Sentimento é a estrela guia de curta que ensina tolerância.
Por Pedro Strazza.
Existem vários benefícios na decisão de tornar um arco íntimo de uma pessoa na essência de um filme, e muito provém do inevitável ato de aproximação que se gera entre público e autor. Trazer para a tela a relação de alguém com uma pessoa pela qual ela nutre carinho traz compaixão à obra, e quanto mais bem trabalhada melhor a obra se torna.
É o caso de Os Heróis de Sanjay, curta que antecede as exibições de O Bom Dinossauro e que conta uma história de fatos mais ou menos reais, como bem brinca nos créditos iniciais. A artimanha do estreante na direção Sanjay Patel é simples: das lições religiosas que seu pai insistia em passar pra ele quando pequeno, ele brinca com seu imaginário da época para fazer uma aventura que envolva tanto os super-heróis de sua infância quanto a religião de sua família.
O resultado é bonito, e funciona melhor que o esperado. Feito em cores vibrantes para dar o contraponto à dura realidade, mostrada no curta pelo número mínimo de móveis na sala de estar (uma decisão inesperada, vide que tais filmes são exibidos em dupla com os longas da Disney para já tirar o espectador da realidade), as cenas dentro da cabeça do garoto protagonista não só divertem pela criatividade do negócio - os deuses assumirem de vez o papel de super-herói é uma ideia simples mas bem executada - como também promovem diversidade e tolerância religiosa sem chamar muita atenção, desprovido de qualquer julgamento maior e descabido a uma produção do tipo. A combinação desses dois elementos sai satisfatória, em um equilíbrio difícil de se alcançar.
Mas o que dá liga a isso, a bem da verdade, é o próprio sentimentalismo inerente ao roteiro. O valor que Patel dá à sua relação com o pai, no filme figuras tão opostas para depois se unirem no meio do caminho, é capaz de trazer o espectador pra dentro da história de Os Heróis de Sanjay com velocidade, algo essencial para a estrutura pequena e breve do curta.
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