Como destruir um clássico em menos de duas horas
Por Pedro Strazza
De Drácula a Frankenstein, essas produções garantiram ao estúdio a estabilidade financeira necessária para se manter no concorrido mercado cinematográfico e permitiu a concepção de filmes clássicos da empresa nos anos seguintes. Mas a Universal, ao contrário de outras produtoras, acabou não constituindo franquias poderosas nas bilheterias com o passar do tempo, sendo forçada a trazer de volta esse gênero "salvador" com o lançamento de A Múmia no final dos anos 90 e encarregando o produtor e diretor Stephen Sommers da tarefa. Conhecido até então pelo roteiro do sucesso Prenda-me Se For Capaz, Sommers alocou o personagem, originalmente do horror, para o gênero da ação, tornando uma potencial franquia de terror numa simplória película de ação.
E são vários os momentos onde se nota a rasicidade do roteiro. Dos personagens, principalmente a egiptóloga Evelyn (Rachel Weisz) e sua personalidade infantil, às motivações destes em encontrar Hamunaptra, a cidade dos mortos, tudo é porcamente desenvolvido para que Imhotep seja liberto de seu cativeiro e comece a tocar o terror no Egito (sem motivo algum), enquanto procura ressuscitar sua amada. Claro, usando e abusando de caríssimos efeitos visuais durante o processo.
O pior desse remake porém são as várias tentativas falhas de retomar o terror que o original proporcionou na época. Além de não assustarem (exceto talvez uma criança com menos de 13 anos), os sustos e "nojeiras" causados pela múmia não funcionam para uma trama que se propõe a ser família, causando uma perda não desejada de público para as próximas duas sequências.
Arrecadando mais de 400 milhões em seu primeiro final de semana, A Múmia conseguiu garantir, mesmo que por um tempo, uma tão desejada franquia à Universal. Valeu a pena? Nos números de bilheteria com absoluta certeza, mas como nova concepção de um legado tão importante do estúdio para século 21 seria melhor ter deixado o sarcófago e suas maldições em paz.
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