Mesmo misteriosa, nova Thor consegue driblar fase inicial de estranhamento.
Por Pedro Strazza.
Mas enquanto que a versão rejuvenescida do Capitão América e a obviamente espelhada nos bilionários do Vale do Silício do Homem de Ferro soam hesitantes a princípio neste ato de transformação, desviando em temas políticos neutros - o primeiro, ainda com a ligação mestre-aprendiz de Wilson com o agora envelhecido Rogers, mostrando-se mais interessado numa discussão que não envolva marginalizações, o segundo distraído numa questão de elite endinheirada versus os pobres incapazes de arcar com os custos de uma melhor qualidade de vida -, o início da trajetória da Thor abraça a mudança com um certo gosto, inclinada em suas páginas a tratar destas mudanças de forma central. O que não deixa de ser inesperado, visto que a protagonista só se manifesta aqui lá nas últimas duas páginas da revista.
A bem da verdade, quem assume o protagonismo nesta primeira edição é Freyja, esposa de Odin que se tornou a Mãe Suprema e assumiu o governo (e os eternos perrengues) da antiga Asgard após o marido desaparecer. Com o marido retornando ao posto e seu filho Thor incapaz de erguer o Mjolnir desde o fim da saga Pecado Original, ela acaba jogada para o escanteio pelo Pai Supremo, mas mostra-se bastante combativa em abandonar o poder conquistado em favor de Odin. Essa briga pelo poder é tratada com grande importância no roteiro de Jason Aaron, em igual passo à crise que o Thor tem de não poder levantar o martelo.
Aproveitando a brincadeira subjetiva implícita nesta última expressão, é inevitável então que este transtorno do herói com sua arma, em conjunto da ascensão da Thor, não deixe de emular um pouco da própria crise do macho no mundo contemporâneo, e Aaron e o desenhista Russell Dauterman (auxiliado pelas cores de Matthew Wilson, que por enquanto se basta em repetir o belo tom aquarelado do antigo ilustrador da série, o croata Esad Ribic) sabem lidar com isso muito bem. Cenas como a de Odin furioso tentando mover o martelo de maneira birrenta ou a própria figura do Thor depressivo de frente à arma são felizes em evidenciar o lado ultrapassado de tais relações da mitologia nórdica, principalmente quando se põe Freyja em uma posição tão austera e de autoridade em relação ao marido.
É uma preparação interessante e com certeza bem planejada, que serve aos propósitos da revista em introduzir a "controversa" e poderosa figura que é esta misteriosa Thor (cuja identidade já se foi revelada nos EUA, várias edições à frente da publicada no Brasil, e que preservo para manter a surpresa a quem desconhece). Aaron inclusive continua a desenrolar aqui a narrativa ecológica de sua fase na série - o maior vilão ainda é a poluente corporação Roxxon, bom lembrar -, afim de já estabelecer alguma temática inicial e evitar qualquer estranhamento com sua mais nova protagonista. E isso é ótimo, pois mesmo que só esteja chegando agora e carregue toda uma aura desconhecida, a personagem soa como se estivesse entre nós há tempos.
A bem da verdade, quem assume o protagonismo nesta primeira edição é Freyja, esposa de Odin que se tornou a Mãe Suprema e assumiu o governo (e os eternos perrengues) da antiga Asgard após o marido desaparecer. Com o marido retornando ao posto e seu filho Thor incapaz de erguer o Mjolnir desde o fim da saga Pecado Original, ela acaba jogada para o escanteio pelo Pai Supremo, mas mostra-se bastante combativa em abandonar o poder conquistado em favor de Odin. Essa briga pelo poder é tratada com grande importância no roteiro de Jason Aaron, em igual passo à crise que o Thor tem de não poder levantar o martelo.
Aproveitando a brincadeira subjetiva implícita nesta última expressão, é inevitável então que este transtorno do herói com sua arma, em conjunto da ascensão da Thor, não deixe de emular um pouco da própria crise do macho no mundo contemporâneo, e Aaron e o desenhista Russell Dauterman (auxiliado pelas cores de Matthew Wilson, que por enquanto se basta em repetir o belo tom aquarelado do antigo ilustrador da série, o croata Esad Ribic) sabem lidar com isso muito bem. Cenas como a de Odin furioso tentando mover o martelo de maneira birrenta ou a própria figura do Thor depressivo de frente à arma são felizes em evidenciar o lado ultrapassado de tais relações da mitologia nórdica, principalmente quando se põe Freyja em uma posição tão austera e de autoridade em relação ao marido.
É uma preparação interessante e com certeza bem planejada, que serve aos propósitos da revista em introduzir a "controversa" e poderosa figura que é esta misteriosa Thor (cuja identidade já se foi revelada nos EUA, várias edições à frente da publicada no Brasil, e que preservo para manter a surpresa a quem desconhece). Aaron inclusive continua a desenrolar aqui a narrativa ecológica de sua fase na série - o maior vilão ainda é a poluente corporação Roxxon, bom lembrar -, afim de já estabelecer alguma temática inicial e evitar qualquer estranhamento com sua mais nova protagonista. E isso é ótimo, pois mesmo que só esteja chegando agora e carregue toda uma aura desconhecida, a personagem soa como se estivesse entre nós há tempos.
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