quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O Cinema em 2016: Piores do Ano

As grandes bombas de 2016.

Por Pedro Strazza.

Todo ano é a mesma coisa. Renovados pela virada e pela promessa interna de que tempos melhores virão, começamos 2016 na esperança de vermos apenas bons filmes e ter sorte de não nos depararmos com nenhuma produção de qualidade duvidosa.

E como em todos os outros anos, nós rapidamente percebemos que de sorte temos nada.

Por uma série de motivos, 2016 foi um ano duro. Estes últimos 365 dias se provaram complicados para onde quer que olhássemos, e no cinema isso não foi muito diferente. Para exorcizar estes momentos de horror que vivemos dentro das salas dos diversos multiplexes e cinemas de rua, O Nerd Contra-Ataca apresenta mais uma edição do Piores do Ano, a nossa tradicional lista de fim de ano com as dez piores produções lançadas no circuito comercial de cinemas brasileiros entre os dias 1° de janeiro e 31 de dezembro. Uma lista que este ano, ao contrário dos últimos dois, não conta com uma produção estrelada por Johnny Depp na primeira posição (ele cavou a cova em outros lugares em 2016), o que só aumenta o suspense sobre o nosso grande "campeão".

Vamos a eles?

10) Animais Noturnos

Talvez o melhor pior filme sobre bolo da História? Não há muito que possa ser defendido no segundo trabalho do diretor e estilista Tom Ford além do famoso argumento "Visualmente é lindo!". Incapaz de conciliar as duas tramas presentes no livro de Austin Wright, o longa ainda conta com cenas de humor involuntário - Amy Adams levando o susto com o bebê, que momento! - e atuações que soam caricatas mesmo que tentem manter a seriedade do texto - se Michael Shannon veio só pelo cheque, Aaron Taylor-Johnson mostra tanto comprometimento com seu psicopata ridículo que chega a dar pena. Não que o conteúdo esteja ajudando muito também (um "oi sumida" de vingança, sério?), mas pelo menos o sofrimento aqui dura pouco, ao contrário de...

9) O Regresso

Sim, ele mesmo, o exercício de ego mais irritante do ano. Se em Birdman Alejandro G. Iñárritu conseguia disfarçar seus rompantes de auto-promoção em uma história que sabia tirar sarro de si mesma, em O Regresso isso é substituído por uma jornada de provação masculina das mais desesperadas para mostrar que é verdadeira. No processo, o filme serve de trampolim para que todos os envolvidos esbanjem seus talentos de forma a já saírem adorados, bem no esquema daquilo que Birdman tanto tratava como ridículo. Iñárritu busca uma consagração imediata, Lubezki pira nas paisagens de fundo de tela de Windows e DiCaprio sofre e se arrasta pelo Oscar de Melhor Ator: todos alcançaram seus objetivos, mas... para que mesmo?

8) Caçadores de Emoção - Além do Limite

Tudo bem, o Caçadores de Emoção original, dirigido por Kathryn Bigelow em 1991, não era lá essas coisas, mas ele pelo menos tinha um charme que sua refilmagem definitivamente falhou em obter agora em 2016. Investindo no lado mais X Games da trama policial para criar cenas de ação ainda mais "radicais" - mas que nunca trazem algum impacto de tão genéricas que são - o longa de Ericson Core esvazia por completo a dinâmica de gato-e-rato entre seus dois protagonistas sem conseguir um substituto à altura. O resultado é um filme protocolar, um remake sem razão de existir e com dificuldades para proporcionar um mínimo de tensão a seu espectador. Um grande desperdício.

7) Perfeita é a Mãe!

Primeiro filme da lista que parece ter como lema a frase "Boas intenções, péssima execução", este que é o segundo projeto de direção de Jon Lucas e Scott Moore (roteiristas do primeiro Se Beber, Não Case!) parte da boa ideia de ilustrar um pouco mais das dificuldades passadas por qualquer mãe no dia-a-dia. É triste, porém, perceber que a dupla, além de incapaz de promover uma risada com o bom grupo de comediantes reunidas - Mila Kunis, Kristen Bell, Kathryn Hahn e Christina Applegate fazem um baita time, mas nem elas são capazes de tirar algo do roteiro -, no fim se fazem como verdadeiros alienígenas no mundo que tanto querem fazer piada. Acima de tudo, Perfeita é a Mãe! busca ser um outro Se Beber, Não Case! quando poderia arranjar uma voz própria.

6) Angry Birds - O Filme

Warcraft foi uma grande bobagem, mas nem de perto chegou a ser tão horroroso quanto Angry Birds, com certeza a pior adaptação de um videogame para os cinemas dos últimos cinco anos (e isso não é pouco!). Insuportável do começo ao fim, talvez a única cena minimamente tragável do filme seja a da Grande Águia fazendo xixi no lago - o que por si só denota o nível da produção.

5) Boa Noite, Mamãe

Usar a violência para chocar nunca deixou de ser um bom elemento de cena, desde que usado com um mínimo de coerência. Para o azar do espectador, o terror austríaco Boa Noite, Mamãe parece ser incapaz de funcionar como filme de gênero fora do trauma visual, empregando cenas de gore que no fim não consegue justificar. Adicione a este uma péssima virada de roteiro e pronto, tem em mãos um filme de horror dos mais bobos ainda que ele se pregue como superior o tempo todo. 

4) De Longe Te Observo

Grande vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2015, o venezuelano De Longe Te Observo tem como mote a relação de amor e ódio entre um rico dentista e um pobre garoto. O diretor Lorenzo Vigas busca tirar das interações entre os dois uma verdadeira dissecação da sociedade do país, mas nunca sai do ensaio propriamente dito, jogando temas aqui e ali só para deixar a história em movimento. E não bastasse o caráter enfadonho da produção, ela se torna ainda mais irritante pelo perfil desprezível de seus dois personagens principais.  

3) Sete Homens e um Destino

O outro filme que levou a ferro o lema "Boas intenções, péssima execução" foi o remake do faroeste de John Sturges (que já era uma refilmagem de Os Sete Samurais de Akira Kurosawa). O longa do diretor Antonine Fuqua busca trazer para a história dos sete pistoleiros que aceitam defender um pobre vilarejo de bandidos uma mensagem de diversidade e igualdade ao trazer atores de diferentes raças para o grupo de heróis, mas acaba soando estereotipado em suas próprias pretensões. Além disso, Fuqua - que também mostra dificuldades nas cenas de ação, fazendo-as da maneira mais burocrática possível - não entende o sentido do sacrifício final dos pistoleiros, tornando-o heróis dispostos a tal feito somente para aquecer suas sedes individualistas de consagração, algo contrário ao final coletivo dos outros dois longas anteriores.

2) Truque de Mestre - O Segundo Ato

O primeiro Truque de Mestre já tinha sido uma grande bobagem em meio àquela quantidade abstrata de planos de grua e reviravoltas, mas nada, absolutamente nada nos preparou para a continuação. Dirigido por Jon M. Chu, O Segundo Ato é um desastre do começo ao fim, multiplicando reviravoltas e truques de mágica claramente impossíveis (é mágiCa, não magia!) para criar uma sequência ainda mais descontrolada e que tenta se enquadrar no estilo de filme família consagrado pela franquia Velozes e Furiosos. É de se admirar o grande elenco jogado no lixo na mesma medida que é desperdiçado a proposta de iludir o espectador, transformada em desculpa para efeitos visuais sem qualquer sentido. O desastre encenado aqui é revoltante.

Mas um filme conseguiu ser pior.

1) Esquadrão Suicida

A escolha mais óbvia, mas também inevitável. Grande promessa de 2016 para injetar novidade ao gênero dos filmes de super-herói, Esquadrão Suicida acabou se provando uma gigantesca pilha de excrementos, arruinando uma trama simples das maneiras mais inimagináveis. Os fãs podem vir com todas as justificativas sobre o porquê do desastre ter se sucedido desta maneira e como a Arlequina salvou a produção (observação: ela não salva), mas a verdade é que o longa é um desastre sob todos os ângulos.

O que não deixa de ser uma tristeza, claro, seja porque o diretor David Ayer tinha mostrado seu valor no ano anterior com Corações de Ferro ou porque o elenco dá seu melhor para sustentar a coisa (mesmo Jay Courtney está esforçado aqui!). Mas só a lembrança do Coringa de Jared Leto é suficiente para estraçalhar qualquer defesa e traumatizar qualquer um.

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