Do pior ao melhor, um ranking para a categoria mais importante da premiação mais conhecida.
Por Pedro Strazza.
E mais uma vez estamos aqui, em dia de entrega do Oscar. Seguindo a tradição dos últimos dois anos, organizo agora a categoria de Melhor Filme desse ano em um ranking pessoal, que vai do pior ao melhor dos indicados desse ano. Bom lembrar, TODOS os oito filmes nomeados pelos votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas ao prêmio máximo tem críticas no site, e você pode lê-las a qualquer instante clicando em seus nomes abaixo.
Também deixo o link para o ranking completo dos indicados ao Oscar 2016 que assisti, o qual você pode ver aqui.
Sem maiores delongas, vamos ao que interessa:
8) O Regresso
Talvez uma das maiores bombas a atingir a categoria desde O Discurso do Rei em 2010 e Extremamente Alto, Incrivelmente Perto em 2011, o novo trabalho de Alejandro González Iñárritu (que ficou em primeiro no ranking do ano passado, bom lembrar) é o filme que melhor simboliza o jogo de egos vigente em Hollywood e arrisca se tornar a produção predileta dos votantes da Academia para os próximos anos. Poucas coisas em O Regresso vão na contramão e realizam seu trabalho voltado para a construção do filme, enquanto no geral o que se vê são demonstrações constantes de cineastas que prezam por um cinema "superior" e "profundo" sem contudo nunca chegar a qualquer um destes.
É uma negação de gênero desgostosa, um faroeste incapaz de se assumir como tal, mais interessado em um existencialismo vazio e que dá voltas e voltas sem sair do mesmo lugar. Se o futuro do Oscar de Melhor Filme são produções assim, estamos prestes a entrar num período difícil da História cinematográfica estadunidense.
7) Spotlight - Segredos Revelados
Acho curioso que Spotlight, novo filme de Thomas McCarthy, esteja sendo venerado pela crítica e pelos fãs como "o filme que glorifica o Jornalismo". Claro que a produção, centrada no relato da investigação de uma equipe do Boston Globe sobre abusos cometidos por membros da Igreja, busca validar o processo jornalístico como algo sagrado (inclusive é inegável o tesão do longa pelo método old-school da profissão), mas a obra também não se segura em criticar as mais variadas instituições que formam e comandam a sociedade contemporânea, incluindo aí... o Jornalismo.
Um filme interessante, mas que no fundo não consegue fazer algo a mais da história além da proposta de recontar os acontecimentos com um grande elenco.
6) Brooklin
Quase uma versão soft do épico Era Uma Vez em Nova York de James Gray, Brooklin só funciona graças ao trabalho encantador de Saoirse Ronan, que conduz a narrativa do filme com a leveza e beleza necessárias. Como filme, o longa de John Crowley é bastante feliz em desarmar o espectador sobre qualquer tentativa de atribuir a história ao contexto histórico que se insere, apesar de no fim não resistir de fazer o mesmo com o triângulo amoroso que tem em mãos. Ainda que batido, é difícil não se envolver com a trajetória da protagonista, de suas perdas a suas vitórias.
5) O Quarto de Jack
Ousado em contar uma história pesada sob o viés de um conto de fadas realista, O Quarto de Jack sabe como ninguém se aproveitar do estupendo trabalho de seus dois protagonistas para se conectar com o espectador e no processo esconder suas falhas deste. É mais um filme de ator, com Brie Larson e Jacob Tremblay brilhando neste mais novo conto de libertação do diretor Lenny Abrahamson - que também se destaca na narrativa de espaços concebida.
4) Perdido em Marte
Com tantas ficções-científicas depressivas por aí (todas fruto da dupla Alien/Blade Runner, do próprio Ridley Scott), acho muito legal que uma mais otimista tenha chegado ao páreo de Melhor Filme esse ano. Porque apesar dos perrengues e provações, a jornada de Mark Watney para sobreviver ao planeta vermelho e voltar para a Terra em Perdido em Marte na verdade é uma grande celebração à sociedade (e à NASA, mas deixemos isso de lado), com várias pessoas fazendo de tudo para ajudar no resgate ao astronauta.
Não bastasse isso, Perdido em Marte ainda é um grande festejo sobre a ciência, talvez o maior no cinema em anos. Decerto é um filme para todos os tipos de público.
3) A Grande Aposta
Quem vê A Grande Aposta geralmente se concentra na questão do se as explicações do filme sobre como a crise de 2008 aconteceu são compreensíveis ou não, mas para mim o valor da produção não está aí. Acima de tudo, o longa comandado por Adam McKay brilha por conseguir ser um dos poucos a de fato trazer ao espectador a sensação de quem viveu este momento problemático da economia mundial, primeiro o tornando parte do caos que gerou a crise e depois o chocando com os efeitos dessa festança na vida das pessoas.
Pois mesmo que sejamos todos o personagem de Steve Carell lá no finalzinho, no caminho rimos de toda a loucura testemunhada pelos personagens, despreocupados se isso é algo ruim ou péssimo para a sociedade.
2) Ponte dos Espiões
Novo triunfo na carreira de Steven Spielberg, Ponte dos Espiões é o filme que finalmente faz com que o celebrado diretor acerte em sua trajetória recente pela análise do espírito americano. Com uma ajudinha básica dos irmãos Coen no roteiro e de Tom Hanks e Mark Rylance nas atuações, o longa problematiza a fabricação desse ideal nacional na Guerra Fria ao mesmo tempo que retoma o herói comum do cinema estadunidense clássico, confrontando ambos em um cinema talvez consciente demais de sua importância.
Isso parece não importar muito a Spielberg, que nesse seu esforço de entregar algo grandioso também se preocupa em focar na trajetória de seu protagonista, alternando entre o simples e o complexo com eficiência fabulosa. Ponte dos Espiões é o resquício de uma época antiga, mas que mesmo assim funciona muito bem, obrigado.
Mas assim, o Oscar de Melhor Filme esse ano deveria ir para...
1) Mad Max - Estrada da Fúria
É o filme que revolucionou o cinema de ação como conhecemos no ano passado. É o filme que deu o pontapé inicial na discussão sobre o papel da mulher no gênero cinematográfico e no próprio cinema como um todo. E ainda ficou em segundo lugar no Melhores do Ano de 2015, atrás apenas de Divertida Mente.
Preciso. Falar. Mais?
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