Jogando dinossauros na geladeira
O ditado "A ganância é inimiga da perfeição" é talvez o menos seguido por produtores e executivos de Hollywood. Buscando sempre sucessos de bilheteria (e, com isso, algum retorno financeiro), os donos de uma das maiores indústrias cinematográficas do mundo acabam muitas vezes aproveitando a fama adquirida de um longa-metragem para criar uma potencial franquia com inúmeras continuações. Pelo menos até que os números parem de ser positivos.Não é por acaso, portanto, que grandes clássicos cinematográficos acabem ganhando sequências equivocadas e mal planejadas, como no caso de Jurassic Park. Revolucionário na época com seus efeitos visuais, a história, que realiza na tela o sonho de qualquer garoto, acabou ganhando dois anos depois, em 1997, um segundo capítulo, intitulado O Mundo Perdido. Mais fraco, o filme ainda conseguiu encantar parte de seu público na época ao manter algumas bases de seu antecessor, coisa que Jurassic Park III não atingiu cinco anos depois.
Já sem seu principal guia no comando da saga (O diretor Steven Spielber volta aqui apenas como produtor) e seu escritor (Michael Crichton apenas concebeu dois livros sobre o tópico), essa terceira parte acaba cometendo, em vários momentos, inúmeros equívocos em seu roteiro e concepção. Um exemplo claro disso seria o casal divorciado vivido por William H. Macy e Téa Leoni, elementos centrais que na trama "contratam" o paleontólogo Alan Grant (Sam Neill) para resgatar seu filho, ilhado junto com os dinossauros após um pequeno acidente. Além de afetadíssimos (É o cúmulo do ridículo ver um corrigindo o outro no mesmo tópico), ambos os personagens acabam servindo apenas de escada para um fraco e batido drama familiar de reconciliação, totalmente desnecessário para um longa voltado para a ação e o suspense.
Quem também não ajuda na história é o próprio Alan Grant, que, desaparecido no Mundo Perdido, volta para encarnar o verdadeiro Indiana Jones dos dinossauros. A ideia seria até bem vinda à franquia, definindo de vez um protagonista pelo qual o público torça, se não fosse a canastrice do ator com o papel e às várias recorrências ao personagem interpretado por Harrison Ford, piores a cada segundo passado. Se era para emular o famoso arqueólogo (curiosamente criado por Spielberg), não copiasse todos os seus trejeitos e características, incluindo aí o inseparável chapéu!
Há quem diga nesse momento que Jurassic Park III pelo menos possui ótimos efeitos visuais, alegando ainda no maior foco da franquia, com o passar do tempo, na reconstituição digital dos dinossauros em relação ao roteiro. Se fosse em outras franquias, como Transformers ou Piratas do Caribe, essa pessoa possivelmente estaria correta de certa forma. Mas vinda de filme com uma ideia tão rica e potencial como Jurassic Park, o terceiro longa ficou bem aquém das expectativas de seu público remanescente, restando agora a Jurassic World, o planejado quarto capítulo da saga, a ingrata tarefa de salvar o belo (e perigoso) sonho de John Hammond.
E não, dinossauros não falam.
0 comentários :
Postar um comentário