segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Crítica: O Mestre

Paul Thomas Anderson usa da cientologia para comparar religiões com ignorância

Quando nascemos somos verdadeiros primatas. Choramos por comida, para nos limpar, nos dar banho e nos colocar pra dormir. Isso ainda se manifesta até o fim de nossa adolescência, sendo aos poucos eliminado pela moral civilizadora. Mas e se esse processo for interrompido, vamos dizer, pela Segunda Guerra Mundial?
Essa talvez seja uma das grandes questões de O Mestre, nova produção de Paul Thomas Anderson. O filme conta a história de Freddie Quill (Joaquin Phoenix), soldado da Segunda Guerra que quando retorna perdeu o rumo. Com sérias obsessões com sexo, ele alterna trabalhos até entrar clandestinamente em um navio liderado por Lancaster Dodd (Phillip Seymour Hoffman), que logo se encanta com a simplicidade de Quill. Decidido a "consertá-lo", Dodd o adota e o introduz nos mistérios da Causa, um tipo de culto misturado a viagens no tempo e vidas passadas, onde Lancaster é o mestre.
Obviamente que A Causa é uma referência à cientologia, culto polêmico nascido em 1952 e amplamente disseminado hoje em dia por Tom Cruise, seu maior representante. Mas essa ideia acaba sendo usada como uma verdadeira crítica à todas as religiões, que segundo o filme levam o povo a acreditar em qualquer coisa e depois a distorcem em seu próprio proveito. Um grande exemplo disso é a maneira como Dodd e sua mulher (Amy Adams) tentam "civilizar" Freddie com vários testes, que no final não levam a nada.
Esse processo de "civilazamento" dá espaço para uma atuação espetacular de Joaquin Phoenix, que imita trejeitos de primatas (repare a maneira como ele coloca os braços quando parado) até nas costas, onde coloca uma corcundinha. Amy Adams e Phillip Seymour Hoffman também estão sensacionais: Enquanto o último faz seu costumeiro "calmo raivoso" de maneira amendrontadora, além de fazer os papos sem pé nem cabeça de Dodd parecerem científicos e reais, tornando as conversas dele com Phoenix os melhores momentos do filme, Amy Adams traz seriedade e um toque de realidade à situação dos dois, mesmo que a situação seja louca.
O grande problema do filme é, porém, o ritmo. Extremamente lento, dedica-se demais nessa experimentação que Quill é submetido, o que pode deixar o espectador bastante desanimado. Além disso há uma notável falta de desenvolvimento da trama, onde pouca coisa acontece, piorando ainda mais a situação para quem vê.
Essa sonolência e falta de trama real prejudica muito O Mestre para o espectador, mas os diálogos e as atuações compensam (e muito!) em um filme cujo grande objetivo do diretor Paul Thomas Anderson parece fazer uma grande piada com a religiosidade das pessoas, comparando estas com o estado primário de nossa vida. Um exemplo claro disso é a fiel que pergunta a Lancaster Dodd sobre uma mudança em seu livro que muda toda a base da Causa. E este apenas a enrola com mais e mais palavras...

Nota: 7/10

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