Um esperado respiro na qualidade das história do herói
Por Pedro StrazzaA vida do Homem-Aranha não tem sido das melhores ultimamente nos quadrinhos. O eterno Amigão da Vizinhança vem sofrendo, nos últimos tempos, com seus roteiristas, que insistem em jogar o personagem em arcos cada vez mais fracos, além de continuarem a vida de Peter Parker de maneira supérflua. O ápice dessa fase atual do personagem pôde ser vista, por aqui, no ano passado com a saga A Ilha das Aranhas, provavelmente uma das histórias mais exageradas na trajetória do herói.
Mas quando a situação do escalador de paredes parecia ter chegado ao fundo do poço, eis que veio a bomba na forma da edição 700 de The Amazing Spider-Man: Depois de toda uma sequência de eventos, o Doutor Octopus assumiu o corpo de Parker, enquanto que a mente do herói morreu dentro do corpo falecido do vilão. Antes de morrer, entretanto, Peter fez Otto Octavius jurar que manteria sua vida heroica e respeitaria o famoso ditado "com grandes poderes vem grandes responsabilidades". Isso não quer dizer, porém, que o novo Homem-Aranha será o mesmo de sempre.
Esse é o prólogo para a revista Homem-Aranha Superior (que abrange as séries Superior Spider-Man e Avenging Spider-Man), título principal do personagem na Nova Marvel, mais recente reformulação da editora, por aqui. Agora que se tornou um herói, Octopus faz a justiça à sua própria maneira, precisando entretanto se ajustar aos moldes que tanto deseja ocupar. Para isso, o ex-vilão emprega seu intelecto superior para melhorar a dinâmica de seu combate ao crime, modificando o uniforme, abusando de nanotecnologia e usando de conhecimento prévio de seus adversários - antes seus amigos.
Essa brincadeira de vira-casaca é um dos maiores atrativos do roteiro de Dan Slott, escritor que já trabalhava com o personagem antes da reviravolta (é dele, inclusive, a Ilha das Aranhas, mas deixemos isso de lado por enquanto). É notável como Octopus se sente incomodado com todas as "limitações" de ser um herói e, pior, sabe que todas as suas invenções a partir de agora serão creditadas a uma pessoa que ele julga ser "desprezível". A sua inadequação é deveras tão grande que em vários momentos o leitor é levado ao riso por suas ações, seja na inconformidade de Otto em não conseguir engatar um namoro com Mary Jane ou no vocabulário quase sempre técnico ou cafona (típico de qualquer vilão clássico).
E se no interior a situação já é confusa, imagine então o cotidiano desse "novo" Homem-Aranha/Peter Parker como super-herói ou jovem cientista. Além de estar mais violento em sua campanha heróica - causando danos mais graves aos adversários e, muitas vezes, humilhando-os -, o protagonista também mudou sua atitude nas relações com colegas, amigos e parentes, mostrando a pessoa mais arrogante e mesquinha de Otto. É só ver, novamente, como o doutor tenta a todo custo "voltar" a namorar a bela ruiva, empregando uma metodologia científica(!) para alcançar o objetivo. Sem sucesso, claro.
É bastante compreensível que os fãs do aracnídeo estejam bastante furiosos com o rumo dos eventos na vida do personagem. Afinal, ver o herói numa posição mais sombria após tantos anos seguindo o lema do Tio Ben é deveras ultrajante e, de certa forma, desrespeitoso com o perfil proposto por Stan Lee de "uma pessoa que nunca se rebaixará ao nível de seus inimigos, apesar de tudo". Mas é preciso admitir que essa virada na história de Peter foi amplamente necessária, visto sua trajetória atual no Universo Marvel. E a qualidade dessa nova fase, por enquanto, é satisfatória.
2 comentários :
Parei de comprar OEHA na década de 90...Não sou mais o público alvo. Só acho sacana tanta coisa ter mudado e os filmes continuam sempre com os antigos adversários. Pior, nas novas aventuras, me parece que não se cria vilões à altura. Bom... sou um velho... kkkkk Boa sorte à nova fase.
Mas os antigos vilões sempre serão demais Wagner. Tudo bem que o reboot por enquanto não foi nada demais, mas é sempre bom torcer para fazerem versões tão legais de vilões icônicos como o Duende Verde do Dafoe no primeiro filme. Confiança :)
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