terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Crítica: Uma Aventura LEGO

Um filme de criação e maluquices

Por Pedro Strazza

O crescimento da LEGO tem sido algo no mínimo impecável nos últimos anos. Seja no Brasil (onde seus produtos chegaram a parar de ser distribuídos no começo da década de 2000) ou no mundo, os bloquinhos coloridos de montar voltaram a ganhar força junto ao público infantil no final da década passada e foram conseguindo, pouco a pouco, estender seus "bracinhos quadrados" para outras áreas do entretenimento, fazendo particularmente bastante sucesso na área dos videogames - onde encanta a crianças e adultos. E essa expansão está dando, a cada ano que passa, passos cada vez maiores.
Depois de fazer algumas pequenas tentativas na televisão, a empresa resolver aceitar a arriscadíssima empreitada de realizar um filme baseado em sua criação, entregando o comando desse projeto insano nas mãos dos também insanos Phil Lord e Chris Miller, dupla de diretores responsável pelos alucinados e bem-sucedidos Anjos da Lei e Tá Chovendo Hambúrguer. O resultado dessa mistura é o divertidíssimo Uma Aventura LEGO, que consegue ser maluco tanto do ponto de vista técnico quanto criativo.
A loucura do longa já começa no próprio visual. Feito quase que por completo em stop-motion (com o CGI auxiliando no movimento de faces e outras pequenas coisas), a produção utiliza um número absurdo de pecinhas para criar um mundo feito inteiramente de LEGO e diversificado, graças aos inúmeros cenários fornecidos. O mais incrível desse uso, porém, não está na quantidade, mas sim no movimento: tudo no filme está o tempo todo fazendo alguma coisa, seja em destaque ou não, na maioria das cenas, criando assim uma vivacidade ao que está sendo visto ali na tela.
Essa concepção trabalhosa é apenas um pano de fundo para a história do jovem Emmet, um esforçado operário que adora sua rotina estabelecida na cidade comandada pelo Sr. Negócios, que faz questão de manter a ordem e todos felizes. Não é à toa, portanto, que o lugar seja dominado pela felicidade e pela repetição, tendo uma mesma música tocada incessantemente na rádio durante o dia e um programa fazendo sucesso com apenas um episódio, que é exibido todos os dias no mesmo horário.
Seguidor fiel de vários manuais de boa conduta, Emmet tem sua vida virada de cabeça para baixo quando, ao final de mais um dia perfeito, acaba conhecendo Megaestilo, uma peça completamente fora da engrenagem social. Para piorar, ela acredita, assim como outros Mestres Construtores, que ele seja "O escolhido", aquele que irá acabar com o mundo imposto por Sr. Negócios e seus planos de grudar todas as peças do mundo, mencionado em uma profecia do velho e sábio Vitruvius.
A partir dessa trama (que contém uma das reviravoltas mais fascinantes dos últimos tempos), Uma Aventura LEGO começa a trabalhar com o melhor aspecto da dupla de diretores: a diversão. E são vários os momentos onde o público se vê dando risada das situações mostradas, que brincam não só com a cena como também com a maneira como as crianças brincam com os bloquinhos, a exemplo dos objetos utilizados para separar peças ou o arame notavelmente visível, utilizado no intuito de flutuar um fantasma. Ao mesmo tempo, o longa traz inúmeras referências a elementos inventados nos sets lançados ao longo do tempo pela empresa - deixando os eventuais fãs felizes pela aparição da famosa marca Octan ou do astronauta Benny e seu capacete quebrado no lugar de sempre - e usa (e abusa) das inúmeras licenças obtidas, não demorando para aparecer em cena ícones da cultura pop como Batman, Gandalf, Dumbledore, Lincoln, astros da NBA(!) e outros tantos personagens.
Divertido e adoidado na medida certa, Uma Aventura LEGO constitui um dos maiores acertos da LEGO até o momento, pois traz todas as qualidades necessárias para o agrado de todos, além de saber o ponto exato onde deve emocionar seu público na medida certa. E com tantos projetos bem-sucedidos, não custa se perguntar agora sobre qual será o próximo grande passo da empresa na expansão de seu império.

Nota: 9/10

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