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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

As esnobadas do Oscar 2016

Os filmes e pessoas que não chegaram na lista final de indicados.

Por Pedro Strazza.

Enquanto premiação de cinema mais conhecida no mundo, o Oscar é conhecido em suas votações por ignorar certos candidatos em favor de outros. Os famosos esnobados do Oscar acabam nessa triste categoria pelos mais diferentes motivos: sua campanha para chegar na lista final de indicados não foi forte o suficiente, sua candidatura foi vista com ceticismo pelos votantes, haviam melhores candidatos na disputa ou mesmo suas brilhantes performances (artísticas ou técnicas) foram esquecidas em meio à anual avalanche de marketing que os estúdios provocam. 


Em 2016, isso não foi diferente. Os treze trabalhos e produções elencados a seguir acabaram de fora da lista final da 88° edição dos Academy Awards, mas em algum momento da corrida pelo prêmio (que começa lá pra meados de outubro e termina na cerimônia em si) sonharam com a possibilidade de serem indicados. Mas mesmo eles tendo sido esquecidos pela Academia, nós nos lembraremos deles.

No In Memoriam do Oscar 2016 temos:

  • Benicio Del Toro (Sicario - Terra de Ninguém)

Já com um Oscar em casa (por Traffic, em 2000), o porto riquenho Benicio Del Toro foi um dos poucos pontos fortes do fraco Sicario - Terra de Ninguém, fazendo um tipo John Wayne deturpado no faroeste contemporâneo de Denis Villeneuve. Com o filme aparecendo de última hora na disputa pelos prêmios principais, era de se esperar que ele conseguisse lugar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, mas suas expectativas acabaram frustradas.

  • Charlize Theron (Mad Max - Estrada da Fúria)

Responsável por entregar a personagem mais marcante de 2015, Theron ainda assim corria por fora na disputa do prêmio de Melhor Atriz. Mas com Mad Max - Estrada da Fúria sendo o filme com o segundo maior número de indicações na premiação desse ano (dez, atrás apenas de O Regresso), é estranho que sua performance como Imperator Furiosa tenha acabado de fora da lista. 

  • Idris Elba (Beasts of No Nation)

Extremamente feliz em seu papel no filme de Cary Fukunaga, Elba poderia ter sido tanto o único a romper com a sequência de 20 atores e atrizes brancos nas categorias de atuação como também o "herói" da Netflix ao colocar pela primeira vez uma produção do canal de streaming entre as principais categorias do Oscar. Mas a Academia, aparentemente, ainda não está preparada para tamanha revolução.

  • Kristen Stewart (Acima das Nuvens)

Azarona por essência na disputa, Stewart dependia que sua ótima performance em Acima das Nuvens fosse lembrada nos indicados apenas pelo boca-a-boca dos votantes, já que não tinha campanha para impulsionar sua nomeação, além de torcer para que Alicia Vikander e Rooney Mara acabassem indicadas a Melhor Atriz. As variantes claramente não lhe foram favoráveis.

  • Maryse Alberti e Michael B. Jordan (Creed - Nascido Para Lutar)

Se B. Jordan é mais um ator negro que não rompeu com o "Oscars All White", Maryse Alberti não conseguiu acabar com uma falha histórica da Academia: O Oscar de fotografia nunca teve uma mulher entre seus indicados. E seu trabalho, assim como o do protagonista de Creed, é um primor.

  • "See You Again" (Velozes e Furiosos 7)

Vin Diesel até tentou, mas não foi dessa vez que ele consegue emplacar um filme seu na lista de indicados ao Oscar. E dessa vez ele até tinha chances, já que a canção "See You Again" mostrou popularidade suficiente para alcançar uma nomeação em Melhor Canção Original. Mas se em anos recentes a Academia foi mais popular em tal categoria, esse ano ela foi diferente. Azar.

  • O Bom Dinossauro/Snoopy e Charlie Brown - O Filme

Eles pareciam estar dentro, mas não contavam com a astúcia das animações de menor visibilidade. Antes fechada do princípio, a categoria de Melhor Animação surpreendeu excluindo o filme jurássico da Pixar e a nova adaptação de Peanuts às telonas para dar lugar ao último trabalho do Estúdio Ghibli (As Memórias de Marnie) e o brasileiro O Menino e o Mundo. E para falar a verdade, isso foi ótimo.

  • Colina Escarlate

Embora seja um filme mais fraco do diretor Guillermo del Toro, Colina Escarlate teve méritos suficientes para merecer indicações nas categorias de Melhor Design de Produção ou Melhor Figurino em sua construção eficaz de um terror gótico clássico. Mas o filme não contava com O Regresso, que praticamente roubou suas duas únicas chances de glória na premiação.

  • Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros/A Travessia

Um foi um inesperado fenômeno de bilheteria. O outro apostou com tudo nos efeitos visuais para contar sua história. Os dois apostaram que conseguiriam lugar na categoria de Melhores Efeitos Visuais. Ambos acabaram de fora.

  • Que Horas Ela Volta?

Representante brasileiro na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o filme de Anna Muylaert caiu fora do páreo ainda na pré-seleção da categoria, chocando a imprensa brasileira e estrangeira no processo. O filme, afinal, era tido como um dos únicos a ter chances de tirar o prêmio do húngaro Filho de Saul, cargo que agora fica com o francês Cinco Graças. O Brasil, pelo menos, não passará mais um Oscar de fora, graças à grata surpresa do Menino e o Mundo na categoria de Melhor Animação.

  • No Coração do Mar

Aqui a menção é válida a título de diversão. Previsto originalmente para disputar o Oscar do ano passado, o filme de Ron Howard sobre a origem de Moby Dick acabou se atrasando e marcando estreia para março de 2015. O estúdio, porém, ainda queria que o filme conquistasse algumas indicações na premiação, e acabou por adiar o filme para novembro do mesmo ano. A estratégia, pelo visto, não deu certo: No Coração do Mar nunca mostrou sinais de luta na corrida pelo Oscar em qualquer categoria, graças ao seu desagradável status de "Oscar bait".

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Oscar 2016: Indicados

O Regresso lidera, e o Oscar continua retrógrado.

Por Pedro Strazza.

Na manhã desta quinta-feira (14), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou a lista de indicados do Oscar 2016. Em sua 88° edição, a premiação confirmou várias expectativas, mas também surpreendeu com algumas escolhas inusitadas.

Em número de indicações, O Regresso, novo filme de Alejandro González Iñárritu, lidera com doze indicações, seguido de perto por Mad Max - Estrada da Fúria, que tem dez. Favorito ao prêmio de Melhor Filme, Spotlight - Segredos Revelados conquistou seis nomeações, uma à frente do por enquanto seu maior adversário, A Grande Aposta, com seis.

Além desses quatro, também foram indicados ao prêmio principal da cerimônia Perdido em Marte (7 nomeações), Ponte dos Espiões (6), Brooklyn e O Quarto de Jack (cada um com 3), totalizando oito filmes. Entre os que ficaram de fora, surpreende as esnobadas dadas a Carol (que tem seis menções na lista), Straight Outta Compton - A História do N.W.A. (1) e Sicario - Terra de Ninguém (3), esses dois últimos porque pareciam ter espaço na competição após suas nomeações no PGA Awards. Atual terceira maior bilheteria mundial, Star Wars - O Despertar da Força marca presença na disputa, com cinco indicações em categorias técnicas.

Apesar de Que Horas Ela Volta? ter ficado de fora da disputa de Melhor Filme Estrangeiro, o Brasil tem um representante na premiação desse ano: O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, foi indicado à categoria de Melhor Animação, desbancando junto do provável último filme do Estúdio Ghibli, As Memórias de Marnie, os favoritos O Bom Dinossauro e Snoopy e Charlie Brown - O Filme.

O Oscar, por outro lado, tem poucos motivos para festejar, já que continua a se mostrar cada vez mais retrógrado em suas listas. Pelo segundo ano consecutivo, a premiação nomeou apenas candidatos brancos nas categorias de atuação, ignorando atores como Benicio Del Toro, Idris Elba (que não conseguiu emplacar a primeira indicação da Netflix nos prêmios principais com seu Beasts of No Nation) e Michael B. Jordan. Além disso, a Academia continua a diferenciar os indicados a Melhor Filme das de atuação femininas: enquanto Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante possuem somados seis indicados presentes no prêmio máximo, as de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante possuem apenas três representantes.

Mais uma vez, a premiação faz por merecer o título "Oscar All White and All Men" (Oscar todo branco e masculino), e num ano tão importante para a discussão de gênero isso é grave.

A seguir, a lista final de indicados à 88° edição dos Academy Awards:

Melhor Filme

Melhor Ator
  • Bryan Cranston (Trumbo)
  • Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa)
  • Leonardo DiCaprio (O Regresso)
  • Matt Damon (Perdido em Marte)
  • Michael Fassbender (Steve Jobs)

Melhor Ator Coadjuvante
  • Christian Bale (A Grande Aposta)
  • Mark Ruffalo (Spotlight – Segredos Revelados)
  • Mark Rylance (Ponte dos Espiões)
  • Sylvester Stallone (Creed – Nascido Para Lutar)
  • Tom Hardy (O Regresso)

Melhor Atriz
  • Brie Larson (O Quarto de Jack)
  • Cate Blanchett (Carol)
  • Charlotte Rampling (45 Anos)
  • Jennifer Lawrence (Joy – O Nome do Sucesso)
  • Saoirse Ronan (Brooklyn)

Melhor Atriz Coadjuvante
  • Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
  • Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados)
  • Kate Winslet (Steve Jobs)
  • Rachel McAdams (Spotlight – Segredos Revelados)
  • Rooney Mara (Carol)

Melhor Animação
  • Anomalisa
  • Divertida Mente
  • As Memórias de Marnie
  • O Menino e o Mundo
  • Shaun, O Carneiro

Melhor Fotografia

Melhor Figurino
  • Carol
  • Cinderela
  • A Garota Dinamarquesa
  • Mad Max – Estrada da Fúria
  • O Regresso

Melhor Direção
  • Adam McKay (A Grande Aposta)
  • Alejandro González Iñárritu (O Regresso)
  • George Miller (Mad Max – Estrada da Fúria)
  • Lenny Abrahamson (O Quarto de Jack)
  • Thomas McCarthy (Spotlight – Segredos Revelados)

Melhor Documentário
  • Amy
  • Cartel Land
  • The Look of Silence
  • What Happened, Miss Simone?
  • Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom

Melhor Documentário em Curta-Metragem
  • Body Team 12
  • Chau: Beyond the Lines
  • Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah
  • A Girl in the River: The Price of Forgiveness
  • Last Day of Freedom

Melhor Montagem

Melhor Filme Estrangeiro
  • O Abraço da Serpente (Colômbia)
  • Cinco Graças (França)
  • O Filho de Saul (Hungria)
  • Guerra (Dinamarca)
  • Theeb (Jordânia)

Melhor Maquiagem e Penteados
  • Mad Max – Estrada da Fúria
  • The 100-Year-Old Who Climbed Out the Window and Disappeared
  • O Regresso

Melhor Canção Original

Melhor Trilha Sonora
  • Carol
  • Os Oito Odiados
  • Ponte dos Espiões
  • Sicario – Terra de Ninguém
  • Star Wars – O Despertar da Força

Melhor Design de Produção
  • Garota Dinamarquesa
  • Mad Max – Estrada da Fúria
  • Perdido em Marte
  • Ponte dos Espiões
  • O Regresso

Melhor Animação em Curta-Metragem

Melhor Curta-Metragem
  • Ave Maria
  • Day One
  • Everything Will Be Okay
  • Shok
  • Stutterer

Melhor Som
  • Mad Max – Estrada da Fúria
  • Perdido em Marte
  • O Regresso
  • Sicario – Terra de Ninguém
  • Star Wars – O Despertar da Força

Melhor Mixagem de Som
  • Mad Max – Estrada da Fúria
  • Perdido em Marte
  • Ponte dos Espiões
  • O Regresso
  • Star Wars – O Despertar da Força

Melhores Efeitos Visuais
  • Ex Machina
  • Mad Max – Estrada da Fúria
  • Perdido em Marte
  • O Regresso
  • Star Wars – O Despertar da Força

Melhor Roteiro Adaptado
  • Brooklyn
  • Carol
  • A Grande Aposta
  • Perdido em Marte
  • O Quarto de Jack

Melhor Roteiro Original
  • Divertida Mente
  • Ex Machina
  • Ponte dos Espiões
  • Spotlight – Segredos Revelados
  • Straight Outta Compton

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Crítica: Creed - Nascido Para Lutar

Continuação e reboot, filme desafia a concepção de passado como homenagem ou fantasma.

Por Pedro Strazza.

Pode parecer dispensável, mas é importante tratar de contexto quando se fala do primeiro Rocky. Lançado em 1976, poucos anos depois do caso Watergate e da consequente renúncia do presidente Nixon, o filme vencedor do Oscar de Melhor Filme aproveitava (como tantos outros na época) do clima de desconfiança instaurado na sociedade após tal episódio para situar uma história de reconexões, protagonizada por um pugilista solitário e de ascendência europeia cuja missão era a de reunir as pessoas em torno de algo guiado puramente pelo emocional, o esporte. A cena final do longa, que traz Rocky e Adrian procurando um ao outro em meio ao caos do fim da luta, praticamente legitima esse processo da forma mais romântica possível, com um beijo que apesar de piegas se faz como solução ideal para essa crise.

Como na estrutura, o que Creed - Nascido Para Lutar aproveita desse raciocínio do original é a carcaça, mas no bom sentido. Conscientes do desafio que estabelecem a si mesmos, o diretor Ryan Coogler e seu parceiro no roteiro Aaron Covington aproveitam a noção de fundo histórico do original para mais uma vez costurarem os ânimos derrotados dos EUA em cima de um pugilista, só que tomando o cuidado de não transformar essa inclinação de respeito em reverencialismo descarado. Ao invés disso, o que se vê no longa é um esforço de estabelecer novos conceitos em cima de narrativas antigas.

É algo bastante natural, se considerarmos que o protagonista da vez é filho do antagonista do original. Além dessa troca de papéis - que também ocorre com o herói de antepassados europeus, agora um nêmesis estrangeiro - o filme também inverte a ascensão de riqueza de seu personagem principal. Para se tornar um grande lutador como seu falecido pai, Adonis Creed (Michael B. Jordan) deve abandonar o conforto da mansão da família em Hollywood para treinar com o aposentado Rocky Balboa (Sylvester Stallone) nas ruas frias de uma Filadélfia em recuperação dos efeitos da crise econômica.

Dessa forma, Coogler e a diretora de fotografia Maryse Alberti tem a oportunidade de mais uma vez filmar esses ambientes da mesma maneira deteriorada, com o diferencial desses espaços sugerirem um passado menos glorioso, em seus pôsteres acumulados e paredes descascadas. As locações também surgem como boa opção para a obra se estabelecer como um filme de empreendedorismo: ainda que faça o caminho idêntico de reunião com a sociedade que o cerca, Adonis também representa de certa maneira o futuro dos EUA, que com um legado tão pesado a carregar deve batalhar para honrá-lo e trazer novas glórias a este.

Porque no fundo Creed ainda é um filme de legado, seja como reboot disfarçado de continuação ou na relação que seu protagonista nutre com o pai ao qual nunca chegou a conhecer, mas ele continua a optar pelo novo sempre que possível, mesmo que para isso tenha de usar de elementos do passado. Se a trilha sonora de Ludwig Goransson aproveita de elementos das músicas de Bill Conti e as combina com elementos modernos (as batidas estridentes, sua rima aqui), Alberti investe nos longos planos para aumentar a euforia em cima de um Adonis emasculado nos momentos propícios, e Coogler se comprova como mestre na hora de juntar os dois e entregar a catarse pedida nas lutas.

Mas o elemento mais preso ao passado e que contribui para dar ao filme esse ar de nostalgia, claro, é o Rocky de Stallone. Sua função, porém, não é idêntica à vista em Rocky Balboa, no qual o antigo era visto com tristeza; mesmo que continue a ser figura trágica do sexto capítulo da franquia (ele é o único que não se foi), o personagem assume tanto o papel de mentor ao protagonista como serve de contraste - cômico ou dramático, graças a Stallone - com Creed, em uma maneira simples de botar em perspectiva as dificuldades de Adonis com as suas em 1976. É como se Coogler quisesse destacar na narrativa essa noção de que os EUA sempre se recuperam e dão a volta por cima dos piores momentos, sejam estes políticos ou econômicos.

É talvez nessa questão de comparação do antigo com o atual que Creed acabe por funcionar tão bem, e não apenas nas relações de pai e filho criadas na narrativa. Ao optar por refazer o arco de superação com pegada no legado, Coogler consegue tornar sua história mais legível para os fãs mais velhos e os que estão chegando agora, tirando o longa da mesmice ideológica de que o passado vem para nos assombrar. O fantasma de Apollo e Adrian, afinal, nunca aparecem para dificultar o caminho de Adonis ou de Rocky; eles são os motores ideais para que estes continuem a viver.

Nota: 8/10

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Crítica: Spotlight - Segredos Revelados

Relato  de processo jornalístico desconstrói os alicerces sociais à distância.

Por Pedro Strazza.

Dos vários choques de realidade proporcionados por Spotlight - Segredos Revelados, surpreende que o maior deles seja justamente aquele que se faz mais discreto na narrativa, o do real status quo do jornalismo. Apesar da história se passar entre os anos de 2001 e 2003 (há mais de dez anos!), a fotografia de Masanobu Takayanagi tem uma predisposição a filmar o vazio material das redações e o número pequeno de pessoas presentes nesses ambientes, enchendo-os ora ou outra de documentos e arquivos. É como se a tão alardeada crise do jornalismo dos dias de hoje fosse um fato atemporal, algo que mova a produção no meio da mesma forma que um burro é sempre chicoteado pelo dono para mover a carroça.

Esse fato ajuda a explicar alguma das escolhas feitas pelos roteiristas Tom McCarthy e Josh Singer para recontar nas telas a investigação realizada pela equipe Spotlight do jornal The Boston Globe sobre os abusos sexuais cometidos por uma rede de membros da Igreja. Pois mesmo que de início o filme se estabeleça como uma crítica dura à tal instituição religiosa, ele logo expande esse raciocínio para um panorama mais geral da coisa.

A lógica do longa dirigido por McCarthy é a mesma de uma fileira de dominós: se um cai, todos caem juntos. Da mesma forma que empresas e pontos turísticos derrubados (o outdoor da AOL, o pequeno televisor na redação reportando o 11 de setembro) o longa denuncia o declínio das instituições que formam a sociedade contemporânea, deterioradas pelo tempo e a cobiça do ser humano. Oriundo disso, é visível nos lugares e nas pessoas um ar de desilusão constante com o convívio social intenso, seja nos diversos planos que apresentam os personagens sozinhos ou mesmo nas multidões solitárias que discretamente ocupam os espaços públicos. A Igreja, claro, é ainda o maior antagonista da história, mas não passa despercebido o desencanto com profissões como o Direito e o Jornalismo - esta última bastante evidente na relação entre o chefe da Spotlight vivido por Michael Keaton e o antigo editor do jornal, interpretado por Jamey Sheridan.

Mas se Spotlight parece disposto a desfazer gigantescas organizações, ele tem dificuldades em posteriormente construir algo que as substitua, e em parte isso é culpa do próprio roteiro e do pouco que ele faz para estabelecer uma relação entre indivíduo e sistema. Esse elemento, vital em produções dispostas a analisar esta temática, sai atrapalhada no filme pela insistência de McCarthy em filmar a história com distância, em planos que valorizam mais o ambiente que a pessoa e esfriam o envolvimento do espectador com os protagonistas.

A bem da verdade, interessa ao diretor a informação e não o ser humano: os closes do longa sempre se dão no ato da revelação, do relato de inocentes ou de pessoas envolvidas na rede, e nunca chegam a se interessar pelo impacto desta no indivíduo e na sociedade ao qual integra. De vez em quando, o filme até ensaia dar maior atenção aos efeitos da matéria em seus protagonistas jornalistas, como na reação do personagem de Brian d'Arcy James ao descobrir a proximidade de um centro de recuperação do clero de sua casa (uma das poucas sequências que se percebe um manejo humano da câmera) ou na de Rachel McAdams vendo sua avó mega-católica ler sobre o caso; mas à exceção das cenas com o personagem de Mark Ruffalo - o qual encontra um ápice maravilhoso em um momento em que ele pede um táxi e sai desesperado atrás deste, rompendo com a sistemática natural das coisas - é notável que Spotlight parece confortável em se comportar como filme puro de processo, a ponto de não se interessar em revelar o destino dos envolvidos na fabricação da matéria.

A cena que retrata o impacto da notícia do resultado de um julgamento explicita muito bem essa lógica fria da produção. Nela, McCarthy inicialmente estabelece todos os personagens envolvidos olhando para extremos do quadro, cujo centro é Keaton à mesa. Quando este último recebe a ligação que o informa da decisão sobre o caso, a câmera começa a dar um zoom lento e todos olham para seu cubículo interessados no fato, e quando o recebem, não demonstram qualquer reação a ele. É como se eles já fossem parte do sistema mesmo que o combatam com vigor, incapazes de esboçar um mínimo de humanidade que o tornem reais.

E para um filme que vê os poucos momentos de contato com um misto de estranheza e preciosidade, isso pode ser alarmante.

Nota: 6/10

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Crítica: Os Heróis de Sanjay

Sentimento é a estrela guia de curta que ensina tolerância.

Por Pedro Strazza.

Existem vários benefícios na decisão de tornar um arco íntimo de uma pessoa na essência de um filme, e muito provém do inevitável ato de aproximação que se gera entre público e autor. Trazer para a tela a relação de alguém com uma pessoa pela qual ela nutre carinho traz compaixão à obra, e quanto mais bem trabalhada melhor a obra se torna.

É o caso de Os Heróis de Sanjay, curta que antecede as exibições de O Bom Dinossauro e que conta uma história de fatos mais ou menos reais, como bem brinca nos créditos iniciais. A artimanha do estreante na direção Sanjay Patel é simples: das lições religiosas que seu pai insistia em passar pra ele quando pequeno, ele brinca com seu imaginário da época para fazer uma aventura que envolva tanto os super-heróis de sua infância quanto a religião de sua família.

O resultado é bonito, e funciona melhor que o esperado. Feito em cores vibrantes para dar o contraponto à dura realidade, mostrada no curta pelo número mínimo de móveis na sala de estar (uma decisão inesperada, vide que tais filmes são exibidos em dupla com os longas da Disney para já tirar o espectador da realidade), as cenas dentro da cabeça do garoto protagonista não só divertem pela criatividade do negócio - os deuses assumirem de vez o papel de super-herói é uma ideia simples mas bem executada - como também promovem diversidade e tolerância religiosa sem chamar muita atenção, desprovido de qualquer julgamento maior e descabido a uma produção do tipo. A combinação desses dois elementos sai satisfatória, em um equilíbrio difícil de se alcançar.

Mas o que dá liga a isso, a bem da verdade, é o próprio sentimentalismo inerente ao roteiro. O valor que Patel dá à sua relação com o pai, no filme figuras tão opostas para depois se unirem no meio do caminho, é capaz de trazer o espectador pra dentro da história de Os Heróis de Sanjay com velocidade, algo essencial para a estrutura pequena e breve do curta.

Nota: 8/10

Crítica: O Bom Dinossauro

Faroeste e animação não escondem reais problemas do filme em 16° projeto da Pixar.

Por Pedro Strazza.

Embora seja uma animação que se disponha a contar uma história em um mundo onde dinossauros e seres humanos coexistam - graças à ausência do meteoro que destruiu os primeiros - é curioso que O Bom Dinossauro se estabeleça em seus primeiros momentos como um filme sobre as fundações dos Estados Unidos. As primeiras cenas do 16° longa-metragem da Pixar, afinal, são exatamente sobre esse tema, mostrando o pai do protagonista Arlo formando com paciência sua fazenda e família.

É esse estranho espírito nacionalista, alinhado com a inesperada adequação aos trejeitos do faroeste, que torna o filme do diretor Peter Sohn em uma espécie de experiência já vivida pelo espectador, que ao mesmo tempo é procurada e rechaçada pela produção para contar a história do jovem apatossauro Arlo e sua inexplicável parceria com uma selvagem criança humana, Spot. Único a não conseguir provar seu valor para a família, o dinossauro acaba longe dela após uma estranha cadeia de eventos, e tendo como única companhia o pequeno selvagem ele parte então em uma longa jornada de volta para casa.

Daí em diante, o roteiro de Meg LeFauve segue sem maiores surpresas as diretrizes da Pixar, que tem no arco de amadurecimento o elemento universal para se conectar com adultos e crianças. A diferença aqui é que, se nos outros filmes do estúdio essa universalidade era seguida à risca, em O Bom Dinossauro ela parece se chocar constantemente com tom moralista ao qual ele se associa: pelo menos aos olhos de Sohn, LeFauve e o resto da equipe, a jornada de Arlo e Spot é nada mais que a de dois indivíduos em busca de suas respectivas unidades familiares, únicas capazes de prover a eles dos meios necessários para sobreviver. Para os menores isso talvez funcione, mas no plano geral esse discurso não poderia estar mais ultrapassado.

O que não está datado, porém, é o faroeste, e é ele que oferece ao longa os seus melhores momentos. Na trilha sonora característica de Jeff e Mychael Danna ou no design de todas as cenas envolvendo o trio de tiranossauros e sua procura pelo rebanho, os toques do gênero conseguem dar o estofo necessário ao arco principal quando tem a chance de realizar isso por justamente trazer um caráter atemporal à produção. Mesmo a crítica religiosa empreendida na figura dos pterodáctilos, a princípio tão fora das estrutura estabelecida, parece se tornar mais orgânica conforme esse processo se dá na narrativa.

O outro ponto que trabalha à favor da história e a salva do genérico é a própria animação, que encanta em seus aspectos mais detalhistas. Os efeitos de luz, sombra e água são quase realistas em sua proposta, dando vida aos ambientes e personagens (esses bastante estilizados). O truque, entretanto, é que eles nunca chamam a atenção para si além dos planos gerais, momento onde são chamados para tomar a frente do palco.

E é talvez aí que esteja o grande problema de O Bom Dinossauro. Se em outros filmes a Pixar chamava a atenção por criar histórias que brilhavam nos pequenos detalhes, falta à estreia em longas de Sohn uma trama sólida, e ele aposta somente no fator do "algo a mais" para substituí-la. Mas não importe o número de adereços que se ponha na superfície, esse vazio é sentido em toda a cavidade oca.

Nota: 6/10

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Crítica: Os Oito Odiados

Com caldeirão social efervescente, Quentin Tarantino quebra mais um alicerce americano.

Por Pedro Strazza.

A essa altura da carreira, Quentin Tarantino já deve ter deixado claro para qualquer espectador que ele trabalha no cinema para desconstruí-lo em seus ideais. Das pin-ups que se revoltam contra o macho que as oprime de À Prova de Morte aos faroestes protagonizados por mulheres e negros - esses tipos relegados nos clássicos a servir o homem branco em seus afazeres heroicos - nos dois volumes de Kill Bill e em Django Livre, o diretor e roteirista assumiu para si na carreira essa tarefa de questionar os alicerces da mitologia estadunidense sem contudo nunca assumir filiação a qualquer movimento social de igualdade, bem a exemplo da polêmica com seu uso desenfreado da palavra "nigger" em Django e que continua a persistir em Os Oito Odiados junto agora de inúmeros "bitch".

É nesse tão alardeado oitavo filme da carreira, por sinal, que o cineasta parte de fato para a desconstrução definitiva do cinema americano em sua essência, no arquétipo mais utilizado pelas artes do país e que continua a persistir nos moldes atuais. Mais uma vez no faroeste e tirando a poeira acumulada dos filmes cabin fever na mesma intensidade que faz com a fotografia em 70mm, Tarantino vai atrás do questionamento ao tão celebrado herói americano, aquele cujos feitos revolucionam o mundo um salvamento de mocinha de cada vez.

É um assunto que se anuncia desde o início nos aspectos técnicos, nas pequenas coisas que o diretor reafirma seu amor a cada novo projeto. Além dos "gloriosos" 70mm que o cineasta usa para mergulhar o espectador no imenso deserto branco das paisagens de inverno (e mesmo cortadas pelas adaptações para o formato convencional dos cinemas comerciais encantam da mesma maneira), Tarantino deixa claro o caráter revisionista de seu faroeste em elementos como a trilha sonora de Ennio Morricone e o design de produção, feitos para emular nos objetos e no uso constante de instrumento de sopro mais graves o clima de leve tensão que aos poucos domina a cabana onde os personagens se abrigam durante uma forte nevasca.

Mas por que essa tensão crescente? Além de toda a situação envolvendo o desconfiado caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) em proteger sua criminosa aprisionada Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) de quaisquer investidas da gangue à qual ela pertence e de outros caçadores interessados no prêmio oferecido pela cabeça dela em um lugar em que confia em ninguém, o casebre em que ocorre grande parte dos eventos de Os Oito Odiados serve como caldeirão para a reunião dos mais diferentes tipos sociais do cinema estadunidense, que por serem naturalmente opostos entre si acabam por dar início ao banho de sangue conhecido dos filmes de Tarantino.

Mulher, negro, imigrante prestigiado e desprestigiado, vaqueiro, confederado, xerife... boa parte desses tipos representam indivíduos marginalizados ou criminalizados na sociedade americana, enquanto a outra é posta no pedestal pelos bons modos e uma "mente superior", e ambos assim sendo pintados na sétima arte. Todos odiados, todos julgados no longa como seres desprezíveis em seus preconceitos e atos de violência exarcebados - e é alarmante isso na cena em que Russell dá um murro na boca de Jason Leigh, onde Tarantino filma sem glorificar a pancada, numa medida rara e quase única na carreira de repudiar a agressão. Todos, porém, ajudaram a consolidar os Estados Unidos como conhecemos, e seu reconhecimento ou a falta dele são o que geram os conflitos do filme.

Tarantino, porém, não se interessa somente em pô-los em rota de colisão para gerar caos e destruição como também em pé de igualdade. É comum (e estranho) ver na fotografia de Robert Richardson (frequente colaborador dos filmes do diretor) planos que ponham em pé de igualdade os diferentes personagens de diferentes sexos, cores ou idades, seja nos diálogos rápidos ou nos planos mais gerais. Mesmo a presença fantasmagórica do presidente Lincoln, homem conhecido por querer unir os povos em seu governo e aqui o grande tesouro na forma de uma carta, surge para reforçar no filme esse desejo escondido e cheio de esperança em meio à tempestade que se forma.

O conflito, entretanto, é algo inerente aos filmes do cineasta e também a melhor solução para resolver os problemas, e o sangue logo começa a jorrar. A grande questão é: O que vai surgir desse caldo social de diferentes temperos?

Pois é por meio do caldeirão efervescente de traições e tiros que emerge o herói americano, mas dessa vez não da forma que se espera. Em Os Oito Odiados, enquanto o maior vilão é o homem branco emasculado (não à toa interpretado por Channing Tatum, experiente no ramo desde Magic Mike), o mocinho termina por ser justamente o xerife interpretado por Walter Goggins, que em sua mentalidade confederada, racista e misógina e mesmo na figura franzina é a antítese de tudo aquilo que se espera desse arquétipo. O grande conflito final, na verdade, não é se ele se rende às ofertas tentadoras de Daisy ou permanece ao lado da justiça e do caçador de recompensas interpretado por Samuel L. Jackson (tanto o maior espectador do debate como também figura odiosa), mas sim o do espectador em se afiliar àquele sujeito em sua batalha contra "o mal".

Enquanto isso, é inegável que Tarantino esteja se divertindo a valer em seu épico desconstrutivo. O problema é ele acabar por deixar transparecer demais seus acessos de alegria com a violência: as explosões de sangue ocorridas no longa, mais viscerais do que nunca em sua filmografia graças ao ótimo trabalho de efeitos visuais, acabam por deixar o diretor se deixar levar demais pelo seu tesão, e por sua vez permite que certos sadismos seus cheguem à superfície e se mostrem inadequados socialmente. Misoginia e racismo aparecem nesses momentos de explosão de agressividade, ainda que no mesmo tom de ato involuntário no uso do velho clichê de colocar a mulher como representação do pecado - e também sendo bastante divertidos, como no ato irônico de ambientar o grande confronto de Samuel L. Jackson com o confederado interpretado por Bruce Dern em um "Noite Feliz" tocado no piano.

Assim, entre canos fumegantes, jorros de sangue na cara de seus personagens e vícios de linguagem mais controlados (o close nos pés dessa vez ocorre em pessoas calçadas), que Tarantino caminha a passos largos para se tornar o grande bastião desse esforço de questionar e demolir os antigos arquétipos hollywoodianos. O herói, que a princípio parece ser o homem mais paranoico e de objetivo mais claro - o dinheiro, claro - no grupo, com velocidade passa a ser na visão do cineasta o homem mais desprezível e sem meta real alguma, que por alguma razão continua a ser o homem pelo qual espectador torce para que tome a decisão certa.

Mas se ele termina amigo daquele que mais despreza, em pé de igualdade com este, é sinal de que melhorou o suficiente para aceitá-lo neste papel. Ou pelo menos é isso que o diretor leva o público a crer.

Nota: 9/10

Preview 2016: Cinema

O que 2016 promete no mercado cinematográfico?

Por Pedro Strazza.

Como já dito no Melhores do Ano, 2015 foi um ano de reinícios e tentativas de adaptação. Enquanto grandes franquias de antigamente buscaram o retorno, a discussão sobre a mulher no cinema guiou os rumos da sétima arte em todos os sentidos, na tentativa de quebrar paradigmas há tantos séculos erguidos e nunca alterados pela indústria.

Mas como isso irá se comportar 2016? A princípio, é natural considerar que os dois tópicos do ano passado continuem - e irão mesmo continuar - reverberando nas grandes e pequenas produções dos próximos 365 dias.

O ano que se inicia, porém, também promete trazer duas vertentes importantes para o mercado, pelo menos no que se refere ao calendário de blockbusters hollywoodianos de 2016. A primeira envolve o ápice da "Era dos Super-Heróis", que com a ajuda dos atuais três maiores estúdios responsáveis pelos rumos do subgênero (Disney/Marvel Studios, Warner e 20th Century Fox) irá desembarcar nada menos que seis grandes produções ao longo dos próximos doze meses. Será em média um filme de super-herói a cada sessenta dias, o primeiro teste das adaptações de quadrinhos como líderes desse mercado e contra o  seu inevitável inchaço - que a passos lentos começa a se aproximar.

A segunda, também relevante, é o ato inaugural dos spin-offs de milionárias franquias, que com o advento de Rogue One: A Star Wars Story e Animais Fantásticos e Onde Habitam - e estimulados pelos números razoáveis de Creed - Nascido Para Lutar - tentam trazer os mesmos números do passado apostanto na estratégia da Marvel Studios. Depois do leve desapontamento com os prelúdios, os grandes estúdios de Hollywood ficarão bastante atentos ao desempenho destes dois derivados nas bilheterias, cujos resultados serão decisivos para o futuro dos blockbusters. Em caso de sucesso, é de se esperar a disseminação de histórias ambientadas em universos conhecidos do público para os próximos anos; se fracassarem, é mais uma porta que se fecha para Hollywood em sua eterna procura por enormes quantias de dinheiro.

De resto, quem sabe o que acontecerá? 2016 decididamente será um ano interessante, e as próximas dezoito produções são prova cabal disso.

Bom lembrar:
  • TODAS os filmes presentes nessa lista tem estreia marcada para depois do mês de janeiro. Dessa maneira, evita-se eventuais sobras do ano anterior como Os Oito Odiados, Steve Jobs, Carol etc.
  • As produções aqui listadas estão organizadas por ordem de gosto pessoal, e não por serem "os filmes mais esperados pelo público em 2016". Seria uma presunção enorme de minha parte acreditar que minhas preferências cinéfilas são reflexo direto do público. Além disso, tomar uma medida dessas incluiria eu acrescentar filmes como Deadpool, Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos e Procurando Dory, que de início não aguardo ansioso como muitos devem estar.
Vamos a eles:

16) Knight of Cups

Depois da natureza, Terrence Mallick vai à cidade. O diretor de Além da Linha Vermelha e do premiadíssimo Árvore da Vida se junta a Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman e o badalado diretor de fotografia Emmanuel Lubezki para filmar mais uma de suas histórias, agora situada nos "palácios do cinema" de Los Angeles. Se isso vai ser bom ou ruim...
Previsão de estreia: 14 de abril (sujeito a mudanças)

15) Orgulho e Preconceito e Zumbis

Já há um tempo em produção, a adaptação da paródia do clássico de Jane Austen finalmente sairá do papel em 2016... e parece ser algo divertido! Com nomes conhecidos no elenco (Lily James, Matt Smith, Charles Dance!) e uma disposição a fazer humor sem ser escrachado, o longa do diretor Burr Steers pode ser o terrir trash que todos nós estamos precisando.
Previsão de estreia: 4 de fevereiro (sujeito a mudanças)

14) Mogli - O Menino Lobo

Eu sei que a essa altura é difícil de ser otimista com os live-action de contos de fada, mas no ano em que teremos Alice Através do Espelho (ugh) também estreia essa nova adaptação de Mogli, que comandada por Jon Favreau (uma face de dois gumes, bom lembrar) é a nova grande promessa do nicho. O visual dos animais estão incríveis, pelo menos.
Previsão de estreia: 14 de abril

13) Vizinhos 2

O primeiro Vizinhos surpreendeu em 2014 com ótimas piadas e um tipo de conflito difícil de se ver bem executado em comédias. Dois anos depois, a vida do casal vivido por Seth Rogen e Rose Byrne volta a ser incomodada por uma fraternidade de faculdade, agora comandada por Chloë Grace-Moretz e Selena Gomez. Com Nicholas Stoller e Rogen respectivamente de volta à direção e o roteiro, tem como dar errado?
Previsão de estreia: 19 de maio

12) Invocação do Mal 2

Enfim é o ano da tão esperada sequência do terror de casa assombrada que liderou o gênero em 2013. Com os retornos de Vera Farmiga, Patrick Wilson e o diretor James Wan, espera-se de Invocação do Mal 2 o mesmo nível de qualidade nos sets de horror e tensão, pronto para deixar qualquer espectador suando frio e assustado em sua cadeira.
Previsão de estreia: 9 de junho

11) Zootopia - Essa Cidade é o Bicho

Atualmente em uma boa sequência (desde Detona Ralph que o estúdio não erra?), as animações da Disney trazem mais um representante em 2016 que promete ter o mesmo nível de criatividade de tantos outros trabalhos do departamento. Situado em um mundo de animais antropomorfizados, Zootopia parece seguir o caminho das histórias policiais com os toques multicoloridos do estúdio, com a famosa lição bonitinha no final. E pelo trailer, as risadas estão garantidas.
Previsão de estreia: 18 de fevereiro

10) Assassin's Creed

Outro filme que já tá pra sair há um tempo, o primeiro capítulo nos cinemas da série de games Assassin's Creed chega esse ano com um time até que invejável. Além do diretor Justin Kurzel (que vem de uma adaptação de Macbeth cheia de firulas e pouca substância), o filme conta no elenco com estrelas de primeiro porte como Michael Fassbender, Marion Cotillard e Brendan Gleeson, todos preparados para contar uma história inédita da franquia nas telonas.
Previsão de estreia: 22 de dezembro (sujeito a mudanças)

9) O Bom Gigante Amigo

Depois de fazer três filmes que emulavam os clássicos estadunidenses, Steven Spielberg volta à fantasia em sua primeira parceria com a Disney, numa história que envolve gigantes e crianças. Difícil de não empolgar.
Previsão de estreia: 8 de setembro

8) Batman Vs Superman - A Origem da Justiça/Capitão América - Guerra Civil/X-Men - Apocalypse

2016 decididamente é o ano dos apocalipses nos filmes de super-herói. Batman e Superman se confrontam para depois criar a Liga da Justiça com Mulher Maravilha (que faz sua estreia nos cinemas e pode ser uma das grandes personagens do ano); Capitão América e Homem de Ferro lutam entre si para decidir se os heróis serão controlados pelo governo enquanto estabelecem no Universo Marvel o Pantera Negra e o Homem-Aranha (dois personagens que podem se destacar no ano); e os X-Men literalmente enfrentam o fim do mundo na figura de Apocalipse enquanto introduzem mais uma vez alguns de seus integrantes mais famosos (personagens que podem... ok, nesse caso não).

De tanta destruição e sofrimento, eu só espero que não canse e fique chato.
Previsão de estreia: 24 de março/28 de abril/19 de maio

7) Independence Day - O Ressurgimento

O diretor Roland Emmerich pode ter feito muita bobagem nesses últimos anos (e não foi pouca), mas voltar a Independence Day pode ter sido sua melhor ideia. Com boa parte do elenco retornando - acho que só faltou o Will Smith mesmo - e com escala de destruição multiplicada, O Ressurgimento é o tipo de épico combinado a filme de desastre que soa divertido em essência. É torcer para que isso ocorra.
Previsão de estreia: 23 de junho

6) Ave, César!

Os Irmãos Coen estão de volta à direção e à comédia, em um filme situado na era de ouro de Hollywood e com grande elenco. Tem como não ficar animado???
Previsão de estreia: 10 de março (sujeito a mudanças)

5) Animais Fantásticos e Onde Habitam

Mais de cinco anos depois do fim da saga, o bruxo mais famoso da atualidade retorna às telonas... em parte. Baseado no livreto "teórico", Animais Fantásticos e Onde Habitam é tanto o primeiro esforço da franquia Harry Potter em expandir seu universo como a estreia de J.K. Rowling na redação de roteiros, em um filme que promete ser um suspense atmosférico de época com magia e criaturas famosas. Com David Yates de volta à direção (e pela primeira vez sem o nada criativo roteirista Steve Kloves para incomodá-lo) e forte time de atores e atrizes liderado pelo queridinho do público Eddie Redmayne, é o tipo de filme que pode surpreender em sua proposta.
Previsão de estreia: 10 de novembro

4) Esquadrão Suicida

Se no casting o filme não o convenceu, no trailer com certeza o fez. Comandado por David Ayer, a primeira incursão do Esquadrão Suicida nas telonas é a real grande promessa da DC para 2016, já que com personagens desconhecidos e consequente menor pressão de adaptação o filme pode surpreender mais o público - que já vai pagar o ingresso mesmo para ver o novo Coringa dos cinemas. E dado que Ayer sabe trabalhar com elencos inchados e dirigir ação (só ver Corações de Ferro), o longa tem bastante espaço para crescer.
Previsão de estreia: 4 de agosto

3) Doutor Estranho

Apesar de estar cada vez mais preso à fórmula que criou, a Marvel Studios tem em 2016 uma boa chance de se renovar com a estreia de Doutor Estranho nos cinemas. Contando com um diretor oriundo do terror, Scott Derrickson, e um elenco mais forte que o normal (Tilda Swinton? Chiwetel Ejiofor? Rachel McAdams? Mads Mikkelsen?), a primeira incursão do personagem interpretado aqui por Benedict Cumberbatch promete psicodelia e ideias loucas, algo que pode ser muito bem vindo ao Universo Cinematográfico Marvel depois de tanta repetição e produtos que, tirando algumas exceções, não escapam do mediano.
Previsão de estreia: 3 de novembro

2) Rogue One: A Star Wars Story

O episódio VIII ainda está um pouco longe de sair, mas Star Wars volta de novo às telonas em 2016 com um experimento diferente. Pela segunda vez apostando no formato de derivado (ou terceira, se contar o piloto cinematográfico de Clone Wars), a saga de fantasia investe numa história mais sóbria que Caravana da Coragem, contando a história dos rebeldes que foram responsáveis pelo roubo dos planos da Estrela da Morte original. O primeiro ponto forte do filme, deixando de lado os bons atores, é a escolha do diretor Gareth Edwards, que como provado no último Godzilla sabe muito bem ajustar a proporção de suas histórias na telona - algo que um filme paralelo à linha de eventos principal precisa saber fazer.
Previsão de estreia: 15 de dezembro

1) As Caça-Fantasmas

A princípio, o remake de Os Caça-Fantasmas parece ser o filme que vai fazer jus aos ensinamentos de 2015. Com um diretor que sabe fazer piada com os machismos da sociedade (Paul Feig, de Missão Madrinha de Casamento e A Espiã que Sabia de Menos) e um time só de mulheres - todas comediantes e que incluem as ótimas Melissa McCarthy e Kristen Wiig - auxiliados por um secretário interpretado por Chris Hemsworth (fantástico!), o filme parece ter o mesmo espírito marginal dos dois antecessores, disposto a enfrentar as hipocrisias da sociedade com muito humor. E isso é o tipo de coisa que o cinema precisa.
Previsão de estreia: 14 de julho