Caindo no ridículo sem estilo algum
Por Pedro StrazzaSe há uma coisa que com 90% de certeza destrói quaisquer chances de um filme ser bom é o exagero. Quando se opta pela utilização desta em uma produção, poucos são os diretores dotados das habilidades necessárias de saber dosar essa característica no decorrer do longa, como Terry Gilliam ou Guillermo Del Toro, e mesmo eles podem errar a medida em alguns momentos. Mas existem aqueles cuja falta de pulso com o exagero é tão forte que o produto final saído de suas mãos acaba por ser algo estupidamente péssimo, caindo por completo no ridículo em questão de segundos.
Dessas produções, uma das que merece um lugar de honra é a adaptação do seriado As Panteras para os cinemas, realizado em 2000 por McG. Tudo bem que o seriado já não era essas coisas na época de sua passagem pela telinha - afinal, qual o sentido de uma trama onde três belas mulheres trabalham como detetives particulares a serviço de um misterioso milionário -, mas precisava ser tão ruim assim a sua transposição para a telona?
Com um roteiro de mistério dos mais medíocres (em menos de cinco minutos já se consegue adivinhar o vilão e seus motivos), a trama procura mostrar a difícil rotina das Panteras, que precisam o tempo todo equilibrar suas aventuras com a vida romântica... e fica nisso. Pior, o longa nem se dispõe a encerrar propriamente o arco amoroso de cada uma das protagonistas, esquecendo rapidamente seus namorados para mostrar as garotas em posições de pin-up. Um dos pretendentes é inclusive abandonado em uma festa e fica feliz (?) com isso.
Mas se o enredo é uma pilha de fezes, pelo menos a ação compensa certo? Errado. Talvez inspirado pela empolgação da época com Matrix, as cenas de luta recebem um tratamento bizarro, combinando cores fortes com slow motion (e um bullet-time) para fazer uma estranha e desajeitada alusão ao filme dos irmãos Wachowski. Isso contando, claro, com as reações exageradíssimas e caricaturais do elenco - Sim, Crispin Glover, estamos falando de você. Isso porque eles contam com Bill Murray no elenco...
Buscando ser uma versão espalhafatosa do clima trazido pela série nos anos 80, As Panteras perde por completo seu objetivo em menos de 30 minutos e começa a atirar pra todo lado para manter o seu espectador atento, seguindo os mandamentos estabelecidos pelo também execrável Batman e Robin. A sensação de ter recebido uma lobotomia no final da exibição é tão grande que por um momento se acha que os últimos noventa minutos não passaram de um sonho ou um daqueles trailers falsos exibidos antes de alguns longas. E ainda conseguiu uma sequência....
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