Às vezes não dá pra escrever todas as críticas no tempo certo. Vamos então às nossas sobras de quadrinhos do mês!
Vingadores: Guerra Sem Fim
Por Pedro Strazza
Durante os anos 80, a Marvel Comics, sob o comando de Jim Shooter, resolveu abrir uma linha de graphic novels em sua matriz editorial, chamada Marvel Graphic Novel, abrindo assim espaço para que grandes artistas da época como Jim Starlin e Chris Claremont trouxessem novas ideias para personagens consagrados da editora, o que gerou clássicos como The Death of Captain Marvel. Agora, em 2013, o editor-chefe da empresa Axel Alonso ressuscitou o projeto, intitulado agora Marvel Original Graphic Novels, e encarregou o roteirista Warren Ellis (Transmetropolitan, The Authority) de escrever o volume inaugural do selo.
Mas a sensação que é deixada após a leitura de Guerra Sem Fim ficou bem longe do resultado pretendido. Extremamente didática e verborrágica, a história política escrita por Ellis poucas vezes consegue puxar o leitor para dentro da trama, que insiste, mesmo depois do visto em A Essência do Medo, em aliar fatos da Segunda Guerra Mundial com mitologia nórdica em um contexto atual não muito funcional. Os dramas vividos pela equipe liderada por Capitão América soam meio bobos, principalmente o de Thor. O Homem de Ferro aqui também não convence, sendo uma mistura estranha da atuação de Robert Downey Jr. com um garoto mimado e beberrão. Os desenhos de Mike McKone parecem feito às pressas, e as cores usadas por Jason Keith completam a avalanche de problemas.
A principal falha da graphic novel, porém, é ficar em dúvida sobre qual público escolher. Os leitores mais novos e vindos dos filmes vão ficar confusos com fatos da cronologia recente da Marvel, e os antigos não vão conseguir entender as mudanças de personalidade dos principais personagens. Combinado aos fatores citados anteriormente, Guerra Sem Fim perde por completo o mercado e a necessidade de existir, sendo lembrada apenas como o péssimo reinício da Marvel Comics nessa linha de publicações.
Nota: 3/10
O Sombra - Volume 1: O Fogo da Criação
Por Pedro Strazza
Criado nos anos 30, o Sombra é um personagem que, assim como grande parte dos heróis pulp, sofreu com a inevitável passagem do tempo. Originalmente do rádio, o vigilante que sabe o mal dentro dos homens ganhou em 2012 um novo título em quadrinhos pela Dynamite, com roteiro de Garth Ennis e desenhos de Aaron Campbell.
A escolha de Ennis para escrever a trama não poderia ser melhor. Autor de obras como Preacher e The Boys, o seu estilo violento e sádico casa naturalmente com as ações de Lamont Cranston, cujos poderes e motivações são tratados de maneira misteriosa, pelo menos no primeiro arco da revista (aqui lançada sabiamente na forma de encadernado pela Mythos). A ambientação no período anterior à Segunda Guerra Mundial também é um acerto, pois traz ao leitor, pelas palavras do roteirista e ilustrações condizentes de Campbell, a sensação de pura tensão vivida na época. O uso de vilões japoneses contribui para criar esse clima, mostrando que não foram só os nazistas que tocaram o terror nesse período nefasto da humanidade.
Se não fosse pela necessidade de explicar todo o raciocínio de Cranston ao final da trama, O Fogo da Criação poderia ter almejado algo mais nesse reinício do Sombra nesta década. Esse começo da jornada do personagem no século XXI, porém, não deixa de ser um baita acerto da Dynamite, que faz agora um excelente trabalho de resgate ao passado através desses heróis tão intrigantes.
Nota: 8/10
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