Reinício da franquia evita nostalgia e prefere esquetes ao road trip.
Por Pedro Strazza.
Passado mais de trinta anos depois desta primeira aventura, o novo Férias Frustradas começa sua jornada consciente de que os tempos são outros. Antes o filho homem da família, o agora adulto e pai Rusty (Ed Helms) quer levar os filhos e a esposa em uma viagem de carro até o Wally World não somente no intuito de uni-los e salvá-los do tédio, mas principalmente para reanimar o seu casamento com Debbie (Christina Applegate), cuja relação está em crise por ter entrado na tão temida rotina aborrecida.
Assim, o que impera na sequência de desastres escrita e narrada por John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein é a lógica da decadência da instituição do matrimônio, sob um viés mais cômico e ora ou outra degradante. Enquanto Rusty sofre em se perceber limitado para sua mulher, Debbie encontra-se incomodada com sua opção por um casamento conformista e de poucos luxos, olhando sempre invejosa para o aparente sucesso dos outros amigos casados. A jornada empreendida pelos dois protagonistas torna-se uma verdadeira terapia de casal, que inclui até revelações sobre o passado e experimentações no sexo para reanimar o relacionamento.
Daley e Goldstein, enquanto isso, se divertem (e muito!) com as possibilidades geradas a partir desse quadro. Na rota contrária do original, os diretores deste Férias Frustradas privilegiam no road trip de esquetes o último em cima do primeiro, dando destaque às situações embaraçosas que acometem os Griswolds ao invés de construírem uma escala que culmine em um clímax tão explosivo quanto o original, muito em parte porque a terapia, como nos filmes de estrada, se resolve enquanto acontece e não em seu destino final. Quem mais sofre com essa mudança é o próprio Walley World, que sem a catarse torna-se apenas mais um elo da viagem.
Outros à deriva na crise do casamento são os filhos interpretados por Skyler Gisondo e Steele Stebbins, mas estes pelo menos encontram refúgio na contextualização temporal do filme. O new parenting e suas dificuldades surgem, afinal, como um muito bem-vindo escape à situação vivida por Rusty e Debby, pois conseguem tanto envolver os irmãos na narrativa quanto resgatar uma característica fundamental da franquia (que no fim se tornou essa grande piada sobre famílias), em cenas de humor simples e bastante eficaz - a melhor de longe é a situação na piscina do motel à beira da estrada, que com uma leve mudança de tom e postura de Helms transforma um pai disposto a ajudar o filho em um pedófilo assustador.
Com pouca disposição à nostalgia - restrita à cena da garota na estrada e às aparições especiais de Chase e Beverly D'Angelo, cuja participação é quase um oásis para o casal protagonista - e muita em criar novos caminhos, o novo Férias Frustradas consegue soar atual apesar de no fundo fazer graça dos mesmos tipos de personagens e de algumas situações. E isso não ocorre apenas porque Daley e Goldstein estão atentos ao panorama social mas também por eles arriscarem prever aqui e ali novas tendências culturais, e a prova cabal disso é a emoção que Rusty sente ao ouvir o rádio tocar Kiss From a Rose e lembrar de Batman Eternamente, uma nostalgia noventista ainda rara de se ver no cinema estadunidense.
Assim, o que impera na sequência de desastres escrita e narrada por John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein é a lógica da decadência da instituição do matrimônio, sob um viés mais cômico e ora ou outra degradante. Enquanto Rusty sofre em se perceber limitado para sua mulher, Debbie encontra-se incomodada com sua opção por um casamento conformista e de poucos luxos, olhando sempre invejosa para o aparente sucesso dos outros amigos casados. A jornada empreendida pelos dois protagonistas torna-se uma verdadeira terapia de casal, que inclui até revelações sobre o passado e experimentações no sexo para reanimar o relacionamento.
Daley e Goldstein, enquanto isso, se divertem (e muito!) com as possibilidades geradas a partir desse quadro. Na rota contrária do original, os diretores deste Férias Frustradas privilegiam no road trip de esquetes o último em cima do primeiro, dando destaque às situações embaraçosas que acometem os Griswolds ao invés de construírem uma escala que culmine em um clímax tão explosivo quanto o original, muito em parte porque a terapia, como nos filmes de estrada, se resolve enquanto acontece e não em seu destino final. Quem mais sofre com essa mudança é o próprio Walley World, que sem a catarse torna-se apenas mais um elo da viagem.
Outros à deriva na crise do casamento são os filhos interpretados por Skyler Gisondo e Steele Stebbins, mas estes pelo menos encontram refúgio na contextualização temporal do filme. O new parenting e suas dificuldades surgem, afinal, como um muito bem-vindo escape à situação vivida por Rusty e Debby, pois conseguem tanto envolver os irmãos na narrativa quanto resgatar uma característica fundamental da franquia (que no fim se tornou essa grande piada sobre famílias), em cenas de humor simples e bastante eficaz - a melhor de longe é a situação na piscina do motel à beira da estrada, que com uma leve mudança de tom e postura de Helms transforma um pai disposto a ajudar o filho em um pedófilo assustador.
Com pouca disposição à nostalgia - restrita à cena da garota na estrada e às aparições especiais de Chase e Beverly D'Angelo, cuja participação é quase um oásis para o casal protagonista - e muita em criar novos caminhos, o novo Férias Frustradas consegue soar atual apesar de no fundo fazer graça dos mesmos tipos de personagens e de algumas situações. E isso não ocorre apenas porque Daley e Goldstein estão atentos ao panorama social mas também por eles arriscarem prever aqui e ali novas tendências culturais, e a prova cabal disso é a emoção que Rusty sente ao ouvir o rádio tocar Kiss From a Rose e lembrar de Batman Eternamente, uma nostalgia noventista ainda rara de se ver no cinema estadunidense.
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