Assim caminha a humanidade... e os heróis
Por Pedro Strazza
Essa é a grande proposta do roteirista Kurt Busiek em Marvels, minissérie que explora os eventos do Universo Marvel escritos entre 1939 e 1973 pelo lado da população novaiorquina. Acompanhando anos de aventuras de super-heróis consagrados como os Vingadores ou os X-Men pelos olhos do jornalista Phil Sheldon, a trama trouxe nos complicados anos 90 uma nova maneira de se enxergar esses personagens tão amados.
Um dos pontos mais interessantes da HQ é de imediato o cuidado tomado por Busiek em compor a confusa linha do tempo da editora. Com tantos eventos importantes ocorrendo simultaneamente, o roteirista soube muito bem juntar fatos marcantes como o casamento de Sue e Reed Richards e a estréia dos Sentinelas de maneira respeitosa e brilhante, além de criar eras na cronologia da Marvel. Cada um dos quatro capítulos retratam diferentes visões da população de seus guardiões, que vão de admirados a odiados em questão de segundos.
Mas nada disso funcionaria, porém, sem a presença do protagonista principal da minissérie. O testemunho de Sheldon sobre a comunidade superpoderosa oscila constantemente entre a paixão e o medo, criando no leitor uma conexão imediata. E ao mesmo tempo que acompanhamos a evolução dos heróis, vemos o jornalista crescer profissionalmente e pessoalmente, sofrendo processos similares às figuras de quem ele tem simpatia.
Enquanto Busiek cria laços entre Sheldon e o público e reconta a trajetória da Marvel, os desenhos de um até então desconhecido Alex Ross são um verdadeiro colírio para os olhos. Hiper-realistas, as ilustrações do desenhista são verdadeiras pinturas, que, através de modelos reais, dão uma sensação de realidade aos eventos ali mostrados na trama.
Lançada em 1994, Marvels permanece tão atual nos dias de hoje como na época em que chegou às livrarias. A evolução dos dramas retratados por Busiek e Ross combinam-se perfeitamente com a mentalidade da época onde se passam, conseguindo acompanhar o crescimento do pensamento da população, além de, claro, tornar linear a cronologia da editora. Para os velhos leitores, a minissérie é um convite ao próprio passado; e para os novos, um convite para o maravilhoso mundo dos quadrinhos.
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