sábado, 12 de janeiro de 2013

Crítica: A Viagem

Mistura Improvável de gêneros e histórias coloca novamente os Wachowski e Tom Tykwer no topo

Sumidos desde o desastroso Speed Racer, os irmãos Andy e Lana (sim, ele trocou de sexo e fala como um pato agora) Wachowski resolveram voltar à direção, agora com Tom Tykwer (do excelente Corra, Lola, Corra) para adaptar o romance megalomaníaco Cloud Atlas, de David Mitchell.
 Passado em seis tempos diferentes, A Viagem (péssimo título brasileiro) nos apresenta 6 histórias que juntas formam uma só: Desde o longínquo ano de 1849 (Uma história sobre a abolição da escravatura) até milhões de anos depois (num futuro pós-apocalíptico), passando por 1946 (Sobre um relacionamento gay proibido e a criação de uma sinfonia chamada Sexteto Cloud Atlas, essencial para o filme), 1973 (Um suspense jornalístico sobre sabotagem em uma usina), 2012 (Uma divertida comédia inglesa sobre velhinhos fugindo do asilo) e 2144 (Uma ficção científica passada em Seoul sobre uma garçonete que se revolta contra a opressão governamental), vários elementos ligam as histórias entre si.
Mas ao contrário de vários filmes com histórias diversas, onde há um objetivo ou um cenário semelhantes, A Viagem vai além disso em suas conexões, mais sutis e com espaço para todos os contos se desenvolverem. É na filosofia e na crença que as seis histórias se encontram, sendo o tema a existência em vidas passadas e como elas afetam o nosso presente e futuro. Afinal, como uma futura profeta conseguiria se libertar de sua ignorância senão com um filme, baseado em uma história real, encontrado por sua amiga nos achados e perdidos? Ou onde que uma jornalista encontraria informações essenciais senão num pacote com cartas de amor da década pós-guerra? Assim que Cloud Atlas ganha sua graça e beleza profunda.
Essas idas e vindas nos tempos e gêneros é aproveitada para "reciclar" seus atores, garantindo ainda mais sentido e diversão ao filme. O primeiro pois fortalece-se a ideia do "Acho que estava destinado a encontrar com você este dia", e o segundo cria maior curiosidade no espectador: Graças à excelente maquiagem, torna-se uma brincadeira achar o artista em tal época (como Hugo Weaving num incrível/estranho/engraçadíssimo papel de enfermeira má).
Outro grande ponto positivo da película é a divisão de equipes: Enquanto nas cenas do passado e presente ganham um tom realista nas mãos do diretor alemão, sobra criatividade e imaginação no futuro com uma mão presente e certeira dos irmãos. É quase como se você zapeasse por seis filmes diferentes na TV por quase 3 horas, e ainda sim entendesse e encontrasse um sentido uno quando juntasse todos.
Certamente o tom que A Viagem nos deixa ao final é de que tudo visto e experimentado por cada um de nós é importante e necessário para nossas experiências. Uma grande vitória para o trio de diretores, entrando novamente para o hall da História do cinema com uma experiência que certamente deve ser repetida várias e várias vezes.

Nota: 10/10

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