Quinto capítulo leva modo de operação da franquia a seu limite.
Por Pedro Strazza.
Não deixa de ser uma medida feita com boas intenções por parte dos realizadores, porém essa necessidade de estabelecer uma mitologia é no fundo o grande motor contraprodutivo que sabota não apenas as ambições deste filme mas também de toda a série. Presa à lógica de aumentar a escala de seu espetáculo sem se importar com as consequências, Transformers nunca mostrou vocação para estabelecer uma continuidade entre seus episódios mas sim para a grandiosidade de atos epopeicos, duas noções que visivelmente se confundem a todo instante nos inúmeros macguffins e histórias secretas reveladas em toda a franquia. A síntese de todo este enrolo rocambolesco está na figura de Optimus Prime (Peter Cullen), líder dos Autobots que embora seja o mais poderoso do panteão dos robôs ainda consegue saber quase nada sobre a história de Cybertron e de seus inimigos.
O que O Último Cavaleiro faz à partir disso é levar essa questão a seu limite pela ampliação do escopo do conflito, uma medida feita não só para atender à demanda megalomaníaca crescente da série como para acomodar todos os apêndices históricos enxertados pelo roteiro escrito por Art Marcum, Matt Holloway e Ken Nolan em qualquer oportunidade possível. O resultado, como é de se esperar, é um longa exaustivo, cujo inchaço já bastante visível é potencializado por tabela na direção fadada a excessos de Michael Bay: a trama de perseguição, que basicamente envolve Cade Yager (Mark Whalberg) e os Autobots de novo correndo contra o relógio para salvar o mundo enquanto são caçados pelos Decepticons, está a todo momento mudando seus objetivos na mesma velocidade com que troca de cenário (num piscar de olhos vai-se da situação de guerra à cidade pequena e da viagem submarina à batalha campal), em um caso de total falta de concentração amplificado pela sede do texto em amarrar pontas mesmo elas não fazendo o menor sentido - uma operação que chega ao cúmulo quando Transformers 5 revela uma linha hereditária de heróis composta por todo tipo de figura histórica apenas no intuito de justificar a importância dada a seus protagonistas.
Posto dessa maneira, não seria muito difícil do filme entrar em estado de inanição completa em suas quase duas horas e meia de duração, mas Bay, dentro do que é possível na obra e em sua direção, consegue fazer todo o caos soar menos sofrível do que ele é. Embora esteja disposto a dar ao longa toda a sensação de grande escala pelo qual ele tanto implora, o diretor mostra-se até controlado na maneira como orquestra os grandes conflitos entre robôs da vez, diminuindo cacofonias tradicionais de seu cinema - o número de bandeiras estadunidenses é sensivelmente menor e seu fetiche pela cultura militar transparece menos, por exemplo - para se concentrar em seu objetivo de tirar dos cenários de ação a maior plasticidade que eles lhe oferecem. Isso tudo, é claro, dentro dos limites do possível em seu cinema, que exibe a lógica disfuncional de sempre nas relações de amizade masculinas exacerbadas e no acúmulo de imagens dentro do plano - uma atitude aqui apenas em parte responsável por fazer a produção ser tão exaustiva.
A verdade é que mesmo tendo se consolidado na carreira no comando de blockbusters de ação gigantescos e milionários, Bay como diretor se sai melhor quando abraça as contradições pungentes de seus filmes, uma condição que na franquia Transformers ele conduz de maneira quase inconsciente. E neste quinto episódio isso não é diferente: embora flerte a todo instante com a possibilidade de levar as lendas arturianas da Inglaterra para dentro do centro do conflito da série (uma ambição materializada no paralelo do prólogo com o clímax final) e imponha uma gravidade constante a seus atos, o longa não hesita em admitir o próprio ridículo de suas intenções ou de jogar alívios cômicos a todo instante, alternando-se entre esses dois pólos com a mesma constância com a qual trata o lorde interpretado por Anthony Hopkins e seu mordomo Cogman (Jim Carter) como figuras de peso e de comédia. O próprio trabalho de Hopkins na produção, que começa em tom solene para terminar em sandice total (com direito ao ator mostrando o dedo do meio e gritando silêncio em uma biblioteca), orbita esse jogo ditado pela falta de noção e uma ideia muito errada de humor que Bay conduz de forma caótica.
O que está no epicentro do caos e do inchaço de Transformers 5 - além da falta de coordenação para contar uma história coerente, a exemplo da "importante" participação do último cavaleiro do título - é um descompasso claro entre diretor e roteiro, cujas ambições colidem a todo instante na narrativa para gerar um filme no mínimo desconexo e no máximo confuso. É um caos, porém, que ainda que canse bastante o público nunca deixa de ser interessante, até porque Bay parece ser o único a ver algum sentido dentro deste verdadeiro furacão e seu comprometimento de fazer transparecer sua mensagem é no mínimo um esforço tocante. E se há algo que sua passagem pela franquia ensinou é o de valorizar esta dedicação mesmo ela sendo incompreensível por completo.
Posto dessa maneira, não seria muito difícil do filme entrar em estado de inanição completa em suas quase duas horas e meia de duração, mas Bay, dentro do que é possível na obra e em sua direção, consegue fazer todo o caos soar menos sofrível do que ele é. Embora esteja disposto a dar ao longa toda a sensação de grande escala pelo qual ele tanto implora, o diretor mostra-se até controlado na maneira como orquestra os grandes conflitos entre robôs da vez, diminuindo cacofonias tradicionais de seu cinema - o número de bandeiras estadunidenses é sensivelmente menor e seu fetiche pela cultura militar transparece menos, por exemplo - para se concentrar em seu objetivo de tirar dos cenários de ação a maior plasticidade que eles lhe oferecem. Isso tudo, é claro, dentro dos limites do possível em seu cinema, que exibe a lógica disfuncional de sempre nas relações de amizade masculinas exacerbadas e no acúmulo de imagens dentro do plano - uma atitude aqui apenas em parte responsável por fazer a produção ser tão exaustiva.
A verdade é que mesmo tendo se consolidado na carreira no comando de blockbusters de ação gigantescos e milionários, Bay como diretor se sai melhor quando abraça as contradições pungentes de seus filmes, uma condição que na franquia Transformers ele conduz de maneira quase inconsciente. E neste quinto episódio isso não é diferente: embora flerte a todo instante com a possibilidade de levar as lendas arturianas da Inglaterra para dentro do centro do conflito da série (uma ambição materializada no paralelo do prólogo com o clímax final) e imponha uma gravidade constante a seus atos, o longa não hesita em admitir o próprio ridículo de suas intenções ou de jogar alívios cômicos a todo instante, alternando-se entre esses dois pólos com a mesma constância com a qual trata o lorde interpretado por Anthony Hopkins e seu mordomo Cogman (Jim Carter) como figuras de peso e de comédia. O próprio trabalho de Hopkins na produção, que começa em tom solene para terminar em sandice total (com direito ao ator mostrando o dedo do meio e gritando silêncio em uma biblioteca), orbita esse jogo ditado pela falta de noção e uma ideia muito errada de humor que Bay conduz de forma caótica.
O que está no epicentro do caos e do inchaço de Transformers 5 - além da falta de coordenação para contar uma história coerente, a exemplo da "importante" participação do último cavaleiro do título - é um descompasso claro entre diretor e roteiro, cujas ambições colidem a todo instante na narrativa para gerar um filme no mínimo desconexo e no máximo confuso. É um caos, porém, que ainda que canse bastante o público nunca deixa de ser interessante, até porque Bay parece ser o único a ver algum sentido dentro deste verdadeiro furacão e seu comprometimento de fazer transparecer sua mensagem é no mínimo um esforço tocante. E se há algo que sua passagem pela franquia ensinou é o de valorizar esta dedicação mesmo ela sendo incompreensível por completo.
1 comentários :
Eu sempre fui fã dá franquia e meu hype aumentou ainda mais conferindo está material. Amei ver em Transformers a Isabela Moner, lembro dos seus papeis iniciais, em comparação com os seus filmes atuais, e vejo muita evolução, mostra personagens com maior seguridade e que enchem de emoções ao expectador. Desfrutei muito seu trabalho neste filme para crianças O que Será de Nozes cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção e muito bom elenco.
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