quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Crítica: 22 Milhas

Iko Uwais e o resto é resto.

Por Alexandre Dias.

Atirador, de 2007, é um dos únicos filmes de Antoine Fuqua realmente bons, fora a sua obra-prima Dia de Treinamento. Não espetacular, mas bom. O principal motivo é por recorrer à fórmula de ação das antigas, dos clássicos de brucutus dos anos 80, em que há uma premissa rasa, porém aceitável, e a pancadaria faz o resto. Um ou outro tema político, ou uma pequena reviravolta ainda se revelam, mas com uma certa moderação justamente porque Fuqua compreende o seu projeto.

Esse é o grande problema de 22 Milhas. Não sabemos se estamos vendo um thriller de ação, algo voltado para Jason Bourne, que, de fato, faz mais o estilo do diretor Peter Berg, ou um longa-metragem mais explosivo e menos denso. Apesar disso, pequenas características benéficas são tiradas dessa confusão resultante da quarta parceria entre Berg e Mark Wahlberg. E todas, sem exceção, envolvem uma pessoa: Iko Uwais. 

A produção é basicamente uma missão. É um contexto que permite os dois caminhos citados acima, inclusive, já tendo sido utilizado por Berg no passado com O Grande Herói, também com Wahlberg – um trabalho, muitos tiros e pequenos comentários políticos. No entanto, parece que o cineasta filmou às pressas um rascunho do roteiro de Lea Carpenter e Graham Roland. As intromissões de James Silva (Wahlberg) sobre a sua concepção do mundo, as cabeças dos presidentes norte-americanos e as bandeiras evocam todos os aspectos mais superficiais do diretor. Esta “seriedade” temática está lá por estar, não tem função.

É um dos pontos em que a comparação com Atirador vem a calhar novamente. A política patriota estadunidense representada pelo setor militar é muito polêmica para ser debatida desse jeito, assim Fuqua a usou a favor da sua história, só com o objetivo de promover a ação. Portanto, a junção desse traço reflexivo mal desenvolvido com a trama frenética ao modo Busca Implacável de 22 Milhas geram uma bagunça. Contudo, o elo do pouco sentido que é essa confusão, chamado Iko Uwais, garante alguns bons momentos.

O ator indonésio é um dos grandes artistas marciais do cinema desta geração. Ele estourou com a franquia Operação Invasão, de Gareth Evans, e protagonizou outras obras na mesma linha, como Merantau e Headshot. Toda a sua habilidade é uma das atrações à parte do longa, com certeza possuindo sua influência como coordenador por trás das câmeras – imaginem o que ele poderia fazer com Chad Stahelski em John Wick. Aliás, a melhor cena do filme é sem dúvida a sua luta contra uma tentativa de assassinato, que já introduz bem o que percorre o seu personagem. 

Porém, não são só os seus golpes que são bem-sucedidos. Li Noor, o alter ego de Uwais, é o mais desenvolvido de todos os outros papéis. O espectador fica interessado em saber quais são os seus objetivos e a atuação do indonésio, que mistura inteligência e bondade, contribui diretamente para isso. Aliás, a resolução de Noor é outro ponto do projeto que faz valer o ingresso, seja algo previsível ou não. Ele está a anos luz de distância em qualidade dos outros personagens. 

A começar por James Silva, que só tem o nome de legal. Parece que Wahlberg pegou o seu estilo bad boy de Os Infiltrados e Quatro Irmãos e injetou anabolizantes. Dessa forma, a sua ótima introdução por meio de fotos e documentos se perde e dá lugar a apenas um chefe babaca. O resto da equipe dos Overwatch é totalmente dispensável. Aliás, literalmente, pois Silva afirma que eles são chamados em situações extremas, mas parecem amadores, ainda que a reviravolta principal justifique isso. Pelo menos John Malkovich tem um ou dois momentos sendo... John Malkovich. 

As próprias cenas de ação demonstram a falta de integração do grupo. E o que há no destaque de Uwais distribuindo a pancadaria, falta nos outros agentes. Berg chegou a criar situações legais, como a infiltração no início, a perseguição de carros e o gato e rato no prédio abandonado, cenários parecidos com aqueles presentes em Operação Invasão. Entretanto, a execução em si foi destrambelhada, o que, mais uma vez, dá a impressão de pressa, porque em O Grande Herói ele soube como cadenciar a movimentação. 

Já há planos da STX para uma sequência. A cara de season finale dos últimos minutos de 22 Milhas geram curiosidade para essa possível continuação, mas se há tanto potencial visto pelos produtores, que essa nova marca seja melhor pensada do que uma explosão adoidada de vários elementos. E por favor, Stallone, chame Iko Uwais para o próximo Mercenários!

Nota: 4/10

1 comentários :

Sobra decepção ao assistir 22 Milhas, pois se mantido o nível médio do que havia sido feito antes, poderia se considerar de bom agrado. Eu também recomendo assistir Proud Mary a minha opinião, este foi um dos melhores filmes de ação que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio. Não tem dúvida de que a atriz foi perfeita para o papel de protagonista. Adorei está história, por que além das cenas cheias de extrema e efeitos especiais, realmente teve um roteiro decente, elemento que nem todos os filmes deste gênero tem.

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