Terceiro filme cria novas ideias para o personagem, mas comete os mesmos erros do segundo
A vida é constituída de fases. Desde nosso nascimento até o último suspiro, o ser humano passa por diversas mudanças que o fazem repensar sua abordagem em relação à maneira como se está vivendo, e a cada uma delas encerra-se um ciclo e se inicia outro. Essas alterações podem ser físicas ou psicológicas, variando do nascimento de uma criança ao enriquecimento repentino, mas qualquer que seja o indivíduo nunca mais será o mesmo. No caso de Tony Stark, a cicatriz é mais profunda.
O dilema do personagem principal de Homem de Ferro 3 é um dos grandes destaques do novo filme do vingador dourado. Depois de guerrear contra aliens em uma batalha de deuses, monstros e homens, além de entrar em um buraco de minhoca, o gênio, playboy, bilionário e filantropo agora encontra-se em crise, e, não conseguindo dormir, passa suas noites construindo e aprimorando suas armaduras. Tendo ataques de ansiedade após qualquer menção da iniciativa Vingadores ou da guerra em Nova York, Stark não consegue mais pensar em nada para manter salvo além de Pepper Pots depois de perceber ser apenas um "homem em uma lata".
Essa crise existencial do protagonista dá um novo ar ao herói, não mais nas mãos de Jon Favreau e sim nas de Shane Black. Conhecido por seus roteiros da franquia Máquina Mortífera, a mão de Black cria uma profundidade emocional maior que qualquer uma feita por Favreau nos dois primeiros filmes, e sabe muito bem lidar com isso. Um bom exemplo é a maior aparição de Robert Downey Jr. (que como sempre entrega uma atuação espetacular) do que do Homem de Ferro, demonstrando o maior foque no homem dentro da armadura do que na própria. A presença maior de Pepper na trama também é reflexo dessa mudança, deixando de usar o sex-appeal de Gwyneth Paltrow e finalmente utilizando suas capacidades de atuação.
Outro interessante ponto é a ameaça da vez. Diferente dos outros dois filmes, onde os vilões tinham origens meio genéricas e relacionadas aos confrontos bélicos no Oriente Médio, o Mandarim, interpretado por Ben Kingsley (inspiradíssimo), é um inimigo maior a ser enfrentado e mais elaborado, já que é o líder de uma organização terrorista. Os vídeos mandados pelo vilão são verdadeiras cartas de ódio aos EUA, apontando o dedo para os problemas da nação e causados por ela após inúmeras intervenções em conflitos ao redor do mundo. Esse perigo só não é mais aterrorizante pelo uso exagerado de piadas ao longo do filme. Vindo já da segunda história, essa falta de timing prejudica novamente uma potencial boa história com pano político interessantíssimo.
Mesmo perdendo a chance de se tornar um filme mais sério, Homem de Ferro 3 convence como blockbuster. As cenas de ação são impecáveis, principalmente no clímax, onde as mais de 50 armaduras criadas por Stark são usadas todas de uma vez, faz qualquer fã do herói sair da sessão feliz e satisfeito, mesmo com os erros de roteiro e suas decisões precipitadas ao final.
Nota: 5/10
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