A imaginação sobre o futuro da humanidade e do planeta Terra já não é uma grande novidade no mundo da cultura pop. Principalmente nos quadrinhos, onde desde o ano de 1958, quando a DC Comics criou a Legião dos Super-Heróis, uma super-equipe combatente do crime no século 30, as editoras se propõem a criar novas versões sobre o impacto de nossas ações em um futuro cada vez mais distópico. Das mais variadas cabeças surgiram verdadeiros clássicos, como O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller ou o arco Dias de Um Futuro Esquecido de Chris Claremont, mas nenhuma delas criou um universo tão vasto com seu sucesso como o Homem-Aranha de 2099.
O mundo do ano de 2099 era inicialmente uma mera artimanha de Stan Lee e John Byrne para introduzir o personagem Ravage no futuro do universo Marvel, mas com o tempo foi engavetada pelos próprios. Mas após várias reuniões da alta cúpula, a editora resolveu expandir a ideia e criar uma linha inteira de produtos baseados nela, e deu sinal verde em 1992 para a produção de três séries mensais (Doutor Destino, Justiceiro e Homem-Aranha), logo seguidas de outras com o sucesso obtido. A mais lucrativa era sem dúvida nenhuma a do cabeça-de-teia, que com roteiros bem feitos de Peter David e desenhos caprichados de Rick Leonardi refazia o heroi conhecido do público.
Essas diferenças já podem ser inclusive observados na origem do personagem: No ano de 2099, onde megacorporações como a Stark-Fujikawa e a Alchemax dominam o mundo sem escrúpulos, o brilhante cientista Miguel O'Hara trabalha na última citada como pesquisador de aprimoração genética. Arrogante, O'Hara tenta sair da empresa, mas antes que consiga é viciado pelo magnata Tyler Stone na droga Êxtase, alucinógeno que uma vez dentro do corpo torna-se tão necessário para a sobrevivência como o oxigênio. Desesperado, ele decide se tornar cobaia do próprio experimento, e após o doutor Aaron sabotar a tentativa em busca de vingança, Miguel ganha poderes proporcionais ao de uma aranha.
Apesar dessa maior diferença criativa, David aos poucos introduziu elementos importantes do Homem-Aranha dos dias atuais na narrativa de 2099, como o lema "Com grandes poderes vem grandes responsabilidades" (introduzido pelo irmão de Miguel, Gabriel) ou seus super-poderes, dessa vez mais mutantes e com habilidades novas, como garras nos dedos e presas inoculadoras de veneno nos caninos. O equilíbrio de mudanças e preservações é tão bem equilibrado que se reflete no uniforme do personagem, na história uma fantasia de Dia dos Mortos mexicano.
Apesar de ter sido encerrado em 1998, o Aranha de 2099 ainda tem influências ocasionais nos rumos editoriais sobre a vida de Peter Parker, seja no cinema ou nos quadrinhos. Há inclusive vários boatos do retorno do universo 2099 nas publicações mensais da Marvel. Aproveitando-se desse boca-a-boca, a Panini lançou um encadernado intitulado Homem-Aranha 2099, agrupando as 10 primeiras edições da revista dos anos 1992. Bem produzido, o especial vale a pena para quem não conhece e para quem conhece, que aproveita o lançamento para relembrar os bons tempos onde o Homem-Aranha ainda estava em boas mãos!
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