Sequência aposta no humor para convencer, mas carrega problemas da HQ
Por Pedro Strazza
O processo de adaptação de uma obra para os cinemas pode ser bastante complicado. Independente da mídia (quadrinhos, livros, games, etc.), a transposição de uma obra para as telas geralmente encara em seu caminho problemas ocasionais como as críticas constantes dos fãs ou obstáculos judiciais quanto aos direitos, acarretando em produções cuja qualidade é duvidosa. Mas o que fazer quando o próprio conteúdo do material simplesmente não é bom o suficiente?
Esse é o maior desafio de Kick-Ass 2, sequência do filme de 2010 baseado na obra de Mark Millar. Com uma minissérie fraquíssima e um fraco prelúdio como bases e sem a presença de Matthew Vaughn na direção (ele retorna apenas como produtor), a produção precisou fazer inúmeras alterações nos caminhos da trama para entregar algo que fosse palatável ao seu público e ao mesmo tempo trouxesse os mesmo elementos do primeiro capítulo, como o humor - coisa que os quadrinhos não conseguiram atingir devidamente.
E a iniciativa dá certo: Apesar de ser extremamente exagerado e perder aquele pé na realidade do primeiro por completo, a trama do segundo consegue convencer seu público. Acompanhando novamente o jovem Dave Lizewski (Aaron Taylor-Johnsson) em suas aventuras super-heróicas, o longa prefere sabiamente evoluir a história como uma comédia do que um épico sobre o assunto, não cometendo erros da minissérie como a violência desnecessária ou sua seriedade. Um exemplo claro disso é a amenização da sugestão de um estupro coletivo através de uma divertida sequência de piadas. Palmas também para as excelentes cenas originais do roteiro, como a perigosíssima arma fecal de Hit-Girl.
Quem também merece destaque é o elenco. Agora mais crescidos, o trio principal de protagonistas formado por Taylor-Johnsson, Chloë Moretz e Christopher Mintz-Plasse voltam arrebentando aos seus papéis, exagerando e contendo-se nos momentos certos. Principalmente o último, que faz bom uso de sua pequena "jornada do vilão" para construir um melhor Motherfucker que o dos quadrinhos, liderando ao mesmo tempo as melhores piadas do longa com sua condição de "novo rico". Jim Carrey, o ator experiente da vez, também faz excelente trabalho, apesar de bastante breve.
Mas nem tudo dá para se reciclar, e é nesse ponto que Kick-Ass 2 perde força. Ao contrário do longa de 2010, a trama, assim como o texto original, não soa em nenhum momento interessante, prejudicando o andamento do roteiro. As subtramas, como a dificuldade de Hit-Girl em se readaptar à sociedade e a rotina do colégio, soam deveras artificiais e a incrível sequência de eventos simplesmente não convencem, e o conflito maniqueísta final é extremamente artificial e sem graça. E nem a esperada briga entre as mortais Mother Russia e Hit-Girl anima.
Apostando muito mais no humor que em uma trama sólida, Kick-Ass 2 constitui um peculiar caso no universo das adaptações cinematográficas ao ser superior à obra original. Mas com a minissérie pesando pra baixo o tempo todo, infelizmente torna-se impossível para o longa igualar-se ao original, muito mais marcante e equilibrado. Pelo menos os fãs agradecem pela melhor qualidade.
Nota: 8/10
E a iniciativa dá certo: Apesar de ser extremamente exagerado e perder aquele pé na realidade do primeiro por completo, a trama do segundo consegue convencer seu público. Acompanhando novamente o jovem Dave Lizewski (Aaron Taylor-Johnsson) em suas aventuras super-heróicas, o longa prefere sabiamente evoluir a história como uma comédia do que um épico sobre o assunto, não cometendo erros da minissérie como a violência desnecessária ou sua seriedade. Um exemplo claro disso é a amenização da sugestão de um estupro coletivo através de uma divertida sequência de piadas. Palmas também para as excelentes cenas originais do roteiro, como a perigosíssima arma fecal de Hit-Girl.
Quem também merece destaque é o elenco. Agora mais crescidos, o trio principal de protagonistas formado por Taylor-Johnsson, Chloë Moretz e Christopher Mintz-Plasse voltam arrebentando aos seus papéis, exagerando e contendo-se nos momentos certos. Principalmente o último, que faz bom uso de sua pequena "jornada do vilão" para construir um melhor Motherfucker que o dos quadrinhos, liderando ao mesmo tempo as melhores piadas do longa com sua condição de "novo rico". Jim Carrey, o ator experiente da vez, também faz excelente trabalho, apesar de bastante breve.
Mas nem tudo dá para se reciclar, e é nesse ponto que Kick-Ass 2 perde força. Ao contrário do longa de 2010, a trama, assim como o texto original, não soa em nenhum momento interessante, prejudicando o andamento do roteiro. As subtramas, como a dificuldade de Hit-Girl em se readaptar à sociedade e a rotina do colégio, soam deveras artificiais e a incrível sequência de eventos simplesmente não convencem, e o conflito maniqueísta final é extremamente artificial e sem graça. E nem a esperada briga entre as mortais Mother Russia e Hit-Girl anima.
Apostando muito mais no humor que em uma trama sólida, Kick-Ass 2 constitui um peculiar caso no universo das adaptações cinematográficas ao ser superior à obra original. Mas com a minissérie pesando pra baixo o tempo todo, infelizmente torna-se impossível para o longa igualar-se ao original, muito mais marcante e equilibrado. Pelo menos os fãs agradecem pela melhor qualidade.
Nota: 8/10
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