Quero ser Harry Potter, mas tá difícil
Por Pedro Strazza
Apesar de ter conseguido atingir certo sucesso financeiramente (o suficiente para uma continuação), Percy Jackson e o Ladrão de Raios não consegue sequer entregar motivos para o espectador aguentar suas quase duas horas de duração. Do roteiro aos efeitos visuais, o longa dirigido por Chris Columbus, responsável também pela produção dos dois primeiros Harry Potter, erra feio em todos os parâmetros possíveis no que poderia ser uma simples aventura.
A começar pela própria trama, cuja afinidade com a mitologia grega é ignorada em prol de um dramalhão digno de novela mexicana. Além dos vários erros de continuidade (Como um adolescente vai do nível palerma a lutador profissional em 10 dias?), o roteiro adaptado por Craig Titley em nenhum momento faz seus personagens criarem conexões com o público. A busca pelo ladrão do título, por exemplo, logo torna-se um tipo de reconciliação entre pai e filho, deixando Percy na intragável tarefa de ficar reclamando, seja pelo desaparecimento de seu papai deus ou pela culpa da morte da mãe - deixando sua audiência deveras irritada com todo o drama adolescente e exagerado.
Esses problemas, visíveis nessas transposições de livro para a película, poderiam ser facilmente corrigidos com a exploração do universo ali apresentado, mas nem isso a produção tenta fazer algo convincente. Fúrias, medusas, hidras e outros monstros clássicos não metem medo em ninguém, deuses antes imponentes e poderosos tornam-se meros modelos de barba aparada, aparatos mágicos mal explicados e toda uma mitologia grega vai para o espaço com os porcos efeitos visuais. Sem contar o vasto e forte elenco de atores como Uma Thurman e Sean Bean, aqui pouco utilizados e em papéis menores (apesar de grandiosos na cultura antiga).
Talvez pela má fase de seu diretor, talvez pela mão indevida de seus produtores na concepção do longa, Percy Jackson e o Ladrão de Raios fica aquém da qualidade necessária para virar uma grande franquia cinematográfica. Vê-se ali uma história com bastante potencial, mas que infelizmente não consegue transmitir o prometido a seu público. Se ainda quer assumir o posto deixado por J.K. Rowling, a adaptação dos livros de Rick Riordan ainda tem muito arroz e feijão pra comer.
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