge um importante diferencial de Capitão Phillips.
    Esse contato entre os inocentes e os antagonistas se dá principalmente pelas diferentes abordagens que capitães da produção apresentam em suas maquinações. Se Phillips (Tom Hanks) é um homem hábil que segue o protocolo para se salvar e não procura desperdiçar a vida de sua tripulação nisso, Muse recorre das mais variadas improvisações nos seus planos para conseguir atingir seu objetivo, botando em risco seus próprios colegas e a si mesmo no processo - O que não indica, porém, uma suposta burrice nas ações do pirata, mas sim um compreensível desespero suicida mas controlado. E quando os líderes se encontram, o conflito de perfis e planejamentos é perfeitamente natural.
    O confronto entre os dois, entretanto, não é de oposição e combate. Muse, Phillips e ambas as tripulações, afinal, querem sair vivos dali, e os capitães começam então um curioso processo de mútua cooperação nas melhores condições possíveis para a situação. E o problema que decorre disso é justamente a desconfiança em que refém e assaltante se encontram, configurando um "toma lá, dá cá" perigoso e instigante para os envolvidos e pro espectador, transportado para a cena através da trilha sonora eficiente de Henry Jackman e da montagem de Christopher Rouse. Note, por exemplo, como até as traições entram nesse sistema, pois Muse abandona o acordo por Phillips um pouco depois deste o ter botado numa cilada na sala das máquinas.
    Os dois protagonistas ganham ainda maior profundidade graças ao talento do elenco escolhido para vivê-los. Hanks e Abdi fazem, cada um à sua maneira, interpretações poderosas de Phillips e Muse, respectivamente, ao não caírem, como o diretor, na noção superficial de bom e mau, e criam assim perfis marcantes para seus papéis. Principalmente o segundo, que, ao contrário de seu colega, não tem nenhuma experiência anterior com atuação e faz aqui uma estréia das mais interessantes.
    A oposição entre os líderes e a tensão proporcionada pela produção desembocam em um clímax dos mais tensos, mas que ainda não se rende ao previsível e ao exagero. Não há heróis a serem glorificados ou inimigos derrotados. Existem ali apenas vítimas de um choque de objetivos completamente distintos, e o final de Capitão Phillips e a última cena (pesadíssima) de Phillips são prova disso.

    Nota: 8/10